Pódio de Alonso em início morno de campeonato – GP Bahrain 2023

6 03 2023

dário em 2011 devido a um ambiente quase revolucionário que correu o país durante a Primavera Árabe, tempo suficiente para que, ao contrário de futuras provas árabes, o Grande Prémio se tornasse um moderno clássico (ao invés de um exemplo de sportswashing como a vizinha Arábia Saudita).

O circuito foi palco de uma brilhante luta pela vitória entre Charles Leclerc e Max Verstappen em 2022, do progresso de Sergio Pérez de último a 1º em 2020, do acidente aterrorizante de Romain Grosjean no mesmo ano e do duelo Fernando Alonso / Michael Schumacher em 2006. Em suma, uma enormidade de momentos históricos já associados ao pequeno emirado.

Com poucas curvas lentas e algumas secções de média-alta velocidade bem ao gosto dos pilotos, o circuito de Sakhir tem sido a abertura de todos os anos pós-pandemia e desde 2014 que mudou o seu horário para o noturno (de modo fazer uso de fogo de artifício nas celebrações e também para melhorar um pouco o horário face aos europeus).

Ronda 1 – Grande Prémio do Bahrain 2023

Com medos generalizados do paddock sobre os níveis de domínio a que se poderia assistir neste fim-de-semana, acabou por se ter um meio-termo: longe de ser tão terrível quanto se poderia esperar, o domínio da Red Bull ainda assim viu-se mais expressado por faltar um rival claro para o combater.

Max Verstappen andou no seu melhor nível e soube colocar-se na frente de Sergio Pérez com uma naturalidade cada vez maior, e quando a Ferrari e a Mercedes permanecem incapazes de oferecer resistência o seu caminho fica ainda mais facilitado. E foi aí que entrou a Aston Martin na equação.

A Aston chegou a Sakhir com um Fernando Alonso bem motivado e um Lance Stroll ainda a recuperar de uma mão partida. Os resultados oscilaram entre o que se esperava e o que se temia: Stroll retirava várias vezes as mãos do volante durante os treinos (devido às dores) e quase eliminou o colega na primeira volta, enquanto que Alonso fazia magia com o AMR23. Alonso fez brilharetes constantes e soube fazer uma excelente ultrapassagem a Lewis Hamilton para garantir o pódio, enquanto que o Aston foi bom o suficiente que até Stroll terminou à frente de um dos Mercedes.

Mercedes e Ferrari andaram bem abaixo do esperado. Os primeiros continuam claramente uns furos abaixo da Red Bull e Ferrari, com um carro que até se viu batido pela equipa cliente, ao passo que os segundos não conseguiram ameaçar nem um pouco a Red Bull, e ainda para mais continuam sem fiabilidade para evitar ver um Charles Leclerc de ar sombrio na beira da estrada.

Melhor dos restantes foi um papel que coube a Valtteri Bottas, seguido de um Pierre Gasly que se qualificou mal mas soube fazer uso do seu Alpine para subir (ao contrário do outro lado da garagem, com Esteban Ocon a perder o fio à meada com sucessivas penalizações por cumprir mal as penalizações…) e um Alexander Albon que soube segurar os concorrentes em 10º.

Desastre completo foi a McLaren, que abandonou com problemas mecânicos Oscar Piastri e que viu Lando Norris sofrer a bom sofrer com o MCL60.

Destaque ainda para o excelente ritmo de qualificação da Haas que degenerou em corrida e para um competente Logan Sargeant, que igualou o tempo de Norris em qualificação e em corrida andou a rondar os pontos.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Alonso \ 4. Sainz \ 5. Hamilton \ 6. Stroll \ 7. Russell \ 8. Bottas \ 9. Gasly \ 10. Albon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (25) \ 2. Pérez (18) \ 3. Alonso (15) \ 4. Sainz (12) \ 5. Hamilton (10) —– 1. Red Bull (43) \ 2. Aston Martin (23) \ 3. Mercedes (16) \ 4. Ferrari (12) \ 5. Alfa Romeo (4)

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Corrida anterior: GP Abu Dhabi 2022
Corrida seguinte: GP Arábia Saudita 2023

GP Bahrain anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 1-2) \ Domínio Pourchaire, com os Campos por perto

Já se esperava ver Théo Pourchaire em grande nível no início do ano, mas dificilmente alguém estaria à espera de ver o francês com os níveis de domínio que exibiu. O francês fez pole por uns expressivos 7 décimos em qualificação, recuperou posição atrás de posição até ao 5º lugar no sprint, e controlou à vontade toda a feature.

As sobras para os rivais resumiram-se a um Ralph Boschung em bom nível (vencendo o sprint e acabando a prova principal em 2º), um bom resultado para Victor Martins em sprint e uma excelente estreia de F2 para Zane Maloney no feature. Para ajudar Boschung a completar um bom resultado Campos, Kush Maini fez uma boa estreia na categoria (ainda que pedir para não ser atacado por Boschung à equipa tenha sido um pedido tolo de se fazer).

Arthur Leclerc poderia ter feito muito mais no seu final de semana, mas fez três saídas de pista diferentes no feature, que lhe valeram um pódio perdido. Longe de um desastre total, que coube a Richard Verschoor, eliminado por Frederik Vesti (num incidente em que Roman Staněk acabou fora também).

O resultado foi uma liderança esperada de Pourchaire, mas ainda com um pelotão não muito definido atrás de si.

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Qualificação: 1. Pourchaire \ 2. Martins \ 3. Verschoor \ … \ 8. Leclerc \ 9. Staněk \ 10. Boschung

Resultado (Sprint): 1. Boschung \ 2. Hauger \ 3. Martins \ 4. Iwasa \ 5. Pourchaire \ 6. Daruvala \ 7. Maini \ 8. Fittipaldi (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Pourchaire \ 2. Boschung \ 3. Maloney \ 4. Maini \ 5. Verschoor \ 6. Leclerc \ 7. Hadjar \ 8. Iwasa \ 9. Fittipaldi \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (32) \ 2. Boschung (28) \ 3. Maloney (15) \ 4. Maini (14) \ 5. Verschoor (11) —– 1. Campos (42) \ 2. ART (38) \ 3. Rodin Carlin (18) \ 4. DAMS (17) \ 5. Van Amersfoort (12)

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Corrida anterior: Abu Dhabi 2022 \ Rondas 27-28
Corrida seguinte: Arábia Saudita 2020 \ Rondas 3-4

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Fórmula 3 (Rondas 1-2) \ Minì sofre rude derrota

A primeira prova de Fórmula 3 de 2023 iniciou-se com dois estreantes a qualificarem-se nas duas primeiras posições. Gabriele Minì e Gabriel Bortoleto arrecadaram a primeira linha, seguidos do líder dos testes de pré-temporada (Grégoire Saucy).

Já para o sprint a pole inversa coube a Franco Colapinto, ladeado por Pepe Martí. Com ambos a lutarem ao longo da prova inteira pelo triunfo, acabou por ser Martí fez uma ótima ultrapassagem a Colapinto no final da corrida, segurando depois a pressão do argentino.

Mais atrás houve direito a dois Safety Car, primeiro para o pião de Luke Browning (na confusão da partida) e para o incidente entre Bortoleto e Rafael Villagómez, e ainda outro para a confusão do outro recomeço. Na disputa do 4º lugar, os Prema de Dino Beganovic e Paul Aron tiveram que suar para conseguir segurar os ataques de Oliver Goethe da Trident.

No dia da feature a sorte não sorriu ao homem da pole, com uma penalização de 5 segundos que tramou por completo Minì devido a um SC nas voltas finais, que o atirou para fora de uma liderança pela qual tivera que lutar com unhas e dentes. Isto entregou a vitória final a Bortoleto. Oliver Goethe chegou em segundo e Dino Beganovic completou o pódio.

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Qualificação: 1. Minì \ 2. Bortoleto \ 3. Saucy \ … \ 10. Collet \ 11. Martí \ 12. Colapinto

Resultado (Sprint): 1. Martí \ 2. Colapinto \ 3. Collet \ 4. Beganovic \ 5. Aron \ 6. Goethe \ 7. Saucy \ 8. Fornaroli \ 9. Edgar \ 10. Montoya (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bortoleto \ 2. Goethe \ 3. Beganovic \ 4. Saucy \ 5. Browning \ 6. Martí \ 7. Frederick \ 8.Minì \ 9. Montoya \ 10. Colapinto (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (26) \ 2. Goethe (23) \ 3. Beganovic (22) \ 4. Martí (19) \ 5. Saucy (16) —– 1. Trident (52) \ 2. Prema (28) \ 3. ART (22) \ 4. Campos (19) \ 5. Hitech (19)

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Corrida anterior: Itália 2022 \ Rondas 17-18
Corrida seguinte: Austrália 2023 \ Rondas 3-4





Red Bull na frente nos testes, mas essa é a única certeza

28 02 2023

2022 tinha prometido muito, mas a verdade é que uma temporada na qual apenas uma equipa fora do Top 3 consegue um único pódio dificilmente pode ser classificada como uma época entusiasmante. Para este ano as expectativas serão de uma aproximação das rivais aos eternos líderes, mas será essa uma expectativa razoável?

A temporada chega numa altura em que Mohammed ben Sulayem dá um passo atrás no seu envolvimento (excessivo) na categoria, e em que a FIA procura atingir um novo equilíbrio no seu relacionamento com a FOM.

Falando da FIA, esta criou várias alterações nos regulamentos desportivos, com testagem de novos pneus de chuva a partir de Imola, menos restrições de rádio, modificações a circuitos e zonas de DRS, ajustes no teto orçamental e acesso facilitado para auditorias da FIA.

Mudanças na Ferrari terão sido no timing certo?

A única coisa mais impressionante do que a maneira como a Ferrari abriu 2022 com uma sequência de ótimos resultados foi seguida de uma ainda mais impressionante hecatombe de resultados, em que vitórias desperdiçadas por motivos de estratégia deram lugar a vitórias desperdiçadas por entretanto o carro italiano já não ser o mais competitivo do pelotão.

