Cassidy ganha balanço, Félix da Costa volta a vencer – ePrix Berlim 2024

12 05 2024

O Aeroporto de Tempelhof já tem um lugar reservado na História do mundo, como palco da famosa ponte aérea que os norte-americanos estabeleceram em Berlim durante a Guerra Fria, mas nos últimos anos tem-se transformado num dos mais conhecidos palcos da Fórmula E, com direito a decisões de título, provas caóticas e um traçado desafiante.

Desde 2017, a pista utiliza um traçado de 2,250 km de extensão e 10 curvas (que em 2020 e 2021 chegou a ser utilizado no sentido inverso). Por estar a ser realizado num aeroporto, o traçado não é particularmente aderente e gera uma grande quantidade de degradação. Possui também um túnel e é bastante largo para os padrões da FE.

Terceira prova europeia do ano, depois de Misano e Mónaco, Berlim procurará dar um novo interessante capítulo à temporada de 2024 e particularmente à Porsche, mais uma vez envolvida a fundo na luta pelo título.

Devido a uma coincidência de calendário entre o WEC e a Fórmula E, que poderia ter sido perfeitamente evitada uma vez que a FIA chancela ambas as categorias, a Envision e a Mahindra tiveram que recorrer a trocas de pilotos. Na Mahindra, Nyck de Vries deu lugar a Jordan King (estreia). Já a Envision teve que trocar ambos os carros, com Sébastien Buemi e Robin Frijns a darem lugar a Paul Aron (estreante) e Joel Eriksson (que já fez o final de época 2021 pela Dragon Penske). Na McLaren Taylor Barnard continuou a cobrir o lesionado Sam Bird.

Destaque ainda para a renovação de contrato da Andretti com a Porsche por mais dois anos.

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Ronda 9 – ePrix de Berlim (1) 2024

Com um dia de céu azul sobre Berlim, a qualificação para a primeira prova trouxe os primeiros pontos do ano para a equipa oficial da Mahindra com uma improvável pole position de Edoardo Mortara contra o DS Penske de Stoffel Vandoorne na final. Estas improváveis presenças (assim como o ERT de Sérgio Sette Câmara) no Top 5 já seriam condição suficiente para uma prova interessante, mas ainda mais interessante ficaria com vários pilotos rápidos a terem uma má qualificação.

Em prova as ultrapassagens multiplicaram-se, até porque os pilotos optaram por diferentes estratégias de ativação de Attack Mode. Os Safety Cars que marcaram presença, claro, também contribuíram para isso.

Duas equipas que andaram a tentar ao longo da prova fazer jogo de equipa foram a Jaguar e a Porsche, mas de forma significativamente diferente. Enquanto a Jaguar tem ambos os pilotos na luta pelo título e portanto pôde dar rédea solta aos dois para lutar por posição, o que se traduziu numa vitória de Nick Cassidy e um 4º lugar para Mitch Evans; a Porsche tem Pascal Wehrlein numa muito melhor posição de campeonato que António Félix da Costa, o que numa prova em que o português parecia mais eficaz que o alemão significou que Félix da Costa precisou de cobrir a retaguarda de Wehrlein (e o resultado conjunto ficou-se pelos 5º e 6º lugares).

Vandoorne e Mortara foram caindo nos lugares pontuáveis até 7º e 8º, mas Jean-Éric Vergne ainda conseguiu colocar o seu DS Penske na luta pela vitória até às voltas finais, seguido sempre de perto pelo último homem do pódio (Oliver Rowland da Nissan), que saltou de 15º a 3º. O outro Nissan chegou em 9º, seguido do McLaren de um impressionante Taylor Barnard (que já tinha impressionado na estreia em Monte-Carlo).

Já os substitutos da Envision sofreram para se adaptar.

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Qualificação: 1. Mortara \ 2. Vandoorne \ 3. Vergne \ 4. Sette Câmara \ 5. Günther (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Cassidy \ 2. Vergne \ 3. Rowland \ 4. Evans \ 5. Wehrlein \ 6. Félix da Costa \ 7. Vandoorne \ 8. Mortara \ 9. Fenestraz \ 10. Barnard (Ver melhores momentos)

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Ronda 10 – ePrix de Berlim (2) 2024

No domingo assistiu-se a uma das melhores provas do ano da Fórmula E, e em que a Jaguar e Porsche voltaram a destacar-se dos seus concorrentes.

A qualificação correu significativamente melhor à Andretti que no dia anterior, com Jake Dennis a fazer pole position e Norman Nato a chegar até às meias-finais. Ambos os Jaguar ocuparam os lugares pares da frente da grelha de partida, com os seus rivais da Porsche um pouco mais para trás. Rowland foi novamente 15º.

Em corrida não demorou muito a que os 4 primeiros lugares estivessem ocupados pelos 4 pilotos Jaguar e Porsche. Wehrlein e Félix da Costa chegaram-se à frente e desta vez o português envolveu-se “a sério” na luta pela vitória. Houve espaço para um rápido SC para Maximilian Günther (Maserati), que bateu num rival e depois no muro.

Entretanto, Wehrlein e Dennis em 5º e 6º começaram a ter uma disputa privada que foi envolvendo mais e mais toques e manobras feias até ao ponto de no final da prova ser quase ao nível de carrinhos de choque. Pior mesmo só Nato, que eliminou Sacha Fenestraz (Nissan) de prova (com o último a ter razão quando aplaudio o compatriota sarcasticamente) e trouxe o segundo SC do dia. Stoffel Vandoorne (DS Penske) também destruiu o seu carro contra um Nissan.

Os sucessivos SC foram dando trabalho a Félix da Costa, que em ambas as ocasiões liderava e viu a sua vantagem evaporada. Ainda assim, era claro que o homem da Porsche parecia ter a prova sob controlo, afastando-se à sua vontade dos outros. Neste novo recomeço até chegou a ser ultrapassado por Evans, mas com o neozelandês a ainda ter que ir ativar o AM e até a ser repassado pelo português.

Vitória final (esperemos um pouco mais para ter a certeza) para Félix da Costa, seguido de um Cassidy zangado (por não ter gostado da gestão de prova da sua equipa) e um Rowland impressionante com nova recuperação de 15º a 3º. Wehrlein, Dennis e Evans seguiram-se.

Nos derradeiros lugares pontuáveis, algumas boas performances: Jehan Daruvala (Maserati) em 7º e a ganhar balanço na sua temporada de estreante; Barnard a brilhar com mais pontos para a McLaren (e a ser mais eficaz que Jake Hughes); Joel Eriksson a salvar um pouco a honra da Envision neste período difícil; e Vergne a somar o derradeiro ponto de uma DS Penske a quem parece faltar muito ritmo de corrida.

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Qualificação: 1. Dennis \ 2. Cassidy \ 3. Nato \ 4. Evans \ 5. Günther (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Félix da Costa \ 2. Cassidy \ 3. Rowland \ 4. Wehrlein \ 5. Dennis \ 6. Evans \ 7. Daruvala \ 8. Barnard \ 9. Eriksson \ 10. Vergne (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Cassidy (140) \ 2. Wehrlein (124) \ 3. Rowland (118) \ 4. Dennis (102) \ 5. Evans (97) —– 1. Jaguar (237) \ 2. Porsche (183) \ 3. Nissan (144) \ 4. DS Penske (127) \ 5. Andretti (126)

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Corrida anterior: ePrix Mónaco 2024
Corrida seguinte: ePrix Shanghai 2024

ePrix Berlim anterior: 2023

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Fontes:
Autosport PT \ Andretti renova com a Porsche
GP Blog \ Trocas de pilotos





A merecida primeira de Norris – GP Miami 2024

6 05 2024

Ainda o paddock não se tinha habituado bem à presença de Miami como segunda corrida americana do calendário quando surgiu uma terceira em Las Vegas, o que, pelo menos a curto prazo, parece ter feito o muitos esquecerem as dificuldades associadas a montar pela primeira vez uma corrida no Estado da Florida. Foram anos de negociações, para a escolha do local, até se chegar ao traçado semi-citadino ao redor do Hard Rock Stadium.

Sim, foi relativamente fácil de fazer pouco dos organizadores quando se viu o pequeno “lago” interior, que não passava de contraplacado impresso para imitar água e onde iates foram colocados para fãs endinheirados verem a prova, mas a verdade é que o post mortem das duas primeiras edições apenas suportou a teoria de que os norte-americanos estão com um apetite voraz por F1.

Tendo já recebido em 2015 uma ronda de Fórmula E, a capital do estado da Florida apresentou um traçado bem diferente nesta oportunidade, seguindo o modelo padrão de Jeddah (e outras adições recentes ao calendário) de retas grandes, chicanes técnicas e curvas de alta velocidade (de modo a aumentar a média de velocidade por volta).

Nas duas semanas entre corridas as novidades a nível de pessoal na F1 foram significativas. Adrian Newey e a Red Bull anunciaram que o seu vínculo terminará no início de 2025, restando ainda saber se o famoso projetista se prepara para rumar a outra estrutura ou fazer um período sabático (com Ferrari e Aston Martin muito interessadas); Nico Hülkenberg tornou-se o primeiro dominó a cair no plano da Audi, ao anunciar que irá pilotar pela Sauber a partir de 2025; e David Sanchez, depois de uma brevíssima passagem pela McLaren terminada por comum acordo, será o novo Diretor Técnico Executivo da Alpine.

