Red Bull sem rivais – GP Espanha 2023

4 06 2023

Foram várias as décadas de ver o Grande Prémio de Espanha ser seguido pelo do Mónaco, pelo que 2023 a trazer uma inversão dessa ordem foi de difícil habituação para o paddock. A alteração teve a ver com a acomodação do maior calendário da história da categoria, e a chegada a Barcelona este ano também trouxe um regresso: a eliminação da muito odiada chicane final, regressando à configuração de curva rápida.

Apenas esta alteração já foi uma excelente notícia para um traçado que geralmente recebe os testes de pré-temporada (ainda que não o tenha feito este ano), mas combinado com o novo perfil da La Caixa isto tornou o circuito novamente um dos mais fluídos do calendário. E é também um dos mais representativos do desempenho da temporada: quem faz boa figura em Barcelona, faz boa figura na maioria dos locais.

A F1 e o MotoGP têm utilizado a pista sem interrupção desde os anos 90, beneficiando enormemente da competitividade dos espanhóis nessas categorias. Se Marc Márquez e Jorge Lorenzo fazem o seu papel no MotoGP, na F1 foi a Alonso-mania dos 2000’s e 2010’s que sustentou a presença do GP de Espanha. Com Sainz na Ferrari e Alonso em grande forma, sabia-se que esta edição não seria exceção.

Ronda 7 – Grande Prémio de Espanha 2023

As suspeitas eram fortes de que Max Verstappen sairia de Barcelona com mais 25 pontos. Não foi isso que aconteceu. O holandês saiu com 26 pontos, a vitória, a pole position, a volta mais rápida e a liderança de todas as voltas. Posto isto de parte, atrás dele o fim-de-semana teve uma dinâmica extremamente interessante.

A Ferrari e a McLaren tiveram um excelente nível de qualificação (com Carlos Sainz em 2º e Lando Norris em 3º) mas caíram a pique em ritmo de prova. Sainz fez o possível para chegar em 5º, enquanto que Norris fez um erro grosseiro na partida que o atirou para os últimos lugares.

Já a Mercedes, apesar de um desentendimento entre os seus pilotos durante a qualificação, terá gostado de ver o que as suas atualizações lhe deram em performance. Lewis Hamilton foi o mais direto perseguidor de Verstappen (ainda que a 21 segundos) e George Russell recuperou de 11º a 3º para o primeiro pódio do ano (e arrastando consigo Sergio Pérez, que voltou a não ir ao Q3 e parece cada vez mais longe de lutar pelo título).

A Aston Martin pareceu ter um ritmo mais fraco que nas outras pistas do ano, ainda que Lance Stroll tenha finalmente mostrado o seu talento, conseguindo lutar dentro dos lugares pontuáveis. Fernando Alonso teve uma incursão na gravilha em qualificação e danificou o fundo do AMR23, obrigando-o a partir mais abaixo do usual e a ter que lutar até 7º. O ritmo do espanhol de certeza que o poderia ter feito passar Stroll, mas ele fez questão de dizer à equipa que não o faria, estando já a acenar à multidão na volta final. De certa forma, humilhou o colega mais que se o tivesse ultrapassado…

Yuki Tsunoda voltou a mostrar excelente ritmo, sendo que uma penalização estranhamente severa o tenha atirado para fora dos pontos com 5 segundos de penalizações. Os beneficiados foram Guanyu Zhou (que eclipsou por completo o colega de equipa) e os dois Alpine, que depois de se qualificarem bem foram caindo durante a prova (com direito a uma defesa demasiado agressiva de Esteban Ocon a Alonso e a duas penalizações diferentes a Pierre Gasly por bloquear rivais em qualificação).

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Sainz \ 3. Norris \ 4. Hamilton \ 5. Stroll (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Russell \ 4. Pérez \ 5. Sainz \ 6. Stroll \ 7. Alonso \ 8. Ocon \ 9. Zhou \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (170) \ 2. Pérez (117) \ 3. Alonso (99) \ 4. Hamilton (87) \ 5. Russell (65) —– 1. Red Bull (287) \ 2. Mercedes (152) \ 3. Aston Martin (134) \ 4. Ferrari (100) \ 5. Alpine (40)

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Corrida anterior: GP Mónaco 2023
Corrida seguinte: GP Canadá 2023

GP Espanha anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 11-12) \ Bearman entra na luta do título

Sensivelmente chegados à fase do ano em que os estreantes conseguem assumir um papel mais preponderante na temporada, Oliver Bearman mostrou aquilo de que é feito com uma pole e a vitória na feature, sendo que nem está assim tão longe ainda do líder Frederik Vesti no campeonato.

Vesti tem estado em grande forma nas últimas provas e tem demonstrado uma qualidade ainda mais importante: saber quando empregar agressividade. O dinamarquês partiu de 3º para o sprint e acabou como vencedor, e na feature começou com os compostos mais duros e conseguiu fazer uso dos macios no final para ultrapassar vários carros e chegar em 5º. O principal rival ao título (Théo Pourchaire) teve um fim-de-semana parecido, acumulando onde podia.

Victor Martins colocou-se no pódio em ambas as provas depois de uma temporada que tem sido difícil, enquanto que Enzo Fittipaldi converteu a sua boa qualificação num pódio. Já Amaury Cordeel, mesmo conseguindo pole inversa, não conseguiu fazer um único ponto em Barcelona.

De destacar ainda que o sprint deixou o caos devido à chuva com que começou, levando as equipas a terem que julgar o melhor possível o ponto de transição. Só que o Safety Car de Juan Manuel Correa acabou por facilitar.

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Qualificação: 1. Bearman \ 2. Fittipaldi \ 3. Doohan \ … \ 8. Vesti \ 9. Crawford \ 10. Cordeel

Resultado (Sprint): 1. Vesti \ 2. Pourchaire \ 3. Martins \ 4. Hauger \ 5. Doohan \ 6. Verschoor \ 7. Bearman \ 8. Iwasa (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bearman \ 2. Fittipaldi \ 3. Martins \ 4. Iwasa \ 5. Vesti \ 6. Doohan \ 7. Pourchaire \ 8. Hauger \ 9. Leclerc \ 10. Verschoor (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vesti (110) \ 2. Pourchaire (99) \ 3. Iwasa (82) \ 4. Bearman (70) \ 5. Hauger (57) —– 1. Prema (180) \ 2. ART (144) \ 3. DAMS (118) \ 4. MP (97) \ 5. Rodin Carlin (97)

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Corrida anterior: Mónaco 2023 \ Rondas 9-10
Corrida seguinte: Áustria 2023 \ Rondas 13-14

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Fórmula 3 (Rondas 7-8) \ Martí catapulta-se para luta do título

Com sotaque britânico, mas nacionalidade espanhola, o piloto da Campos esteve no seu elemento durante todo o fim-de-semana, fazendo pole e obtendo uma vitória imperiosa na feature. Mesmo na sprint já fez bem em conseguir recuperar 4 posições e pontuar. Tudo isto significou que é agora o mais direto perseguidor de Gabriel Bortoleto, que conseguiu dois 4º lugares que o deixam com 24 pontos de vantagem (uma almofada generosa no mundo da F3).

No sprint a vitória coube a Zak O’Sullivan, que liderou uma dobradinha de jovens Williams ao segurar os ataques de Luke Browning. Mas nem tudo foi tão simples, com vários incidentes a ditarem a entrada de vários Safety Car (como por exemplo o furo de Sebastián Montoya ou Christian Mansell depois de contacto com Gabriele Minì).

Minì, em grande nível no Mónaco, acabou por ter que penar em Barcelona por se ter qualificado em 18º. Outros pilotos em destaque, pela positivo, foram Paul Aron, muito regular e Franco Colapinto que conseguiu assumir maior consistência depois de uma temporada que nem sempre tem sido consistente.

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Qualificação: 1. Martí \ 2. Barnard \ 3. Colapinto \ … \ 10. Saucy \ 11. Browning \ 12. O’Sullivan

Resultado (Sprint): 1. O’Sullivan \ 2. Browning \ 3. Fornaroli \ 4. Bortoleto \ 5. Aron \ 6. Colapinto \ 7. Boya \ 8. Martí \ 9. Barnard \ 10. Bedrin (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Martí \ 2. Colapinto \ 3. Beganovic \ 4. Bortoleto \ 5. Aron \ 6. Boya \ 7. Montoya \ 8. O’Sullivan \ 9. Barnard \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (92) \ 2. Martí (68) \ 3. Beganovic (61) \ 4. Minì (56) \ 5. Aron (54) —– 1. Prema (156) \ 2. Trident (151) \ 3. Hitech (117) \ 4. Campos (73) \ 5. MP (62)

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Corrida seguinte: Áustria 2023 \ Rondas 9-10





No limite para Verstappen e Alonso – GP Mónaco 2023

28 05 2023

Foi um processo demorado, mas o Principado do Mónaco conseguiu a sua renovação de contrato depois de negociações bem prolongadas, mantendo a segunda corrida mais antiga do calendário da Fórmula 1 segura até 2025.