Há mérito da Red Bull neste quesito, com uma eficiência diabólica, mas a sensação geral de oportunidade desperdiçada (e recusa em assumir erros) fez Frédéric Vasseur assumir os comandos da Scuderia. A retirada de um líder italiano pela entrada de um francês é notória e acarreta consigo a possibilidade de um começo de fresco. Mas, mesmo não sendo particularmente justo, Vasseur não conseguirá segurar o lugar se o trabalho que até Dezembro era de Mattia Binotto não der resultados concretos…

E no meio de tudo está uma Mercedes desejosa de conseguir voltar a assumir o protagonismo no campeonato.

Os testes de pré-temporada, para já, pintam um quadro bem risonho para a Red Bull. A AMuS noticia o motivo desta vantagem como a capacidade do RB19 em conseguir correr bem mais perto do chão que as rivais, o que deixa Max Verstappen numa posição bem confortável para tentar chegar a um tricampeonato (Sergio Pérez deverá manter-se como plano de contingência, com Daniel Ricciardo a observar tudo bem de perto no seu papel de piloto de testes).

Para a Mercedes vê-se uma performance bem mais consistente que a de 2022, ainda que com bem menores problemas de porpoising. Só que crê-se que o verdadeiro potencial do carro só será descoberto com atualizações em Baku nos monolugares de Lewis Hamilton e George Russell. Já a Ferrari pareceu difícil de localizar, com alguns acertos de setup a serem necessários para conseguir estabelecer a performance de um carro que parece fiável e rápido, mas uns furos abaixo do Red Bull.

Trabalho difícil para Charles Leclerc e Carlos Sainz, portanto.

Harmonia difícil na Alpine

Já é piada recorrente do paddock referir que a estrutura da Alpine corre já em vários planos de 5 anos. Apesar de se ter integrado em 2016 com promessas de competitividade em 5 anos, a Renault avisou logo que o primeiro ano não contava (o projeto era pouco mais que um fraco Lotus). Depois chegou Daniel Ricciardo e o tal plano começaria aí (2019). Ricciardo saiu, Fernando Alonso entrou e o nome mudou para a Alpine, e os franceses insistiram que queriam ser tratados como nova equipa e novo projeto de 5 anos (em 2021).

Agora, com a saída de Alonso, a conversa parece ter feito um novo reset. Contas feitas, a Alpine está no 8º ano de projeto como equipa de fábrica, mas a insistir que é uma jovem equipa promissora.

As trapalhadas com a situação contratual de Oscar Piastri, de facto, pareceram de novatos. Sabe-se lá como, Otmar Szafnauer conseguiu manter o seu posto na liderança da equipa. Nem tudo foi um desastre na verdade: o 4º lugar à frente da McLaren nunca pareceu excessivamente em perigo e Pierre Gasly é um ótimo prémio de consolação para substituir Alonso (com Esteban Ocon no outro lado da garagem). Até os abandonos de 2022 têm um ponto positivo, dado que as restrições de alterações à unidade de potência não se aplicam a motivos de fiabilidade.

2023 tem que ser o ano em que a mais fraca das equipas de fábrica consegue bem melhor do que fazer apenas um terço dos pontos da Mercedes. Os testes não conseguiram revelar quase nada. O carro esteve sempre entre os mais lentos das sessões, ainda que se acredite que terão sido das equipas que mais escondeu o jogo.

Os britânicos

Duas das maiores construtoras britânicas, mas que na F1 compram os seus motores à Mercedes, têm um problema muito semelhante: a estagnação dos seus resultados e como invertê-la.

As escalas são diferentes, claro. A McLaren terminou em 3º lugar m 2020, 4º em 2021 e 5º em 2022. O único pódio fora das 3 primeiras equipas até pertenceu aos britânicos, mas a tendência decrescente é difícil de disputar. Pelo segundo ano seguido, queixam-se de o projeto inicial ainda não estar bem ao gosto da estrutura, uma falha que já tem solução à vista para o próximo ano, quando o túnel de vento novo estará finalmente em ação.

O facto de Zak Brown já ter vindo a púlico referir que o MCL60 está abaixo dos indicadores de performance desejados pela própria equipa parecem indicar que será um início de ano doloroso para Woking. Uma situação que deverá frustrar Lando Norris e aliviar Oscar Piastri (ao colocar menos pressão por cima dos seus ombros).

Já a Aston Martin começou 2022 com um ritmo absolutamente catastrófico, mas ganhou muitos pontos de consideração da parte dos rivais pela maneira como a equipa técnica de Dan Fallows soube encurtar a distância para os lugares pontuáveis em tão curto espaço de tempo. A verdade é que já foram 2 dos 5 anos da estreia dos britânicos, e dois 7º lugares em 10 equipas são o saldo da estrutura. O facto de esta queda ocorrer com Lance Stroll blindado a um dos monolugares não tem passado despercebido.

Mas a verdade é que o lado da garagem de onde se espera o melhor em pista é no de Fernando Alonso, que provocou o caos na Alpine para fazer uma derradeira e arriscada manobra de bastidores, em busca do seu 3º título mundial. A gestão emocional do piloto dará grandes dores de cabeça à equipa, mas a boa forma contínua dele será uma boa compensação.

Sem ninguém contar com isso, a Aston foi um dos grandes destaques dos testes. Isto tanto pelo facto de Felipe Drugovich ter tido que substituir Lance Stroll (lesão), como pelo facto de o AMR23 ter mostrado um ritmo muito interessante, que até leva alguns analistas a considerá-los ao nível dos Mercedes.

Quem nada tem a perder

Com uma temporada bem difícil para a pequena estrutura italiana, a AlphaTauri saiu bem feliz dos 3 dias de testes. Sem a grande referência de Gasly, caberá ao conjunto de Yuki Tsunoda e Nyck de Vries conseguirem fazer uso de um AT04 mais competitivo e que terminou o seu tempo no Bahrain como o que mais quilómetros acumulou. Isto numa altura em que a Red Bull tem estado a ponderar vender a equipa ou relocalizá-la.

Tsunoda e de Vries terão boas oportunidades para mostrar serviço em 2023, oportunidades essas que precisarão de concretizar de modo a afastarem a ameaça da intromissão da enorme quantidade de jovens Red Bull que desponta na F2.

Quem não tem quase nada a provar é a dupla da Haas. Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen já abandonaram a categoria antes e não estarão excessivamente preocupados em voltar a fazê-lo se a equipa americana lhes criar problemas. Como dupla competente que aparenta ser vista de fora, esta estará sempre dependente do nível de desenvolvimento ao longo do ano que o VF-23 será capaz de demonstrar.

A outra cliente Ferrari, a Alfa Romeo, está num momento de transição bem curioso: a Alfa em si abandonará no final do ano e não possui nenhum poder de decisão, para passar posteriormente a controlo Audi. Isto significa que Valtteri Bottas e Guanyu Zhou terão que mostrar serviço de forma bem evidente para provar ao novo chefe, Andreas Seidl, que merecem continuar ao volante quando os manda-chuvas passarem para o lado alemão.

As boas notícias são que a performance do mais recente produto de Hinwill chegou a liderar um dos dias de testes (com várias condicionantes, claro) e que pareceu disposta a permitir aos seus pilotos puxar por ele.

Isto deixa apenas a Williams, que despediu a sua chefia nos meses iniciais deste ano depois de ter voltado a terminar em última no campeonato, tendo agora de se ver que género de chefia será a de James Vowles (chegado da Mercedes), que conta com um competente Alexander Albon e uma incógnita ligeira Logan Sargeant (que terá que provar que a antiga chefia acertou em algo, com a sua escolha).

F2 – Pourchaire permanece, mas não terá vida fácil

2023 chega para a Fórmula 2 com um piloto que tem mais do que o favoritismo, tem também a obrigação de ser campeão. Théo Pourchaire foi capaz de ótimas performances em 2022 mas foi errático em diversos momentos e terminou num vice-campeonato manifestamente insuficiente para obter um assento de F1 na Alfa Romeo. A decisão de mais uma temporada de F2 poderá ser arriscada, até se se vir batido por um estreante à semelhança de Robert Shwartzmann em 2021.

Ao lado de Pourchaire está o campeão de F3 de 2022, Victor Martins, o que confere à ART possivelmente a melhor dupla da grelha deste ano.

Ainda assim, existe espaço para surpresas nas restantes estruturas. Hitech e Carlin apostam em duplas inteiramente pertencentes à Red Bull (que está representada por uns estonteantes 6 pilotos na F2), que poderão estar em grande nível (com especial destaque para um Isack Hadjar deserto de poder vingar o título de F3 perdido).

Apesar de apenas se ter estreado em 2022 apenas, a Van Amersfoort surpreendeu durante os testes deste ano com Richard Verschoor a liderar a tabela de tempos. Já a contratação, mais sentimental que racional, de Juan Manuel Correa poderá não trazer os frutos esperados. Já a permanência do bem-cotado Jack Doohan na Virtuosi percebe-se por um lado, ainda que provavelmente seja demasiado piloto para a estrutura em que está (e definitivamente muito mais do que o novo colega Amaury Cordeel conseguirá lidar…).

F3 – Testes deixam Saucy como favorito

Com a tradicional saída de mais de metade da grelha ao final do ano (quer para F2 ou para a obscuridade), a Fórmula 3 mais uma vez contou com a renovação das suas fileiras com alguns dos mais promissores jovens talentos das categorias de base. Falamos de pilotos cujas performances deverão impressionar, como Dino Beganovic da academia Ferrari, Nikola Tsolov da academia Alpine ou Sebastián Montoya da academia Red Bull.

Mas não se pense que o “perigo” não poderá vir dos pilotos que andam no seu segundo ano de categoria. Grégoire Saucy que o diga, tendo dominado os testes de pré-temporada de Fevereiro no seu ART, depois de um falso arranque na temporada de 2022. Franco Colapinto, que melhorou da estreante Van Amersfoort para a competente MP, também terá uma palavra a dizer agora que integra a academia Williams (tal como Zak O’Sullivan).

Para pilotos nas equipas do fundo da grelha, o objetivo é simples: mostrar serviço para que as Prema e Trident da vida os contratem para 2024. Neste quesito vale a pena manter a atenção em homens como Roberto Faria, Oliver Gray ou Taylor Barnard.





Red Bull lança alerta para as rivais – Pré-Época 2023

25 02 2023

Foi com grande expectativa que a Fórmula 1 chegou ao Bahrain em 2023 para conseguir estabelecer melhor o equilíbrio de forças na sua nova temporada. Com tempo seco e vento pouco forte, o país do Médio Oriente é sempre um dos melhores testes para a performance geral da grelha de partida da F1.