Destaque ainda para o facto de a Ferrari ter anunciado a HP como novo patrocinador principal e para os desenvolvimentos na Andretti. Os americanos continuam a avançar com as suas instalações e prometeram criar estruturas de F2 e F3 (ao que Bruno Michel já fez saber que só se comprarem estruturas atuais). E ainda nem se viu em que vai dar a carta ameaçadora que Membros do Congresso dos EUA enviaram à FOM sobre a rejeição da entrada da Andretti…

A Alpine trouxe atualizações relativas ao peso do carro que permitiram aos franceses colocarem-se muito perto do peso mínimo obrigatório pela primeira vez em 2024, ao passo que a McLaren trouxe uma lista interminável de atualizações que esperavam permitir-lhes dar um salto decisivo na aproximação à Red Bull.

Ronda 6 – Grande Prémio de Miami 2024

Com alguma preocupação dos pilotos quanto aos níveis de aderência que poderiam esperar do circuito de Miami, a sessão de qualificação para o sprint começou com um Valtteri Bottas (Kick Sauber) muito distraído a quase provocar um acidente na primeira curva com Oscar Piastri (McLaren). Ambos escaparam, mas Bottas ficou logo pelo caminho no Q1.

Já no Q2, foram os dois Mercedes a ficar fora de combate, cortesia de duas brilhantes qualificações de Daniel Ricciardo (RB) e Nico Hülkenberg (Haas). Ricciardo foi particularmente impressionante ao terminar 4º. Já Lando Norris (McLaren) parecia ter tudo para, no seu carro cheio de atualizações, fazer pole position mas falhou por completo o primeiro setor e ficou fora dos 5 primeiros.

No dia seguinte, Norris também duraria muito pouco. Quando Lewis Hamilton (Mercedes) se atirou para o interior na primeira curva, Fernando Alonso (Aston Martin) reagiu de instinto e bateu no seu colega de equipa (Lance Stroll), que por sua vez acertou em Norris. Assim, Norris e Stroll ficaram logo fora de combate e o Safety Car entrou em pista, com ambos os Haas a aproveitarem o caos para se colocarem em 7º e 8º lugares.

Max Verstappen (Red Bull) foi agressivo na partida e segurou o avanço de Charles Leclerc (Ferrari), a partir daí gerindo as distâncias para o rival, ainda que com menos segurança que o usual. O piloto neerlandês queixou-se dos pneus traseiros e Leclerc conseguiu manter a distância sempre abaixo dos 3 segundos. Ricciardo passou Sergio Pérez (Red Bull) brevemente, mas fez melhor defesa contra Carlos Sainz (Ferrari) e somou os primeiros pontos do ano.

Para mais ação, foi preciso recuar até ao 8º posto, onde Kevin Magnussen (Haas) foi penalizado umas incríveis 3 vezes em 10 segundos por ofensas várias (desde sair de pista e ganhar vantagem até defesas demasiado agressivas a Hamilton). Hamilton acabaria passado por Yuki Tsunoda (RB) na confusão, recuperando a posição depois na última volta de forma corajosa (e para nada, uma vez que foi penalizado por exceder a velocidade máxima no pitlane).

Na qualificação da verdadeira corrida, impedimentos eram a palavra do dia. Quase todos na grelha se queixaram de ter as suas tentativas impedidas na qualificação, mas os comissários tiveram mão leve sobre quase todos. Ainda que valha a pena destacar que Magnussen (19º) foi particularmente tramado na antepenúltima curva…

As atualizações da Alpine relativamente ao peso mínimo pareceram surtir efeito, com ambos os carros a passarem ao Q2 pela primeira vez em 2024, ao passo que a Aston Martin caiu de rendimento e ficou com os franceses na segunda sessão. Os beneficiados foram os dois Mercedes, que receberam a companhia de Hülkenberg (sempre ele) e Tsunoda no Q3.

A ordem aqui não foi muito diferente da qualificação que tivera lugar na sexta-feira, com Verstappen e Leclerc a bloquearem a primeira linha da grelha, mas com Sainz a conseguir levar a melhor sobre Pérez na segunda fila.

Na partida de domingo houve espaço para dinâmicas de “combate” interessantes, principalmente com um início terrível de Pérez, que queimou a travagem da primeira curva e quase colheu o seu líder de equipa. Quem aproveitou a confusão espalhada foi Piastri, que ascendeu várias posições até estar colado à traseira de Leclerc (que também passou para subir a 2º).

Pérez acabaria por ser o primeiro dos líderes a parar nas boxes, por volta da altura da corrida em que Hamilton parecia entretido nas suas lutas Hülkenberg e Tsunoda. Um por um os principais pilotos estavam a mudar para os pneus mais duros da Pirelli, até sobrar apenas Norris por parar. Só que havia um detalhe importante: o inglês continuava a ganhar tempo a todos em pista a partir do momento que se viu com pista livre, reforçando a ideia de que a Red Bull parara antes de tempo. Outro detalhe interessante já tinha sido o facto de Piastri nunca ter deixado Verstappen fugir para mais de 3 segundos de distância.

Estava no ar a ideia que o McLaren poderia ser um rival à altura do Red Bull quando Logan Sargeant (Williams) ignorou a presença de Magnussen no seu interior e causou um acidente que o eliminou de prova (os comissários discordam desta análise) e o SC fez a sua aparição. A McLaren imediatamente parou nas boxes com Norris, que conservou o comando da corrida.

No recomeço é difícil saber de quem terá sido o maior choque ao ver Norris afastar-se lenta mas decididamente de Verstappen. Daí até ao fim não houve um único erro que impedisse o piloto da McLaren de vencer pela primeira vez na categoria, e devolver a Nick Heidfeld o recorde de maior número de pódios sem vitórias na F1. Os Ferrari não estiveram nada longe de Verstappen, mas pareceu ainda faltar qualquer coisa para verdadeiramente ameaçarem.

Sainz envolveu-se numa azeda disputa com Piastri, que culminou numa asa partida para o australiano. Depois de parar nas boxes e trocar de asa, o piloto foi avisado pela McLaren para não arriscar nas ultrapassagens para não causar um SC que desse problemas a Norris.

Pérez pareceu sempre sem ritmo ao longo da corrida e teve dificuldades em segurar Hamilton (que pareceu o mais à vontade que já esteve o ano todo, passando por fora Tsunoda). A RB sumou novamente pontos, cortesia de um sólido Tsunoda, enquanto que a Aston Martin conseguiu evitar sair a zeros de Miami graças a Alonso, que foi ultrapassando rivais até ao 9º lugar.

A Alpine também ficou satisfeita com as suas atualizações, com Esteban Ocon a acabar com o jejum de pontos da equipa ao lutar com unhas e dentes pelo seu 10º lugar (um justo prémio). Apenas Kick Sauber e Williams continuam a zeros em 2024.

ATUALIZAÇÃO 06/05 – A investigação ao incidente Piastri-Sainz deu origem a uma penalização de 5 segundos para Sainz, que o fez perder uma posição.

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Quali Sprint: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Pérez \ 4. Ricciardo \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Pérez \ 4. Ricciardo \ 5. Sainz \ 6. Piastri \ 7. Hülkenberg \ 8. Tsunoda (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Pérez \ 5. Norris (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Norris \ 2. Verstappen \ 3. Leclerc \ 4. Pérez \ 5. Sainz \ 6. Hamilton \ 7. Tsunoda \ 8. Russell \ 9. Alonso \ 10. Ocon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (136) \ 2. Pérez (103) \ 3. Leclerc (98) \ 4. Norris (83) \ 5. Sainz (83) —– 1. Red Bull (239) \ 2. Ferrari (187) \ 3. McLaren (124) \ 4. Mercedes (64) \ 5. Aston Martin (42)

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Corrida anterior: GP China 2024
Corrida seguinte: GP Emilia Romagna 2024

GP Miami anterior: 2023

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Fontes:
Autosport PT \ Alpine anuncia David Sanchez como Diretor Técnico Executivo
Grande Prêmio \ F2 e F3 descartam Andretti
HP \ Ferrari anuncia patrocínio HP
Motorsport \ Sauber anuncia Hülkenberg
Red Bull \ Adrian Newey abandona Red Bull





Pelo segundo ano, dobradinha neozelandesa – ePrix Mónaco 2024

27 04 2024

Quando a Fórmula E passou a utilizar em 2021 a versão longa do circuito de Monte-Carlo, estaria longe ainda de perceber o verdadeiro impacto que isto teria. Com um índice de ultrapassagens extremamente baixo em todas as categorias que por ali passavam, Mónaco provou não ter de todo este problema na categoria elétrica, com a primeira prova de 2021 a ter um número enorme de passagens e a vitória a ser decidida por uma manobra na última volta.

Tendo-se popularizado como a jóia da coroa da F1, a pista do Mónaco é dos raros exemplos de circuitos que quase não sofreram alterações às suas curvas desde o início em 1929 (com a evidente exceção das barreiras muito mais seguras que ladeiam a pista, em oposição a fardos de feno). Ainda assim, o Grade 1 de segurança FIA é considerado pouco credível, dado que a maioria das pistas modernas possuem infraestruturas francamente melhores.

Localizado nas ruas que circundam os casinos e porto da cidade, o circuito é um dos pouquíssimos sobreviventes das pistas que proliferavam nos calendários de F1 dos anos 50. É notório este caráter quando se tem em conta o quão apertado é o espaço de circulação, os desníveis e um certo nível de segurança mais reduzido que aquele a que provas modernos nos habituaram. Justamente por isso, vencer uma prova em Monte-Carlo continua a ser um dos maiores feitos da carreira de qualquer piloto que o consiga.

Com uma mão partida no primeiro treino livre, Sam Bird (McLaren) teve que ser substituído pelo estreante Taylor Barnard para o resto do evento, ao passo que a Jaguar, dias antes da corrida, confirmou a sua inscrição para a Geração 4 de monolugares da categoria elétrica.

