Mesmo com caos, Verstappen vence – GP Austrália 2023

3 04 2023

Quando há um ano a Fórmula 1 visitou a Austrália Charles Leclerc tornou-se vencedor do Grande Prémio, esticando a sua liderança de campeonato para 38 pontos sobre George Russell e vendo o campeão em título (Max Verstappen) abandonar pela segunda vez em três provas, com a correspondente preocupação com a fiabilidade da Red Bull. O resto de 2022 tratou de eliminar esta impressão, com um segundo título facilitado para Verstappen.

Com uma expectativa de algo de diferente para a prova de 2023, o Albert Park recebeu mais uma vez o circo mundial da F1 para a prova australiano, depois de ter realizado há um ano obras bastante extensivas para aumentar as possibilidades de ultrapassagem. O circuito semi-citadino tem sido a casa australiano da categoria desde 1996, quando substituiu outro circuito de características semelhantes, o de Adelaide.

Em 2023, trouxe uma novidade: contará também com corridas de Fórmula 2 e Fórmula 3, o que proporcionou a Jack Doohan a possibilidade de correr em casa. Quem também correu em casa foi Oscar Piastri na F1, apesar das dúvidas gerais sobre que género de receção receberia, tendo em conta que foi o “responsável” por correr com o popular Daniel Ricciardo da categoria.

Entre provas, chegou a notícia de um enorme reshuffle da estrutura técnica da McLaren, que retirou James Key das funções de diretor técnico.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2023

Não é costume o GP da Austrália providenciar grandes confusões da maneira como o fez em 2023. Os treinos livres, com direito a chuva na sexta-feira à tarde, deram logo o mote. Foram múltiplas as saídas de pista que se observaram e o principal ponto de interesse acabou por chegar no sábado, quando Sergio Pérez saiu largo e ficou preso na gravilha no Q1, condenando-o a partir de último enquanto o colega de equipa, Max Verstappen, fazia pole position pela primeira vez na Austrália.

O início de corrida viu outro piloto terminar na gravilha: Charles Leclerc, num mero incidente de corrida com Lance Stroll, viu o seu mau início de campeonato conhecer o segundo abandono em três provas. O Safety Car entrou em ação e acabaria por ter de regressar algumas voltas depois para o despiste de Alexander Albon (quando o Williams circulava confortavelmente nos lugares pontuáveis), que deixou gravilha em farta no asfalto.

Acabou por se gerar uma bandeira vermelha, que travou as aspirações de George Russel (que tinha saltado para a liderança no arranque, seguido do colega de equipa) e de Carlos Sainz, devido a ambos terem parado durante o SC e terem sido apanhados desprevenidos pela paragem da prova.

Não demorou muito para, após o recomeço, Verstappen passar Lewis Hamilton, ainda que o britânico tenha feito uma prova muito competente, deixando a Mercedes com confiança no seu desempenho nas próximas corridas (mas dúvidas no que toca a fiabilidade, dada a expiração estrondosa do motor no carro de Russell).

Mais atrás lutas interessantes multiplicavam-se, com os McLaren a compensarem a sua menor performance de qualificação com o envolvimento em lutas com Yuki Tsunoda e Esteban Ocon pelos lugares pontuáveis finais, ao mesmo tempo que Carlos Sainz e Pierre Gasly se equiparavam na luta por 5º e Pérez prosseguia com implacabilidade a sua recuperação desde o último lugar.

Foi aí que chegou o incidente de Kevin Magnussen com a barreira, que fez perder um pneu e parar num sítio perigoso a muito poucas voltas do fim. Isto levou os comissários a iniciarem uma bandeira vermelha e a programarem uma nova partida para um sprint de 3 voltas. E foi aí que chegou o caos atrás dos 2 primeiros.

Sainz acertou em Alonso e atirou-o para o fim; Gasly travou tarde e no regresso à pista acabou por colidir com Ocon, acabando com o que estava a ser uma ótima prova de ambos os Alpine; Stroll saiu para a gravilha mais adiante; Logan Sargeant bloqueou os travões e eliminou-se a si e a Nyck de Vries de prova.

Nova bandeira vermelha viu grandes discussões gerarem-se entre as equipas e os comissários, com Alonso a liderar os protestos por querer uma reversão para a ordem antes da partida por ainda não ter sido completados metros suficientes até à interrupção. E assim foi. Todos os carros (menos os Alpine, de Vries e Sargeant) fizeram uma volta final atrás de SC e terminaram. Com a penalização de Sainz (com que o espanhol ficou inconformado), a ordem final ficou definida.

Verstappen venceu num dia em que Pérez limitou os estragos em 5º, Hamilton e Alonso completaram o pódio seguidos de Stroll, enquanto que a McLaren pontuou pela primeira vez no ano e conseguiu ascender a 5º no campeonato por ambos os pilotos terem pontuado. Hülkenberg fez uma sólida prova para chegar em 7º (ainda que a Haas tenha chegado a protestar a decisão de reverter a ordem, porque isso poderia ter-lhe dado 3º), enquanto que Zhou e Tsunoda pontuaram pela primeira vez no ano em 9º e 10º, respetivamente.

—–

Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Hamilton \ 4. Alonso \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Alonso \ 4. Stroll \ 5. Pérez \ 6. Norris \ 7. Hülkenberg \ 8. Piastri \ 9. Zhou \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (69) \ 2. Pérez (54) \ 3. Alonso (45) \ 4. Hamilton (38) \ 5. Sainz (20) —– 1. Red Bull (123) \ 2. Aston Martin (65) \ 3. Mercedes (56) \ 4. Ferrari (26) \ 5. McLaren (12)

—–

Corrida anterior: GP Arábia Saudita 2023
Corrida seguinte: GP Azerbaijão 2023

GP Austrália anterior: 2022

—–

Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Poles seguram liderança em provas mexidas

A primeira prova australiana da F2 viu a famosa imprevisibilidade da categoria ser colocada em destaque nas duas corridas deste fim-de-semana. Pole inverso, Dennis Hauger apenas teve que se defender de um único ataque de Jak Crawford no sprint porque daí em diante apenas teve que controlar a distância para o americano. Já Kush Maini teve um caminho bem mais difícil para o pódio, tendo que lutar com unhas e dentes contra Arthur Leclerc para o conseguir.

Pingos de chuva no final da etapa complicaram a vida de quem arriscou parar para pneus de chuva, como Roman Staněk e Théo Pourchaire, mas foram vários os outros que saíram de pista. Houve ainda espaço para um SC devido a um pião do homem da casa, Jack Doohan.

Já no domingo de manhã foi a vez de outro pole rumar para a vitória: Ayumu Iwasa segurou as investidas de Pourchaire para vencer a feature e assumir a liderança do campeonato. Leclerc, por sua vez, compensou a sua perda do pódio do dia anterior com um na feature. Todos estes fizeram uso de um SC Virtual para saltar mudar de pneus (VSC criado para retirar o carro preso de Crawford, após incidente com Doohan).

Devido a acidente de Roy Nissany, o SC voltaria. O que provocou o caos de pilotos que pararam e não conseguiram evitar despistes devido a temperaturas muito baixas (com destaque para o violento embate de Enzo Fittipaldi e o despiste no recomeço de Hauger). O uso de pneus macios permitiu a Frederik Vesti passar Zane Maloney para 4º, enquanto que Juan Manuel Correa pontuou no seu ano de regresso à F2.

—–

Qualificação: 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Martins \ … \ 8. Maini \ 9. Crawford \ 10. Hauger

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Crawford \ 3. Maini \ 4. Leclerc \ 5. Maloney \ 6. Hadjar \ 7. Bearman \ 8. Vesti (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Leclerc \ 4. Vesti \ 5. Maloney \ 6. Daruvala \ 7. Verschoor \ 8. Doohan \ 9. Maini \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Iwasa (58) \ 2. Pourchaire (50) \ 3. Vesti (42) \ 4. Boschung (33) \ 5. Leclerc (33) —– 1. DAMS (91) \ 2. ART (67) \ 3. MP (62) \ 4. Campos (59) \ 5. Prema (45)

—–

Corrida anterior: Arábia Saudita 2023 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Azerbaijão 2023 \ Rondas 7-8

—–

Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Bortoleto estica-se na liderança

De manhã na Austrália, e, portanto, a horas impróprias para quase todo o mundo, a F3 começou o seu caminho na Austrália.