Dia 1

Se se pensava que o primeiro dia de testes iria trazer para mais perto a concorrência à Red Bull, os primeiros quilómetros da temporada de 2023 parecem ter feito muitos reavaliar essa ideia. Os austríacos foram a única equipa a correr só com um piloto todo o dia (Max Verstappen) e os que mais distância acumularam. Foram também os mais rápidos, conseguindo tempos de volta consistentemente velozes, que deixaram os rivais preocupados.

Surpreendente foi ver Fernando Alonso tão próximo na sua estreia pela Aston Martin. Se é certo que a altura em que o tempo foi estabelecido foi já com menos temperatura, a verdade é que alguns rivais viram potencial nos britânicos, a única equipa que conseguiu igualar os seus tempos de qualificação de 2022 (mesmo com uma avaria de Felipe Drugovich nos primeiros momentos, quando ele substituía o lesionado Lance Stroll).

A Ferrari estava um pequeno passo atrás, seguida do McLaren de Lando Norris (apesar de os especialistas verem algumas dificuldades em certas curvas, que podem indicar problemas). Os Alpine pareceram ter dificuldade em contornar as curvas, enquanto que os Mercedes pareceram quase não saltitar.

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Resultado: 1. Verstappen (157) \ 2. Alonso (60) \ 3. Sainz (72) \ 4. Leclerc (64) \ 5. Norris (40) \ 6. Hamilton (83) \ 7. Albon (74) \ 8. Zhou (67) \ 9. Russell (69) \ 10. Sargeant (75) [número de voltas entre parênteses]

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Dia 2

Tivesse o dia acabado uma hora mais cedo e teríamos uma repetição do domínio de Verstappen nos testes, mas da maneira que foi coube a um surpreendente Guanyu Zhou montar os pneus C5 (mais macios) e bater por 4 centésimas o anterior líder da Red Bull com os C3. À partida pouco se poderá retirar da volta de Zhou, ainda que ele tenha estado longe de ser o único a tentar uma glory run (Nico Hülkenberg e Logan Sargeant fizeram o mesmo).

Mas a grande história do dia acabou mesmo por ser a bandeira vermelha provocado pela paragem em pista do Mercedes de George Russell, que proporcionou imagens da cúpula da Mercedes em conversas preocupadas. A falha hidráulica será agora analisada até à exaustão nos bastidores da estrutura.

Alonso voltou a deixar uma boa imagem da Aston Martin, que, estando ainda longe da Red Bull, poderá estar num nível bem superior ao das rivais da luta pelos lugares pontuáveis. No outro lado da garagem, Drugovich continuará o programa destinado a Stroll, dado que as possibilidades de uma eventual substituição na primeira corrida do ano não são assim tão improváveis.

Os alarmes continuam a soar na McLaren, com Zak Brown a procurar diminuir as expectativas e a referir que a equipa falhou alguns alvos de performance internos.

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Resultado: 1. Zhou (133) \ 2. Verstappen (47) \ 3. Alonso (130) \ 4. de Vries (74) \ 5. Hülkenberg (68) \ 6. Sainz (70) \ 7. Sargeant (154) \ 8. Leclerc (68) \ 9. Piastri (74) \ 10. Gasly (59) [número de voltas entre parênteses]

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Dia 3

Se restavam dúvidas de que a Red Bull estava na mó de cima nos testes de pré-temporada, Sergio Pérez tratou de os desfazer com uma acumulação incrível de voltas e um tempo confortavelmente na frente do da rival Mercedes, representada por Lewis Hamilton.

Leclerc e Sainz continuaram no Top 5, bem juntos, tal como em essencialmente todos os dias. Alonso voltou a fazer tempos bem interessantes com os pneus C3, enquanto que a Alfa Romeo ascendeu bem alto nos tempos finais, mas cortesia de voltas em C5 de Valtteri Bottas.

A AlphaTauri acabou as sessões de testes na frente nos quilómetros acumulados e no meio da tabela de tempos, o que só por si parece indicar que o AT04 é mais bem-nascido que o seu antecessor. A Williams ficou em 2º nos quilómetros acumulados, apesar de o carro ter estado entre os mais lentos no geral. Mas nada que se compare com a Alpine e a McLaren que acumularam as proezas de estar no fundo das voltas e tempos.

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Resultado: 1. Pérez (133) \ 2. Hamilton (65) \ 3. Bottas (131) \ 4. Leclerc (67) \ 5. Sainz (76) \ 6. Tsunoda (79) \ 7. Magnussen (95) \ 8. Russell (83) \ 9. Alonso (80) \ 10. Drugovich (77) [número de voltas entre parênteses]

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Progresso Total

#EquipaVoltasTempo
1Red Bull4391m30s305
2Mercedes3931m30s664
3Alfa Romeo3671m30s827
4Ferrari3581m31s024
5AlphaTauri3471m31s261
6Haas3081m31s381
7Aston Martin2961m31s450
8McLaren2641m32s160
9Williams1751m32s549
10Alpine1601m32s762
Bahrain \ 23-25 Fevereiro 2023




Lançamentos 2023 – Alfa Romeo C43

7 02 2023

Equipa em momento de transição profunda, a Alfa Romeo inicia a sua última temporada de F1 em aliança com a Sauber numa altura em que a Audi já é dona de uma parcela da estrutura. As cores permanecem vermelhas, mas o secundário branco foi trocado por preto neste projeto final dos italianos em aliança com a equipa suíça.

O novo monolugar tem várias modificações bastante aparentes face ao seu antecessor, o que será do agrado de Valtteri Bottas e Guanyu Zhou no seu segundo ano de cooperação, uma vez que em 2022 a equipa começou em grande o ano mas perdeu gás à medida que este avançou. Notório no carro apresentado era também a ausência da Orlen por entrada da Stake como patrocinadora.

Será curioso ver como a liderança de Andreas Seidl se fará sentir, neste primeiro ano da preparação da estrutura de Hinwill para passar de equipa cliente a equipa de fábrica em 2026.

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Fonte:
F1 \ Apresentação Alfa Romeo





Mercedes de regresso às vitórias, primeira para Russell – GP São Paulo 2022

14 11 2022

Continuando a fazer uso do nome do Estado brasileiro em que localiza em vez do país, por motivos relacionados com a origem dos fundos que financiam a realização da prova, o GP de São Paulo regressou ao seu lugar usual da penúltima prova do calendário em 2022 (e mais uma vez, para horror da logística das equipas, em sequência com o Abu Dhabi).

Fazendo uso de um circuito de Interlagos que parece mais seguro no calendário do que alguma vez foi, o GP contará com o último sprint do ano, o que servirá como a melhor comparação da efetividade dos sprint (uma vez que também já o recebera em 2021).

Tendo começado a receber corridas oficiais de F1 a partir dos anos 70, Interlagos acabaria por ter um breve período sem F1 nos anos 80, quando a pista de Jacarepaguá aproveitou o descontentamento com a ausência de obras de melhoramento de São Paulo para roubar brevemente a prova. Quando as obras finalmente foram feitas (com direito a um encurtamento de pista considerável e uma mudança de nome do Autódromo para homenagear o falecido José Carlos Pace) a categoria regressou para não voltar a sair (com exceção de 2020).

Pequenas melhorias foram realizadas daí para a frente, com destaque para as de 2014, que procuraram melhorar a segurança da entrada nas boxes. Curvas icónicas como o S do Senna, Descida do Lago, Junção e outras, tornam o circuito um dos favoritos para todo o paddock.

Enquanto a Aston Martin anunciava Stoffel Vandoorne como piloto de testes ao lado de Felipe Drugovich, a Mercedes precisou de remover os logos da empresa crypto FTX dos seus carros, uma vez que a empresa declarou falência. Logan Sargeant voltou a pilotar o Williams nos treinos livres.

Ronda 21 – Grande Prémio de São Paulo 2022

Com tempo incerto e o bom ambiente caraterístico de Interlagos, todas as sessões competitivas do Grande Prémio de São Paulo conseguiram ser plenas a nível de entretenimento.

Um temporal que ia e vinha trouxe uma sessão de qualificação de sexta-feira com constantes trocas entre pneus macios e intermédios, sendo que se tornava essencial saber estar nos compostos certos no momento certo. O especialista da sessão foi mesmo Kevin Magnussen, que liderou o pelotão que saiu para o Q3 e apanhou as melhores condições de pista, o que lhe valeu a obtenção da pole position (a primeira sua e da Haas).

Para além de a chuva se ter abatido em força logo de seguida, Magnussen beneficiou de um despiste de George Russell que levou a uma bandeira vermelha (o que não o impediu de segurar 3º).

Com a pista seca de sábado foi inevitável ver Magnussen a perder posições, mas o dinamarquês fez um trabalho competente o suficiente para conseguir segurar um valioso ponto para a Haas. Max Verstappen não demorou muito a assumir a liderança, mas a sua escolha de pneus médios trouxe-lhe uma grande proximidade de Russell (em macios, tal como quase todos os pilotos). Uma luta intensa durou algumas voltas e Russell saiu por cima, para triunfar pela primeira vez na F1 (mesmo que “apenas” num sprint).

Já Verstappen acabou a perder posições para Carlos Sainz (momento em que perdeu um pedaço da asa dianteira) e Lewis Hamilton. Com a penalização de 5 lugares a Sainz por troca de motor, a Mercedes iria partir com a primeira linha garantida no domingo.

Mais atrás os Alpine tiveram duas colisões, que terminaram com Fernando Alonso a ter que parar para reparações (e a dizer no rádio exatamente o que pensou do assunto) e Esteban Ocon a cair na classificação devido aos estragos na sua lateral. Na Aston Martin também houve faíscas: Lance Stroll foi para além dos limites do aceitável a defender posição e meteu Sebastian Vettel na relva. O lacónico “OK” de Vettel na rádio, seguido de uma ultrapassagem fácil e de uma penalização de 10 segundos dos comissários a Stroll (quando estes geralmente nem se costumam meter entre companheiros de equipa) foram a demonstração do ridículo que foi a manobra.