Muito joga contra e a favor do Mónaco em tempos recentes. O Grade 1 de segurança da FIA, à medida que os carros têm vindo a tornarem-se mais velozes, parece cada vez mais uma piada quando adaptado a um traçado que quase não mudou desde a criação nos anos 20 (com barreiras metálicas a substituírem o anterior feno ou mesmo por vezes absolutamente nada).

A natureza travada da pista, e a consequente ausência de ultrapassagens nos domingos, têm gerado bastantes críticas relativa à sua utilização, ainda que os até os seus piores detratores concedam que poucas coisas na F1 conseguem igualar o entusiasmo gerado por uma sessão de qualificação no circuito (quando os pilotos são obrigados a negociar muros bem próximos a velocidades estonteantes).

Originalmente prevista como a 7ª prova do calendário, o Mónaco assumiu a 6ª devido ao cancelamento de última hora do GP da Emilia Romagna. Chuvas fortíssimas na região causaram cheias devastadoras que, não só afetaram as condições da pista como a população, levando a categoria a optar por não realizar a prova quando as equipas já estavam na pista (com Imola a receber a garantia de que terá o contrato estendido em 1 ano).

O cancelamento deu algumas dores de cabeça às equipas que planeavam usar a primeira prova europeia como local de estreia de novos pacotes de atualizações, uma vez que testá-las no Mónaco seria sempre de eficácia duvidosa. Não que isso tenha impedido a Mercedes, a estrutura que mais radicalmente alterou o seu projeto (especialmente nos sidepods).

Entre provas foi também anunciada a confirmação de um rumor de longa data: a Aston Martin e a Honda vão passar a estar em cooperação a partir de 2026, com os japoneses a fornecerem os britânicos. A Honda consegue assim uma equipa para se manter na F1, depois de ter “largado” a Red Bull, e a Aston Martin consegue tornar-se uma equipa de fábrica, algo que Martin Whitmarsh descreveu como a peça final do puzzle a encaixar no projeto.

Ronda 6 – Grande Prémio do Mónaco 2023

É difícil dizer quem passou mais tempo a operar no limite das capacidades dos seus carros: Max Verstappen ou Fernando Alonso.

Parece simples dizer que foi Verstappen. O piloto da Red Bull teve que lidar com uma concorrência extremamente próxima em comparação com o usual e respondeu de forma habilidosa, sempre no limite. Quando entrou no terceiro sector da sua volta de qualificação final tinha a pole position a 2 décimas de segundo. Quando a volta terminou acabou 1 décima na frente, com 3 incidentes diferentes em que roçou o muro. A definição de andar no limite.

Em corrida fez mais do mesmo, tendo que se manter sempre num ritmo elevado para segurar a liderança e de esticar para bem lá do desejável o primeiro stint em pneus médios até poder transitar para os intermédios quando a chuva caiu.

E Alonso? Teve que fazer uma tarefa muito semelhante, mas com a desvantagem de um Aston Martin que ainda não é um rival ao nível Red Bull, e com uma idade bem superior. O espanhol foi o único a não ser completamente pulverizado por Verstappen e, se tivesse tido a sorte de a Aston não ter errado ao trocar de duros para médios (em vez de intermédios) poderia ter chegado ao fim para quebrar o seu jejum de vitórias.

O menor falado sobre os colegas de equipa, melhor. Sergio Pérez destruiu a lateral esquerda do seu carro no Q1, tendo que partir de último (momento a partir do qual o fim-de-semana estava efetivamente terminado) e viu o seu carro ser levantado pelas gruas (dando aos rivais uma excelente panorâmica do chão desenhado por Adrian Newey); e Lance Stroll não saiu do Q2 quando o colega quase fez pole, ia perdendo peças logo na primeira volta, fez várias manobras suicidas e terminou a prova de fora depois de aquaplanar contra os muros.

Entre os destaques, a Alpine mostrou bom ritmo de corrida para se consolidar como 5ª força do campeonato, com Esteban Ocon em grande nível a ponto de conseguir consolidar uma posição no pódio contra concorrentes com carros bem melhores. Concorrentes como a Mercedes, que ainda não conseguiu perceber se os updates que fez surtiram o efeito desejado (Lewis Hamilton ainda considerou o carro como extremamente difícil de conduzir, quase sendo eliminado no Q2); ou como a Ferrari, que continua a misturar erros estratégicos com mau andamento (Charles Leclerc não foi avisado de que se devia desviar de Lando Norris e perdeu 3 lugares por bloqueá-lo em qualificação, e Carlos Sainz ficou furioso com uma ordem de paragem que achou tê-lo roubado da hipótese de atacar Ocon).

Coube à McLaren ser a única intrusa no Top 10, com Norris e Oscar Piastri a fazerem ótimas ultrapassagens sobre Yuki Tsunoda e roubar-lhe os pontos finais (com linguagem bem colorida do japonês pela rádio).

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Alonso \ 3. Ocon \ 4. Sainz \ 5. Hamilton (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Alonso \ 3. Ocon \ 4. Hamilton \ 5. Russell \ 6. Leclerc \ 7. Gasly \ 8. Sainz \ 9. Norris \ 10. Piastri (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (144) \ 2. Pérez (105) \ 3. Alonso (93) \ 4. Hamilton (69) \ 5. Russell (50) —– 1. Red Bull (249) \ 2. Aston Martin (120) \ 3. Mercedes (119) \ 4. Ferrari (90) \ 5. Alpine (35)

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Corrida anterior: GP Miami 2023
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GP Mónaco anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 9-10) \ Vesti assume o ataque ao título

Depois de uma ronda de testes em Barcelona, a Fórmula 2 voltou a rodar, desta vez em Monte-Carlo.

Na sua primeira prova, Ayumu Iwasa voltou a demonstrar porque está a ser considerado como potencial futuro piloto da AlphaTauri. O japonês partiu da frente para o sprint e acabou por não largar a liderança em mais nenhuma ocasião durante a prova, sabendo gerir de forma brilhante um recomeço após Safety Car, partindo tão cedo que depressa tinha já 3 segundos de vantagem sobre o 2º classificado (Jehan Daruvala). Jak Crawford completou o pódio.

Já na segunda prova, foi protagonista o pole Frederik Vesti. Com performances boas, mas pouco notáveis nos dois últimos anos (em F3 e F2), o dinamarquês da academia Mercedes sabe que 2023 é o ano de mostrar a Toto Wolff que merece um lugar na F1 e tem aumentado o seu nível. No Mónaco foi gerindo os ataques de Théo Pourchaire com muita calma e venceu a feature, restando agora manter este nível daqui para a frente.

Pourchaire acabou a corrida a queixar-se de que era “simpático demais”, uma referência à maneira como o colega de equipa na ART, Victor Martins, o espremeu antes da primeira curva. Não que Martins tenha conseguido lucrar muito: o francês ignorou bandeiras amarelas no acidente terminal de Jack Doohan e quase atropelou um comissário, valendo-lhe um drive through que o deixou em 8º.

De destacar ainda a regularidade de Richard Verschoor e Kush Maini, que os tem catapultado para bons lugares, e para uma excelente recuperação de Dennis Hauger de 17º a 5º na prova feature.

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Qualificação: 1. Vesti \ 2. Martins \ 3. Pourchaire \ … \ 8. Daruvala \ 9. Iwasa \ 10. Hadjar

Resultado (Sprint): 1. Iwasa \ 2. Daruvala \ 3. Crawford \ 4. Verschoor \ 5. Maloney \ 6. Doohan \ 7. Martins \ 8. Pourchaire (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Vesti \ 2. Pourchaire \ 3. Maloney \ 4. Verschoor \ 5. Hauger \ 6. Maini \ 7. Staněk \ 8. Martins \ 9. Crawford \ 10. Iwasa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vesti (89) \ 2. Pourchaire (84) \ 3. Iwasa (69) \ 4. Maini (49) \ 5. Hauger (48) —– 1. Prema (130) \ 2. ART (108) \ 3. DAMS (103) \ 4. MP (88) \ 5. Campos (82)

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Corrida anterior: Azerbaijão 2023 \ Rondas 7-8
Corrida seguinte: Espanha 2023 \ Rondas 11-12

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Fórmula 3 (Rondas 5-6) \ Bortoleto segura liderança em dia de vitória de Minì

Quase sempre mais volátil até do que a Fórmula 3, a categoria até teve provas relativamente calmas para os seus próprios padrões.