A primeira prova, com Sebastián Montoya em pole inversa, começou com relativa calma (apesar de uma saída de pista de Oliver Goethe). Não demorou muito até que Franco Colapinto acabasse por passar o rival, altura em que o acidente de Ido Cohen ativou o SC. Depois disso, houve direito a uma excelente ultrapassagem de Zak O’Sullivan sobre Montoya para 2º.

Esta passagem acabaria por valer-lhe a vitória após a prova porque Colapinto acabou desclassificado por questões técnicas, enquanto que na Prema dois pilotos se desentendiam em pista (Dino Beganovic e Paul Aron).

No dia seguinte, o excelente Gabriel Bortoleto foi segurando diferentes níveis de pressão da parte de Grégoire Saucy para garantir uma vitória em que teve que lidar com vários reinícios atrás de SC (a maior parte devido a desatenções atrás de SC, como com Kaylen Frederick). Gabriele Minì completou o pódio, numa dia em que o vencedor da prova ampliou a sua vantagem no campeonato.

—–

Qualificação: 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ … \ 10. Collet \ 11. Goethe \ 12. Montoya

Resultado (Sprint): 1. O’Sullivan \ 2. Montoya \ 3. Aron \ 4. Minì \ 5. Beganovic \ 6. Bortoleto \ 7. Fornaroli \ 8. Saucy \ 9. Mansell \ 10. Frederick (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ 4. Fornaroli \ 5. O’Sullivan \ 6. Aron \ 7. Martí \ 8. Browning \ 9. Barnard \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (58) \ 2. Saucy (38) \ 3. Beganovic (28) \ 4. Minì (28) \ 5. Martí (25) —– 1. Trident (100) \ 2. Prema (70) \ 3. Hitech (54) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (29)

—–

Corrida anterior: Bahrain 2023 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Mónaco 2023 \ Rondas 5-6





Pódio de Alonso em início morno de campeonato – GP Bahrain 2023

6 03 2023

dário em 2011 devido a um ambiente quase revolucionário que correu o país durante a Primavera Árabe, tempo suficiente para que, ao contrário de futuras provas árabes, o Grande Prémio se tornasse um moderno clássico (ao invés de um exemplo de sportswashing como a vizinha Arábia Saudita).

O circuito foi palco de uma brilhante luta pela vitória entre Charles Leclerc e Max Verstappen em 2022, do progresso de Sergio Pérez de último a 1º em 2020, do acidente aterrorizante de Romain Grosjean no mesmo ano e do duelo Fernando Alonso / Michael Schumacher em 2006. Em suma, uma enormidade de momentos históricos já associados ao pequeno emirado.

Com poucas curvas lentas e algumas secções de média-alta velocidade bem ao gosto dos pilotos, o circuito de Sakhir tem sido a abertura de todos os anos pós-pandemia e desde 2014 que mudou o seu horário para o noturno (de modo fazer uso de fogo de artifício nas celebrações e também para melhorar um pouco o horário face aos europeus).

Ronda 1 – Grande Prémio do Bahrain 2023

Com medos generalizados do paddock sobre os níveis de domínio a que se poderia assistir neste fim-de-semana, acabou por se ter um meio-termo: longe de ser tão terrível quanto se poderia esperar, o domínio da Red Bull ainda assim viu-se mais expressado por faltar um rival claro para o combater.

Max Verstappen andou no seu melhor nível e soube colocar-se na frente de Sergio Pérez com uma naturalidade cada vez maior, e quando a Ferrari e a Mercedes permanecem incapazes de oferecer resistência o seu caminho fica ainda mais facilitado. E foi aí que entrou a Aston Martin na equação.

A Aston chegou a Sakhir com um Fernando Alonso bem motivado e um Lance Stroll ainda a recuperar de uma mão partida. Os resultados oscilaram entre o que se esperava e o que se temia: Stroll retirava várias vezes as mãos do volante durante os treinos (devido às dores) e quase eliminou o colega na primeira volta, enquanto que Alonso fazia magia com o AMR23. Alonso fez brilharetes constantes e soube fazer uma excelente ultrapassagem a Lewis Hamilton para garantir o pódio, enquanto que o Aston foi bom o suficiente que até Stroll terminou à frente de um dos Mercedes.

Mercedes e Ferrari andaram bem abaixo do esperado. Os primeiros continuam claramente uns furos abaixo da Red Bull e Ferrari, com um carro que até se viu batido pela equipa cliente, ao passo que os segundos não conseguiram ameaçar nem um pouco a Red Bull, e ainda para mais continuam sem fiabilidade para evitar ver um Charles Leclerc de ar sombrio na beira da estrada.

Melhor dos restantes foi um papel que coube a Valtteri Bottas, seguido de um Pierre Gasly que se qualificou mal mas soube fazer uso do seu Alpine para subir (ao contrário do outro lado da garagem, com Esteban Ocon a perder o fio à meada com sucessivas penalizações por cumprir mal as penalizações…) e um Alexander Albon que soube segurar os concorrentes em 10º.

Desastre completo foi a McLaren, que abandonou com problemas mecânicos Oscar Piastri e que viu Lando Norris sofrer a bom sofrer com o MCL60.

Destaque ainda para o excelente ritmo de qualificação da Haas que degenerou em corrida e para um competente Logan Sargeant, que igualou o tempo de Norris em qualificação e em corrida andou a rondar os pontos.

—–

Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Alonso \ 4. Sainz \ 5. Hamilton \ 6. Stroll \ 7. Russell \ 8. Bottas \ 9. Gasly \ 10. Albon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (25) \ 2. Pérez (18) \ 3. Alonso (15) \ 4. Sainz (12) \ 5. Hamilton (10) —– 1. Red Bull (43) \ 2. Aston Martin (23) \ 3. Mercedes (16) \ 4. Ferrari (12) \ 5. Alfa Romeo (4)

—–

Corrida anterior: GP Abu Dhabi 2022
Corrida seguinte: GP Arábia Saudita 2023

GP Bahrain anterior: 2022

—–

Fórmula 2 (Rondas 1-2) \ Domínio Pourchaire, com os Campos por perto

Já se esperava ver Théo Pourchaire em grande nível no início do ano, mas dificilmente alguém estaria à espera de ver o francês com os níveis de domínio que exibiu. O francês fez pole por uns expressivos 7 décimos em qualificação, recuperou posição atrás de posição até ao 5º lugar no sprint, e controlou à vontade toda a feature.

As sobras para os rivais resumiram-se a um Ralph Boschung em bom nível (vencendo o sprint e acabando a prova principal em 2º), um bom resultado para Victor Martins em sprint e uma excelente estreia de F2 para Zane Maloney no feature. Para ajudar Boschung a completar um bom resultado Campos, Kush Maini fez uma boa estreia na categoria (ainda que pedir para não ser atacado por Boschung à equipa tenha sido um pedido tolo de se fazer).

Arthur Leclerc poderia ter feito muito mais no seu final de semana, mas fez três saídas de pista diferentes no feature, que lhe valeram um pódio perdido. Longe de um desastre total, que coube a Richard Verschoor, eliminado por Frederik Vesti (num incidente em que Roman Staněk acabou fora também).

O resultado foi uma liderança esperada de Pourchaire, mas ainda com um pelotão não muito definido atrás de si.

—–

Qualificação: 1. Pourchaire \ 2. Martins \ 3. Verschoor \ … \ 8. Leclerc \ 9. Staněk \ 10. Boschung

Resultado (Sprint): 1. Boschung \ 2. Hauger \ 3. Martins \ 4. Iwasa \ 5. Pourchaire \ 6. Daruvala \ 7. Maini \ 8. Fittipaldi (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Pourchaire \ 2. Boschung \ 3. Maloney \ 4. Maini \ 5. Verschoor \ 6. Leclerc \ 7. Hadjar \ 8. Iwasa \ 9. Fittipaldi \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (32) \ 2. Boschung (28) \ 3. Maloney (15) \ 4. Maini (14) \ 5. Verschoor (11) —– 1. Campos (42) \ 2. ART (38) \ 3. Rodin Carlin (18) \ 4. DAMS (17) \ 5. Van Amersfoort (12)

—–

Corrida anterior: Abu Dhabi 2022 \ Rondas 27-28
Corrida seguinte: Arábia Saudita 2020 \ Rondas 3-4

—–

Fórmula 3 (Rondas 1-2) \ Minì sofre rude derrota

A primeira prova de Fórmula 3 de 2023 iniciou-se com dois estreantes a qualificarem-se nas duas primeiras posições. Gabriele Minì e Gabriel Bortoleto arrecadaram a primeira linha, seguidos do líder dos testes de pré-temporada (Grégoire Saucy).