Para a corrida, o ponto fulcral era entender se os Mercedes possuíam ritmo de corrida suficiente para conseguir vencer. A resposta foi clara e surpreendente: sim. Russell partiu bem e soube gerir a distância para Pérez logo atrás durante a maior parte da prova. Isto porque o colega de equipa Hamilton se acidentou com Verstappen no primeiro recomeço após Safety Car (quando Magnussen e Ricciardo bateram), no qual o último recebeu uma penalização de 5 segundos (tendo já sido quem mais perdeu com a manobra).

Também Norris, doente, teve um incidente nesse recomeço, com Leclerc. Enquanto que o piloto da McLaren recebeu uma penalização de 5 segundos, Leclerc conseguiu voltar à pista e fazer uma prova de recuperação.

Com a degradação de pneus em alta, os pilotos tiveram que parar, na maioria dos casos, por 3 vezes diferentes. Os pneus médios pareciam pouco eficazes, enquanto que os pneus macios mostraram uma durabilidade espantosa. Isto permitiu uma variedade de estratégias entre os 4 primeiros (os dois Mercedes, Pérez e Sainz).

No final, um SC para a paragem de Norris em pista ajudou bastante Sainz, que tivera que parar a primeira vez cedo devido a uma tira do capacete presa na entrada de ar de um travão, enquanto que deixou Pérez em apuros. De pneus médios, o mexicano foi sendo passado por uma variedade de pilotos. O último foi o colega Verstappen, sendo que a Red Bull prometeu a Pérez que este o deixaria passar de volta caso Verstappen não conseguisse passar Alonso. O holandês não conseguiu e não devolveu posição. Quando questionado pela equipa Verstappen inclusivamente respondeu grosso, dizendo que já dissera a sua opinião sobre o assunto antes e perguntando se fora entendido.

Isto apanhou o paddock de surpresa, dado que Pérez passou os últimos dois anos a beneficiar as provas de Verstappen em detrimento das próprias com bastante afinco, a ponto de ter cedido a vitória em Espanha este ano, deixando até mesmo os fãs de Verstappen a considerarem a atitude muito ingrata. Também Pérez, que fez questão de agradecer sarcasticamente por rádio a “cortesia” (Christian Horner e o seu engenheiro de pista pediram desculpas) e dizer que era assim que Verstappen mostrava quem verdadeiramente era.

Com ambos os campeonatos dominados, a Red Bull já disse várias vezes que o seu foco era garantir o vice-campeonato a Pérez. Com estas decisões, Leclerc é novamente o segundo e o ambiente harmonioso da Red Bull tornou-se instantaneamente de cortar à faca, ficando no ar a ideia de que algum tipo de power play interno se estará a passar…

Não que a Ferrari esteja muito mais harmoniosa. Depois de já ter visto alguma confusão táctica na qualificação com os seus pneus, Leclerc insistiu com a equipa para Sainz lhe ceder o último lugar do pódio, mas a equipa nem pediu ao espanhol para o fazer, frustrando Leclerc.

Lá na frente, os dois Mercedes deram o máximo pela honra de ser quem quebraria o jejum de vitórias da marca e foi Russell quem aguentou os ataques para vencer pela primeira vez na F1, de forma muito competente.

Alonso foi o melhor dos pilotos fora das 3 melhores equipas, fazendo uma recuperação de 12 posições, enquanto Vettel foi algo tramado pela estratégia, mas ainda ajudou o colega Stroll a garantir o último ponto. Ocon também ajudou a Alpine a quase garantir o 4º lugar nos construtores, e Bottas fez uma notável prova de ataque para amealhar mais alguns pontos para a Alfa Romeo.

Já Tsunoda viu-se na posição de ser esquecido pelos comissários no momento dos carros com voltas de atraso receberem permissão para passar o SC, gerando uma situação perigosa sem culpa própria do japonês. O colega Gasly pareceu determinado em ver se conseguia receber mais dois pontos de suspensão (excesso de velocidade nas boxes) para ir de férias mais cedo e não ter que se preocupar com suspensões em 2023…

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Qualificação: 1. Magnussen \ 2. Verstappen \ 3. Russell \ 4. Norris \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Russell \ 2. Sainz \ 3. Hamilton \ 4. Verstappen \ 5. Pérez \ 6. Leclerc \ 7. Norris \ 8. Magnussen (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Russell \ 2. Hamilton \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Alonso \ 6. Verstappen \ 7. Pérez \ 8. Ocon \ 9. Bottas \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (429) \ 2. Leclerc (290) \ 3. Pérez (290) \ 4. Russell (265) \ 5. Hamilton (240) —– 1. Red Bull (719) \ 2. Ferrari (524) \ 3. Mercedes (505) \ 4. Alpine (167) \ 5. McLaren (148)

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Corrida anterior: GP México 2022
Corrida seguinte: GP Abu Dhabi 2022

GP São Paulo anterior: 2021

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Fontes:
Autosport PT \ Vandoorne a piloto de testes na Aston Martin
ESPN \ Mercedes termina relação com FTX
Racing Circuits \ Interlagos





Mesmo com procissão, houve festa mexicana – GP México 2022

31 10 2022

Corrida caseira de Sergio Pérez, o GP do México tem sido uma das mais bem frequentadas provas do ano. O público tem aderido de forma massiva, tornando o Autódromo Hermanos Rodríguez da Cidade do México numa das maiores festas do ano (apesar de nem sempre o nível das corridas corresponder ao espetáculo fora das pistas).

Construído em 1959 e recebendo a primeira corrida de F1 em 1963, o circuito possuía curvas de alta velocidade como a famosa Peraltada e tornou-se popular pelo seu ambiente relaxado. Tão relaxado que ocorreram casos perigosos como da entrada de público e cães em pista na edição de 1970. A progressiva modernização das barreiras resolveu o problema mas a F1 abandonou o local, sendo substituída pela CART.

Houve um breve regresso entre 1986 e 1992 mas as condições do circuito estavam a degradar-se (chegando a haver um boicote dos pilotos de World Superbikes num das rondas) e foi preciso uma nova ronda de remodelações. Isto atraiu corridas de elevado gabarito de volta a terras mexicanas, com a F1 a regressar em 2015.

Apesar de apenas uma semana entre esta prova e a anterior, as notícias abundaram. Primeiro foi a Audi a anunciar que chegou a um (já esperado) acordo com a Sauber para comandar a estrutura suíça a partir de 2026. Depois, foi a FIA anunciar que chegou a acordo com a Red Bull sobre o incumprimento do tecto orçamental, com a equipa a assumir o seu erro, a ter que pagar $7 milhões de multa (havia excedido em $1,8 milhões) e a perder 10% do seu tempo de túnel de vento para 2023. Não fica claro se é um aviso sério o suficiente às outras equipas, mas Christian Horner, mesmo a assumir culpas, pareceu ainda sob a impressão de que os verdadeiros culpados estavam na imprensa que reportou os rumores (confirmados) sobre a situação…

Entre os homens a assumirem funções de primeiro treino livre no México encontra-se Liam Lawson na AlphaTauri, Logan Sargeant na Williams, Nyck de Vries na Mercedes, Jack Doohan na Alpine e Pietro Fittipaldi na Haas.

Ronda 20 – Grande Prémio do México 2022

Com as dúvidas do paddock em relação às penalizações aplicadas à Red Bull ainda em plena ebulição, Ted Kravitz da Sky Sports britânica acabou por ser um protagonista inesperado de um fim-de-semana em que pouco aconteceu.

O jornalista fez alguns comentários um pouco venenosos sobre a situação de Abu Dhabi em 2021 (desde “acidentalmente” chamar a Lewis Hamilton um 8 vezes campeão, passando por usar a palavra “roubo” e até referências a Max Verstappen como “o outro tipo”) e levou a Red Bull a boicotar por completo a emissora durante o fim-de-semana (até mesmo as suas “colegas” alemã e italiana).

Nada que tenha feito abrandar a equipa em pista. Apesar das esperanças da Mercedes em conseguir ter a primeira vitória do ano, Verstappen fez pole position por 3 décimas de segundo e nunca pareceu ameaçado ao longo de toda a corrida, culminando com ter quebrado o recorde de Schumacher e Vettel de maior número de vitórias numa corrida (agora em 14).

A acompanhá-lo no pódio estiveram Hamilton (que tem sido o mais regular dos dois Mercedes desde a pausa de Verão) e o colega Sergio Pérez (o piloto da casa contribuiu assim para o ambiente de festa em terras mexicanas).

A Ferrari sofreu a bom sofrer no Autódromo Hermanos Rodríguez, estando (nas palavras de Charles Leclerc) em terra de ninguém sempre. Demasiado rápidos para o pelotão do meio e demasiado lentos para Red Bull e Mercedes, a equipa italiana teve que se contentar com uns previsíveis 5º e 6º. Melhor do pelotão intermédio foi, surpreendentemente, Daniel Ricciardo. O australiano, de saída, aproveitou um stint final de pneus macios para ultrapassar vários rivais e terminar em 7º.

O resultado conjunto da McLaren (Lando Norris foi 9º) viu a equipa aproximar-se da Alpine na luta pelo 4º lugar no mundial, com Esteban Ocon a minimizar os estragos com um 8º, depois de Fernando Alonso ter ficado furioso de voltar a ter o equipamento a falhar em 2022 quando ia a caminho de um bom resultado.

Valtteri Bottas fez o ponto final, numa prova em que Ricciardo e Pierre Gasly foram penalizados por incidentes com Yuki Tsunoda e Lance Stroll, respetivamente. Gasly precisa de ter mesmo cuidado: está já com 10 dos 12 pontos para uma suspensão de uma corrida…

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Hamilton \ 4. Pérez \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Pérez \ 4. Russell \ 5. Sainz \ 6. Leclerc \ 7. Ricciardo \ 8. Ocon \ 9. Norris \ 10. Bottas (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (416) \ 2. Pérez (280) \ 3. Leclerc (275) \ 4. Russell (231) \ 5. Hamilton (216) —– 1. Red Bull (696) \ 2. Ferrari (487) \ 3. Mercedes (447) \ 4. Alpine (153) \ 5. McLaren (146)

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Corrida anterior: GP EUA 2022
Corrida seguinte: GP São Paulo 2022

GP México anterior: 2021

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Fontes:
F1 \ Audi faz parceria com a Sauber
Planet F1 \ Boicote Red Bull à Sky Sports
Planet F1 \ Multa e redução de túnel de vento para Red Bull





À espera da consagração – GP Holanda 2022

5 09 2022

No meio das dunas e próximo à costa do Mar do Norte encontra-se um dos poucos circuitos com Grau 1 da FIA que tem presença quase garantida no calendário de Fórmula 1, num futuro próximo. A Holanda pode até não ter uma tradição automobilística tão forte quanto a britânica, mas a presença de Max Verstappen na categoria máxima tem levado uma quantidade desproporcionada de fãs a acorrer às provas georgraficamente mais próximas.