No sprint coube a Pepe Martí dominar a seu bel-prazer, enquanto que no fim da tabela de pontuação Paul Aron teve que se defender com unhas e dentes para assegurar o último ponto contra os dois primeiros classificados da qualificação. Leonardo Fornaroli e Grégoire Saucy completaram o pódio.

Já o feature teve mais ação. Logo no início Oliver Gray tentou uma ultrapassagem sobre um colega da Carlin na Tabac, que acabou com este no muro. Sebastián Montoya impacientou-se de tal modo com uma tentativa de ultrapassagem a Caio Collet que lhe acertou na subida da colina e perdeu a asa dianteira. Depois, com alguma falta de desportivismo, cortou a chicane do porto para impedir os rivais o passassem antes da paragem nas boxes.

Na dianteira, coube a Minì vencer com alguma gestão das margens para Beganovic, tal como Aron teve que fazer para garantir um pódio face a Luke Browning.

Um 5º ou 6º lugar garantiram a Gabriel Bortoleto a manutenção da liderança do campeonato, seguido agora de Minì, Saucy, Beganovic e Aron.

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Qualificação: 1. Minì \ 2. Beganovic \ 3. Aron \ … \ 10. Fornaroli \ 11. Martí \ 12. Saucy

Resultado (Sprint): 1. Martí \ 2. Fornaroli \ 3. Saucy \ 4. Colapinto \ 5. Barnard \ 6. Bortoleto \ 7. Montoya \ 8. Browning \ 9. Collet \ 10. Aron (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Minì \ 2. Beganovic \ 3. Aron \ 4. Browning \ 5. Bortoleto \ 6. Colapinto \ 7. O’Sullivan \ 8. Barnard \ 9. Martí \ 10. Saucy (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (73) \ 2. Minì (56) \ 3. Saucy (47) \ 4. Beganovic (46) \ 5. Aron (38) —– 1. Trident (124) \ 2. Prema (110) \ 3. Hitech (102) \ 4. ART (54) \ 5. Campos (41)

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Corrida anterior: Austrália 2023 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Espanha 2023 \ Rondas 7-8

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Fontes:
Sky Sports \ Atualizações Mercedes
The Independent \ Cancelamento de Imola
The Guardian \ Acordo Aston Martin – Honda





Mesmo com caos, Verstappen vence – GP Austrália 2023

3 04 2023

Quando há um ano a Fórmula 1 visitou a Austrália Charles Leclerc tornou-se vencedor do Grande Prémio, esticando a sua liderança de campeonato para 38 pontos sobre George Russell e vendo o campeão em título (Max Verstappen) abandonar pela segunda vez em três provas, com a correspondente preocupação com a fiabilidade da Red Bull. O resto de 2022 tratou de eliminar esta impressão, com um segundo título facilitado para Verstappen.

Com uma expectativa de algo de diferente para a prova de 2023, o Albert Park recebeu mais uma vez o circo mundial da F1 para a prova australiano, depois de ter realizado há um ano obras bastante extensivas para aumentar as possibilidades de ultrapassagem. O circuito semi-citadino tem sido a casa australiano da categoria desde 1996, quando substituiu outro circuito de características semelhantes, o de Adelaide.

Em 2023, trouxe uma novidade: contará também com corridas de Fórmula 2 e Fórmula 3, o que proporcionou a Jack Doohan a possibilidade de correr em casa. Quem também correu em casa foi Oscar Piastri na F1, apesar das dúvidas gerais sobre que género de receção receberia, tendo em conta que foi o “responsável” por correr com o popular Daniel Ricciardo da categoria.

Entre provas, chegou a notícia de um enorme reshuffle da estrutura técnica da McLaren, que retirou James Key das funções de diretor técnico.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2023

Não é costume o GP da Austrália providenciar grandes confusões da maneira como o fez em 2023. Os treinos livres, com direito a chuva na sexta-feira à tarde, deram logo o mote. Foram múltiplas as saídas de pista que se observaram e o principal ponto de interesse acabou por chegar no sábado, quando Sergio Pérez saiu largo e ficou preso na gravilha no Q1, condenando-o a partir de último enquanto o colega de equipa, Max Verstappen, fazia pole position pela primeira vez na Austrália.

O início de corrida viu outro piloto terminar na gravilha: Charles Leclerc, num mero incidente de corrida com Lance Stroll, viu o seu mau início de campeonato conhecer o segundo abandono em três provas. O Safety Car entrou em ação e acabaria por ter de regressar algumas voltas depois para o despiste de Alexander Albon (quando o Williams circulava confortavelmente nos lugares pontuáveis), que deixou gravilha em farta no asfalto.

Acabou por se gerar uma bandeira vermelha, que travou as aspirações de George Russel (que tinha saltado para a liderança no arranque, seguido do colega de equipa) e de Carlos Sainz, devido a ambos terem parado durante o SC e terem sido apanhados desprevenidos pela paragem da prova.

Não demorou muito para, após o recomeço, Verstappen passar Lewis Hamilton, ainda que o britânico tenha feito uma prova muito competente, deixando a Mercedes com confiança no seu desempenho nas próximas corridas (mas dúvidas no que toca a fiabilidade, dada a expiração estrondosa do motor no carro de Russell).

Mais atrás lutas interessantes multiplicavam-se, com os McLaren a compensarem a sua menor performance de qualificação com o envolvimento em lutas com Yuki Tsunoda e Esteban Ocon pelos lugares pontuáveis finais, ao mesmo tempo que Carlos Sainz e Pierre Gasly se equiparavam na luta por 5º e Pérez prosseguia com implacabilidade a sua recuperação desde o último lugar.

Foi aí que chegou o incidente de Kevin Magnussen com a barreira, que fez perder um pneu e parar num sítio perigoso a muito poucas voltas do fim. Isto levou os comissários a iniciarem uma bandeira vermelha e a programarem uma nova partida para um sprint de 3 voltas. E foi aí que chegou o caos atrás dos 2 primeiros.

Sainz acertou em Alonso e atirou-o para o fim; Gasly travou tarde e no regresso à pista acabou por colidir com Ocon, acabando com o que estava a ser uma ótima prova de ambos os Alpine; Stroll saiu para a gravilha mais adiante; Logan Sargeant bloqueou os travões e eliminou-se a si e a Nyck de Vries de prova.

Nova bandeira vermelha viu grandes discussões gerarem-se entre as equipas e os comissários, com Alonso a liderar os protestos por querer uma reversão para a ordem antes da partida por ainda não ter sido completados metros suficientes até à interrupção. E assim foi. Todos os carros (menos os Alpine, de Vries e Sargeant) fizeram uma volta final atrás de SC e terminaram. Com a penalização de Sainz (com que o espanhol ficou inconformado), a ordem final ficou definida.

Verstappen venceu num dia em que Pérez limitou os estragos em 5º, Hamilton e Alonso completaram o pódio seguidos de Stroll, enquanto que a McLaren pontuou pela primeira vez no ano e conseguiu ascender a 5º no campeonato por ambos os pilotos terem pontuado. Hülkenberg fez uma sólida prova para chegar em 7º (ainda que a Haas tenha chegado a protestar a decisão de reverter a ordem, porque isso poderia ter-lhe dado 3º), enquanto que Zhou e Tsunoda pontuaram pela primeira vez no ano em 9º e 10º, respetivamente.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Hamilton \ 4. Alonso \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Alonso \ 4. Stroll \ 5. Pérez \ 6. Norris \ 7. Hülkenberg \ 8. Piastri \ 9. Zhou \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (69) \ 2. Pérez (54) \ 3. Alonso (45) \ 4. Hamilton (38) \ 5. Sainz (20) —– 1. Red Bull (123) \ 2. Aston Martin (65) \ 3. Mercedes (56) \ 4. Ferrari (26) \ 5. McLaren (12)

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Corrida anterior: GP Arábia Saudita 2023
Corrida seguinte: GP Azerbaijão 2023

GP Austrália anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Poles seguram liderança em provas mexidas

A primeira prova australiana da F2 viu a famosa imprevisibilidade da categoria ser colocada em destaque nas duas corridas deste fim-de-semana. Pole inverso, Dennis Hauger apenas teve que se defender de um único ataque de Jak Crawford no sprint porque daí em diante apenas teve que controlar a distância para o americano. Já Kush Maini teve um caminho bem mais difícil para o pódio, tendo que lutar com unhas e dentes contra Arthur Leclerc para o conseguir.

Pingos de chuva no final da etapa complicaram a vida de quem arriscou parar para pneus de chuva, como Roman Staněk e Théo Pourchaire, mas foram vários os outros que saíram de pista. Houve ainda espaço para um SC devido a um pião do homem da casa, Jack Doohan.

Já no domingo de manhã foi a vez de outro pole rumar para a vitória: Ayumu Iwasa segurou as investidas de Pourchaire para vencer a feature e assumir a liderança do campeonato. Leclerc, por sua vez, compensou a sua perda do pódio do dia anterior com um na feature. Todos estes fizeram uso de um SC Virtual para saltar mudar de pneus (VSC criado para retirar o carro preso de Crawford, após incidente com Doohan).