Já para o sprint a pole inversa coube a Franco Colapinto, ladeado por Pepe Martí. Com ambos a lutarem ao longo da prova inteira pelo triunfo, acabou por ser Martí fez uma ótima ultrapassagem a Colapinto no final da corrida, segurando depois a pressão do argentino.

Mais atrás houve direito a dois Safety Car, primeiro para o pião de Luke Browning (na confusão da partida) e para o incidente entre Bortoleto e Rafael Villagómez, e ainda outro para a confusão do outro recomeço. Na disputa do 4º lugar, os Prema de Dino Beganovic e Paul Aron tiveram que suar para conseguir segurar os ataques de Oliver Goethe da Trident.

No dia da feature a sorte não sorriu ao homem da pole, com uma penalização de 5 segundos que tramou por completo Minì devido a um SC nas voltas finais, que o atirou para fora de uma liderança pela qual tivera que lutar com unhas e dentes. Isto entregou a vitória final a Bortoleto. Oliver Goethe chegou em segundo e Dino Beganovic completou o pódio.

—–

Qualificação: 1. Minì \ 2. Bortoleto \ 3. Saucy \ … \ 10. Collet \ 11. Martí \ 12. Colapinto

Resultado (Sprint): 1. Martí \ 2. Colapinto \ 3. Collet \ 4. Beganovic \ 5. Aron \ 6. Goethe \ 7. Saucy \ 8. Fornaroli \ 9. Edgar \ 10. Montoya (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bortoleto \ 2. Goethe \ 3. Beganovic \ 4. Saucy \ 5. Browning \ 6. Martí \ 7. Frederick \ 8.Minì \ 9. Montoya \ 10. Colapinto (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (26) \ 2. Goethe (23) \ 3. Beganovic (22) \ 4. Martí (19) \ 5. Saucy (16) —– 1. Trident (52) \ 2. Prema (28) \ 3. ART (22) \ 4. Campos (19) \ 5. Hitech (19)

—–

Corrida anterior: Itália 2022 \ Rondas 17-18
Corrida seguinte: Austrália 2023 \ Rondas 3-4





Red Bull na frente nos testes, mas essa é a única certeza

28 02 2023

2022 tinha prometido muito, mas a verdade é que uma temporada na qual apenas uma equipa fora do Top 3 consegue um único pódio dificilmente pode ser classificada como uma época entusiasmante. Para este ano as expectativas serão de uma aproximação das rivais aos eternos líderes, mas será essa uma expectativa razoável?

A temporada chega numa altura em que Mohammed ben Sulayem dá um passo atrás no seu envolvimento (excessivo) na categoria, e em que a FIA procura atingir um novo equilíbrio no seu relacionamento com a FOM.

Falando da FIA, esta criou várias alterações nos regulamentos desportivos, com testagem de novos pneus de chuva a partir de Imola, menos restrições de rádio, modificações a circuitos e zonas de DRS, ajustes no teto orçamental e acesso facilitado para auditorias da FIA.

Mudanças na Ferrari terão sido no timing certo?

A única coisa mais impressionante do que a maneira como a Ferrari abriu 2022 com uma sequência de ótimos resultados foi seguida de uma ainda mais impressionante hecatombe de resultados, em que vitórias desperdiçadas por motivos de estratégia deram lugar a vitórias desperdiçadas por entretanto o carro italiano já não ser o mais competitivo do pelotão.

Há mérito da Red Bull neste quesito, com uma eficiência diabólica, mas a sensação geral de oportunidade desperdiçada (e recusa em assumir erros) fez Frédéric Vasseur assumir os comandos da Scuderia. A retirada de um líder italiano pela entrada de um francês é notória e acarreta consigo a possibilidade de um começo de fresco. Mas, mesmo não sendo particularmente justo, Vasseur não conseguirá segurar o lugar se o trabalho que até Dezembro era de Mattia Binotto não der resultados concretos…

E no meio de tudo está uma Mercedes desejosa de conseguir voltar a assumir o protagonismo no campeonato.

Os testes de pré-temporada, para já, pintam um quadro bem risonho para a Red Bull. A AMuS noticia o motivo desta vantagem como a capacidade do RB19 em conseguir correr bem mais perto do chão que as rivais, o que deixa Max Verstappen numa posição bem confortável para tentar chegar a um tricampeonato (Sergio Pérez deverá manter-se como plano de contingência, com Daniel Ricciardo a observar tudo bem de perto no seu papel de piloto de testes).

Para a Mercedes vê-se uma performance bem mais consistente que a de 2022, ainda que com bem menores problemas de porpoising. Só que crê-se que o verdadeiro potencial do carro só será descoberto com atualizações em Baku nos monolugares de Lewis Hamilton e George Russell. Já a Ferrari pareceu difícil de localizar, com alguns acertos de setup a serem necessários para conseguir estabelecer a performance de um carro que parece fiável e rápido, mas uns furos abaixo do Red Bull.

Trabalho difícil para Charles Leclerc e Carlos Sainz, portanto.

Harmonia difícil na Alpine

Já é piada recorrente do paddock referir que a estrutura da Alpine corre já em vários planos de 5 anos. Apesar de se ter integrado em 2016 com promessas de competitividade em 5 anos, a Renault avisou logo que o primeiro ano não contava (o projeto era pouco mais que um fraco Lotus). Depois chegou Daniel Ricciardo e o tal plano começaria aí (2019). Ricciardo saiu, Fernando Alonso entrou e o nome mudou para a Alpine, e os franceses insistiram que queriam ser tratados como nova equipa e novo projeto de 5 anos (em 2021).

Agora, com a saída de Alonso, a conversa parece ter feito um novo reset. Contas feitas, a Alpine está no 8º ano de projeto como equipa de fábrica, mas a insistir que é uma jovem equipa promissora.

As trapalhadas com a situação contratual de Oscar Piastri, de facto, pareceram de novatos. Sabe-se lá como, Otmar Szafnauer conseguiu manter o seu posto na liderança da equipa. Nem tudo foi um desastre na verdade: o 4º lugar à frente da McLaren nunca pareceu excessivamente em perigo e Pierre Gasly é um ótimo prémio de consolação para substituir Alonso (com Esteban Ocon no outro lado da garagem). Até os abandonos de 2022 têm um ponto positivo, dado que as restrições de alterações à unidade de potência não se aplicam a motivos de fiabilidade.

2023 tem que ser o ano em que a mais fraca das equipas de fábrica consegue bem melhor do que fazer apenas um terço dos pontos da Mercedes. Os testes não conseguiram revelar quase nada. O carro esteve sempre entre os mais lentos das sessões, ainda que se acredite que terão sido das equipas que mais escondeu o jogo.

Os britânicos

Duas das maiores construtoras britânicas, mas que na F1 compram os seus motores à Mercedes, têm um problema muito semelhante: a estagnação dos seus resultados e como invertê-la.

As escalas são diferentes, claro. A McLaren terminou em 3º lugar m 2020, 4º em 2021 e 5º em 2022. O único pódio fora das 3 primeiras equipas até pertenceu aos britânicos, mas a tendência decrescente é difícil de disputar. Pelo segundo ano seguido, queixam-se de o projeto inicial ainda não estar bem ao gosto da estrutura, uma falha que já tem solução à vista para o próximo ano, quando o túnel de vento novo estará finalmente em ação.

O facto de Zak Brown já ter vindo a púlico referir que o MCL60 está abaixo dos indicadores de performance desejados pela própria equipa parecem indicar que será um início de ano doloroso para Woking. Uma situação que deverá frustrar Lando Norris e aliviar Oscar Piastri (ao colocar menos pressão por cima dos seus ombros).

Já a Aston Martin começou 2022 com um ritmo absolutamente catastrófico, mas ganhou muitos pontos de consideração da parte dos rivais pela maneira como a equipa técnica de Dan Fallows soube encurtar a distância para os lugares pontuáveis em tão curto espaço de tempo. A verdade é que já foram 2 dos 5 anos da estreia dos britânicos, e dois 7º lugares em 10 equipas são o saldo da estrutura. O facto de esta queda ocorrer com Lance Stroll blindado a um dos monolugares não tem passado despercebido.

Mas a verdade é que o lado da garagem de onde se espera o melhor em pista é no de Fernando Alonso, que provocou o caos na Alpine para fazer uma derradeira e arriscada manobra de bastidores, em busca do seu 3º título mundial. A gestão emocional do piloto dará grandes dores de cabeça à equipa, mas a boa forma contínua dele será uma boa compensação.