Ronda 8 – ePrix do Mónaco 2024

Para a ronda que marcou o meio da temporada, a Fórmula E assistiu a mais um capítulo daquilo que tem sido um duelo privado Jaguar-Porsche com participações ocasionais da Nissan e da DS Penske. Stoffel Vandoorne (DS Penske) e Pascal Wehrlein (Porsche) encontraram-se na final, onde o segundo foi quem conseguiu arrancar a pole position, sendo que ambos derrotaram os dois Jaguar nas suas meias-finais.

Foi impossível a Taylor Barnard (McLaren) fazer melhor do que o último lugar da grelha de partida, ao passo que Jehan Daruvala (Maserati) nunca esteve tão perto do seu colega de equipa (e dos quartos-de-final de qualificação) e António Félix da Costa (Porsche) conseguiu atingir os quartos-de-final pela primeira vez em 2024.

Na corrida, não ocorreram grandes surpresas na partida, com os carros a manterem na sua grande maioria as posições, pelo menos até começarem a desenrolar-se os momentos de Attack Mode. Pelo menos, até Sérgio Sette Câmara (ERT) decidir arriscar e colocar-se no interior de Sébastien Buemi (Envision) em Casino Square, atirando com o suíço contra o muro. No processo, Félix da Costa ficou brevemente preso atrás do Envision (caindo quase até último).

Algumas voltas depois, Edoardo Mortara (Mahindra) perdeu o controlo na chicane rápida do porto e terminou na barreira de pneus, criando um Safety Car. Na travagem dos vários pilotos para o ritmo mais lento ainda houve tempo e trapalhice suficientes para que Jake Hughes (McLaren) perdesse a sua asa da frente.

Daí para a frente, pela liderança, foi uma prova de jogo de equipa. Os dois Jaguar descobriram-se na frente, após Vandoorne ativar o AM, e protegeram-se mutuamente para tratarem dos seus próprios AM. Se se temia uma luta dos dois pilotos rapidamente se percebeu não haver motivo para preocupações: Nick Cassidy (Jaguar) pediu uma clarificação da situação e avisou que não tinha problemas de seguir em formação até ao fim.

E assim foi, com a vitória a ficar no colo de Evans seguido do colega Cassidy (quando em 2023 tinha sido exatamente pela ordem inversa) e de Vandoorne (primeiro pódio do belga desde que se sagrou campeão em 2022). O vencedor de hoje já acumulava 2º lugares no Principado, tendo merecido a honra.

Jean-Éric Vergne (DS Penske) ficou em 4º lugar, seguido de um desiludido Wehrlein. O outro Porsche de Félix da Costa fez uma boa recuperação de 19º até ao 7º lugar final, finalmente colocando o português no Top 10 do campeonato.

Falando em recuperações, vale a pena destacar o 6º e 8º lugares dos pilotos da Nissan (que partiram de 15º e 14º), Maximilian Günther (Maserati) a voltar a ser um par de mãos seguras em 9º, assim como o pontuador final: Norman Nato, que saltou de 19º à partida no seu Andretti até 10º.

Foi este o resultado da corrida, desde que os comissários não descubram uma vírgula fora de sítio em algum formulário sem qualquer relevância para a performance do carro. Que valeria desclassificação direta, como sabemos…

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Qualificação: 1. Wehrlein \ 2. Vandoorne \ 3. Cassidy \ 4. Evans \ 5. Vergne (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Evans \ 2. Cassidy \ 3. Vandoorne \ 4. Vergne \ 5. Wehrlein \ 6. Rowland \ 7. Félix da Costa \ 8. Fenestraz \ 9. Günther \ 10. Nato (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (102) \ 2. Cassidy (95) \ 3. Dennis (89) \ 4. Rowland (88) \ 5. Evans (77) —– 1. Jaguar (172) \ 2. Porsche (128) \ 3. Andretti (113) \ 4. Nissan (112) \ 5. DS Penske (102)

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Corrida anterior: ePrix Misano 2024
Corrida seguinte: ePrix Berlim 2024

ePrix Mónaco anterior: 2023

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Fontes:
FE \ Bird substituído por Barnard
FIA \ Jaguar confirma inscrição para Geração 4





Domínio dos domínios – GP China 2024

21 04 2024

De 2004 a 2011, a Fórmula 1 empreendeu um projeto de agressiva expansão para o mercado asiático. O primeiro capítulo foi a chegada do Bahrain e da China à categoria por motivos significativamente diferentes. A entrada no mercado chinês simbolizava a entrada na economia com o mais rápido crescimento no mundo à época e a F1 planeava encher as bancadas com os seus fãs, a ponto de estas estarem preparadas para uma capacidade simultânea de 200 mil pessoas.

A pista assumiu uma forma interessante, com uma primeira curva longa e desafiante, uma reta oposta extremamente longa (uma marca característica dos circuitos de Hermann Tilke daí para a frente) e vários pontos em que ultrapassagens eram possíveis, além de ter como objetivo uma semelhança parcial vista de cima ao símbulo “shang” da escrita chinesa. O paddock também era diferente, com cada equipa a ter um edifício à volta de um lago ao estilo do jardim Yuyan em Shanghai.

Ainda houve uma procura extensiva por pilotos locais para atrair a multidão, mas apenas em 2022 é que se processou a estreia de Guanyu Zhou. Precisamente durante a ausência prolongada pós-Covid do circuito do calendário. Em 2024, pela primeira vez desde 2019, o GP da China está de regresso. Restava ver se será possível atrair multidões, quando várias bancadas à volta da Curva 13 desde 2012 tiveram que ser convertidas em cartazes publicitários, tais eram as dificuldades em enchê-las de pessoas.

Na semana antes do GP, Fernando Alonso anunciou a sua renovação com a Aston Martin até ao final de 2026 (que fecha a possível ida para a Red Bull e que o vê regressar a uma cooperação com a Honda), enquanto que a Andretti, mesmo rejeitada pela FOM, continua a sua preparação (ampliaram a sua fábrica de Silverstone, num claro braço de ferro para forçar a entrada em 2025…).

Ronda 5 – Grande Prémio da China 2024

Com o primeiro sprint do ano a ocorrer contra a vontade dos pilotos, que alertaram para o perfil escorregadio do circuito depois de ter sido reasfaltado durante a sua ausência do calendário, a chuva que na sexta-feira caiu sobre Shanghai não ajudou a que se tivessem tirado grandes conclusões no único treino livre do GP (como ficou provado pela forma como Lance Stroll colocou o seu Aston Martin na frente).

Para a qualificação do sprint até foi possível ver alguma normalidade. No Q1 a Alpine e Williams ficaram pelo caminho juntamente com Yuki Tsunoda, ao passo que no Q2 a grande maioria dos pilotos acabou por não conseguir fazer uma segunda tentativa porque a chuva finalmente caiu. A surpresa principal acabou por ser os dois Kick Sauber presentes no Q3.

Max Verstappen (Red Bull) nunca conseguiu colocar-se no ritmo certo, o que abriu a oportunidade aos rivais para aproveitarem. Charles Leclerc (Ferrari) perdeu o controlo numa tentativa, mas sem evitar erros maiores, enquanto que Verstappen e Lando Norris (McLaren) viram-se a braços com voltas eliminadas. Norris em particular foi fantástico, fazendo pole por 1,2 segundos sobre Lewis Hamilton (Mercedes), apesar de uma ligeira confusão com uma eliminação de volta (depois revertida).

A prova começou com uma partida excelente de Hamilton, que se colocou por dentro na primeira curva. Norris, desapontantemente, não percebeu a armadilha e inevitavelmente terminou na escapatória, caíndo para 7º. Daí em diante Hamilton liderou Fernando Alonso (Aston Martin) e Verstappen, até que o Red Bull atinou e passou ambos sem dificuldade.

Daí em diante calhou a Alonso fornecer o entretenimento, com o espanhol a segurar a quase totalidade da corrida um comboio de Carlos Sainz (Ferrari), Sergio Pérez (Red Bull) e Leclerc. A uma volta do fim, Sainz tentou a ultrapassagem mais musculada, Alonso retribuiu a agressividade e os espanhóis ficaram tão focados um no outro que se tocaram e permitiram a passagem de Pérez e Leclerc (Alonso abandonou).

Algumas horas depois, na “verdadeira” qualificação, o tempo já não ajudou a apimentar a ação em pista, pelo que foi Verstappen quem facilmente assumiu a pole position com a “agravante” para o resto das equipas de que foi Pérez, no outro Red Bull, quem foi o rival mais próximo. Alonso, a querer recuperar-se da sessão anterior, foi quem mais brilhou ao pôr-se em 3º (mesmo com duas décimas de segundo perdidas no primeiro setor).

A McLaren soube sobrepôr-se à Ferrari com ambos os carros, continuando a surpresa (principalmente dos próprios) em estar na frente dos italianos. No Q3 voltou-se a contar com a presença de um Kick Sauber (neste caso, Valtteri Bottas) e do sempre presente Nico Hülkenberg no seu Haas.

Sainz conseguiu manter-se em movimento depois de um despiste de média gravidade no Q2 (que chegou a ativar bandeira vermelha, e a fazer os comissários terem uma breve discussão sobre se o Ferrari tinha “parado” e podia continuar a sessão), a Alpine colocou ambos os monolugares no Q2 pela primeira vez em 2024, e Hamilton e Guanyu Zhou (Kick Sauber) ficaram no Q1 de forma surpreendente.