Devido a acidente de Roy Nissany, o SC voltaria. O que provocou o caos de pilotos que pararam e não conseguiram evitar despistes devido a temperaturas muito baixas (com destaque para o violento embate de Enzo Fittipaldi e o despiste no recomeço de Hauger). O uso de pneus macios permitiu a Frederik Vesti passar Zane Maloney para 4º, enquanto que Juan Manuel Correa pontuou no seu ano de regresso à F2.

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Qualificação: 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Martins \ … \ 8. Maini \ 9. Crawford \ 10. Hauger

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Crawford \ 3. Maini \ 4. Leclerc \ 5. Maloney \ 6. Hadjar \ 7. Bearman \ 8. Vesti (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Leclerc \ 4. Vesti \ 5. Maloney \ 6. Daruvala \ 7. Verschoor \ 8. Doohan \ 9. Maini \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Iwasa (58) \ 2. Pourchaire (50) \ 3. Vesti (42) \ 4. Boschung (33) \ 5. Leclerc (33) —– 1. DAMS (91) \ 2. ART (67) \ 3. MP (62) \ 4. Campos (59) \ 5. Prema (45)

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Corrida anterior: Arábia Saudita 2023 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Azerbaijão 2023 \ Rondas 7-8

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Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Bortoleto estica-se na liderança

De manhã na Austrália, e, portanto, a horas impróprias para quase todo o mundo, a F3 começou o seu caminho na Austrália.

A primeira prova, com Sebastián Montoya em pole inversa, começou com relativa calma (apesar de uma saída de pista de Oliver Goethe). Não demorou muito até que Franco Colapinto acabasse por passar o rival, altura em que o acidente de Ido Cohen ativou o SC. Depois disso, houve direito a uma excelente ultrapassagem de Zak O’Sullivan sobre Montoya para 2º.

Esta passagem acabaria por valer-lhe a vitória após a prova porque Colapinto acabou desclassificado por questões técnicas, enquanto que na Prema dois pilotos se desentendiam em pista (Dino Beganovic e Paul Aron).

No dia seguinte, o excelente Gabriel Bortoleto foi segurando diferentes níveis de pressão da parte de Grégoire Saucy para garantir uma vitória em que teve que lidar com vários reinícios atrás de SC (a maior parte devido a desatenções atrás de SC, como com Kaylen Frederick). Gabriele Minì completou o pódio, numa dia em que o vencedor da prova ampliou a sua vantagem no campeonato.

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Qualificação: 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ … \ 10. Collet \ 11. Goethe \ 12. Montoya

Resultado (Sprint): 1. O’Sullivan \ 2. Montoya \ 3. Aron \ 4. Minì \ 5. Beganovic \ 6. Bortoleto \ 7. Fornaroli \ 8. Saucy \ 9. Mansell \ 10. Frederick (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ 4. Fornaroli \ 5. O’Sullivan \ 6. Aron \ 7. Martí \ 8. Browning \ 9. Barnard \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (58) \ 2. Saucy (38) \ 3. Beganovic (28) \ 4. Minì (28) \ 5. Martí (25) —– 1. Trident (100) \ 2. Prema (70) \ 3. Hitech (54) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (29)

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Corrida anterior: Bahrain 2023 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Mónaco 2023 \ Rondas 5-6





Trio Jaguar limpa pódio – ePrix São Paulo 2023

26 03 2023

Continuando esta sequência de vários países estreantes no calendário, o Brasil recebeu pela primeira vez uma ronda da Fórmula E, num processo que vinha sendo adiado ao longo dos últimos anos. O local escolhido, depois de se ter ponderado um projeto de um circuito mais permanente, foi nas ruas de São Paulo. Especificamente, no mesmo local que já recebera entre 2010 e 2013 a IndyCar.

Não existe muito em comum entre os dois projetos, para além de ambos usarem secções do Sambódromo (que confere a possibilidade de ter à partida 30 mil lugares sentados) e da Reta de Marte (na direção oposta). Isto não é necessariamente mau, uma vez que problemas de aderência caracterizaram a passagem da IndyCar por terras brasileiras, apesar das várias tentativas de o atenuar com pequenas modificações.

A nova pista da categoria elétrica terá (para os padrões da FE) longas retas que permitirão deixar as novas unidades motrizes atingirem as suas velocidades máximas, e ainda diversas chicanes para criar pontos de ultrapassagem e de regeneração de energia.

Esta foi a primeira de 5 provas contratadas, com a possibilidade de uma extensão de 5 anos adicionais se tudo correr pelo melhor.

Ronda 6 – ePrix de São Paulo 2023

As longas retas da meta de São Paulo até proporcionaram momentos de ultrapassagem ao longo da corrida, mas também significaram ter de ver algo que poucos terão apreciado: um jogo constante de não querer liderar até aos momentos finais.

Aniversariante e pole position de São Paulo, o campeão em título, Stoffel Vandoorne, acabou por ser o grande sacrificado, com muito maior consumo de energia que os rivais (apesar de várias tentativas de se deixar ficar para trás na reta da meta, em que os rivais também desaceleraram). Isto ajuda a explicar a perda de 5 posições do piloto da DS Penske, até atrás do colega de equipa (Jean-Éric Vergne) que tinha começado em 7º.

O 2º classificado da qualificação não teve muito melhor sorte. António Félix da Costa estava com um excelente ritmo ao longo de todo o dia, mas acabou por não conseguir maximizar um dia de azar para os rivais do campeonato devido a um erro próprio nas voltas finais que o fez perder tempo valioso para um eventual ataque aos líderes. Ainda assim, conseguiu uma pequena aproximação ao topo do campeonato (o colega da Porsche, Pascal Wehrlein).

Nenhum destes maus dias se compara aos da Maserati e Nissan. Os primeiros tinham conseguido colocar ambos os carros no Top 10 da qualificação, mas viram Edoardo Mortara envolver-se no caos do início de prova (com direito a Safety Car) e viram Maximilian Günther ser o seu “eu” mais errático a caminho de 0 pontos no Brasil. Já Nissan viu a sua dupla abandonar logo nas voltas iniciais.

A quem o dia correu muitíssimo bem foi a quem tinha unidades motrizes da Jaguar nos seus monolugares. Não só os dois carros Jaguar se colocaram no Top 5, como também Mitch Evans e Sam Bird souberam gerir da melhor forma os seus ritmos ao longo da prova. O primeiro triunfou ao segurar um ataque feroz de Nick Cassidy (da Envision, também com motores Jaguar), o segundo passou as derradeiras voltas a atacar Cassidy, garantindo o 3º posto.

Destaque ainda para o ponto somado por Sébastien Buemi, a continuação do trabalho competente da McLaren no seu primeiro ano na categoria, e para o regresso ao ativo dos monolugares operados pela Mahindra, depois do susto da não-participação na Cidade do Cabo.

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Qualificação: 1. Vandoorne \ 2. Félix da Costa \ 3. Evans \ 4. Mortara \ 5. Bird (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Evans \ 2. Cassidy \ 3. Bird \ 4. Félix da Costa \ 5. Vergne \ 6. Vandoorne \ 7. Wehrlein \ 8. Hughes \ 9. Rast \ 10. Buemi (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (86) \ 2. Dennis (62) \ 3. Cassidy (61) \ 4. Vergne (60) \ 5. Félix da Costa (58) —– 1. Porsche (144) \ 2. Envision (103) \ 3. Jaguar (83) \ 4. DS Penske (82) \ 5. Andretti (80)

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Corrida anterior: ePrix Cidade do Cabo 2023
Corrida seguinte: ePrix Berlim 2023

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Fontes:
Racing Circuits \ São Paulo





Pérez segura Verstappen em busca da liderança do campeonato – GP Arábia Saudita 2023

20 03 2023

Tem sido notória a subida de tom das propostas que os fundos estatais da Arábia Saudita têm feito para a aquisição de uma variedade de categorias desportivas de renome, e a Fórmula 1 está longe de ser uma exceção. Com a desculpa de necessitar desesperadamente de financiamento durante a período mais agudo da pandemia, a FOM abriu as portas para avultados investimentos vindos do Médio Oriente para balancear as contas.

Os resultados foram o investimento da Aramco como patrocinador oficial da F1 (e posteriormente da Aston Martin), a estreia do GP da Arábia Saudita em 2021 em Jeddah e a construção de um complexo em Qiddiyah (que os organizadores já deram a entender gostar que fosse uma segunda prova em território saudita…).

A atual pista de Jeddah faz questão de publicitar o título de mais rápido circuito citadino do mundo, com 27 curvas na sua maioria de alta velocidade e com muros bem próximos. Tal como em 2022 o circuito vai mais uma vez proceder a alterações para evitar os perigos que têm sido enfrentados pelos pilotos. Não que todos os perigos venham só do traçado.