Sem ninguém contar com isso, a Aston foi um dos grandes destaques dos testes. Isto tanto pelo facto de Felipe Drugovich ter tido que substituir Lance Stroll (lesão), como pelo facto de o AMR23 ter mostrado um ritmo muito interessante, que até leva alguns analistas a considerá-los ao nível dos Mercedes.

Quem nada tem a perder

Com uma temporada bem difícil para a pequena estrutura italiana, a AlphaTauri saiu bem feliz dos 3 dias de testes. Sem a grande referência de Gasly, caberá ao conjunto de Yuki Tsunoda e Nyck de Vries conseguirem fazer uso de um AT04 mais competitivo e que terminou o seu tempo no Bahrain como o que mais quilómetros acumulou. Isto numa altura em que a Red Bull tem estado a ponderar vender a equipa ou relocalizá-la.

Tsunoda e de Vries terão boas oportunidades para mostrar serviço em 2023, oportunidades essas que precisarão de concretizar de modo a afastarem a ameaça da intromissão da enorme quantidade de jovens Red Bull que desponta na F2.

Quem não tem quase nada a provar é a dupla da Haas. Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen já abandonaram a categoria antes e não estarão excessivamente preocupados em voltar a fazê-lo se a equipa americana lhes criar problemas. Como dupla competente que aparenta ser vista de fora, esta estará sempre dependente do nível de desenvolvimento ao longo do ano que o VF-23 será capaz de demonstrar.

A outra cliente Ferrari, a Alfa Romeo, está num momento de transição bem curioso: a Alfa em si abandonará no final do ano e não possui nenhum poder de decisão, para passar posteriormente a controlo Audi. Isto significa que Valtteri Bottas e Guanyu Zhou terão que mostrar serviço de forma bem evidente para provar ao novo chefe, Andreas Seidl, que merecem continuar ao volante quando os manda-chuvas passarem para o lado alemão.

As boas notícias são que a performance do mais recente produto de Hinwill chegou a liderar um dos dias de testes (com várias condicionantes, claro) e que pareceu disposta a permitir aos seus pilotos puxar por ele.

Isto deixa apenas a Williams, que despediu a sua chefia nos meses iniciais deste ano depois de ter voltado a terminar em última no campeonato, tendo agora de se ver que género de chefia será a de James Vowles (chegado da Mercedes), que conta com um competente Alexander Albon e uma incógnita ligeira Logan Sargeant (que terá que provar que a antiga chefia acertou em algo, com a sua escolha).

F2 – Pourchaire permanece, mas não terá vida fácil

2023 chega para a Fórmula 2 com um piloto que tem mais do que o favoritismo, tem também a obrigação de ser campeão. Théo Pourchaire foi capaz de ótimas performances em 2022 mas foi errático em diversos momentos e terminou num vice-campeonato manifestamente insuficiente para obter um assento de F1 na Alfa Romeo. A decisão de mais uma temporada de F2 poderá ser arriscada, até se se vir batido por um estreante à semelhança de Robert Shwartzmann em 2021.

Ao lado de Pourchaire está o campeão de F3 de 2022, Victor Martins, o que confere à ART possivelmente a melhor dupla da grelha deste ano.

Ainda assim, existe espaço para surpresas nas restantes estruturas. Hitech e Carlin apostam em duplas inteiramente pertencentes à Red Bull (que está representada por uns estonteantes 6 pilotos na F2), que poderão estar em grande nível (com especial destaque para um Isack Hadjar deserto de poder vingar o título de F3 perdido).

Apesar de apenas se ter estreado em 2022 apenas, a Van Amersfoort surpreendeu durante os testes deste ano com Richard Verschoor a liderar a tabela de tempos. Já a contratação, mais sentimental que racional, de Juan Manuel Correa poderá não trazer os frutos esperados. Já a permanência do bem-cotado Jack Doohan na Virtuosi percebe-se por um lado, ainda que provavelmente seja demasiado piloto para a estrutura em que está (e definitivamente muito mais do que o novo colega Amaury Cordeel conseguirá lidar…).

F3 – Testes deixam Saucy como favorito

Com a tradicional saída de mais de metade da grelha ao final do ano (quer para F2 ou para a obscuridade), a Fórmula 3 mais uma vez contou com a renovação das suas fileiras com alguns dos mais promissores jovens talentos das categorias de base. Falamos de pilotos cujas performances deverão impressionar, como Dino Beganovic da academia Ferrari, Nikola Tsolov da academia Alpine ou Sebastián Montoya da academia Red Bull.

Mas não se pense que o “perigo” não poderá vir dos pilotos que andam no seu segundo ano de categoria. Grégoire Saucy que o diga, tendo dominado os testes de pré-temporada de Fevereiro no seu ART, depois de um falso arranque na temporada de 2022. Franco Colapinto, que melhorou da estreante Van Amersfoort para a competente MP, também terá uma palavra a dizer agora que integra a academia Williams (tal como Zak O’Sullivan).

Para pilotos nas equipas do fundo da grelha, o objetivo é simples: mostrar serviço para que as Prema e Trident da vida os contratem para 2024. Neste quesito vale a pena manter a atenção em homens como Roberto Faria, Oliver Gray ou Taylor Barnard.





Lançamentos 2023 – Williams FW45

7 02 2023

Tem sido um Inverno extremamente caótico para a Williams. A reestruturação que estava a ser levada a cabo sob a direção de Jost Capito foi considerada deficitária pela Dorilton, que despachou o alemão ainda antes do final do ano. O seu novo substituto veio da Mercedes: James Vowles. Líder estratégico da marca alemã há largos anos, Vowles não conseguia subir mais na equipa de Brackley devido à permanência de Toto Wolff e agarrou com ambas as mãos a oportunidade de liderar a Williams.

O input de Vowles dificilmente entrará nas contas deste novo FW45, apresentado hoje. O monolugar vem das direções técnicas de FX Demaison (que também abandonou o cargo com Capito) e aparenta ser uma evolução da versão B do FW44, com inspirações claras no projeto da Red Bull.

Alexander Albon continuará o seu cargo de líder de equipa, agora com o estreante Logan Sargeant no outro lado da garagem. O abandono de Nicholas Latifi ditou um abandono dos grandes patrocinadres da estrutura, mas a equipa britânica soube assinar um nome de peso: a Gulf, de saída da McLaren.

—–

Fonte:
F1 \ Apresentação Williams





Top 10 – Fórmula 1 em 2022

4 12 2022

Depois de uma temporada renhida e cheia de histórias como a de 2021, seria sempre difícil fazer melhor para o ano seguinte. Apesar de tudo, era grande a expectativa para um 2022 imprevisível com regulamentos aerodinâmicos completamente modificados. O resultado final pode ser definido como misto, com tendência para o positivo.

Em primeiro lugar, as ultrapassagens melhoraram em 25% face a 2021, precisamente o ponto em que as novas regras queriam tocar. Como bónus, as equipas do meio da tabela estiveram mais próximas que nunca, com até os últimos classificados (Williams) a conseguirem pontuar em diversas ocasiões. Já a margem que Red Bull, Ferrari e Mercedes tinham em mão na maioria das corridas para as restantes 7 foi preocupante, ainda que não tão terrível quanto já foi.

O teto orçamental, ativo desde o início de 2021, teve a sua primeira avaliação este ano e não foi de todo uma experiência tão confortável quanto a FIA teria gostado. O incumprimento da Red Bull (e cumprimento desde restantes 9 estruturas) foi um sério teste à determinação da FIA em garantir a sustentabilidade financeira das equipas e a organização conseguiu ser moderadamente bem-sucedida com o castigo aplicado (perda de 25% do tempo de túnel de vento e $7 milhões de multa).

Ainda assim, para uma equipa que esteve no topo durante a maioria do ano, a Red Bull nem teve um final de ano feliz. O desentendimento das ordens de equipa para proteger Sergio Pérez no Brasil ativaram uma acrimónia que se pensava inexistente e, no final, o mexicano realmente perdeu o vice-campeonato.

Para Max Verstappen, no entanto, nada mais importou. Foram 15 vitórias em 22 corridas (mais 2 para Pérez), um recorde absoluto, e nem sequer foi num ano em que tenha tido a maioria das pole positions. As ocasiões em que o holandês fez uso do seu motor Honda (ou antes, Red Bull PowerTrains) para ultrapassar diversos rivais a caminho da vitória foram várias.