O regresso do GP da Holanda em 2021 foi uma inevitabilidade, mas também um grande sucesso. A prova foi vencida pelo herói da casa, a caminho do título mundial, e o entusiasmo visível nas bancadas era evidente. Nada mal para uma prova que não estava no calendário desde 1985…

Zandvoort, cuja reta da meta foi construída durante a Segunda Guerra Mundial e que posteriormente recebeu um conjunto de secções sinuosas, regressou com grandes obras de requalificação. Ainda assim, foram obras que procuraram não desvirtuar as caraterísticas originais. E já não tinham sido as primeiras que o circuito teve que enfrentar para acompanhar o ciclo de modernizações necessárias (com os devidos cuidados, dadas as queixas de residentes locais por barilho excessivo).

A grande atração antes do GP era a reunião da Comissão de Reconhecimento de Contratos (CRB na sua sigla inglesa) sobre a situação de Oscar Piastri. O resultado foi uma decisão unânime a favor da McLaren, que anunciou o australiano para 2023. A Alpine aceitou a decisão, acreditando-se que estará no processo de contratar Pierre Gasly à Red Bull (dependendo de uma potencial contratação de Colton Herta pela AlphaTauri, por sua vez dependendo da FIA sobre o processo de superlicença…).

Mais simples é a situação de Mick Schumacher: está fora da Academia Ferrari, o que o deixa em maus lençóis para a renovação com a Haas.

Ronda 15 – Grande Prémio da Holanda 2022

Num estado de performances brilhantes em permanência, até a suposta facilidade que a Ferrari contaria ter em Zandvoort não parecia retirar do ar a impressão de que Max Verstappen continuaria a ser quase impossível de bater, até por estar perante o seu “exército laranja” nas bancadas holandesas. E a verdade é que foi precisamente isso que sucedeu.

Tendo feito pole position pela margem mínima na frente dos dois Ferrari, Verstappen conseguiu segurar a liderança e controlá-la até à primeira paragem nas boxes. Nesse momento a estratégia alternativa dos Mercedes parecia estar a complicar um pouco as coisas, mas uma passagem rápida por George Russell e um SC Virtual devido a Yuki Tsunoda deixaram o piloto numa ótima posição. Um período de verdadeiro Safety Car ainda o colocou em pneus mais rápidos e apenas com Lewis Hamilton para passar, o que fez com maestria no recomeço. Daí para a frente sobrou apenas a consagração.

Atrás dele chegou o Mercedes de Russell, que, apesar de ter andado uns furos abaixo do colega de equipa, beneficiou de uma decisão impulsiva do piloto para montar pneus macios no final para saltar Hamilton. Tendo passado a prova inteira na luta pelo triunfo, Hamilton ficou furioso com a equipa no momento, apesar de ter posteriormente acalmado. A verdade é que o ritmo inesperadamente veloz dos Flechas de Prata com os compostos duros da Pirelli deram grandes dores de cabeça aos rivais.

Especialmente à Ferrari. Cotada como favorita, a equipa viu Charles Leclerc incapaz de acompanhar o ritmo do rival ao título durante toda a corrida. Restou-lhe o lugar mais baixo do pódio. Já Carlos Sainz teve que engolir uma variedade de más notícias ao longo da corrida: uma paragem nas boxes sem um dos pneus prontos, ultrapassagem sobre um Alpine sob bandeiras amarelas e um unsafe release nas boxes. Entre penalizações e atrasos, o espanhol acabou apenas em 8º e levando comentadores como Nico Rosberg a queixarem-se dos níveis de equipa de F3 dos mecânicos da Scuderia…

Os dois abandonos da prova foram cortesia de Yuki Tsunoda e Valtteri Bottas. Bottas voltou a não ter sorte, sofrendo uma falha mecânica. Já Tsunoda parou em pista por alegadamente ter pneus mal montados. A equipa disse que não, o piloto parou nas boxes para repôr os cintos que entretanto tinha parcialmente retirado (o que lhe vale 10 lugares de penalização para Monza) e acabou a voltar a parar em pista (por ter descoberto que o problema era do diferencial).

McLaren e Alpine continuaram a sua guerra mais ou menos declarada, com os primeiros a apenas terem Lando Norris em jogo contra os dois pilotos da Alpine (Daniel Ricciardo teve mais um fim-de-semana longe de pontos). Fernando Alonso em particular parece estar muito motivado para a luta com a McLaren, sendo que ambos os Alpine fizeram a mesma estratégia que a Mercedes ao montar os pneus duros.

Lance Stroll, mesmo com os timings terríveis dos períodos de SC fez um fim-de-semana notável, conseguindo entrar no Q3 no sábado e mantendo-se dentro do Top 10 no domingo. Alexander Albon também brilhou ao chegar em 12º, perto dos pontos (e tendo ido também ao Q3). Mick Schumacher poderia ter tido um bom fim-de-semana (outro que entrou no Q3) mas acabou por cair demasiadas posições durante a corrida. O outro Haas terminou as suas aspirações logo na primeira volta com uma saída de pista.

De destacar ainda a “guerra” declarada pelos organizadores do Grande Prémio aos flares laranjas dos fãs, tendo colocado avisos para serem entregues à entrada. Não tendo resolvido o problema (alguém chegou a interromper o Q2 ao lançar um para a pista), viu-se uma diminuição drástico dos objetos nas bancadas.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Hamilton \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Leclerc \ 4. Hamilton \ 5. Pérez \ 6. Alonso \ 7. Norris \ 8. Sainz \ 9. Ocon \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (310) \ 2. Leclerc (201) \ 3. Pérez (201) \ 4. Russell (188) \ 5. Sainz (175) —– 1. Red Bull (511) \ 2. Ferrari (376) \ 3. Mercedes (346) \ 4. Alpine (125) \ 5. McLaren (101)

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Corrida anterior: GP Bélgica 2022
Corrida seguinte: GP Itália 2022

GP Holanda anterior: 2021

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Fórmula 2 (Rondas 23-24) \ Drugovich volta às vitórias e o título está a um passo

No final do sábado, muitos se interrogaram sobre o porquê de uma corrida feature tão calma. A primeira das duas corridas da Fórmula 2 na Holanda terminara com um número bem próxima de zero no tocante a ultrapassagens, e pouco mexera face ao grid inverso. A grande exceção foi a ultrapassagem de Marcus Armstrong sobre Clément Novalak (que valeu a vitória ao primeiro). Ainda assim, o facto de os comentadores terem chegado a conversar sobre os pombos na pista diz muito sobre a qualidade.

Um SC no final (despiste de Tatiana Calderón) ainda abriu as portas a um mini sprint de uma volta, no qual Ayumu Iwasa passou Richard Verschoor para 6º.

Já na feature tudo foi diferente. Logan Sargeant complementou esta sua segunda metade de temporada menos conseguida com um despiste na primeira volta que provocou um SC. Nesse SC um toque entre David Beckmann e Roy Nissany (que os viu penalizados e Nissany suspenso) levou a instaurar a bandeira vermelha.

A luta pela vitória ficou entre o pole e líder do campeonato, Felipe Drugovich, contra Richard Verschoor e Jack Doohan. Interessados em livrarem-se cedo dos pneus macios, todos foram parando volta após volta. Verschoor ainda passou brevemente Doohan nas boxes, mas o Virtuosi fez uma ótima ultrapassagem por fora na terceira curva.

Um SC devido a um pneu mal posto no carro de Marino Sato viu caos no seu recomeço. O líder Liam Lawson recomeçou só na reta, e vários pilotos calcularam mal os seus recomeços. Verschoor danificou o nariz numa manobra que viu Doohan abandonar, enquanto que Novalak e Calderón também terminaram as suas corridas mais cedo. Um novo SC viu a prova terminar por tempo e não por voltas.

A confusão foi suficiente que até Amaury Cordeel fez os seus primeiros pontos do ano pela Van Amersfoort. Já Théo Pourchaire foi ao muro em qualificação, o que o comprometeu para o resto do fim-de-semana, deixando Drugovich (vencedor final) com um caminho relativamente fácil para ser campeão daqui a uma semana.

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Qualificação: 1. Drugovich \ 2. Doohan \ 3. Sargeant \ … \ 8. Vips \ 9. Armstrong \ 10. Novalak

Resultado (Sprint): 1. Armstrong \ 2. Novalak \ 3. Hauger \ 4. Lawson \ 5. Vips \ 6. Iwasa \ 7. Verschoor \ 8. Sargeant (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Drugovich \ 2. Verschoor \ 3. Iwasa \ 4. Hauger \ 5. Fittipaldi \ 6. Cordeel \ 7. Vips \ 8. Caldwell \ 9. Pourchaire \ 10. Daruvala (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (233) \ 2. Pourchaire (164) \ 3. Sargeant (130) \ 4. Doohan (121) \ 5. Lawson (119) —– 1. MP (269) \ 2. ART (255) \ 3. Carlin (249) \ 4. Hitech (190) \ 5. Prema (180)

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Corrida anterior: Bélgica 2022 \ Rondas 21-22
Corrida seguinte: Itália 2022 \ Rondas 25-26

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Fórmula 3 (Rondas 15-16) \ Martins recupera a dianteira, Maloney ganha gosto às vitórias

Com o campeonato de F3 a aproximar-se da sua reta final, Victor Martins conseguiu a proeza de recuperar a liderança do campeonato com um par de corridas muito bem conseguidas. No sprint não se deixou levar a loucuras para passar Isack Hadjar (num fim-de-semana mais apagado) e no feature foi agressivo na partida para passar o pole Zane Maloney. Apesar de ter terminado a última corrida em 2º, conseguiu colocar-se 5 pontos na frente de Hadjar para o final de época em Monza.