O ataque terrorista de uma estrutura industrial a poucos quilómetros do paddock na última visita foi motivo de reunião dos pilotos durante 4 horas, tendo-se chegado a ponderar se existiria possibilidade de greve no ar (e também de que a saída ordeira dos membros das equipas do país poderia estar em causa caso houvesse greve).

É o preço a pagar pela categoria pelos seus negócios sauditas.

Ronda 2 – Grande Prémio da Arábia Saudita 2023

Com os treinos livres a indicarem uma distância entre Red Bull e o resto do grid semelhante à de duas semanas antes, nada se poderia atravessar no caminho de Max Verstappen que não a própria equipa. E assim foi. Uma falha de driveshaft em pleno Q2 deixou o holandês a começar a prova de domingo da 15ª posição, deixando a luta pela vitória imprevisível.

Coube a Sergio Pérez defender a honra da Red Bull contra uns implacáveis Charles Leclerc e Fernando Alonso, apesar de Leclerc já contar com a desvantagem de 10 lugares de penalização por troca de componentes de motor. Já Alonso apostava tudo num melhor ritmo de corrida que de qualificação.

Mais atrás a Alpine colocou ambos os carros no Q3, enquanto que a McLaren se via com sortes distintas (Lando Norris caiu no Q1 e Oscar Piastri conseguiu chegar ao Q3).

No início da corrida a equipa britânica viu-se mais uma vez atirada para o fundo da tabela: Norris por já lá estar, Piastri por perder parte da asa dianteira num contacto com Esteban Ocon. Continua a ser uma incógnita qual o verdadeiro ritmo do MCL60, ainda que Norris deva ter tomado devida nota do excelente ritmo de Piastri comparado com o seu.

Mais à frente, Pérez sucumbiu na partida perante Alonso mas não demorou muito a passar e fugir do espanhol. Daí em diante foi tudo relativamente simples até ao Safety Car (por avaria de Lance Stroll), quando o timing do SC beneficiou (e de que maneira) a recuperação de um veloz Verstappen. Quando finalmente o campeão em título tinha chegado ao 2º posto já Pérez levava 5 segundos de avanço, que o mexicano conseguiu manter estáveis até ao final.

Logo atrás foi uma prova levemente atribulada para Alonso, que recebeu uma penalização por estar fora (lateralmente) do lugar de partida e, ao servi-la na primeira paragem nas boxes, viu um mecânico tocar no carro antes de tempo e recebeu uma penalização extra de 10 segundos. Felizmente, um apelo da Aston devolveu-lhe aquele que foi o 100º pódio da sua carreira. Logo atrás, chegaram os dois Mercedes.

Foi mais um dia mau para a Ferrari, que foi caindo na classificação por um misto de falta de ritmo e de erros de comunicação (foi constrangedor ver o engenheiro de pista de Leclerc não o avisar da necessidade de cobrir a saída das boxes de Hamilton durante o SC). Já a Alpine continuou a acumular pontos, enquanto que Kevin Magnussen completou uma perseguição de uma prova inteira a Yuki Tsunoda com uma ultrapassagem nas voltas finais que deu à Haas o primeiro ponto do ano.

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Qualificação: 1. Pérez \ 2. Alonso \ 3. Russell \ 4. Sainz \ 5. Stroll (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Pérez \ 2. Verstappen \ 3. Alonso \ 4. Russell \ 5. Hamilton \ 6. Sainz \ 7. Leclerc \ 8. Ocon \ 9. Gasly \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (44) \ 2. Pérez (43) \ 3. Alonso (30) \ 4. Russell (20) \ 5. Hamilton (20) —– 1. Red Bull (87) \ 2. Aston Martin (38) \ 3. Mercedes (38) \ 4. Ferrari (26) \ 5. Alpine (8)

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Corrida anterior: GP Bahrain 2023
Corrida seguinte: GP Austrália 2023

GP Arábia Saudita anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 3-4) \ Vesti e Iwasa lançam as suas candidaturas ao título

A primeira das duas provas de Jeddah até viu Jak Crawford começar na liderança, mas o americano acabaria por não durar muito na frente da corrida. O grande beneficiado foi Ayumu Iwasa, que fez várias ótimas ultrapassagens sobre os adversários e defendeu-se com unhas e dentes dos avanços dos rivais. Logo atrás chegou alguém ainda mais impressionante: Victor Martins, que não só fez pole position como ainda fez uma grande recuperação no sprint até ao 2º lugar final. Jehan Daruvala completou o pódio.

Ralph Boschung terminou logo na frente do colega de equipa na Campos e, com um abandono tonto de Théo Pourchaire (que arriscou demasiado com Oliver Bearman), assumiu a liderança provisória do campeonato.

O azar não abandonou Bearman por completo no domingo de feature. O inglês partiu muito bem e ultrapassou o pole Victor Martins, tendo passado a maior parte da corrida num duelo de faca nos dentes com o francês. Enquanto ambos se entretinham, o Prema de Frederik Vesti, vindo de 7º na partida, aproximava-se da disputa pela vitória. Com os dois primeiros a fazerem piões em pista sozinhos, Vesti acabou com passadeira vermelha estendida para triunfar.

O dinamarquês da Mercedes foi seguido no pódio por Jack Doohan e (novamente) Daruvala, o que o catapultou de imediato para a luta pelo título, encabeçada por Boschung e Pourchaire, seguidos também de muito perto por Iwasa.

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Qualificação: 1. Martins \ 2. Bearman \ 3. Pourchaire \ … \ 8. Maini \ 9. Boschung \ 10. Crawford

Resultado (Sprint): 1. Iwasa \ 2. Martins \ 3. Daruvala \ 4. Boschung \ 5. Maini \ 6. Vesti \ 7. Doohan \ 8. Hauger (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Vesti \ 2. Doohan \ 3. Daruvala \ 4. Iwasa \ 5. Hauger \ 6. Verschoor \ 7. Fittipaldi \ 8. Leclerc \ 9. Hadjar \ 10. Bearman (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Boschung (33) \ 2. Pourchaire (32) \ 3. Iwasa (31) \ 4. Vesti (28) \ 5. Daruvala (24) —– 1. Campos (51) \ 2. ART (49) \ 3. DAMS (44) \ 4. MP (43) \ 5. Prema (29)

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Corrida anterior: Bahrain 2023 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Austrália 2023 \ Rondas 5-6





Muito tempo de espera

11 03 2023

É notório o abatimento de Lando Norris a cada entrevista de pré-temporada que o britânico tem que fazer. Não é caso para menos. A McLaren acumulou o menor número de quilómetros da pré-temporada e apresentou-se no Bahrain com uma fiabilidade terrível, aliada a uma certa falta de velocidade.

Postas de lado as más notícias, vêm as boas: a equipa há alguns meses atrás já identificara que estava a prosseguir um caminho de desenvolvimento errado e corrigiu. Só que esta inversão demora muito tempo, razão pela qual será necessário esperar por Baku no final de Abril para ver a versão B do MCL60 e se esta produzirá os efeitos desejados.

A probabilidade de a paciência de Norris se esgotar se este pacote não tiver um efeito drástico nos resultados da McLaren. Ou talvez não, uma vez que o destino que até aqui tinha sido apontado como o mais provável em caso de saída, a Mercedes, está num imbróglio próprio.

Sem ter encurtado a distância para a Red Bull e Ferrari, e com a cliente Aston Martin a ter mesmo ultrapassado o seu ritmo, a Mercedes viu a sua obstinada insistência no seu conceito de carro provar ter severas limitações mais uma vez. A frustração dos pilotos foi óbvia após o GP do Bahrain (Lewis Hamilton voltou a questionar a insistência e George Russell já disse publicamente que espera ver a Red Bull vencer todas as provas deste ano) e a cúpula pareceu ter compreendido que uma séria reavaliação terá que ocorrer.

Se esta se confirmar, a equipa alemã poderá essencialmente dar 2023 como perdido, uma vez que teria que iniciar um processo a McLaren já começou há vários meses.

Qualquer que seja a maneira que se olhe para a questão, resta ainda muito tempo de espera para a McLaren e a Mercedes neste temporada.





Pódio de Alonso em início morno de campeonato – GP Bahrain 2023

6 03 2023

dário em 2011 devido a um ambiente quase revolucionário que correu o país durante a Primavera Árabe, tempo suficiente para que, ao contrário de futuras provas árabes, o Grande Prémio se tornasse um moderno clássico (ao invés de um exemplo de sportswashing como a vizinha Arábia Saudita).