No dia da corrida ainda se viram céus nublados, mas a verdadeira história da corrida foi mais tática. Verstappen partiu da frente e evitou ser passado por Alonso (da forma que Pérez não evitou) e a partir daí pareceu ter sempre quantidades enormes de tempo em mão para fugir aos rivais. Primeiro foi Alonso quem serviu de tampão a Pérez, mas o verdadeiro buffer foi criado quando Bottas abandonou com problemas de motor e trouxe um Safety Car que permitiu a vários rivais da Red Bull parar sem perder tempo.

Norris e Leclerc foram os principais beneficiados ao mudar de pneus e sair na frente de Pérez, se bem que houve vários outros a fazê-lo. Alonso, por motivos inexplicáveis, optou por montar os pneus macios (em vez dos duros de todos os outros). De pneus frescos, o espanhol queimou um pouco a travagem no recomeço após o SC, fazendo um efeito dominó que culminou num desatento Stroll abalroar por completo o RB de Daniel Ricciardo, fazendo o australiano levantar e danificar o chão do carro. Juntando a isto o incidente entre Magnussen e Tsunoda (que fez o japonês abandonar), ficou-se com um novo SC em pista e ambos os RB fora de prova.

Penalizações para Stroll, Magnussen e Sargeant (Williams, por milimetricamente ter estado atrás num linha de SC) baralharam um pouco as contas para o último lugar pontuável, com Hülkenberg a somar mais um precioso ponto na frente de Ocon (Alpine), que quase terminou o jejum de pontos dos franceses com as atualizações de Shanghai.

Hamilton, muito insatisfeito nos pneus macios do princípio, recuperou exemplarmente até 9º perto do McLaren danificado de Piastri (que ainda danificou o chão no incidente Stroll-Ricciardo), enquanto que Alonso montou médios e lançou-se em várias ultrapassagens até terminar 7º. Na frente foi mais uma vitória para Verstappen, seguido de um Norris surpreso pelo bom ritmo da McLaren (e a conseguir ir controlando o Red Bull de Pérez à distância) e Pérez.

A Ferrari deixou bastante a desejar em ritmo de corrida, que ainda assim foi suficiente para terminarem na frente do Mercedes de Russell.

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Quali Sprint: 1. Norris \ 2. Hamilton \ 3. Alonso \ 4. Verstappen \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Pérez \ 4. Leclerc \ 5. Sainz \ 6. Norris \ 7. Piastri \ 8. Russell (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Alonso \ 4. Norris \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Pérez \ 4. Leclerc \ 5. Sainz \ 6. Russell \ 7. Alonso \ 8. Piastri \ 9. Hamilton \ 10. Hülkenberg (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (110) \ 2. Pérez (85) \ 3. Leclerc (76) \ 4. Sainz (69) \ 5. Norris (58) —– 1. Red Bull (195) \ 2. Ferrari (151) \ 3. McLaren (96) \ 4. Mercedes (52) \ 5. Aston Martin (40)

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Corrida anterior: GP Japão 2024
Corrida seguinte: GP Miami 2024

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Fontes:
GP Fans \ Andretti avança na mesma com fábrica
Motorsport \ Alonso renova com Aston Martin até 2026
Racing Circuits \ Shanghai





Porsche com [quase] vitória dupla – ePrix Misano 2024

14 04 2024

Depois de um acidente em cadeia na prova do ano anterior e de críticas de anos recentes, a Fórmula E viu-se mesmo colocada na posição de ter que deixar cair uma das suas provas mais populares em Roma. Enquanto os organizadores tentam descobrir uma alternativa em território romano, a categoria optou por não perder a ligação a Itália e organizou em conjunto com o circuito de Misano um ePrix alternativo.

Palco habitual do GP de San Marino do MotoGP, Misano dificilmente recolheu grande entusiasmo ao ser anunciado. Território extremamente plano, traçado sinuoso e descrito como não particularmente inspirador de conduzir, o circuito ainda tinha a desvantagem de ser uma adição de circuito permanente a uma categoria que pretendia definir-se como casa de circuitos citadinos.

Fundado em 1972, foram as motas que desde cedo deram proeminência a Misano e que o forçaram a realizar alterações quando foi alongado para cumprir a distância mínima obrigatória do mundial de motas (1993). Pequenas modificações adicionais foram sendo realizadas durante os anos seguintes, desde melhorias dos complexos de boxes até apertar a segunda curva.

Ronda 6 – ePrix de Misano (1) 2024

Com um vencedor diferente em cada uma das provas iniciais, havia a expectativa de saber, a continuar a tendência, quem seria o “estreante” seguinte para a lista.

Mitch Evans (Jaguar) bateu Jean-Éric Vergne (DS Penske) na final de qualificação, com a surpresa principal a ser a intrusão do ABT de Nico Müller nas meias-finais. António Félix da Costa (Porsche) em 13º e Jake Dennis (Andretti) em 18º foram os pilotos do pelotão da frente mais deslocados, e que teriam enormes provas pela frente.

Desde o primeiro momento que Misano provou ser uma prova de caos completo, até mesmo pelos padrões da Fórmula E. Uma pista mais larga que o usual e a tentação dos vários pilotos em segurar posição para não liderar significaram que a mobilidade de posições era de uma enormidade gritante. Oliver Rowland (Nissan) provou isto ao navegar quase livremente entre 12º e 1º ao longo da corrida.

O contacto entre pilotos, até por padrões FE, foi elevado, com Vergne a terminar a sua prova em 7º com uma asa dianteira torta e um dos apêndices traseiros em falta. E houve outros pilotos que terminaram a sua prova mais cedo com o mesmo problema (como Nick Cassidy da Jaguar).

No geral, os líderes sucederam-se mas os grandes destaques foram Félix da Costa, Rowland e Dennis. Os três, juntamente com Vergne, começaram a escapar-se ao pelotão de trás até que Vergne serviu de tampão a Dennis nas voltas finais e Félix da Costa começou a gastar a energia extra armazenada que tinha para segurar o ataque final de Rowland. Um emocionado português festejou efusivamente, naquilo que foi um relançar do seu campeonato. Ou seria, não tivesse sido desclassificado várias horas após o fim da corrida e quando a própria categoria já tinha igualmente efusivamente partilhado fotos do piloto a festejar…

A causa foi uma peça do acelerador de Félix da Costa não estar em conformidade com os regulamentos e promoveu Rowland à sua primeira vitória do ano com a Nissan. Dan Ticktum brilhou com o seu ERT (quando tinha começado 16º), acabando logo atrás de Maximilian Günther (Maserati). Melhor sorte que Sette Câmara que foi penalizado em 50 segundos por consumo excessivo.

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Qualificação: 1. Evans \ 2. Vergne \ 3. Wehrlein \ 4. Müller \ 5. Rowland (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Rowland \ 2. Dennis \ 3. Günther \ 4. Ticktum \ 5. Evans \ 6. Vergne \ 7. Nato \ 8. Vandoorne \ 9. Fenestraz \ 10. di Grassi (Ver melhores momentos)

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Ronda 7 – ePrix de Misano (2) 2024

Ainda de ressaca da eliminação da prova anterior e com a Porsche a defender o seu piloto da desclassificação, a marca alemã chegou ao domingo desertinha de vingar-se da derrota na secretaria que lhe fora imposta. Mas para isto não pôde contar com Félix da Costa, que viu a sua melhor tentativa de qualificação ser eliminada, partindo de último, recuperando até 11º, e acabando por perder a asa da frente na confusão e terminando em último…

Assim, coube a Wehrlein representar a marca de Estugarda numa luta pela vitória que novamente se quedou principalmente com o Andretti de Dennis, com participação especial do Jaguar de Cassidy. Wehrlein segurou os rivais para vencer em Misano, enquanto que Rowland (que andou nos lugares da frente novamente) se viu sem energia na penúltima volta e abdicou da possibilidade de sair líder destacado de Itália.

Assim, quem conseguiu terminar em 4º lugar foi Nico Müller, que ao contrário de no sábado conseguiu segurar rivais com equipamento consideravelmente melhor para dar pontos preciosos à ABT. Sacha Fenestraz desta vez conseguiu estar uns furos mais próximo do ritmo do seu líder de equipa Nissan (Rowland), seguido de perto de Sérgio Sette Câmara que completou um fim-de-semana positivo para a ERT.

A McLaren voltou a provar que simplesmente não tem ritmo de corrida comparável ao seu de qualificação, com destaque para o facto de Jake Hughes ter caído de pole até 8º lugar, seguido de um Jehan Daruvala a pontuar pela primeira vez este ano e do colega de equipa Sam Bird.

O campeonato permanece mais interessante que nunca, ainda que dificilmente a reputação da categoria tenha evitado um golpe depois de mais uma desclassificação de um piloto vitorioso por motivos supérfluos.

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Qualificação: 1. Hughes \ 2. Vergne \ 3. Wehrlein \ 4. Müller \ 5. Bird (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Wehrlein \ 2. Dennis \ 3. Cassidy \ 4. Müller \ 5. Fenestraz \ 6. Sette Câmara \ 7. Vergne \ 8. Hughes \ 9. Daruvala \ 10. Bird (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (89) \ 2. Dennis (89) \ 3. Rowland (80) \ 4. Cassidy (76) \ 5. Günther (63) —– 1. Jaguar (128) \ 2. Andretti (112) \ 3. Porsche (109) \ 4. Nissan (100) \ 5. DS Penske (75)

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Problema crescente para a Williams em dia de glória para Red Bull – GP Japão 2024

9 04 2024

Poucos circuitos podem receber a honra de carregarem tanto simbolismo histórico na Fórmula 1 quanto o GP do Japão em Suzuka. Famosamente a única pista em “8” (um “8” bem torto, mas ainda assim…) e a primeira corrida asiática da histórica da categoria, a quase totalidade das curvas da pista são desafiantes e historicamente significativas para a F1. A 130R onde Alonso ultrapassou Schumacher por fora, a chicane final onde Senna e Prost decidiram o campeonato de 1990, a primeira curva onde Räikkonen ultrapassou Fisichella na última volta para vencer,…

Criada em 1962 pela Honda como local principal de testes para os seus carros de competição, a pista pouco mudou nos anos desde a sua criação, até porque o seu desenho inicial procurou fazer das colinas e estradas regionais de forma a exigir o mínimo de terraplanagem possível. O arquiteto original, John Hugenholtz, ainda expressou preocupação com os produtores de arroz, mas Soichiro Honda simplesmente pagou aos agricultores e atribui-lhes novas terras. A primeira prova no traçado foi de carros desportivos, vencida por Peter Warr num Lotus 23.