Charles Leclerc terminou com o maior número de poles do ano, expondo uma constante da temporada dos italianos: excelente ritmo de qualificação, mas decisões estratégicas terríveis e ritmo de corrida inferior. Tudo isto viu a equipa desperdiçar o seu excelente início de temporada e perder um campeonato em que as suas 4 vitórias souberam a pouco. A insistência de Mattia Binotto em que nada estava errado na estrutura podem (e devem) ditar o seu fim ao comando da Scuderia.

Já a Mercedes teve um ano de pesadelo para quem queria acertar com as novas regras. O W13 foi um monolugar que destruiu a coluna dos seus pilotos com os constantes saltitões que fazia em reta (porpoising) e simplesmente não tinha o ritmo para as suas rivais (com exceção de situações excepcionais como o GP do Brasil em que venceram a sua única corrida do ano).

Para a Alpine o ano deveria ter sido calmo mas não foi isso que sucedeu, com abandonos múltiplos devido a problemas de motor (por um esforço de performance que ainda poderá dar dividendos em 2023), incidentes evitáveis entre Esteban Ocon e Fernando Alonso, e uma gestão incompetente das situações contratuais de Alonso e Oscar Piastri (perdendo-os para a Aston Martin e McLaren, respetivamente). Ainda assim, o carro era forte o suficiente para garantir o 4º lugar nos construtores, na frente de uma McLaren com um carro temperamental e a “jogar” só com um piloto devido ao ritmo insuficiente de Daniel Ricciardo pelo segundo ano seguido (valendo-lhe a rescisão em favor de Piastri).

Atrás ficaram duas equipas empatadas em pontos para 6º e com anos totalmente diferentes. A Alfa Romeo começou muito bem o ano, aproveitando um rejuvenescido Valtteri Bottas e um Guanyu Zhou competente o suficiente para merecer a renovação, mas perderam a corrida do desenvolvimento. A Aston Martin, que errou por completo o projeto inicial, foi-se recuperando a olhos vistos ao longo do ano, beneficiando de um Sebastian Vettel em grande forma nas suas provas finais.

Na fuga ao último lugar a Williams acabou por ser a sacrificada, tendo também falhado o seu projeto inicial mas não tendo as infraestruturas de uma Mercedes ou Aston Martin para recuperar tão depressa. Isto deixou Haas e AlphaTauri em luta para 7º, com a primeira a levar a melhor mas menos por mérito próprio e mais pelo ano pouco inspirado da segunda.

Com Pierre Gasly a querer voos mais altos, a AlphaTauri esteve com uma liderança menos inspirada que em anos anteriores (e com Yuki Tsunoda a ainda não ter “explodido” como se esperava). Já Kevin Magnussen substituiu Nikita Mazepin à última hora e deu a maioria dos pontos à Haas, que não viu em Mick Schumacher a consistência necessária para justificar a sua manutenção. No final, venceu a Haas por margem mínima este pequeno duelo.

1 – Max Verstappen

Em qualquer ponto da temporada após o GP de Espanha era claro que só havia um candidato para a posição de piloto do ano: Max Verstappen. Tendo tido o seu momento baixo do ano após os 3 primeiros GPs, quando teve 2 abandonos por problemas mecânicos, Verstappen não se deixou abater pela distância para a Ferrari e simplesmente eliminou os erros da sua condução.

Esta forma incrível do campeão em título começou a ver as distâncias encurtarem para Charles Leclerc a um ritmo vertiginoso. Quando um cocktail explosivo de erros de piloto, de equipa e falhas mecânicas arrasou a Ferrari, um título antecipado tornou-se uma realidade porque Verstappen pura e simplesmente colheu os louros da vitória em 9 das 12 provas seguintes…

Houve vários exemplos do holandês vários furos acima dos rivais ao longo de 2022, mas o mais contundente foi mesmo em Spa-Francorchamps: perante vários compatriotas Verstappen fez pole position por mais de meio segundo e, quando teve de partir de 14º por troca de componentes de motor, recuperou posições atrás de posições sem circunstâncias excepcionais até triunfar com mais de 17 segundos sobre o colega de equipa (que partira em 2º)…

O bi-campeonato chegou com naturalidade e, se os rivais não subirem de nível, não ficará por aqui. Precisa é de gerir melhor a sua imagem, como se viu pela confusão de Interlagos com o colega de equipa.

2 – Fernando Alonso

Grande protagonista do maior momento da silly season, Fernando Alonso provou ser ainda um dos maiores disruptores da categoria (dentro e fora das pistas). As negociações fracassadas com a Alpine tiveram tanto de malícia de Alonso no momento de “abandonar navio” quanto de falta de atenção da equipa, mas o resultado foi o piloto mais eficaz da Alpine ser aquele que estava a caminho da porta de saída…

Alonso teve uma mão cheia de azar durante as primeiras provas do ano (mecânica, erros de estratégia,…), o que permitiu ao colega de equipa fugir no campeonato. Para piorar, Esteban Ocon permaneceu regular o ano todo, o que obrigou Alonso a terminar constantemente à frente do francês para ter a hipótese de o apanhar. E foi precisamente isso que o espanhol fez, deixando Ocon crescentemente frustrado à medida que o fim da época se aproximava.

Mesmo prestes a abandonar, Alonso galvanizou a equipa para a luta com a McLaren, parecendo tirar especial gozo de terminar na frente dos carros britânicos. Houve ainda espaço para performances como o Alonso de outros tempos, desde um 2º e 3º em qualificação (Montreal e Spa) até à maneira como permitiu a aproximação de Norris em Paul Ricard para lhe aumentar o desgaste de pneus.

Só resta ver se os talentos do piloto não estarão desperdiçados em 2023 num Aston Martin de ritmo desconhecido…

3 – Charles Leclerc

O sonho da maioria dos fãs da Ferrari era que o campeonato tivesse terminado a 10 de Abril. Logo após a terceira ronda do ano, o GP da Austrália, Charles Leclerc liderava o campeonato com 2 vitórias em 3, um 2º lugar e 34 pontos de vantagem. Verstappen abandonou duas das três corridas iniciais com problemas mecânicos e Leclerc estava infalível. Nada poderia correr mal. Até tudo ter começado a correr mal.

Depois veio o primeiro erro do ano, um ligeiro despiste em Imola. Não ideal mas sem grandes estragos. Só que depois chegaram dois abandonos quando liderava em Baku e Barcelona, antes da Scuderia destruir a estratégia de Leclerc na sua prova caseira do Mónaco e transformar uma vitória quase certa num 4º lugar. 5 provas depois de estar 34 pontos na frente, Leclerc ficou a 34 de distância.

Se é verdade que a equipa sabotou ambos os seus pilotos em 2022 com estratégias horríveis e decisões patéticas ao longo do ano (não esquecendo fiabilidade horrenda), Leclerc cometeu o erro mais crítico da sua carreira quando abandonou da liderança do GP de França, sem pressão sobre si, com um despiste contra os muros.

Mas o ano do monegasco foi muito mais do que isso. O piloto somou 9 poles em 2022, parecendo sempre capaz de ameaçar Verstappen em qualificação (um feito notável). Apenas um carro com péssimo ritmo de corrida o fazia cair nas provas. Nas primeiras provas do ano bateu-se contra o campeão do mundo de igual para igual, sem incidentes mas sempre com agressividade, não se deixando intimidar. Com uma Ferrari mais competente atrás de si, poderá concretizar o seu potencial total em 2023.

4 – George Russell

Nem nas suas melhores previsões poderia George Russell ter previsto um início de temporada face ao heptacampeão Hamilton tão bom quanto o que realizou. O “senhor do Top 5”, tal como o nome indica, não chegou a terminar fora dos 5 primeiros até ao seu abandono no GP do Reino Unido. As humilhações de início do ano que impôs a Hamilton, quando parecia domar o difícil W13 com mais facilidade, deram-lhe muito crédito junto da equipa e distinguiram-no do predecessor Valtteri Bottas.

Foram 5 pódios até à pausa de Verão, mas uma tendência começava a ficar aparente: Russell envolvia-se em alguns incidentes a mais com os seus rivais. O perigoso incidente com Zhou em Silverstone (quando foi verificar o estado do piloto Alfa Romeo), a eliminação de Pérez em Spielberg,…

Tudo isto culminou numa segunda metade de ano em que viu Hamilton assumir o ascendente dentro da equipa e de os incidentes começarem a acumular ainda mais, retirando algum do brilho que a sua temporada parecera ter. Mas depois chegou o GP do Brasil, e Russell foi perfeito no sprint e em corrida, segurando os ataques de Hamilton para vencer pela primeira vez na F1.