Maloney foi extremamente impressionante ao recompôr-se de ser ultrapassado para fazer uma ótima manobra de recuperação da liderança a meio do feature, sabendo gerir os recomeços de SC. Outro jovem a impressionar foi Sebastián Montoya que se estreou pela Campos, com dois 8º lugares bem conseguidos.

A primeira corrida viu a história feel good de Juan Manuel Correa de regresso a um pódio, onde foi acompanhado pelo vencedor Caio Collet e por Zak O’Sullivan. Tendo sido tramados por uma bandeira vermelha no final da qualificação, Arthur Leclerc e Oliver Bearman podem bem ter sido afastados do título (não conseguiram recuperar até pontos em nenhuma das provas).

Brad Benavides teve um fim-de-semana intenso, abalroado por Rafael Villagoméz no sprint e sendo quem eliminou William Alatalo no feature. Bearman andou bem agressivo nas suas ultrapassagens mas não conseguiu resultados condizentes.

Destaque ainda para Franco Colapinto, 3º no feature, e para Roman Staněk, que tem vindo a acumular Top 5 ao longo do ano em quantidade suficiente para não estar nada longe da disputa do título.

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Qualificação: 1. Maloney \ 2. Martins \ 3. Crawford \ … \ 10. O’Sullivan \ 11. Saucy \ 12. Correa

Resultado (Sprint): 1. Collet \ 2. Correa \ 3. O’Sullivan \ 4. Edgar \ 5. Saucy \ 6. Hadjar \ 7. Martins \ 8. Montoya \ 9. Crawford \ 10. Staněk (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Maloney \ 2. Martins \ 3. Colapinto \ 4. Staněk \ 5. Hadjar \ 6. Crawford \ 7. Collet \ 8. Montoya \ 9. Edgar \ 10. Smolyar (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Martins (126) \ 2. Hadjar (121) \ 3. Staněk (109) \ 4. Bearman (106) \ 5. Maloney (102) —– 1. Prema (297) \ 2. Trident (250) \ 3. ART (190) \ 4. MP (185) \ 5. Hitech (148)

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Corrida anterior: Bélgica 2022 \ Rondas 13-14
Corrida seguinte: Itália 2022 \ Rondas 17-18

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Fontes:
F1 \ Piastri na McLaren
Motorsport \ Academia Ferrari retira Mick Schumacher





Sexta vitória seguida para Red Bull – GP Canadá 2022

19 06 2022

A esmagadora maioria das edições do Grande Prémio do Canadá já tinham sido realizadas sempre no Circuito da Íle Notre-Dame em Montreal, ocasionalmente com pausas de um ano (1975, 1987 e 2009, todas as vezes por problemas de patrocinadores da prova). Mas nunca tinha havido uma pausa tão longa desde o primeiro GP em 1967 como estes dois anos de ausência, devido a questões relacionadas com a pandemia.

Com vários anos como única corrida no calendário na América do Norte e Centro, o Canadá tem agora um contexto bem diferente em que existem duas corridas nos EUA (três em 2023) e uma no México, o que retira ao país alguma da sua anterior importância. Nada disto retira do circuito a apreciação dos pilotos e fãs, como uma das clássicas etapas da categoria.

Nomeado em homenagem a Gilles Villeneuve, o circuito é semi-permanente e caraterizado por várias retas longas, com algumas sequências técnicas de média velocidade pelo meio (foi justamente numa delas que Sebastian Vettel, após liderar todas as voltas da corrida, perdeu o controlo e a vitória em 2011 na última volta). Foi também o palco da primeira vitória de F1 de Lewis Hamilton (recordista de vitórias do circuito, com 7, juntamente com Michael Schumacher).

Depois do anúncio da renovação da Austrália até 2035 (com direito a F2 e F3, pela primeira vez), o GP trouxe um comunicado da FIA a tomar medidas sobre a amplitude dos saltitões do porpoising depois da controvérsia de Baku. O resultado pareceu nem satisfazer a queixosa Mercedes nem a céptica Red Bull, dando azo a recriminações de parte a parte.

Baku e as suas desventuras trouxe outra novidade: Charles Leclerc teve que trocar peças várias do seu motor, obrigando-o a partir de último.

Ronda 9 – Grande Prémio do Canadá 2022

Com a decisão da FIA sobre diretivas de porpoising, e as discussões animadas entre os chefes de equipas perante as câmaras da Netflix, sempre presentes neste fim-de-semana, a Fórmula 1 regressou ao Canadá com grandes possibilidades de não ver os habituais vencedores Hamilton e Vettel a saírem por cima.

Sob uma chuva insistente na sexta-feira e no sábado, a pista prometia algumas surpresas e desaires. A qualificação mostrou uma necessidade constante de permanecer em pista sob pena de perder uma oportunidade nas condições ideais. As vítimas do Q1 foram os AlphaTauri, Aston Martin e Nicholas Latifi, mas um despiste de Sergio Pérez no Q2 deixou as condições bem mais secas para pneus intermédios.

Nas condições quase secas do Q3, foi Max Verstappen quem saiu por cima mas o público só tinha olhos para Fernando Alonso. O espanhol tinha ritmo de piso molhado promissor e conseguiu imiscuir-se na primeira linha da grelha pela primeira vez desde 2012, recebendo ovações com o seu nome da parte do público. Carlos Sainz ficou logo atrás, incapaz de os acompanhar. Houve também espaço para um brilharete da Haas, que pôs os dois carros na 3ª fila da grelha, e para uma aposta (falhada) arriscada de George Russell em colocar os pneus de seco.

Para a corrida, os céus estavam bem azuis e sem nuvens à vista.

As “ameaças” de uma manobra arriscada de Alonso na partida não se concretizaram e o piloto da Alpine acabou por ser um bloqueio útil para Verstappen, ainda que Sainz o tenha despachado. Com Pérez a perder caixa de velocidades ao fim de 10 voltas, o Safety Car Virtual foi aproveitado por Verstappen e Lewis Hamilton para uma paragem nas boxes, que deixou os dois rivais pela vitória em estratégias diferentes. Entretanto, Kevin Magnussen ficou com os “bigodes” com estragos e foi forçado pelos comissários a parar, terminando as suas aspirações na prova.

Isto teria dado algumas complicações à prova, não fosse o dia terrível da Haas continuar. O motor de Mick Schumacher avariou e o alemão parou no mesmo local com outro VSC a ser provocado. Neste, foi a vez de Sainz e vários outros pilotos pararem. Assim, ele deveria conseguir ir até ao fim, ao passo que a Red Bull não conseguiria fazer o mesmo.

Enquanto que Charles Leclerc ficou preso atrás de Esteban Ocon na sua recuperação desde o último lugar, Lance Stroll começou a fazer o mesmo a um comboio de 5 carros, e Alonso via todos os seus esforços esfumarem-se devido à Alpine não o ter parado em nenhum dos outros VSC.

Um verdadeiro SC, devido a um acidente trapalhão de Yuki Tsunoda a sair das boxes, acabou por deixar Sainz e Verstappen de novo na mesma estratégia (com o segundo na frente e ambos em pneus duros) para uma luta mano-a-mano de 15 voltas até ao fim. A Alpine parou ambos os seus pilotos para um ataque final em pneus médios contra a Mercedes, e Valtteri Bottas e Stroll fizeram a sua única paragem da corrida, que lhes valeria preciosos pontos no final.

Num jogo de gato e rato, em que Verstappen era mais rápido no Setor 1 e Sainz no Setor 3, ambos passaram o tempo todo a menos de 1 segundo de distância. Como Verstappen não fez erros de renome, Sainz voltou a ter que acumular um 2º lugar frustratante (que mesmo assim foi a sua performance mais impressionante deste ano). É a 6ª vitória seguida da Red Bull… Hamilton ascendeu ao pódio com eles, num GP bem mais feliz para a Mercedes.

Alonso acabaria em 9º devido a uma penalização por se ter mexido em demasia na defesa de posição contra Bottas, Leclerc minimizou estragos com um 5º, e Guanyu Zhou (que esteve sempre em grande forma neste fim-de-semana) voltou a pontuar pela primeira vez desde o Bahrain.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Alonso \ 3. Sainz \ 4. Hamilton \ 5. Magnussen (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Sainz \ 3. Hamilton \ 4. Russell \ 5. Leclerc \ 6. Ocon \ 7. Bottas \ 8. Zhou \ 9. Alonso \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (175) \ 2. Pérez (129) \ 3. Leclerc (126) \ 4. Russell (111) \ 5. Sainz (102) —– 1. Red Bull (304) \ 2. Ferrari (228) \ 3. Mercedes (188) \ 4. McLaren (65) \ 5. Alpine (57)

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Corrida anterior: GP Azerbaijão 2022
Corrida seguinte: GP Reino Unido 2022

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Fontes:
BBC \ Toto Wolff e as medidas anti-porpoising
F1 \ Penalização Leclerc
Notícias ao Minuto \ GP Austrália até 2035





Estratégia Ferrari deixa vitória no colo de Pérez – GP Mónaco 2022

29 05 2022

A jóia da coroa da Fórmula 1, o mais glamoroso evento do ano e um teste de pilotagem como poucos outros no calendário. E com um risco não insignificante de ter sido a última corrida no Principado em ano de fim de contrato com a FOM.

As recentes adições ao calendário para locais mais dispostos a abrir os cordões à bolsa (enquanto que o Mónaco famosamente não paga um tostão…), a recusa em não ceder a direção da transmissão televisiva oficial (com o infelizmente famoso corte da luta em pista Vettel-Gasly para mostrar um replay de Stroll…), os monolugares mais volumosos e velozes que tornam o circuito mais e mais obsoleto… Não faltam motivos para uma saída.

Mas a presença na primeira temporada de sempre de F1 (a par de Silverstone), a mais entusiasmante sessão de qualificação de todo o ano, a alegria de quem chega ao final do fim-de-semana como vencedor final,… Também são argumentos que podem ainda salvar a prova monegasca. A ver.

Palco de provas de automobilismo desde 1929, o Mónaco continua com um traçado quase igual ao original, sendo uma das razões pelas quais a classificação Grade 1 da FIA faz sempre suspeitar de falta de exigência da FIA. A subida da colina, os prédios mesmo ao lado, o casino sempre filmado, o túnel e curvas como a Tabac tornam a pista única pelos padrões do calendário de F1.