A F1 até visitou o autódromo de Fuji primeiro para o GP do Japão inaugural, mas apenas em 2 edições nos 1970s e outras 2 nos 2000s. Nas restantes, muitas vezes como prova final do campeonato, foi Suzuka quem recebeu as suas provas. Já em 2024, pela primeira vez, veremos o GP japonês na fase inicial do calendário.

Alguns dias antes do fim-de-semana, a Liberty Media anunciou que avançará com a compra da MotoGP para juntar ao seu porfólio de automobilismo que já inclui a F1. A empresa já deixou claro que não pretende juntar as duas categorias num mesmo fim-de-semana de competição e que está confiante de a compra não ser bloqueado por excessiva concentração de poder.

Ronda 4 – Grande Prémio do Japão 2024

Como se não bastassem constantes perguntas sobre a utilização dos seus chassis extra e de reparações dos seus carros, a Williams viu todos os seus piores cenários confirmarem-se em Suzuka. Com um carro reparado, Logan Sargeant tratou de o destruir logo no primeiro treino livre. Depois, na partida, Alexander Albon envolveu-se num incidente aparatoso com Daniel Ricciardo (que até valeu uma bandeira vermelha). Como se não bastasse, Sargeant ainda foi à gravilha e danificou o chão em corrida.

Não foi por acaso que o comentador Will Buxton fez questão de indiretamente perguntar a James Vowles se na China a equipa contaria com os dois carros…

Ricciardo também não teve um bom fim-de-semana, voltando a perder o duelo de qualificação para o colega da RB, Yuki Tsunoda, e depois sendo o principal responsável pelo acidente com Albon (sem penalização). O australiano já tratou de dar a entender à imprensa que tem estado a pedir para experimentar um novo chassis, como potencial causa da sua má performance.

Tsunoda, a correr em caso, voltou a colocar o seu RB no Q3 e a fazer uma ótima e sólida performance em corrida, com direito a diversas ultrapassagem por fora e a somar mais um valioso ponto para a equipa italiana. Ainda está longe de poder ser considerado um candidato ao segundo Red Bull, mas está a dar importantes passos para garantir a sua continuidade.

Longe das dificuldades de Melbourne, e mesmo com a necessidade de realizar duas partidas, a Red Bull acabou por passear por completo no Japão, tendo assegurado a primeira linha da grelha em qualificação e a dobradinha liderada por Max Verstappen (o que significa que todas as 4 provas do ano terminaram em dobradinhas).

A juntar-se aos Red Bull no pódio ficou Carlos Sainz, agradavelmente surpresa quando se apercebeu que não só conseguia ter mais ritmo de corrida que os McLaren como ainda suficiente para ameaçar o segundo Red Bull de Sergio Pérez. Lando Norris ainda tentou dar luta, só que já parece mais claro que se os pilotos da McLaren até conseguem disfarçar a falta de ritmo para a Ferrari em qualificação, em corrida a tarefa é muitos mais difícil.

Charles Leclerc (Ferrari) teve uma qualificação incaracteristicamente menos bem conseguida, mas foi o único a fazer funcionar uma estratégia de uma única paragem nas boxes que lhe valeu o 4º lugar, enquanto que Fernando Alonso (Aston Martin) usou a distância DRS para Oscar Piastri (McLaren) como defesa contra uma investida final de George Russell (Mercedes).

A Mercedes continua em grandes dificuldades para fazer os seus carros estarem melhor que 4ª força do campeonato, numa altura em que ainda assim parecem convencidos de que se trata do tratamento dos pneus que é a limitação do W15 (e não uma falta de downforce).

Destaque ainda para mais um péssimo fim-de-semana de Kick Sauber e Alpine. A primeira continua a sua vaga de problemas de fiabilidade, enquanto a segunda esteve bem longe de qualquer rival (culminando com a equipa a pedir a Esteban Ocon para puxar pelo carro e a ouvir a resposta incrédulo do piloto em como já estava no máximo…).

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Norris \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Norris \ 6. Alonso \ 7. Russell \ 8. Piastri \ 9. Hamilton \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (77) \ 2. Pérez (64) \ 3. Leclerc (59) \ 4. Sainz (55) \ 5. Norris (37) —– 1. Red Bull (141) \ 2. Ferrari (120) \ 3. McLaren (69) \ 4. Mercedes (34) \ 5. Aston Martin (33)

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GP Japão anterior: 2023

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Fonte:
Sapo \ Liberty Media compra MotoGP





Regresso vitorioso para Sainz – GP Austrália 2024

25 03 2024

Desde 1996 palco tradicional do início de temporada, Melbourne até se vê de volta a uma data bastante usual dessa condição, mas agora como terceira ronda do mundial, a seguir às duas provas do Médio Oriente. Inexplicavelmente, voltou a não ser agrupada em sequência com a China, deixando o paddock com uma dispendiosa visita à Oceânia e de regresso à Europa.

O Albert Park de Melbourne é o circuito do GP da Austrália, uma pista semi-citadina à volta de um lago, que possui um traçado apertado e sinuoso sem grandes possibilidades de ultrapassagem. Para ajudar, o circuito aproveitou o período pandémico para modificar várias secções de baixa velocidade, convertendo-as para alta velocidade e criando novos pontos de ultrapassagem.

Depois de a pandemia ter impedido a realização das provas de 2020 e 2021, os últimos dois anos de regresso viram Charles Leclerc e Max Verstappen vencerem em território australiano, sendo interessante que a Ferrari já tenha vencido no país 13 vezes contra “apenas” 2 da Red Bull.

Desta vez, correram dois pilotos australianos em casa (Oscar Piastri e Daniel Ricciardo), num fim-de-semana que conta desde o ano passado com a presença das categorias F2 e F3 nas provas de apoio.

As duas semanas entre Jeddah e Melbourne trouxeram espaço para pequenas notícias de atualização à F1, desde a aceleração da compra da Sauber pela Audi (provavelmente preocupada com os atuais resultados em pista), a ida de Simone Resta para a Mercedes, a renovação de Zak Brown como CEO McLaren até 2030, entre outras.

Os grandes destaques num campo mais hostil foram a investigação da FIA a si mesma e ao seu Presidente ter descoberto nada de errado na conduta de Mohammed ben Sulayem (surpresa), e também a queixa criminal de Susie Wolff contra a mesma FIA pela acusação de troca de informações confidenciais de que tinha sido acusada sem fundamento no início deste ano.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2024

Seria de pensar que nada tão dramático quanto a necessidade de substituir um piloto fosse suceder na terceira ronda do campeonato, mas rapidamente se provou que pior que não ter piloto para um carro era ter carro para um piloto.

Alexander Albon destruiu o seu Williams no primeiro treino livre e a equipa britânica foi apanhada em falso, sem nenhum carro de substituição e incapaz de reparar os estragos extensivos. A solução foi James Vowles anunciar que a decisão difícil de retirar o carro de Logan Sargeant para Albon. Sargeant afirmou compreender a decisão, mas também explicou que estava perante o dia mais difícil da sua vida. Uma vez que Albon é, desde 2022, responsável por mais de 85% dos pontos da Williams e que o meio da tabela está em luta renhida por pontos, o paddock compreendeu a lógica.

O piloto tailandês correspondeu em parte em qualificação, colocando-se em 12º, mesmo com Lewis Hamilton (Mercedes) à sua frente, com a Mercedes a voltar a mostrar alguma falta de ritmo. Falta que não parece ser sentida pela cliente McLaren, que voltou a melhorar o seu registo de qualificação de 2024, com Lando Norris em 3º e Oscar Piastri em 5º.

A luta por pole position ficou entre uma Ferrari mais próxima da frente e uma Red Bull que permanece imbatível. Max Verstappen colocou os segundos em pole, ao passo que Carlos Sainz brilhou ao meter a Ferrari na primeira linha apenas duas semanas depois da sua cirurgia. Já Sergio Pérez (Red Bull) tinha sido 3º originalmente mas foi penalizado em 3 lugares na grelha por ter impedido Nico Hülkenberg (Haas) no Q1.

Yuki Tsunoda (RB) foi o grande intruso do Q3, à frente do colega da casa (Daniel Ricciardo) que viu a sua melhor volta anulada por exceder limites de pista. Outro piloto em destaque foi Esteban Ocon (ao passar ao Q2), que parece estar a levar a má forma da equipa de maneira significativamente mais matura que Pierre Gasly.

No dia de corrida existiam grandes expectativas de que fosse possível haver uma surpresa na frente, mas dificilmente o abandono de Verstappen na terceira volta teria estado nas contas de alguém. O neerlandês abandonou com um travão traseiro direito a desintegrar-se a olhos vistos, já depois de ter sido passado por Sainz.

Com uma dinâmica de prova inteiramente diferente, Sainz teve como tarefa principal evitar ser passado nas boxes pelo colega Leclerc, algo que soube fazer mesmo na margem certa, tendo dado a ideia de que era o mais eficaz dos dois Ferrari ao longo de todo o fim-de-semana (o que também foi abordado extensivamente pelos jornalistas, uma vez que continua sem contrato para 2025). Dobradinha Ferrari no final, que os catapulta para ambas as lutas do título.