A ausência de um carro ao nível habitual da Mercedes certamente terá frustrado o jovem piloto, mas a verdade é que nem todos teriam conseguido bater Hamilton da forma que Russell conseguiu. Com ou sem descida de forma, Russell poderá ter muito a dizer quanto à ideia de Toto Wolff em continuar a tratar Hamilton como primeiro piloto indiscutível.

5 – Lando Norris

Se foi sequer possível à McLaren estar metida na luta pelo 4º lugar nos construtores, tudo deve a Lando Norris. Com muito menos competitividade que o carro do ano anterior, o McLaren de 2022 pregou um valente susto aos pilotos quando parecia incapaz de sair do Q1 sem dificuldade no Bahrain, mas rapidamente se compreendeu que, apesar de longe do ideal, o monolugar tinha apenas experimentado dificuldades de setup.

Norris assumiu os comandos da equipa britânica com uma facilidade que ditou o final antecipado da carreira de Daniel Ricciardo, parecendo capaz de amealhar pontos com uma regularidade que deixou os chefes da Alpine nervosos (até porque os seus pilotos se envolviam em incidentes com frequência). Foram 17 pontuações em 22 provas, sendo que dois abandonos sem culpa própria sucederam.

A honra de ter sido o único carro fora das três primeiras equipas a atingir o pódio (Imola) também não foi nenhuma coincidência. A sua posição mais usual este ano, não por coincidência, foi 7º (seis vezes).

Norris esteve num excelente nível durante todo o ano, deixando claro que é da McLaren que se terá que esperar mais em 2023, sob pena do seu talismã rumar a paragens mais acima na grelha (Mercedes e Red Bull bem se têm esforçado por convencer o inglês a mudar de ambiente…).

6 – Lewis Hamilton

Se todos esperavam uma resposta de titã da parte da Mercedes após aquilo que esta pareceu tratar como uma injustiça em 2021, as expectativas foram completamente goradas: o Mercedes W13 tornou-se conhecido como o primeiro carro da equipa a falhar a obtenção de uma vitória desde 2011, levando Lewis Hamilton a perder o seu recorde de vitórias em todas as suas temporadas.

Com a agravante de que durante a primeira metade do ano pareceu estar completamente perdido sobre o funcionamento do seu carro, a ponto de George Russell ter levado a melhor sobre o colega durante a primeira metade do ano com frequência, e de se verem cenas tão caricatas quanto a de Hamilton a terminar em Imola em 13º sem entender como.

O que quer que o 7 vezes campeão do mundo tenha feito na pausa de Verão, no entanto, surtiu efeito. Hamilton chegou a fazer 5 pódios consecutivos a certa altura, antes de um erro pouco comum em Spa. Independentemente disso, começou a fazer parecer cada vez mais fácil deixar Russell um passo atrás, encurtando a distância para o colega no campeonato.

Quase triunfando em Austin, quando Verstappen fez uso da velocidade de ponta do seu motor Honda para o passar nas voltas finais, Hamilton pareceu conseguir transformar a sua frustração em entusiasmo pela condução e pela F1 em geral, falando-se inclusive de uma renovação para os próximos anos (quando antes parecia interessado em reformar-se). Se a Mercedes acertar com o carro de 2023, terá muito a dizer na luta pelo título.

7 – Sergio Pérez

Indiscutivelmente, Sergio Pérez cumpriu exatamente aquilo que a Red Bull esperava dele para 2022: nunca andou demasiado longe de Verstappen, o que lhe permitiu ser um aborrecimento para as estratégias das rivais Mercedes e Ferrari em corrida.

Até ao 8º GP do ano, o mexicano fez até mais do que a equipa estaria à espera, capitalizando nas oportunidades o melhor possível a ponto de ter triunfado no GP do Mónaco, ter chegado a estar a 15 pontos da liderança do mundial e de ter levantado um coro de críticas à Red Bull em seu favor quando foi forçado a ceder a liderança em Espanha.

Só que uma falha mecânica no Canadá e uma eliminação pelas mãos de George Russell na Áustria levaram-no a começar a perder o comboio do título, juntando-se a isto o facto de, tal como já vinha a avisar várias provas antes, ter começado a sentir que o desenvolvimento do RB18 estava pender crescentemente para o estilo de condução de Verstappen e não o seu.

Ainda assim, lançou as bases para uma incorporação cada vez mais homogénea na estrutura de Milton Keynes, mostrando um ritmo impressionante que ainda o chegou a elevar a mais uma vitória (em Singapura), quando teve que segurar o Ferrari de Leclerc sem cometer um único erro. Só a situação de Interlagos pareceu deixar uma nuvem no ar para o próximo ano.

Se quiser ter mais a dizer para o título precisa de ser uma ameaça bem mais presente nos espelhos de Verstappen.

8 – Sebastian Vettel

Quando no início do ano se começou a falar sobre o facto de que duas equipas teriam tomado uma decisão completamente errada sobre as novas regras, e de que a Aston Martin seria uma delas, muito se temeu por Sebastian Vettel. Afastado das duas primeiras provas devido a testar positivo a Covid, Vettel ficou de casa a ver os Aston falharem a qualificação para o Q2 no Bahrain e Arábia Saudita.

Apesar do paddock ter ficado na expectativa de ver o alemão desistir perante este cenário, o piloto pareceu tirar um certo prazer em exceder o pouco competitivo material. Foi um Q3 e um 8º lugar em Imola, segurando carros mais lentos; foi um incrível 6º lugar em Baku quando o colega Lance Stroll se afundava na classificação; uma sequência de audaciosas ultrapassagens em Austin, com direito a uma na última volta sobre Kevin Magnussen.

No total foram pontuações em quase metade das provas, com um carro que parecia incapaz de semelhante feito, parecendo ganhar um brilho do antigo Vettel a cada prova em que se aproximava mais do momento de se reformar no final do ano, deixando no ar a dúvida sobre se teria decidido sair caso o seu Aston estivesse com o ritmo com que já parecia estar no final da temporada.

Para o registo, voltou a facilmente arrumar Stroll a um canto sem grandes peripécias para além de um incidente no GP de França em que o canadiano foi particularmente agressivo.

9 – Carlos Sainz

É difícil de dizer se os erros constantes da Ferrari foram uma notícia inteiramente desagradável para Carlos Sainz. O espanhol começou o ano com menos ritmo que o colega Leclerc e cometeu dois erros crassos na Austrália e Imola que o viram abandonar com o carro preso na gravilha. Logo aí o piloto ter-se-ia visto a ter que servir de segundo piloto ao colega, mas a maneira como Leclerc se viu fora de combate em diversas corridas deixou Sainz com margem para voltar a pôr a sua temporada nos carris.

Tendo percebido muito antes de Leclerc que era essencial discordar das opções estratégicas da Ferrari quando as ocasiões o exigiam, Sainz conseguiu arrancar um pódio no Mónaco ao aperceber-se da oportunidade de passar de pneus de chuva a secos antes da Ferrari, e a não obediência à ordem de proteger Leclerc após o Safety Car em Inglaterra deu-lhe a oportunidade de vencer pela primeira vez na F1 (numa altura em que estava quase a bater o recorde de mais pódios sem vitória na categoria…).

Apesar de a equipa ter começado a perder a competitividade face à Red Bull na segunda metade do ano, o piloto conseguiu encurtar significativamente a margem para Leclerc, chegando a fazer a segunda pole do ano no México. Tudo isto significa que, apesar de não ter tido o ano dos seus sonhos, conseguiu mostrar à Ferrari que poderá ter algo a dizer no duelo interno caso a equipa corrija os seus erros com o carro de 2023.

10 – Alexander Albon

Que género de Alexander Albon apareceria em 2022 aos comandos de um Williams era um motivo de grande expectativa. Não havendo dúvidas de que despacharia rapidamente o colega Nicholas Latifi (e assim foi), era curioso ver que ritmo teria para ajudar a equipa a pontuar ocasionalmente após ter estado fora de pistas na F1 durante um ano.

A Red Bull elogiara as capacidades de desenvolvimento de carro do tailandês e a Williams bem precisou delas: quando se apercebeu de ter errado o projeto por completo, coube ao piloto orientar o desenvolvimento para uma versão diferente do Williams. Mas até mesmo antes disso já o piloto brilhava: um 10º lugar conquistado a ferros em Melbourne foi uma importante conquista inicial.

Duas corridas depois chegaram dois pontos extra em Miami. Seria preciso esperar até Spa-Francorchamps para voltar a pontuar o seu quarto e final ponto do ano, mas houve espaço para várias provas em que ficou mesmo à beira de pontos e em luta permanente contra rivais bem melhor equipados.