O circuito foi palco de uma brilhante luta pela vitória entre Charles Leclerc e Max Verstappen em 2022, do progresso de Sergio Pérez de último a 1º em 2020, do acidente aterrorizante de Romain Grosjean no mesmo ano e do duelo Fernando Alonso / Michael Schumacher em 2006. Em suma, uma enormidade de momentos históricos já associados ao pequeno emirado.

Com poucas curvas lentas e algumas secções de média-alta velocidade bem ao gosto dos pilotos, o circuito de Sakhir tem sido a abertura de todos os anos pós-pandemia e desde 2014 que mudou o seu horário para o noturno (de modo fazer uso de fogo de artifício nas celebrações e também para melhorar um pouco o horário face aos europeus).

Ronda 1 – Grande Prémio do Bahrain 2023

Com medos generalizados do paddock sobre os níveis de domínio a que se poderia assistir neste fim-de-semana, acabou por se ter um meio-termo: longe de ser tão terrível quanto se poderia esperar, o domínio da Red Bull ainda assim viu-se mais expressado por faltar um rival claro para o combater.

Max Verstappen andou no seu melhor nível e soube colocar-se na frente de Sergio Pérez com uma naturalidade cada vez maior, e quando a Ferrari e a Mercedes permanecem incapazes de oferecer resistência o seu caminho fica ainda mais facilitado. E foi aí que entrou a Aston Martin na equação.

A Aston chegou a Sakhir com um Fernando Alonso bem motivado e um Lance Stroll ainda a recuperar de uma mão partida. Os resultados oscilaram entre o que se esperava e o que se temia: Stroll retirava várias vezes as mãos do volante durante os treinos (devido às dores) e quase eliminou o colega na primeira volta, enquanto que Alonso fazia magia com o AMR23. Alonso fez brilharetes constantes e soube fazer uma excelente ultrapassagem a Lewis Hamilton para garantir o pódio, enquanto que o Aston foi bom o suficiente que até Stroll terminou à frente de um dos Mercedes.

Mercedes e Ferrari andaram bem abaixo do esperado. Os primeiros continuam claramente uns furos abaixo da Red Bull e Ferrari, com um carro que até se viu batido pela equipa cliente, ao passo que os segundos não conseguiram ameaçar nem um pouco a Red Bull, e ainda para mais continuam sem fiabilidade para evitar ver um Charles Leclerc de ar sombrio na beira da estrada.

Melhor dos restantes foi um papel que coube a Valtteri Bottas, seguido de um Pierre Gasly que se qualificou mal mas soube fazer uso do seu Alpine para subir (ao contrário do outro lado da garagem, com Esteban Ocon a perder o fio à meada com sucessivas penalizações por cumprir mal as penalizações…) e um Alexander Albon que soube segurar os concorrentes em 10º.

Desastre completo foi a McLaren, que abandonou com problemas mecânicos Oscar Piastri e que viu Lando Norris sofrer a bom sofrer com o MCL60.

Destaque ainda para o excelente ritmo de qualificação da Haas que degenerou em corrida e para um competente Logan Sargeant, que igualou o tempo de Norris em qualificação e em corrida andou a rondar os pontos.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Alonso \ 4. Sainz \ 5. Hamilton \ 6. Stroll \ 7. Russell \ 8. Bottas \ 9. Gasly \ 10. Albon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (25) \ 2. Pérez (18) \ 3. Alonso (15) \ 4. Sainz (12) \ 5. Hamilton (10) —– 1. Red Bull (43) \ 2. Aston Martin (23) \ 3. Mercedes (16) \ 4. Ferrari (12) \ 5. Alfa Romeo (4)

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Corrida anterior: GP Abu Dhabi 2022
Corrida seguinte: GP Arábia Saudita 2023

GP Bahrain anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 1-2) \ Domínio Pourchaire, com os Campos por perto

Já se esperava ver Théo Pourchaire em grande nível no início do ano, mas dificilmente alguém estaria à espera de ver o francês com os níveis de domínio que exibiu. O francês fez pole por uns expressivos 7 décimos em qualificação, recuperou posição atrás de posição até ao 5º lugar no sprint, e controlou à vontade toda a feature.

As sobras para os rivais resumiram-se a um Ralph Boschung em bom nível (vencendo o sprint e acabando a prova principal em 2º), um bom resultado para Victor Martins em sprint e uma excelente estreia de F2 para Zane Maloney no feature. Para ajudar Boschung a completar um bom resultado Campos, Kush Maini fez uma boa estreia na categoria (ainda que pedir para não ser atacado por Boschung à equipa tenha sido um pedido tolo de se fazer).

Arthur Leclerc poderia ter feito muito mais no seu final de semana, mas fez três saídas de pista diferentes no feature, que lhe valeram um pódio perdido. Longe de um desastre total, que coube a Richard Verschoor, eliminado por Frederik Vesti (num incidente em que Roman Staněk acabou fora também).

O resultado foi uma liderança esperada de Pourchaire, mas ainda com um pelotão não muito definido atrás de si.

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Qualificação: 1. Pourchaire \ 2. Martins \ 3. Verschoor \ … \ 8. Leclerc \ 9. Staněk \ 10. Boschung

Resultado (Sprint): 1. Boschung \ 2. Hauger \ 3. Martins \ 4. Iwasa \ 5. Pourchaire \ 6. Daruvala \ 7. Maini \ 8. Fittipaldi (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Pourchaire \ 2. Boschung \ 3. Maloney \ 4. Maini \ 5. Verschoor \ 6. Leclerc \ 7. Hadjar \ 8. Iwasa \ 9. Fittipaldi \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (32) \ 2. Boschung (28) \ 3. Maloney (15) \ 4. Maini (14) \ 5. Verschoor (11) —– 1. Campos (42) \ 2. ART (38) \ 3. Rodin Carlin (18) \ 4. DAMS (17) \ 5. Van Amersfoort (12)

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Corrida anterior: Abu Dhabi 2022 \ Rondas 27-28
Corrida seguinte: Arábia Saudita 2020 \ Rondas 3-4

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Fórmula 3 (Rondas 1-2) \ Minì sofre rude derrota

A primeira prova de Fórmula 3 de 2023 iniciou-se com dois estreantes a qualificarem-se nas duas primeiras posições. Gabriele Minì e Gabriel Bortoleto arrecadaram a primeira linha, seguidos do líder dos testes de pré-temporada (Grégoire Saucy).

Já para o sprint a pole inversa coube a Franco Colapinto, ladeado por Pepe Martí. Com ambos a lutarem ao longo da prova inteira pelo triunfo, acabou por ser Martí fez uma ótima ultrapassagem a Colapinto no final da corrida, segurando depois a pressão do argentino.

Mais atrás houve direito a dois Safety Car, primeiro para o pião de Luke Browning (na confusão da partida) e para o incidente entre Bortoleto e Rafael Villagómez, e ainda outro para a confusão do outro recomeço. Na disputa do 4º lugar, os Prema de Dino Beganovic e Paul Aron tiveram que suar para conseguir segurar os ataques de Oliver Goethe da Trident.

No dia da feature a sorte não sorriu ao homem da pole, com uma penalização de 5 segundos que tramou por completo Minì devido a um SC nas voltas finais, que o atirou para fora de uma liderança pela qual tivera que lutar com unhas e dentes. Isto entregou a vitória final a Bortoleto. Oliver Goethe chegou em segundo e Dino Beganovic completou o pódio.

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Qualificação: 1. Minì \ 2. Bortoleto \ 3. Saucy \ … \ 10. Collet \ 11. Martí \ 12. Colapinto

Resultado (Sprint): 1. Martí \ 2. Colapinto \ 3. Collet \ 4. Beganovic \ 5. Aron \ 6. Goethe \ 7. Saucy \ 8. Fornaroli \ 9. Edgar \ 10. Montoya (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bortoleto \ 2. Goethe \ 3. Beganovic \ 4. Saucy \ 5. Browning \ 6. Martí \ 7. Frederick \ 8.Minì \ 9. Montoya \ 10. Colapinto (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (26) \ 2. Goethe (23) \ 3. Beganovic (22) \ 4. Martí (19) \ 5. Saucy (16) —– 1. Trident (52) \ 2. Prema (28) \ 3. ART (22) \ 4. Campos (19) \ 5. Hitech (19)

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Corrida anterior: Itália 2022 \ Rondas 17-18
Corrida seguinte: Austrália 2023 \ Rondas 3-4





Red Bull na frente nos testes, mas essa é a única certeza

28 02 2023

2022 tinha prometido muito, mas a verdade é que uma temporada na qual apenas uma equipa fora do Top 3 consegue um único pódio dificilmente pode ser classificada como uma época entusiasmante. Para este ano as expectativas serão de uma aproximação das rivais aos eternos líderes, mas será essa uma expectativa razoável?

A temporada chega numa altura em que Mohammed ben Sulayem dá um passo atrás no seu envolvimento (excessivo) na categoria, e em que a FIA procura atingir um novo equilíbrio no seu relacionamento com a FOM.