Norris completou o pódio num dia em que Piastri cometeu alguns erros pequenos mas significativos o suficiente para lhe retirar um pódio caseiro, e em que Pérez (único Red Bull em pista) não mostrou ritmo suficiente para preocupar os carros à sua frente.

A Aston Martin demonstrou ritmo suficiente para que a Mercedes tenha tido um GP em Melbourne extremamente desconfortável. Um abandono por problemas mecânicos de Hamilton causou um Safety Car Virtual, cujo grande beneficiado foi ironicamente Alonso. O espanhol passou para a frente de Russell e lá permaneceu durante a prova toda, culminando com um despiste aparatoso do Mercedes na perseguição. Já após a corrida, Alonso foi penalizado por alegadamente ter causado o acidente com um brake test, algo que categoricamente negou.

Esta penalização promoveu Stroll a 6º e, mais importantemente, Tsunoda a 7º para dar à RB os seus primeiros pontos do ano num fim-de-semana de enorme qualidade do japonês. Também a Haas voltou a mostrar serviço, culminando com uma luta direta de ambos os carros contra Albon que venceram, pontuando tanto Hülkenberg como Magnussen. Isto deixou a Williams sem recompensa pela sua troca de pilotos.

Já a Kick Sauber e a Alpine foram as piores representantes da grelha. A Kick Sauber voltou a ter problemas graves a mudar os pneus nas boxes, enquanto que a Alpine viu Pierre Gasly por duas vezes ser penalizado por cruzar a linha das boxes (um erro francamente amador).

Estes resultados relançam o interesse a um campeonato que tinha começado assustador para os rivais da Red Bull.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Sainz \ 3. Norris \ 4. Leclerc \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Sainz \ 2. Leclerc \ 3. Norris \ 4. Piastri \ 5. Pérez \ 6. Stroll \ 7. Tsunoda \ 8. Alonso \ 9. Hülkenberg \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (51) \ 2. Leclerc (47) \ 3. Pérez (46) \ 4. Sainz (40) \ 5. Piastri (28) —– 1. Red Bull (97) \ 2. Ferrari (93) \ 3. McLaren (55) \ 4. Mercedes (26) \ 5. Aston Martin (25)

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GP Austrália anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Hadjar vence uma, mas levanta dois troféus

De modo a fazer uma cópia da situação de algumas horas antes na F3, a Fórmula 2 viu a sua qualificação interrompida por bandeira vermelha. Desta vez foi Jak Crawford (DAMS), com o recomeço da ação a trazer um Gabriel Bortoleto (Invicta) de faca nos dentes e, no fim, a arriscar em excesso na tentativa. O brasileiro saiu de pista e atrapalhou a volta do colega Kush Maini, que ainda assim conseguiu ir para 1º provisoriamente.

Enzo Fittipaldi (Van Amersfoort) perdeu o carro no muro, mas ainda havia margem para alguns carros acabarem as voltas. Andrea Kimi Antonelli (Prema) roubou a pole position provisório, mas depois Dennis Hauger (MP) chegou e ficou com a definitiva pole, seguido de Antonelli e Richard Verschoor (Trident).

Para o sábado de sprint, a prova começou (e decorreu) em caos constante. Isack Hadjar (Campos) partiu de forma brilhante e conseguiu assumir a dianteira, mas não sem dar um toque valente no colega de equipa (Pepe Martí) que eliminou o outro Campos e um inocente Bortoleto de prova (e trouxe o primeiro Safety Car). O resultado foi que, apesar de ter vencido triunfalmente a prova e de ser ter ouvido “A Marselhesa” no pódio, Hadjar foi penalizado e acabou 6º.

O vencedor da prova foi um esforçado Roman Staněk (Trident) a sair de pole inversa. O checo defendeu-se com unhas e dentes dos rivais mais rápidos durante a prova inteira com sucesso. Tanto sucesso que alguns adversários se atrapalharam e tiveram um incidente bizarro (como Antonelli, Verschoor e Paul Aron [Hitech]).

Ainda houve tempo para um pequeno drama entre colegas MP, com Franco Colapinto a querer a posição de Hauger e a ouvir o engenheiro de pista dizer “se estás rápido, então passa” de forma torta. Hauger não foi passado e até passou Maini de forma brilhante para o 2º lugar. Oliver Bearman (Prema) devia ter somado os primeiros pontos do ano, só que foi penalizado por correr com Joshua Dürkesen (PHM) para fora de pista.

Acabou por não ser um bom dia para os dois pilotos da dobradinha sprint no dia da feature. Staněk despistou-se e foi parar à gravilha na primeira volta, enquanto que Hauger destruiu o carro mais à frente (e causou o segundo SC Virtual, cujo grande beneficiário foi Hadjar). Maini e ambos os DAMS até estiveram nas primeiras posições mesmo até ao final, mas não tinham parado. Logo, Hadjar conseguiu vingar-se da derrota sprint com uma vitória magistral na feature.

Em geral, foi um dia de imensa ação em pista. Dürksen causou o primeiro SC Virtual com o seu abandono, Antonelli e Hauger trocaram posições na frente nas voltas iniciais e Victor Martins recuperou de 21º a 12º logo no princípio.

Destaque ainda para um fim-de-semana de Top 5 para Ritmo Miyata (Rodin), quando a luta pelo título se abriu para pilotos como Aron ou Hauger.

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Qualificação: 1. Hauger \ 2. Antonelli \ 3. Verschoor \ … \ 8. Hadjar \ 9. Bortoleto \ 10. Staněk

Resultado (Sprint): 1. Staněk \ 2. Hauger \ 3. Maini \ 4. Colapinto \ 5. Miyata \ 6. Hadjar \ 7. Martins \ 8. O’Sullivan (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Hadjar \ 2. Aron \ 3. Maloney \ 4. Antonelli \ 5. Miyata \ 6. Verschoor \ 7. Villagómez \ 8. Martins \ 9. Bearman \ 10. Crawford (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Maloney (62) \ 2. Aron (47) \ 3. Hauger (41) \ 4. Hadjar (34) \ 5. Maini (33) —– 1. Rodin (78) \ 2. Campos (60) \ 3. Hitech (57) \ 4. MP (54) \ 5. Invicta (48)

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Corrida anterior: Arábia Saudita 2024 \ Rondas 3-4
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Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Beganovic em grande

Na primeira qualificação do ano numa verdadeira sexta-feira, a Fórmula 3 viu Leonardo Fornaroli (Trident) conseguir melhorar a sua volta nos segundos finais com um tempo mais rápido que os dois rivais da Prema (Gabriele Minì e Dino Beganovic), alcançando pole position numa sessão marcada pela bandeira vermelha de Sami Meguetounif (Trident). O francês bateu no muro da última curva, destruindo o carro (algo semelhante ao que Piotr Wiśnicki da Rodin também fez com menos gravidade alguns minutos depois).

Para o sprint, a corrida acabou por ser a história dos 3 pilotos que partiram dos 3 primeiros lugares e um intruso. Laurens van Hoepen (ART) partiu de pole inversa e protagonizou a luta inicial com Martinius Stenshorne (Hitech) até o norueguês ter um ligeiro contacto com Christian Mansell (ART), que deixou Mansell com dificuldades no lado esquerdo do carro (vendo-o cair até ao último lugar pontuável).

Stenshorne acabaria por ir fugindo na liderança, onde nas voltas finais foi ameaçado por Arvid Lindblad (Prema) mas sem perder a vitória.

Para a feature, houve um pelotão de líderes claramente definido e composto por Fornaroli, Minì, Beganovic e Browning, que conseguiram acabar uma prova de desgaste rápido de pneus com uma enormidade de vantagem face ao 5º classificado (Charlie Wurz, que, não por acaso, foi o único estreante no Top 10).

Beganovic partiu 3º mas foi passando os rivais, primeiro o colega Minì e depois Fornaroli, até chegar a uma liderança que defendeu com unhas e dentes.

Wurz foi o melhor dos restantes, com Montoya a também se destacar no pelotão que caçava importantes pontos no domingo que até começou de SC (para 3 carros presos na gravilha).

Browning e Fornaroli estão agora empatados no topo, mas Minì e Beganovic estão bem próximos.

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Qualificação: 1. Fornaroli \ 2. Minì \ 3. Beganovic \ … \ 10. Mansell \ 11. Stenshorne \ 12. van Hoepen

Resultado (Sprint): 1. Stenshorne \ 2. Lindblad \ 3. van Hoepen \ 4. Boya \ 5. Goethe \ 6. Minì \ 7. Dunne \ 8. Montoya \ 9. Fornaroli \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Beganovic \ 2. Fornaroli \ 3. Minì \ 4. Browning \ 5. Wurz \ 6. Montoya \ 7. Boya \ 8. Bedrin \ 9. Goethe \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Browning (37) \ 2. Fornaroli (37) \ 3. Minì (32) \ 4. Beganovic (28) \ 5. Lindblad (23) —– 1. Prema (83) \ 2. Trident (60) \ 3. Hitech (47) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (39)

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A primeira em 2 anos para Sam Bird – ePrix São Paulo 2024

16 03 2024

Já passaram dois meses desde a última vez que a temporada de 2024 da Fórmula E tinha conhecido um capítulo. O cancelamento de rondas torna ainda mais curioso que o circuito de São Paulo tenha sido um dos sobreviventes a esta tendência, dada a fama da Fórmula E em perder ePrix por todos os lados. Mas, depois de uma primeira edição bem-sucedida, o ePrix de São Paulo retornou.