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Ronda 7 – Grande Prémio do Mónaco 2022

A semana entre Barcelona e Monte-Carlo foi muito pródiga em soundbytes por parte da McLaren no que tocou ao assunto do contrato de Daniel Ricciardo, com algumas críticas mais contundentes por parte de Zak Brown a parecerem mostrar o fim da paciência da equipa com o seu piloto (especialmente depois de Lando Norris com amigdalite o ter batido). Se a ideia era motivá-lo a reagir, não resultou no segundo treino livre (acidente) nem na qualificação: Ricciardo ficou a 6 décimas de segundo do colega Norris, que foi o melhor dos “restantes” em 5º.

À frente dos britânicos ficaram Ferrari e Red Bull, por esta exata ordem. Charles Leclerc, apesar de toda a conversa sobre o seu azar na corrida caseira, pareceu sempre ter tudo sob controlo. A pole position obtida nem sequer foi na sua volta mais rápida. Leclerc ia a meio dessa quando Sergio Pérez (que passou todas as sessões na frente do colega Red Bull) perdeu o controlo antes do túnel e foi colhido por Carlos Sainz. A bandeira vermelha que se seguiu neutralizou tudo.

Vendo a Mercedes voltar a ter problemas com porpoising, a Alpine andou mais perto que nunca dos alemães, apesar de Esteban Ocon ter demorado a encontrar-se e de Fernando Alonso ter encontrado o muro sozinho. A Alfa Romeo não conseguiu confirmar o seu ritmo potencial, Pierre Gasly viu-se bem tramado por uma bandeira vermelha provocada pelo outro AlphaTauri e a Aston Martin foi uma história de dois extremos, com Sebastian Vettel a chegar ao Q3 e Lance Stroll a berrar no rádio contra a sua eliminação no Q1.

No domingo de corrida, caiu a chuva torrencial prometida.

Sem possibilidade de partir durante uma hora, os pilotos tiveram que esperar até à realização de um partida lançada para uma prova em que se sabia de antemão que o tempo terminaria antes das voltas todas serem completadas. Tempo mais do que suficiente para um tradicional falhanço estratégico da Ferrari.

À medida que vários pilotos foram passando para pneus intermédios com algum sucesso, os carros da frente procuraram segurar os seus de chuva intensa até poderem fazer uma transição para os de pista seca. Só que Pérez precipitou os rivais ao fazer um undercut para intermédios. Verstappen e Leclerc procuraram cobri-lo mas já estavam passados pelo mexicano. Quando parecia que Sainz poderia ter ficado pior desta situação, a Ferrari parou-o para pneus duros.

E chamou também Leclerc para o mesmo. E quando o monegasco estava já no pitlane, disseram-lhe para ficar fora. Uma chuva de palavrões de Leclerc e um furioso “o que é que estão a fazer?” seguiu-se mas o estrago estava feito: de líder incontestado, Leclerc passou a estar apenas em 4º no seu GP caseiro. E nem a aposta de Sainz resultou completamente, com Pérez a segurar a liderança.

Uma bandeira vermelha para um acidente de Mick Schumacher ainda pausou a corrida mas, mesmo com apostas diferentes de pneus (Ferrari com pneus duros, Red Bull com pneus médios), a ordem manteve-se tal como estava. O felicíssimo Pérez triunfou no Mónaco seguido de Sainz e Verstappen (que teve sorte em escapar-se a uma pisadela na linha de saída das boxes). Caso a Red Bull não tivesse invertido posições em Espanha, Pérez até estaria empatado com o colega de equipa na liderança do campeonato.

Russell chegou em 5º, depois de ter passado a prova em duelo indireto com Norris, enquanto que o outro Mercedes teve uma prova atribulada com os Alpine. Primeiro foi um acidente ligeiro com Ocon (em que o francês foi penalizado em 5 segundos) e depois ao ser atrasado por Alonso. Bottas voltou a pontuar para a Alfa Romeo (que segurou, por enquanto, o avanço da Alpine no campeonato) e Vettel conseguiu um precioso ponto para a Aston Martin.

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Sainz \ 3. Pérez \ 4. Verstappen \ 5. Norris (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Pérez \ 2. Sainz \ 3. Verstappen \ 4. Leclerc \ 5. Russell \ 6. Norris \ 7. Alonso \ 8. Hamilton \ 9. Bottas \ 10. Vettel (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (125) \ 2. Leclerc (116) \ 3. Pérez (110) \ 4. Russell (84) \ 5. Sainz (83) —– 1. Red Bull (235) \ 2. Ferrari (199) \ 3. Mercedes (134) \ 4. McLaren (59) \ 5. Alfa Romeo (41)

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Fórmula 2 (Rondas 9-10) \ Drugovich nos dois extremos

Se normalmente a Fórmula 2 se assume como a prima animada da Fórmula 1, a verdade é que a categoria de promoção deixou muito a desejar em Monte-Carlo neste fim-de-semana. As provas foram quase sem ação, com a verdadeira emoção a realizar-se na qualificação. Liam Lawson fez pole mas viu-se penalizado por ignorar uma bandeira amarela, o que promoveu Felipe Drugovich à primeira posição.

O brasileiro teve um dia para esquecer no sprint, caíndo para último e acabando a experimentar uma paragem para pneus de chuva que lhe deu grandes dores de cabeça. Isto porque, como a direção de prova não decretou piso molhado, o MP apercebeu-se que não o podia retirar dos pneus, para além de penalizações vários por excesso de velocidade nas boxes duas vezes (Drugovich alegou ter um limitador avariado).

Já no dia de feature, o brasileiro mostrou porque lidera o campeonato, fazendo uma prova sem erros de pole em que precisou de estar permanentemente a segurar a pressão do vencedor do ano anterior, Théo Pourchaire. O único erro, na verdade, veio dos mecânicos na paragem, mas felizmente para ele, a ART também errou.

Ralph Boschung ainda se tinha tentado qualificar mas os problemas de pescoço que o afastaram de Barcelona também acabaram a metê-lo fora de combate nestas duas provas. Todas estas alterações deixaram Jake Hughes na pole sprint mas o britânico acabou por, tal como Calan Williams há uma semana, deixar o carro morrer na partida. Todos conseguiram evitar o van Amersfoort e Dennis Hauger acabou a liderar uma dobradinha Prema para triunfar pela primeira vez na F2.

Ayumu Iwasa conseguiu enfiar dois rivais no muro nas duas corridas e sofrerá penalizações para Baku (Clément Novalak no sprint e Calan Williams no feature).

Destaque ainda para os dois ótimos resultados de Enzo Fittipaldi no Charouz e para a maneira como Jack Doohan tem conseguido ganhar finalmente algum balanço na sua temporada de 2022.

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Qualificação: 1. Drugovich \ 2. Pourchaire \ 3. Doohan \ … \ 8. Daruvala \ 9. Hauger \ 10. Hughes

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Daruvala \ 3. Armstrong \ 4. Fittipaldi \ 5. Vips \ 6. Pourchaire \ 7. Doohan \ 8. Lawson (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Drugovich \ 2. Pourchaire \ 3. Vips \ 4. Doohan \ 5. Fittipaldi \ 6. Armstrong \ 7. Hauger \ 8. Daruvala \ 9. Sargeant \ 10. Sato (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (113) \ 2. Pourchaire (81) \ 3. Daruvala (53) \ 4. Armstrong (50) \ 5. Vips (49) —– 1. MP (135) \ 2. ART (106) \ 3. Hitech (99) \ 4. Prema (83) \ 5. Carlin (76)

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Fonte:
Planet F1 \ Cláusulas do contrato de Ricciardo





Desastre para a Ferrari faz fugir liderança do campenato – GP Espanha 2022

22 05 2022

Palco do primeiro teste dos novos carros de Fórmula 1 em Fevereiro, o circuito de Barcelona recebeu neste fim-de-semana pela segunda vez em 2022 as equipas da principal categoria do automobilismo. Quando a F1 saiu de Espanha em Fevereiro com Lando Norris a suspirar que preferia não ter feito o tempo mais rápido do primeiro dia, poucos na própria McLaren teriam previsto a falta de rendimento do carro dos britânicos. Poucos também confiavam que a Ferrari tinha acertado o passo, mas foi na luta pelo título que a Ferrari regresso à Catalunha.

Alterada mais recentemente no ano passado, com uma mudança de perfil da curva La Caixa para algo mais próximo do projeto original de 1991, a pista tem sido uma referência credível para a ordem de performance das equipas ao longo dos anos. Tradicionalmente, quem tem um bom carro em Montmeló, tem um bom carro para o ano inteiro. A última chicane, introduzida em 2007, infelizmente continua também a marcar presença.

A F1 e o MotoGP têm utilizado a pista sem interrupção desde os anos 90, beneficiando enormemente da competitividade dos espanhóis nessas categorias. Se Marc Márquez e Jorge Lorenzo fazem o seu papel no MotoGP, na F1 foi a Alonso-mania dos 2000’s e 2010’s que sustentou a presença do GP de Espanha. Agora que Carlos Sainz também está na mó de cima com a Ferrari, esperava-se um público caseiro em êxtase.

Sebastian Vettel fez uso do seu tempo entre corridas para participar no talk show britânico Question Time, deixando opiniões bem-informadas sobre alterações climáticas e avisos sérios sobre o seu futuro na F1. A sua equipa preparou para Espanha um pacote aerodinâmico completamente novo, com forte inspiração Red Bull.

A Williams apresentou-se em Barcelona com cabelos ruivos, em referência auma aposta de Alexander Albon sobre ter pontuado. O tailandês foi substituído aos comandos do Williams no primeiro treino livre pelo campeão de FE Nyck de Vries, uma de várias substituições para dar espaço às duas participações obrigatórias de jovens em treinos este ano (Robert Kubica também alinhou pela Alfa Romeo e Jüri Vips pela Red Bull).

Por último, a F1 anunciou que optou por não substituir com nenhuma outra prova o GP da Rússia, permitindo um fim-de-semana de pausa aos elementos das equipas.

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Ronda 6 – Grande Prémio de Espanha 2022

Com todas as equipas menos a Haas a apresentarem atualizações aos seus monolugares em Espanha, a expectativa era grande para ver se haveriam alterações na ordem geral das equipas. A mais notória de todas foi a da Mercedes que, mesmo não tendo ainda ritmo para responder de igual para igual com Red Bull e Ferrari, se assumiu como uma adversária bem mais presente nas disputas da frente.