Falando da FIA, esta criou várias alterações nos regulamentos desportivos, com testagem de novos pneus de chuva a partir de Imola, menos restrições de rádio, modificações a circuitos e zonas de DRS, ajustes no teto orçamental e acesso facilitado para auditorias da FIA.

Mudanças na Ferrari terão sido no timing certo?

A única coisa mais impressionante do que a maneira como a Ferrari abriu 2022 com uma sequência de ótimos resultados foi seguida de uma ainda mais impressionante hecatombe de resultados, em que vitórias desperdiçadas por motivos de estratégia deram lugar a vitórias desperdiçadas por entretanto o carro italiano já não ser o mais competitivo do pelotão.

Há mérito da Red Bull neste quesito, com uma eficiência diabólica, mas a sensação geral de oportunidade desperdiçada (e recusa em assumir erros) fez Frédéric Vasseur assumir os comandos da Scuderia. A retirada de um líder italiano pela entrada de um francês é notória e acarreta consigo a possibilidade de um começo de fresco. Mas, mesmo não sendo particularmente justo, Vasseur não conseguirá segurar o lugar se o trabalho que até Dezembro era de Mattia Binotto não der resultados concretos…

E no meio de tudo está uma Mercedes desejosa de conseguir voltar a assumir o protagonismo no campeonato.

Os testes de pré-temporada, para já, pintam um quadro bem risonho para a Red Bull. A AMuS noticia o motivo desta vantagem como a capacidade do RB19 em conseguir correr bem mais perto do chão que as rivais, o que deixa Max Verstappen numa posição bem confortável para tentar chegar a um tricampeonato (Sergio Pérez deverá manter-se como plano de contingência, com Daniel Ricciardo a observar tudo bem de perto no seu papel de piloto de testes).

Para a Mercedes vê-se uma performance bem mais consistente que a de 2022, ainda que com bem menores problemas de porpoising. Só que crê-se que o verdadeiro potencial do carro só será descoberto com atualizações em Baku nos monolugares de Lewis Hamilton e George Russell. Já a Ferrari pareceu difícil de localizar, com alguns acertos de setup a serem necessários para conseguir estabelecer a performance de um carro que parece fiável e rápido, mas uns furos abaixo do Red Bull.

Trabalho difícil para Charles Leclerc e Carlos Sainz, portanto.

Harmonia difícil na Alpine

Já é piada recorrente do paddock referir que a estrutura da Alpine corre já em vários planos de 5 anos. Apesar de se ter integrado em 2016 com promessas de competitividade em 5 anos, a Renault avisou logo que o primeiro ano não contava (o projeto era pouco mais que um fraco Lotus). Depois chegou Daniel Ricciardo e o tal plano começaria aí (2019). Ricciardo saiu, Fernando Alonso entrou e o nome mudou para a Alpine, e os franceses insistiram que queriam ser tratados como nova equipa e novo projeto de 5 anos (em 2021).

Agora, com a saída de Alonso, a conversa parece ter feito um novo reset. Contas feitas, a Alpine está no 8º ano de projeto como equipa de fábrica, mas a insistir que é uma jovem equipa promissora.

As trapalhadas com a situação contratual de Oscar Piastri, de facto, pareceram de novatos. Sabe-se lá como, Otmar Szafnauer conseguiu manter o seu posto na liderança da equipa. Nem tudo foi um desastre na verdade: o 4º lugar à frente da McLaren nunca pareceu excessivamente em perigo e Pierre Gasly é um ótimo prémio de consolação para substituir Alonso (com Esteban Ocon no outro lado da garagem). Até os abandonos de 2022 têm um ponto positivo, dado que as restrições de alterações à unidade de potência não se aplicam a motivos de fiabilidade.

2023 tem que ser o ano em que a mais fraca das equipas de fábrica consegue bem melhor do que fazer apenas um terço dos pontos da Mercedes. Os testes não conseguiram revelar quase nada. O carro esteve sempre entre os mais lentos das sessões, ainda que se acredite que terão sido das equipas que mais escondeu o jogo.

Os britânicos

Duas das maiores construtoras britânicas, mas que na F1 compram os seus motores à Mercedes, têm um problema muito semelhante: a estagnação dos seus resultados e como invertê-la.

As escalas são diferentes, claro. A McLaren terminou em 3º lugar m 2020, 4º em 2021 e 5º em 2022. O único pódio fora das 3 primeiras equipas até pertenceu aos britânicos, mas a tendência decrescente é difícil de disputar. Pelo segundo ano seguido, queixam-se de o projeto inicial ainda não estar bem ao gosto da estrutura, uma falha que já tem solução à vista para o próximo ano, quando o túnel de vento novo estará finalmente em ação.

O facto de Zak Brown já ter vindo a púlico referir que o MCL60 está abaixo dos indicadores de performance desejados pela própria equipa parecem indicar que será um início de ano doloroso para Woking. Uma situação que deverá frustrar Lando Norris e aliviar Oscar Piastri (ao colocar menos pressão por cima dos seus ombros).

Já a Aston Martin começou 2022 com um ritmo absolutamente catastrófico, mas ganhou muitos pontos de consideração da parte dos rivais pela maneira como a equipa técnica de Dan Fallows soube encurtar a distância para os lugares pontuáveis em tão curto espaço de tempo. A verdade é que já foram 2 dos 5 anos da estreia dos britânicos, e dois 7º lugares em 10 equipas são o saldo da estrutura. O facto de esta queda ocorrer com Lance Stroll blindado a um dos monolugares não tem passado despercebido.

Mas a verdade é que o lado da garagem de onde se espera o melhor em pista é no de Fernando Alonso, que provocou o caos na Alpine para fazer uma derradeira e arriscada manobra de bastidores, em busca do seu 3º título mundial. A gestão emocional do piloto dará grandes dores de cabeça à equipa, mas a boa forma contínua dele será uma boa compensação.

Sem ninguém contar com isso, a Aston foi um dos grandes destaques dos testes. Isto tanto pelo facto de Felipe Drugovich ter tido que substituir Lance Stroll (lesão), como pelo facto de o AMR23 ter mostrado um ritmo muito interessante, que até leva alguns analistas a considerá-los ao nível dos Mercedes.

Quem nada tem a perder

Com uma temporada bem difícil para a pequena estrutura italiana, a AlphaTauri saiu bem feliz dos 3 dias de testes. Sem a grande referência de Gasly, caberá ao conjunto de Yuki Tsunoda e Nyck de Vries conseguirem fazer uso de um AT04 mais competitivo e que terminou o seu tempo no Bahrain como o que mais quilómetros acumulou. Isto numa altura em que a Red Bull tem estado a ponderar vender a equipa ou relocalizá-la.

Tsunoda e de Vries terão boas oportunidades para mostrar serviço em 2023, oportunidades essas que precisarão de concretizar de modo a afastarem a ameaça da intromissão da enorme quantidade de jovens Red Bull que desponta na F2.

Quem não tem quase nada a provar é a dupla da Haas. Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen já abandonaram a categoria antes e não estarão excessivamente preocupados em voltar a fazê-lo se a equipa americana lhes criar problemas. Como dupla competente que aparenta ser vista de fora, esta estará sempre dependente do nível de desenvolvimento ao longo do ano que o VF-23 será capaz de demonstrar.

A outra cliente Ferrari, a Alfa Romeo, está num momento de transição bem curioso: a Alfa em si abandonará no final do ano e não possui nenhum poder de decisão, para passar posteriormente a controlo Audi. Isto significa que Valtteri Bottas e Guanyu Zhou terão que mostrar serviço de forma bem evidente para provar ao novo chefe, Andreas Seidl, que merecem continuar ao volante quando os manda-chuvas passarem para o lado alemão.

As boas notícias são que a performance do mais recente produto de Hinwill chegou a liderar um dos dias de testes (com várias condicionantes, claro) e que pareceu disposta a permitir aos seus pilotos puxar por ele.

Isto deixa apenas a Williams, que despediu a sua chefia nos meses iniciais deste ano depois de ter voltado a terminar em última no campeonato, tendo agora de se ver que género de chefia será a de James Vowles (chegado da Mercedes), que conta com um competente Alexander Albon e uma incógnita ligeira Logan Sargeant (que terá que provar que a antiga chefia acertou em algo, com a sua escolha).

F2 – Pourchaire permanece, mas não terá vida fácil

2023 chega para a Fórmula 2 com um piloto que tem mais do que o favoritismo, tem também a obrigação de ser campeão. Théo Pourchaire foi capaz de ótimas performances em 2022 mas foi errático em diversos momentos e terminou num vice-campeonato manifestamente insuficiente para obter um assento de F1 na Alfa Romeo. A decisão de mais uma temporada de F2 poderá ser arriscada, até se se vir batido por um estreante à semelhança de Robert Shwartzmann em 2021.