Tendo já havido uma tentativa de a inaugurar em 2017, esta etapa apenas conseguiu voltar a ver a luz do dia depois do período pandémico. Um contrato de 5 anos e uma utilização da pista antiga da IndyCar em versão curta como cartão de visita para a ronda brasileira do campeonato, em pleno Sambódromo.

A chicane inicial original foi eliminada (um pedido de Lucas di Grassi) de modo a poder garantir uma velocidade de ponta superior no final da reta e criar um ponto de ultrapassagem para os carros na curva de 90º. Todo o circuito é algo atípico para os padrões da categoria, com retas abundantes que tornam mais difícil aos monolugares regenerarem energia.

Na edição inaugural a vitória tinha calhado ao Jaguar de Mitch Evans.

Ronda 4 – ePrix de São Paulo 2024

A quarta ronda do campeonato do mundo de Fórmula E trazia uma oportunidade única para vários pilotos recolocarem a sua temporada no sítio e para algumas equipas retomarem a iniciativa. Os resultados? Mistos.

A pole position de Pascal Wehrlein no seu Porsche até não fugiu muito àquilo a que estamos habituados das primeiras três provas, mas a grande novidade era mesmo que apenas o fez por 2 milésimas de segundo sobre o DS Penske de Stoffel Vandoorne (que bateu o colega de equipa, Jean-Éric Vergne, na meia-final dos duelos). Wehrlein, na sua meia-final, tinha eliminado o Maserati de Maximilian Günther (que já sabia que teria que começar do final da grelha devido a penalizações por troca indevida de componentes).

Já na corrida propriamente dita, António Félix da Costa foi o grande protagonista ao ascender de 8º (tinha sido o melhor dos que não entraram em duelos em qualificação) até 3º no final da segunda volta. Isto transformou-se na liderança quando os dois carros à sua frente ativaram Attack Mode e foram interrompidos por um Safety Car (para pedaços em pista dos carros de Norman Nato e Lucas di Grassi).

No recomeço começou a desenvolver-se uma clara luta dos 5 primeiros num ritmo significativamente superior aos restantes. Sam Bird colocou o seu McLaren na frente, mas a sofrer com o consumo excessivo de liderar e com um certo sobreaquecimento do lado esquerdo do monolugar. Mitch Evans (Jaguar), Jake Dennis (Andretti) e os dois Porsche iam trocando de posição logo atrás, com a situação mais ou menos estável até ao segundo SC (acidente aparatoso de Nick Cassidy pela Jaguar).

Os momentos finais foram de grande tensão. com Evans a assumir a dianteira e os Porsche a começarem a perder ritmo mesmo no fim. Isto significou que Oliver Rowland (que saiu de 11º) conseguiu imiscuir o seu Nissan no pódio, enquanto que Bird fez uma brilhante manobra de volta final para ganhar pela primeira vez em 2 anos.

Os DS Penske não conseguiram evitar a sua perda de performance em corrida, indo parar aos lugares pontuáveis mais baixos; ao passo que Günther foi de último até 9º e Sébastien Buemi (Envision) foi de 18º a 10º.

Mesmo a zeros, Cassidy continua líder de um campeonato em que para já as marcas da Porsche e Jaguar parecem ter concorrência acrescida de Nissan e grupo Stellantis (DS e Maserati).

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Qualificação: 1. Wehrlein \ 2. Vandoorne \ 3. Günther \ 4. Vergne \ 5. Evans (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Bird \ 2. Evans \ 3. Rowland \ 4. Wehrlein \ 5. Dennis \ 6. Félix da Costa \ 7. Vergne \ 8. Vandoorne \ 9. Günther \ 10. Buemi (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Cassidy (57) \ 2. Wehrlein (53) \ 3. Evans (39) \ 4. Vergne (39) \ 5. Dennis (38) —– 1. Jaguar (96) \ 2. Porsche (61) \ 3. DS Penske (57) \ 4. McLaren (55) \ 5. Andretti (47)

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ePrix São Paulo anterior: 2023

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Fonte:
Racing Circuits \ São Paulo





Bearman estreia bem no dia de outra 9ª seguida de Verstappen – GP Arábia Saudita 2024

9 03 2024

O seu princípio pode não ter sido especialmente auspicioso, mas é inegável que o GP da Arábia Saudita está incrivelmente sólido no calendário neste momento. O susto dos terroristas houthis em 2022 ainda poderá assombrar o evento, considerando como a situação no Mar Vermelho tem corrido com a guerra Israel-Hamas, os muros talvez voltem a precisar de ser modificados devido à natureza de alta velocidade do circuito, mas no geral o evento é garantido.

O país do Médio Oriente tem investido em eventos desportivos massivamente nos últimos anos (também o futebol e o golfe têm recebido avultadas somas, por exemplo), numa tentativa de branqueamento de imagem que no caso da F1 tem implicado um estreitamento de laços significativo (patrocínio da categoria, da equipa Aston Martin, fornecimento de combustível,…).

O primeiro desses investimentos foi a construção em tempo recorde do circuito citadino de Jeddah. O projeto de uma pista ao lado do Mar Vermelho viu a luz do dia mesmo a tempo de ser a penúltimo prova de 2021 ao redor do traçado de Jeddah e as suas 27 curvas (a maioria das quais de alta velocidade).

Após um princípio de ano desastroso, a Alpine viu o seu Diretor Técnico (Matt Harman) e Chefe de Aerodinâmica (Dirk de Beer) demitirem-se dos seus cargos, tendo optado mais uma vez por promoções internas para substituí-los. Já Jérôme d’Ambrosio vai passar de liderar a academia de jovens Mercedes para desempenhar funções similares na Ferrari.

Na Red Bull, as coisas parecem ainda longe de acalmar, com os rumores (alimentados pelo próprio) de que Max Verstappen poderia abandonar a equipa se Helmut Marko fosse suspenso a juntarem-se a declarações curiosas de Toto Wolff sobre um eventual interesse no piloto. O CEO da própria Red Bull, Oliver Mintzlaff, surgiu no paddock para ajudar a silenciar rumores da saída de Marko, numa altura em que se torna claro que a investigação Horner parece ter sido a ponta de um icebergue de guerra interna na equipa.

Como se não bastasse, o Presidente da FIA (Mohammed ben Sulayem) está sob investigação interna por alegadamente ter feito pressões ilegais para cancelar uma penalização de Fernando Alonso no GP da Arábia Saudita 2023 e por ter tentado impedir a homologação da pista de Las Vegas no mesmo ano.

Ronda 2 – Grande Prémio da Arábia Saudita 2024

Ainda nem havia ação em pista e já havia um foco numa potencial ausência. Não, não se tratava nem da potencial saída de cena de Christian Horner nem do carrossel do staff técnico da Alpine, mas sim de um Carlos Sainz que se estava a sentir indisposto. O motivo rapidamente se compreendeu, com a equipa a anunciar que o piloto tinha sofrido uma apendicite e que seria substituído durante o resto do fim-de-semana para ter cirurgia.

Surpresa maior se sentiu quando Fréderic Vasseur optou por escolher, pela primeira vez desde os anos 70, um estreante para guiar um Ferrari. Acabado de fazer pole position na Fórmula 2, Oliver Bearman de 18 anos foi chamado para o terceiro treino livre e o restante fim-de-semana. A expectativa era que seria positivo se o britânico ficasse a meio segundo ou menos de Leclerc. E foi precisamente isso que fez, com um 11º lugar que quase o deixou no Q3.

Q3 esse que foi liderado por Max Verstappen pela primeira vez em território saudita, ainda que Leclerc e Fernando Alonso (Aston Martin) tenham ficado bem próximos do seu tempo. Tornou-se claro que Aston Martin e McLaren continuam a conseguir estar até um pouco melhores que a equipa principal Mercedes, enquanto a Alpine apenas conseguiu ficar em 17º e 18º na frente do Williams de Logan Sargeant e do Kick Sauber de Guanyu Zhou (que não fez tempos devido à demora nas reparações depois de ter destruído o carro no último treino livre).

Para (mais) um sábado de corrida, ainda houve uma breve esperança de que na partida alguém pudesse tratar de dar um desafio a Verstappen, mas mais uma vez foi uma partida perfeita do neerlandês, cujo único obstáculo foi ultrapassar um Lando Norris de pneus gastos após um Safety Car. Nem imediatamente atrás chegaram desafios, com o colega Sergio Pérez, mesmo com uma penalização, a ser o perseguidor mais direto para nova dobradinha.

A Ferrari também se estabeleceu firmemente como segunda força do campeonato, com Leclerc ótimo em 3º lugar e Bearman a gerir a pressão da estreia de forma exemplar, conseguindo até ritmo suficiente para segurar os ataques finais de Norris e Hamilton com pneus macios. Não por acaso, o primeiro estreante da Scuderia desde 1972 foi votado Piloto do Dia.

O SC já mencionado foi provocado por Lance Stroll, que tocou o muro, partiu a suspensão e foi parar a outro muro. Durante este período Hamilton, Norris, Nico Hülkenberg e Guanyu Zhou optaram por ser os únicos que não pararam, apostando num eventual segundo SC que nunca veio. Isto complicou as corridas de todos, excepto Hülkenberg que contou com o colega de equipa (Kevin Magnussen) para segurar rivais agressivamente para ter tempo de parar e regressar à pista ainda nos pontos. Com o monopólio que para já as 5 primeiras equipas têm nos pontos, este 10º lugar pode ser muito valioso para os americanos.