A única pequena sombra foi mesmo que Nyck de Vries ficou em 9º na prova em que substituiu Albon devido a uma apendicite, mas tratava-se de um fim-de-semana em que a Williams sabia ter uma boa performance. Sem integrar a esfera Red Bull em 2023, caber-lhe-á ser líder indiscutível e fiável no próximo ano quando terá a companhia de um estreante Logan Sargeant na equipa.





A segunda de Pérez – GP Singapura 2022

2 10 2022

Numa temporada com 4 provas diferentes realizadas debaixo dos holofotes, pode parecer estranho recordar que a prática não tem muitos anos de existência e que começou com o GP de Singapura 2008. A estreia do circuito no calendário foi acompanhada de testes extensivos do sistema de iluminação, uma vez que havia um medo generalizado do que sucederia caso os pilotos fossem encadeados pelas luzes.

Claro que não foi essa a recordação que ficou para a história. Aquilo que parecia uma vitória fantástica de Fernando Alonso de 15º na grelha revelou-se uma completa farsa 12 meses depois, quando surgiu a informação de que a Renault tinha orquestrado um acidente propositado de Nelson Piquet Jr para a obter. As reverberações do escândalo Crashgate fizeram-se sentir na categoria.

Ainda assim, a prova de Marina Bay já teve tempo de se estabelcer como uma das provas padrão da F1, fisicamente extenuante com as suas quase 2 horas de calor equatorial e curvas constantes. Sebastian Vettel tem feito da pista o seu reduto pessoal, com 5 vitórias (incluíndo a mais recente em 2019, antes das interrupções pandémicas), mas vale a pena recordar que Lewis Hamilton não lhe fica muito atrás (com 4).

Alexander Albon teve complicações médicas após a sua apendicite mas felizmente já estava apto para regressar em Singapura, enquanto que Guanyu Zhou e Yuki Tsunoda renovaram com Alfa Romeo e AlphaTauri, respetivamente. Já Nicholas Latifi anunciou que terminará o seu vínculo com a Williams no final do ano e Felipe Drugovich foi confirmado como piloto de testes da Aston Martin. Entretanto, a Alpine terá feito um teste privado com Antonio Giovinazzi, Nyck de Vries e Jack Doohan.

Já a F1 confirmou a realização de 6 corridas sprint em 2023, algo que já tentara para este ano.

Ronda 17 – Grande Prémio de Singapura 2022

Com a chuva a abater-se em força sobre a pista do pequeno país asiático, as probabilidades de resultados improváveis avolumaram-se. Só que, seguindo a tendência de anos recentes, os comissários esperaram tanto tempo para começar a corrida que até já dava para começar com pneus intermédios.

Ainda assim, foi um dia de erros dos dois mais recentes campeões do mundo. Max Verstappen recebeu várias perguntas sobre a possibilidade de ser campeão em Singapura, mas viu-se em 8º na grelha (depois de ter que abortar uma ótima volta de qualificação por causa da equipa não lhe ter colocado combustível suficiente), perdeu posições na partida e calculou muito mal uma ultrapassagem no final, o que o atirou para trás. Já Lewis Hamilton tinha boas hipóteses de pódio mas também falhou uma travagem sem grande pressão e partiu a asa dianteira, para além de ter cometido um erro quando perseguia Sebastian Vettel para 7º.

Vettel e o colega Lance Stroll tinham sido dois pilotos a arriscar mal os pneus secos em qualificação, mas foram dos maiores beneficiados pelo Safety Car de Yuki Tsunoda que lhes permitiu trocar intermédios por secos e chegar ao final nos lugares pontuáveis. Situação semelhante experimentou Daniel Ricciardo que se viu catapultado para 5º apesar da evidente falta de ritmo face a Lando Norris, que esteve em tal nível que quase tratou de roubar o pódio de Carlos Sainz.

Sainz pareceu sempre incapaz de acompanhar Sergio Pérez e Charles Leclerc, enquanto aguentava a pressão de Hamilton nas voltas iniciais. Já Leclerc atacou Pérez a prova inteira, depois de ter saído de pole e perder no arranque para o mexicano da Red Bull, mas foi incapaz de colocar o seu Ferrari na liderança apesar das esperanças da Scuderia numa penalização a Pérez (por ter deixado demasiada distância para o SC). Assim, o mexicano venceu pela segunda vez este ano.

Foi um dia terrível para a Alpine, que viu ambos os seus carros abandonarem com problemas de motor, sendo passada pela McLaren na disputa do 4º lugar. Ambos os AlphaTauri também estiveram em bom nível mas mais em qualificação (ambos foram ao Q3). Já em corrida, o combativo Pierre Gasly conseguiu o ponto final, enquanto que Yuki Tsunoda destruiu a frente do carro depois de montar os pneus de piso seco.

Nicholas Latifi esqueceu-se de verificar os espelhos e terminou com a sua prova e a de Guanyu Zhou, enquanto que George Russell não só se ficou pelo Q2 como ainda andou em guerra tosca contra Mick Schumacher ao longo da prova.

—–

Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Pérez \ 3. Hamilton \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Pérez \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Norris \ 5. Ricciardo \ 6. Stroll \ 7. Verstappen \ 8. Vettel \ 9. Hamilton \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (341) \ 2. Leclerc (237) \ 3. Pérez (235) \ 4. Russell (203) \ 5. Sainz (202) —– 1. Red Bull (576) \ 2. Ferrari (439) \ 3. Mercedes (373) \ 4. McLaren (129) \ 5. Alpine (125)

—–

Corrida anterior: GP Itália 2022
Corrida seguinte: GP Japão 2022

—–

Fontes:
Aston Martin \ Drugovich confirmado
Joe Saward \ Teste Alpine
Motorsport \ Zhou confirmado na Alfa Romeo 2023
Racing Circuits \ Marina Bay
Sky Sports \ 6 Sprints em 2023
Sports Net \ Albon recupera
Zero Zero \ Tsunoda confirmado na AlphaTauri 2023





À espera da consagração – GP Holanda 2022

5 09 2022

No meio das dunas e próximo à costa do Mar do Norte encontra-se um dos poucos circuitos com Grau 1 da FIA que tem presença quase garantida no calendário de Fórmula 1, num futuro próximo. A Holanda pode até não ter uma tradição automobilística tão forte quanto a britânica, mas a presença de Max Verstappen na categoria máxima tem levado uma quantidade desproporcionada de fãs a acorrer às provas georgraficamente mais próximas.

O regresso do GP da Holanda em 2021 foi uma inevitabilidade, mas também um grande sucesso. A prova foi vencida pelo herói da casa, a caminho do título mundial, e o entusiasmo visível nas bancadas era evidente. Nada mal para uma prova que não estava no calendário desde 1985…

Zandvoort, cuja reta da meta foi construída durante a Segunda Guerra Mundial e que posteriormente recebeu um conjunto de secções sinuosas, regressou com grandes obras de requalificação. Ainda assim, foram obras que procuraram não desvirtuar as caraterísticas originais. E já não tinham sido as primeiras que o circuito teve que enfrentar para acompanhar o ciclo de modernizações necessárias (com os devidos cuidados, dadas as queixas de residentes locais por barilho excessivo).

A grande atração antes do GP era a reunião da Comissão de Reconhecimento de Contratos (CRB na sua sigla inglesa) sobre a situação de Oscar Piastri. O resultado foi uma decisão unânime a favor da McLaren, que anunciou o australiano para 2023. A Alpine aceitou a decisão, acreditando-se que estará no processo de contratar Pierre Gasly à Red Bull (dependendo de uma potencial contratação de Colton Herta pela AlphaTauri, por sua vez dependendo da FIA sobre o processo de superlicença…).

Mais simples é a situação de Mick Schumacher: está fora da Academia Ferrari, o que o deixa em maus lençóis para a renovação com a Haas.

Ronda 15 – Grande Prémio da Holanda 2022

Num estado de performances brilhantes em permanência, até a suposta facilidade que a Ferrari contaria ter em Zandvoort não parecia retirar do ar a impressão de que Max Verstappen continuaria a ser quase impossível de bater, até por estar perante o seu “exército laranja” nas bancadas holandesas. E a verdade é que foi precisamente isso que sucedeu.