O “Red Bull verde” da Aston Martin ainda deu que falar na sexta-feira (com os austríacos a chegarem a beber Red Bull lima para gozar com a situação) mas assim que se viu que a equipa foi eliminada no Q1 as preocupações dissiparam-se. A acompanhar a Aston nesta eliminação ficou a Williams, que viu as deficiências do seu projeto muito expostas pelo circuito de Barcelona, e Fernando Alonso. O espanhol só uma vez antes falhara a presença no Q3 no circuito caseiro…

Só que o mau ritmo da Alpine em qualificação (Esteban Ocon também se ficou pelo Q2) foi passageiro: em corrida os franceses tinham muita velocidade, que viu a chegada a pulso de ambos até aos lugares pontuáveis.

No topo a Ferrari conseguiu roubar a pole position debaixo do nariz de Max Verstappen, depois do campeão do mundo em título sofrer com um DRS que se recusou a abrir. Charles Leclerc aproveitou para receber o pequeno pneu-troféu do pai do seu colega de equipa, Carlos Sainz. George Russell aproveitou ainda para se meter na frente de Sergio Pérez, ambos os Haas chegaram ao Q3 (Magnussen teve o mesmo problema que Verstappen com o DRS) e Lando Norris viu a sua melhor volta eliminada por limites de pista (uma decisão criticada por haver gravilha no exterior).

A partida viu a situação nas posições dianteiras manter-se estável até que na Curva 4, um de cada vez, Verstappen e Sainz saíram de pista sozinhos, conseguindo ainda assim regressar com muito tempo perdido. Verstappen recuperou até à traseira do Mercedes de Russell, mas o problema de DRS regressou e manteve o holandês preso atrás do britânico, que fez uso da velocidade de reta e de alguma agressividade para se defender.

Vendo Leclerc a fugir cada vez mais na liderança, a Red Bull dividiu as suas estratégias: Verstappen parou para pneus macios e um stint sempre a puxar, e Pérez preparou-se para fazer os seus pneus durar. Mas nem era necessário. Leclerc abruptamente abrandou em pista e abandonou com problemas de motor, simplificando a tarefa da rival.

De pneus mais frescos, Verstappen despachou Russell quando o voltou a apanhar e acabou por beneficiar de ordens de equipa para triunfar (controversas por ainda se estar no início de temporada). Russell completou o pódio, apesar de preocupações sempre presentes de sobreaquecimento do seu Mercedes.

O colega de equipa Lewis Hamilton podia ter terminado logo atrás, mas a corrida dele foi cheia de peripécias. Contacto com Kevin Magnussen na primeira volta fez ambos cair para o fundo da grelha, de onde o britânico chegou a ponderar abandonar. Só que a estratégia da Mercedes funcionou e Hamilton puxou pelo W13 para recuperar posições até ao 4º lugar, que acabou por perder para Sainz no final devido a preocupações com a refrigeração do carro.

Valtteri Bottas fez o que sabe melhor fazer em 2022: arrastar o Alfa Romeo até lugares cimeiros contra concorrência mais bem preparada. O finlandês apenas perdeu duas posições por má decisão estratégica para Sainz e Hamilton, depois de ter segurado ambos durante algumas voltas. Lando Norris correu com uma amigdalite mas garantiu pontos à McLaren e humilhando novamente o colega de equipa.

A AlphaTauri terminou os lugares pontuáveis com um 10º lugar de Yuki Tsunoda, com a Aston Martin a bater à porta com o 11º lugar de Sebastian Vettel e com a Haas a ter um dia terrível de corrida depois do bom desempenho de sábado.

O campeonato é, pela primeira vez este ano, liderado por Verstappen e pela Red Bull, numa altura em que se esperaria que a equipa ainda estivesse bastante atrás da Ferrari.

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Verstappen \ 3. Sainz \ 4. Russell \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Russell \ 4. Sainz \ 5. Hamilton \ 6. Bottas \ 7. Ocon \ 8. Norris \ 9. Alonso \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (110) \ 2. Leclerc (104) \ 3. Pérez (85) \ 4. Russell (74) \ 5. Sainz (65) —– 1. Red Bull (195) \ 2. Ferrari (169) \ 3. Mercedes (120) \ 4. McLaren (50) \ 5. Alfa Romeo (39)

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GP Espanha anterior: 2021
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Fórmula 2 (Rondas 7-8) \ Dupla vitória para Drugovich

Se a sexta-feira de qualificação tinha visto Jüri Vips no seu melhor, o sábado de sprint viu-o a questionar-se a si mesmo por rádio sobre a sua agressividade, quando provocou um SC após um pião. A corrida já começara algo atribulado, devido ao pole inverso (Calan Williams) nem ter conseguido arrancar para a volta de formação. Jake Hughes herdou a pole mas viu-se passado por tudo e todos antes da primeira curva, com Felipe Drugovich a recuperar a liderança que perdera por ter sido penalizado após a qualificação (bloqueou um adversário).

Daí para a frente o brasileiro esteve imperial, e contou com Ayumu Iwasa para servir de tampão a um Logan Sargeant que parecia bem mais rápido.

Foi um fim-de-semana de sonho para o brasileiro mesmo, com uma partida de 10º lugar a não ser impedimento suficiente para que Drugovich não vencesse novamente. O piloto da MP esticou imenso o seu stint de pneus macios, o que lhe permitiu passar sem grandes dificuldades o pole Jack Doohan. Doohan apesar disso esteve em muito bom nível nas duas corridas.

A MP completou o seu bom dia com uma estratégia inversa no carro de Clément Novalak, que viu o francês fazer grandes ultrapassagens em pneus macios para terminar no Top 5 bem colado ao Carlin de Logan Sargeant (Enzo Fittipaldi também acabou logo atrás com estratégia semelhante). Houve um SC logo no início da corrida devido a um motor de Jehan Daruvala que “morreu”aleatoriamente.

Destaque ainda para a péssima filmagem aérea da partida do sprint e para a não-participação de Ralph Boschung por dores de pescoço demasiado intensas.

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Qualificação: 1. Doohan \ 2. Vips \ 3. Vesti \ … \ 8. Hughes \ 9. Williams \ 10. Drugovich

Resultado (Sprint): 1. Drugovich \ 2. Iwasa \ 3. Sargeant \ 4. Daruvala \ 5. Pourchaire \ 6. Doohan \ 7. Vesti \ 8. Fittipaldi (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Drugovich \ 2. Doohan \ 3. Vesti \ 4. Sargeant \ 5. Novalak \ 6. Fittipaldi \ 7. Armstrong \ 8. Pourchaire \ 9. Lawson \ 10. Nissany (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (86) \ 2. Pourchaire (60) \ 3. Daruvala (41) \ 4. Lawson (37) \ 5. Armstrong (36) —– 1. MP (108) \ 2. ART (85) \ 3. Carlin (73) \ 4. Hitech (66) \ 5. Prema (55)

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Corrida anterior: Emilia Romagna 2022 \ Rondas 5-6
Corrida seguinte: Mónaco 2022 \ Rondas 9-10

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Fórmula 3 (Rondas 5-6) \ Martins segura a liderança

Em dia de calor abrasivo, os Fómula 3 bem agradeceram ter feito a sua prova de sábado de manhãzinha. Zane Maloney até se tinha qualificado no lugar certo para a pole inversa mas não se foi pesar quando requerido, o que deixou David Vidales no lugar mais alto da grelha. O piloto da casa (em mais do que uma maneira, uma vez que guia pela também espanhola Campos) conseguiu segurar o pelotão na partida e daí para a frente não foi novamente passado, assegurando-lhe a vitória sprint.

Franco Colapinto ficou com a cobertura de motor danificado e esta chegou a voar em reta, tendo que abandonar. Victor Martins também o fez, ainda que por motivos diferentes.

Jak Crawford e Caio Collet completaram o pódio da primeira prova, enquanto que Arthur Leclerc aproveitou o deslize do rival Martins para lhe “roubar” alguns pontos. Lirim Zendeli terminou 20º quando substituía David Schumacher (em ação no DTM) na Charouz.

Para a corrida feature, a pressão estava em Roman Staněk. O checo sabia que precisava de uma boa quantia de pontos para manter vivas as suas esperanças de campeonato e atacou durante a corrida, mas Martins conseguiu colocar o seu ART na frente do Trident e daí em diante, mesmo com dois SC, nunca pareceu estar sob ameaça de Staněk.

Martins aproveitou muito bem um dia não de Leclerc, em que o monegasco inclusive acertou no vencedor do sprint Vidales e recebeu uma penalização. Os dois SC foram provocados por: primeiro, incidente entre Rafael Villagómez e Kush Maini; em segundo, por Brad Benavides a ir ter ao muro.

À saída de Barcelona parece cada vez mais claro que o campeonato de F3 está a preparar-se para uma disputa a 5, dado que o 6º classificado do campeonato (Alexander Smolyar) já está a alguma distância.

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Qualificação: 1. Staněk \ 2. Martins \ 3. Smolyar \ … \ 10. Correa \ 11. Vidales \ 12. Maloney

Resultado (Sprint): 1. Vidales \ 2. Crawford \ 3. Collet \ 4. Leclerc \ 5. Correa \ 6. Smolyar \ 7. Frederick \ 8. Staněk \ 9. Ushijima \ 10. Hadjar (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Martins \ 2. Staněk \ 3. Hadjar \ 4. Smolyar \ 5. Bearman \ 6. Crawford \ 7. Collet \ 8. Colapinto \ 9. Frederick \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Martins (62) \ 2. Staněk (56) \ 3. Crawford (50) \ 4. Hadjar (47) \ 5. Leclerc (43) —– 1. Prema (120) \ 2. ART (98) \ 3. Trident (75) \ 4. Hitech (63) \ 5. MP (56)

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Corrida anterior: Emilia Romagna 2022 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Reino Unido 2022 \ Rondas 7-8

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Fontes:
Evening Standard \ Cabelo vermelho na Williams
GP Blog \ Aston Martin com versão B
iNews \ Vettel no Question Time
Motorsport \ GP Rússia não é substituído
Sky Sports \ Testes para jovens