Magnussen teve uma prova muito atribulada, recebendo uma penalização por chocar com Alexander Albon e outra por ultrapassar Yuki Tsunoda fora de pista. Oscar Piastri andou perto de Fernando Alonso a prova toda, apesar de Russell ainda ter feito uma aproximação final, enquanto que a RB e Alpine tiveram fins-de-semana para esquecer com ambos os carros.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Pérez \ 4. Alonso \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Piastri \ 5. Alonso \ 6. Russell \ 7. Bearman \ 8. Norris \ 9. Hamilton \ 10. Hülkenberg (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (51) \ 2. Pérez (36) \ 3. Leclerc (28) \ 4. Russell (18) \ 5. Piastri (16) —– 1. Red Bull (87) \ 2. Ferrari (49) \ 3. McLaren (28) \ 4. Mercedes (26) \ 5. Aston Martin (13)

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Corrida anterior: GP Bahrain 2024
Corrida seguinte: GP Austrália 2024

GP Arábia Saudita anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 3-4) \ Emocionado Fittipaldi vence

O segundo fim-de-semana do ano começou com excelentes auspícios para a Prema, que desta vez pareceu acertar em cheio com o seu setup e viu Oliver Bearman voar até à pole position, num duelo particular com Kush Maini (desta vez não desclassificado por estar baixo demais). Já Pepe Martí ficou frustrado com um 11º lugar que o deixou mesmo de fora da pole inversa, enquanto que o vencedor duplo do Bahrain, Zane Maloney ficou a abanar a cabeça em 16º (tendo que abandonar o carro em pista).

Se a Prema tinha ficado feliz com isto, depressa se viu sem o seu piloto, quando Bearman teve que sacrificar os possíveis pontos de F2 pela sua ascensão à F1 para substituir Sainz na Ferrari.

Com um pequeno atraso no seu começo, após a acidente da F1 no TL3, a corrida sprint da F2 começou com algum caos. Os dois jovens Williams, Franco Colapinto (MP) e Zak O’Sullivan (ART), não conseguiram partir e logo à frente deles Victor Martins (ART) e Dennis Hauger (MP) tiveram um desentendimento que trouxe o Safety Car para a pista (além de no meio disto Andrea Kimi Antonelli (Prema) ter perdido um pedaço de asa.

Antonelli ainda teve que passar um carro atrás do SC (estava demasiado lento), mas conseguiu importantes pontos com uma condução aguerrida. Por esta altura, Richard Verschoor (Trident) passou Paul Aron (Hitech), que tinha partido de pole inversa. Neste momento, houve novo SC breve para a paragem de Amaury Cordeel (Hitech). E ainda um posterior SC Virtual para quando Juan Manuel Correa (DAMS) destruiu a suspensão no muro.

Após o recomeço, Jak Crawford (DAMS) e Zane Maloney (Rodin) tiveram uma excelente disputa por 6º, enquanto que Hauger despachou Isack Hadjar (Campos) para o 2º posto, antes deste abandonar com falha mecânica.

A vitória ficou (provisoriamente) com Verschoor, até este ser desclassificado por razões técnicas (relacionadas com mapeamentos de motor) e a entregar a Hauger.

Para a feature, houve novamente caos no início. Pepe Martí e Roman Staněk ficaram logo eliminados, enquanto que Gabriel Bortoleto ficou fora por problemas mecânicos. As coisas continuaram depois mais ou menos mornas até que os carros foram montando os médios e a corrida esquentou (particularmente no duelo a 3 de Antonelli, Hadjar e Crawford).

A corrida até poderia ter mudado novamente de forma radical com um segundo SC para Franco Colapinto, mas, ao invés, ajudou a que a estratégia “normal” tomasse prevalência. O grande destaque aqui foi Enzo Fittipaldi da Van Amersfoort, com uma brilhante ultrapassagem por fora a dois carros. Depois foi só fugir e deixar os rivais atrás para discutir entre si o pódio. Maini chegou em 2º, seguido de um photo finish entre 3 carros que deixou Dennis Hauger em 3º.

Maloney pontuou em ambas as provas, o que o deixa ainda com uma liderança do campeonato.

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Qualificação: 1. Bearman \ 2. Maini \ 3. Crawford \ … \ 8. Hadjar \ 9. Verschoor \ 10. Aron

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Aron \ 3. Fittipaldi \ 4. Maloney \ 5. Crawford \ 6. Antonelli \ 7. Martí \ 8. Maini (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Fittipaldi \ 2. Maini \ 3. Hauger \ 4. Crawford \ 5. Cordeel \ 6. Antonelli \ 7. Maloney \ 8. Verschoor \ 9. Villagómez \ 10. Aron (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Maloney (47) \ 2. Fittipaldi (32) \ 3. Hauger (31) \ 4. Aron (29) \ 5. Maini (27) —– 1. Rodin (49) \ 2. Invicta (42) \ 3. MP (39) \ 4. Hitech (39) \ 5. Van Amersfoort (34)

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Corrida anterior: Bahrain 2024 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Austrália 2024 \ Rondas 5-6

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Fontes:
Autosport PT \ Matt Harman e Dirk de Beer demitem-se da Alpine
BBC \ Bearman substitui Sainz
Motorsport \ Ben Sulayem sob investigação
The Guardian \ Verstappen ameaça sair sem Marko





Fuja do sensacional, fique pelos bastidores – Drive to Survive, Temporada 6

9 03 2024

Na estreia da série de bastidores da Fórmula 1, Drive to Survive (um título que fez torcer o nariz a muitos fãs), o interesse que o modelo de documentário dos bastidores da categoria atraiu foi numa escala sem precedentes. É inegável que a crescente popularidade global (com destaque para a norte-americana) da F1 se deveu ao DTS, mas desde o princípio que se tinha notado uma tendência para desconfiança da parte de fãs estabelecidos.

Os rádios mal colocados, os barulhos de motor não condizentes com as imagens que passavam, as inexplicáveis rivalidades sem sentido (alguém se lembra de quando em 2019 tentaram convencer que Carlos Sainz e Daniel Ricciardo?), mostrarem corridas de forma não-sequencial,…

A verdade é que estes “pecados” apenas têm vindo a acentuar-se com o desenrolar das temporadas, os fãs mais antigos têm vindo a ver cada vez menos, e o apelo para novos fãs crescia. Ou assim foi até recentemente. Os 3,85 milhões de espetadores dos primeiros três dias da quinta temporada passaram a 2,9 milhões nesta. Num dos episódios, Alexander Albon sarcasticamente explica como a Netflix prepara um dos seus episódios de regresso de Ricciardo ao ativo, gozando com com a forma espanpanante que a produtora adoptou nos últimos anos. Se Jack Nicholls está ausente dos “comentários falsos”, temos Ben Edwards por vezes a fazer esse papel.

A pergunta que todos os que avaliam a sexta temporada tentam responder: vale a pena?

A resposta algo cobarde mas honesta é que depende daquilo que se queira dela.

Se o objetivo é perceber o que foi a história da luta pelo título ou do ano histórico, pouco ou nada aparece Max Verstappen este ano. A ordem continua tão fora de sequência como sempre. As lutas em pista continuam tão descontextualizadas e com rádios fora de sítio como sempre. Will Buxton continua uma caricatura de si próprio. Danica Patrick é uma adição tão despropositada quanto seria de imaginar. Neste ponto é seguro: não houve melhorias.

Mas há muito em que DTS continua a preencher um vazio: os momentos de bastidores, mesmo quando são tornados quase comicamente direcionados, são sempre interessantíssimos.

O primeiro episódio começa com o staff do lançamento do carro da Aston Martin absolutamente aterrorizado porque Lawrence Stroll está prestes a chegar e ainda há coisas um pouco fora do sítio (e quando chega, até para elogiar o filho Lance, tem uma certa frieza permanente). Depois no segundo episódio focado em Nyck de Vries compreendemos melhor a saída repentina deste, algo arrogante na forma como se compara a Yuki Tsunoda, completamente inadaptado num evento de tiro ao alvo da Red Bull, a importunar um Adrian Newey pouco impressionado.

Vemos as reuniões de patrocinadores McLaren a pressionarem Zak Brown no terrível início McLaren, com o americano desesperado por renovar um cada vez mais sarcástico Lando Norris; vemos as comparações entre a Haas e Williams; vemos um Lewis Hamilton com cada vez menos paciência para ações promocionais Mercedes, agora que a equipa parece fazê-lo sentir-se traído pela falta de performance (como este episódio teria beneficiado de sair mais tarde, após o anúncio Ferrari…); vemos Otmar Szafnauer a insistir que tudo está no bom caminho na Alpine enquanto os seus dois pilotos dizem horrores um do outro para as câmaras, Alan Permane furioso de a equipa não conseguir acompanhar o desenvolvimento de uma Aston Martin, e Bruno Famin a criticar a filosofia de que é só azar o problema da Alpine porque “a má sorte a má performance costumam andar de mão dada”, ironiza.

Um dos melhores episódios é o penúltimo, onde é mostrada a aventura de breves corridas de Liam Lawson na F1, com direito a mostrar o seu percurso, a forma como conseguiu bater as expectativas da AlphaTauri, a dor de cabeça que deu à Red Bull para escolher o alinhamento da sua segunda equipa, os avisos dos pilotos mais experientes sobre o calor de Singapura e a forma como pareceu frustrado com não ser escolhido. DTS no seu melhor.

Houve ainda dois episódios finais sobre a Ferrari e a sua tentativa de usurpar o 2º lugar à Mercedes, que ainda contou com cenas interessantes sobre a forma como Vasseur ficou furioso pela tampa de esgoto de Las Vegas que destruiu o carro de Sainz.

Em geral, são estas cenas de bastidores que fazem com que ver DTS valha a pena, mesmo ao fim de 6 anos de rádios trocadas e comentadores falsos.