Ao lado de Pourchaire está o campeão de F3 de 2022, Victor Martins, o que confere à ART possivelmente a melhor dupla da grelha deste ano.

Ainda assim, existe espaço para surpresas nas restantes estruturas. Hitech e Carlin apostam em duplas inteiramente pertencentes à Red Bull (que está representada por uns estonteantes 6 pilotos na F2), que poderão estar em grande nível (com especial destaque para um Isack Hadjar deserto de poder vingar o título de F3 perdido).

Apesar de apenas se ter estreado em 2022 apenas, a Van Amersfoort surpreendeu durante os testes deste ano com Richard Verschoor a liderar a tabela de tempos. Já a contratação, mais sentimental que racional, de Juan Manuel Correa poderá não trazer os frutos esperados. Já a permanência do bem-cotado Jack Doohan na Virtuosi percebe-se por um lado, ainda que provavelmente seja demasiado piloto para a estrutura em que está (e definitivamente muito mais do que o novo colega Amaury Cordeel conseguirá lidar…).

F3 – Testes deixam Saucy como favorito

Com a tradicional saída de mais de metade da grelha ao final do ano (quer para F2 ou para a obscuridade), a Fórmula 3 mais uma vez contou com a renovação das suas fileiras com alguns dos mais promissores jovens talentos das categorias de base. Falamos de pilotos cujas performances deverão impressionar, como Dino Beganovic da academia Ferrari, Nikola Tsolov da academia Alpine ou Sebastián Montoya da academia Red Bull.

Mas não se pense que o “perigo” não poderá vir dos pilotos que andam no seu segundo ano de categoria. Grégoire Saucy que o diga, tendo dominado os testes de pré-temporada de Fevereiro no seu ART, depois de um falso arranque na temporada de 2022. Franco Colapinto, que melhorou da estreante Van Amersfoort para a competente MP, também terá uma palavra a dizer agora que integra a academia Williams (tal como Zak O’Sullivan).

Para pilotos nas equipas do fundo da grelha, o objetivo é simples: mostrar serviço para que as Prema e Trident da vida os contratem para 2024. Neste quesito vale a pena manter a atenção em homens como Roberto Faria, Oliver Gray ou Taylor Barnard.





Red Bull lança alerta para as rivais – Pré-Época 2023

25 02 2023

Foi com grande expectativa que a Fórmula 1 chegou ao Bahrain em 2023 para conseguir estabelecer melhor o equilíbrio de forças na sua nova temporada. Com tempo seco e vento pouco forte, o país do Médio Oriente é sempre um dos melhores testes para a performance geral da grelha de partida da F1.

Dia 1

Se se pensava que o primeiro dia de testes iria trazer para mais perto a concorrência à Red Bull, os primeiros quilómetros da temporada de 2023 parecem ter feito muitos reavaliar essa ideia. Os austríacos foram a única equipa a correr só com um piloto todo o dia (Max Verstappen) e os que mais distância acumularam. Foram também os mais rápidos, conseguindo tempos de volta consistentemente velozes, que deixaram os rivais preocupados.

Surpreendente foi ver Fernando Alonso tão próximo na sua estreia pela Aston Martin. Se é certo que a altura em que o tempo foi estabelecido foi já com menos temperatura, a verdade é que alguns rivais viram potencial nos britânicos, a única equipa que conseguiu igualar os seus tempos de qualificação de 2022 (mesmo com uma avaria de Felipe Drugovich nos primeiros momentos, quando ele substituía o lesionado Lance Stroll).

A Ferrari estava um pequeno passo atrás, seguida do McLaren de Lando Norris (apesar de os especialistas verem algumas dificuldades em certas curvas, que podem indicar problemas). Os Alpine pareceram ter dificuldade em contornar as curvas, enquanto que os Mercedes pareceram quase não saltitar.

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Resultado: 1. Verstappen (157) \ 2. Alonso (60) \ 3. Sainz (72) \ 4. Leclerc (64) \ 5. Norris (40) \ 6. Hamilton (83) \ 7. Albon (74) \ 8. Zhou (67) \ 9. Russell (69) \ 10. Sargeant (75) [número de voltas entre parênteses]

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Dia 2

Tivesse o dia acabado uma hora mais cedo e teríamos uma repetição do domínio de Verstappen nos testes, mas da maneira que foi coube a um surpreendente Guanyu Zhou montar os pneus C5 (mais macios) e bater por 4 centésimas o anterior líder da Red Bull com os C3. À partida pouco se poderá retirar da volta de Zhou, ainda que ele tenha estado longe de ser o único a tentar uma glory run (Nico Hülkenberg e Logan Sargeant fizeram o mesmo).

Mas a grande história do dia acabou mesmo por ser a bandeira vermelha provocado pela paragem em pista do Mercedes de George Russell, que proporcionou imagens da cúpula da Mercedes em conversas preocupadas. A falha hidráulica será agora analisada até à exaustão nos bastidores da estrutura.

Alonso voltou a deixar uma boa imagem da Aston Martin, que, estando ainda longe da Red Bull, poderá estar num nível bem superior ao das rivais da luta pelos lugares pontuáveis. No outro lado da garagem, Drugovich continuará o programa destinado a Stroll, dado que as possibilidades de uma eventual substituição na primeira corrida do ano não são assim tão improváveis.

Os alarmes continuam a soar na McLaren, com Zak Brown a procurar diminuir as expectativas e a referir que a equipa falhou alguns alvos de performance internos.

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Resultado: 1. Zhou (133) \ 2. Verstappen (47) \ 3. Alonso (130) \ 4. de Vries (74) \ 5. Hülkenberg (68) \ 6. Sainz (70) \ 7. Sargeant (154) \ 8. Leclerc (68) \ 9. Piastri (74) \ 10. Gasly (59) [número de voltas entre parênteses]

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Dia 3

Se restavam dúvidas de que a Red Bull estava na mó de cima nos testes de pré-temporada, Sergio Pérez tratou de os desfazer com uma acumulação incrível de voltas e um tempo confortavelmente na frente do da rival Mercedes, representada por Lewis Hamilton.

Leclerc e Sainz continuaram no Top 5, bem juntos, tal como em essencialmente todos os dias. Alonso voltou a fazer tempos bem interessantes com os pneus C3, enquanto que a Alfa Romeo ascendeu bem alto nos tempos finais, mas cortesia de voltas em C5 de Valtteri Bottas.

A AlphaTauri acabou as sessões de testes na frente nos quilómetros acumulados e no meio da tabela de tempos, o que só por si parece indicar que o AT04 é mais bem-nascido que o seu antecessor. A Williams ficou em 2º nos quilómetros acumulados, apesar de o carro ter estado entre os mais lentos no geral. Mas nada que se compare com a Alpine e a McLaren que acumularam as proezas de estar no fundo das voltas e tempos.

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Resultado: 1. Pérez (133) \ 2. Hamilton (65) \ 3. Bottas (131) \ 4. Leclerc (67) \ 5. Sainz (76) \ 6. Tsunoda (79) \ 7. Magnussen (95) \ 8. Russell (83) \ 9. Alonso (80) \ 10. Drugovich (77) [número de voltas entre parênteses]

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Progresso Total

#EquipaVoltasTempo
1Red Bull4391m30s305
2Mercedes3931m30s664
3Alfa Romeo3671m30s827
4Ferrari3581m31s024
5AlphaTauri3471m31s261
6Haas3081m31s381
7Aston Martin2961m31s450
8McLaren2641m32s160
9Williams1751m32s549
10Alpine1601m32s762
Bahrain \ 23-25 Fevereiro 2023




Lançamentos 2023 – McLaren MCL60

14 02 2023

A contagem dos chassis McLaren sofreu alterações em anos recentes, após a saída de Ron Dennis. Sem o controverso líder, a equipa optou por renomear a sigla MP4 dos seus carros (associada a Marlboro e Project 4) em favor de um neutro MCL. Mas manteve a numeração posterior, que havia sido implementada nos anos 80, e que em 2022 estava no 36. Para 2023, foi feito um salto até 60 em referência ao aniversário da marca.

Com uma apresentação sucinta (e por isso apreciada), a McLaren apresentou o desenvolvimento do seu anterior monolugar numa altura em que aumenta a especulação sobre uma futura reunião com a Honda para 2026.

No entretanto saiu o MCL60 com que Lando Norris e Oscar Piastri atacarão esta temporada, com direito a grande destaque da patrocinadora Google e de fibra de carbono exposta. As laterais agressivas parecem ter ido mais ao encontro das da Ferrari de 2022, apesar de a equipa agora liderada por Andrea Stella insistir que consegue ver áreas a melhorar no seu carro-base.

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Fonte:
F1 \ Apresentação McLaren