Tendo feito pole position pela margem mínima na frente dos dois Ferrari, Verstappen conseguiu segurar a liderança e controlá-la até à primeira paragem nas boxes. Nesse momento a estratégia alternativa dos Mercedes parecia estar a complicar um pouco as coisas, mas uma passagem rápida por George Russell e um SC Virtual devido a Yuki Tsunoda deixaram o piloto numa ótima posição. Um período de verdadeiro Safety Car ainda o colocou em pneus mais rápidos e apenas com Lewis Hamilton para passar, o que fez com maestria no recomeço. Daí para a frente sobrou apenas a consagração.

Atrás dele chegou o Mercedes de Russell, que, apesar de ter andado uns furos abaixo do colega de equipa, beneficiou de uma decisão impulsiva do piloto para montar pneus macios no final para saltar Hamilton. Tendo passado a prova inteira na luta pelo triunfo, Hamilton ficou furioso com a equipa no momento, apesar de ter posteriormente acalmado. A verdade é que o ritmo inesperadamente veloz dos Flechas de Prata com os compostos duros da Pirelli deram grandes dores de cabeça aos rivais.

Especialmente à Ferrari. Cotada como favorita, a equipa viu Charles Leclerc incapaz de acompanhar o ritmo do rival ao título durante toda a corrida. Restou-lhe o lugar mais baixo do pódio. Já Carlos Sainz teve que engolir uma variedade de más notícias ao longo da corrida: uma paragem nas boxes sem um dos pneus prontos, ultrapassagem sobre um Alpine sob bandeiras amarelas e um unsafe release nas boxes. Entre penalizações e atrasos, o espanhol acabou apenas em 8º e levando comentadores como Nico Rosberg a queixarem-se dos níveis de equipa de F3 dos mecânicos da Scuderia…

Os dois abandonos da prova foram cortesia de Yuki Tsunoda e Valtteri Bottas. Bottas voltou a não ter sorte, sofrendo uma falha mecânica. Já Tsunoda parou em pista por alegadamente ter pneus mal montados. A equipa disse que não, o piloto parou nas boxes para repôr os cintos que entretanto tinha parcialmente retirado (o que lhe vale 10 lugares de penalização para Monza) e acabou a voltar a parar em pista (por ter descoberto que o problema era do diferencial).

McLaren e Alpine continuaram a sua guerra mais ou menos declarada, com os primeiros a apenas terem Lando Norris em jogo contra os dois pilotos da Alpine (Daniel Ricciardo teve mais um fim-de-semana longe de pontos). Fernando Alonso em particular parece estar muito motivado para a luta com a McLaren, sendo que ambos os Alpine fizeram a mesma estratégia que a Mercedes ao montar os pneus duros.

Lance Stroll, mesmo com os timings terríveis dos períodos de SC fez um fim-de-semana notável, conseguindo entrar no Q3 no sábado e mantendo-se dentro do Top 10 no domingo. Alexander Albon também brilhou ao chegar em 12º, perto dos pontos (e tendo ido também ao Q3). Mick Schumacher poderia ter tido um bom fim-de-semana (outro que entrou no Q3) mas acabou por cair demasiadas posições durante a corrida. O outro Haas terminou as suas aspirações logo na primeira volta com uma saída de pista.

De destacar ainda a “guerra” declarada pelos organizadores do Grande Prémio aos flares laranjas dos fãs, tendo colocado avisos para serem entregues à entrada. Não tendo resolvido o problema (alguém chegou a interromper o Q2 ao lançar um para a pista), viu-se uma diminuição drástico dos objetos nas bancadas.

—–

Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Hamilton \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Leclerc \ 4. Hamilton \ 5. Pérez \ 6. Alonso \ 7. Norris \ 8. Sainz \ 9. Ocon \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (310) \ 2. Leclerc (201) \ 3. Pérez (201) \ 4. Russell (188) \ 5. Sainz (175) —– 1. Red Bull (511) \ 2. Ferrari (376) \ 3. Mercedes (346) \ 4. Alpine (125) \ 5. McLaren (101)

—–

Corrida anterior: GP Bélgica 2022
Corrida seguinte: GP Itália 2022

GP Holanda anterior: 2021

—–

Fórmula 2 (Rondas 23-24) \ Drugovich volta às vitórias e o título está a um passo

No final do sábado, muitos se interrogaram sobre o porquê de uma corrida feature tão calma. A primeira das duas corridas da Fórmula 2 na Holanda terminara com um número bem próxima de zero no tocante a ultrapassagens, e pouco mexera face ao grid inverso. A grande exceção foi a ultrapassagem de Marcus Armstrong sobre Clément Novalak (que valeu a vitória ao primeiro). Ainda assim, o facto de os comentadores terem chegado a conversar sobre os pombos na pista diz muito sobre a qualidade.

Um SC no final (despiste de Tatiana Calderón) ainda abriu as portas a um mini sprint de uma volta, no qual Ayumu Iwasa passou Richard Verschoor para 6º.

Já na feature tudo foi diferente. Logan Sargeant complementou esta sua segunda metade de temporada menos conseguida com um despiste na primeira volta que provocou um SC. Nesse SC um toque entre David Beckmann e Roy Nissany (que os viu penalizados e Nissany suspenso) levou a instaurar a bandeira vermelha.

A luta pela vitória ficou entre o pole e líder do campeonato, Felipe Drugovich, contra Richard Verschoor e Jack Doohan. Interessados em livrarem-se cedo dos pneus macios, todos foram parando volta após volta. Verschoor ainda passou brevemente Doohan nas boxes, mas o Virtuosi fez uma ótima ultrapassagem por fora na terceira curva.

Um SC devido a um pneu mal posto no carro de Marino Sato viu caos no seu recomeço. O líder Liam Lawson recomeçou só na reta, e vários pilotos calcularam mal os seus recomeços. Verschoor danificou o nariz numa manobra que viu Doohan abandonar, enquanto que Novalak e Calderón também terminaram as suas corridas mais cedo. Um novo SC viu a prova terminar por tempo e não por voltas.

A confusão foi suficiente que até Amaury Cordeel fez os seus primeiros pontos do ano pela Van Amersfoort. Já Théo Pourchaire foi ao muro em qualificação, o que o comprometeu para o resto do fim-de-semana, deixando Drugovich (vencedor final) com um caminho relativamente fácil para ser campeão daqui a uma semana.

—–

Qualificação: 1. Drugovich \ 2. Doohan \ 3. Sargeant \ … \ 8. Vips \ 9. Armstrong \ 10. Novalak

Resultado (Sprint): 1. Armstrong \ 2. Novalak \ 3. Hauger \ 4. Lawson \ 5. Vips \ 6. Iwasa \ 7. Verschoor \ 8. Sargeant (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Drugovich \ 2. Verschoor \ 3. Iwasa \ 4. Hauger \ 5. Fittipaldi \ 6. Cordeel \ 7. Vips \ 8. Caldwell \ 9. Pourchaire \ 10. Daruvala (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (233) \ 2. Pourchaire (164) \ 3. Sargeant (130) \ 4. Doohan (121) \ 5. Lawson (119) —– 1. MP (269) \ 2. ART (255) \ 3. Carlin (249) \ 4. Hitech (190) \ 5. Prema (180)

—–

Corrida anterior: Bélgica 2022 \ Rondas 21-22
Corrida seguinte: Itália 2022 \ Rondas 25-26

—–

Fórmula 3 (Rondas 15-16) \ Martins recupera a dianteira, Maloney ganha gosto às vitórias

Com o campeonato de F3 a aproximar-se da sua reta final, Victor Martins conseguiu a proeza de recuperar a liderança do campeonato com um par de corridas muito bem conseguidas. No sprint não se deixou levar a loucuras para passar Isack Hadjar (num fim-de-semana mais apagado) e no feature foi agressivo na partida para passar o pole Zane Maloney. Apesar de ter terminado a última corrida em 2º, conseguiu colocar-se 5 pontos na frente de Hadjar para o final de época em Monza.

Maloney foi extremamente impressionante ao recompôr-se de ser ultrapassado para fazer uma ótima manobra de recuperação da liderança a meio do feature, sabendo gerir os recomeços de SC. Outro jovem a impressionar foi Sebastián Montoya que se estreou pela Campos, com dois 8º lugares bem conseguidos.

A primeira corrida viu a história feel good de Juan Manuel Correa de regresso a um pódio, onde foi acompanhado pelo vencedor Caio Collet e por Zak O’Sullivan. Tendo sido tramados por uma bandeira vermelha no final da qualificação, Arthur Leclerc e Oliver Bearman podem bem ter sido afastados do título (não conseguiram recuperar até pontos em nenhuma das provas).

Brad Benavides teve um fim-de-semana intenso, abalroado por Rafael Villagoméz no sprint e sendo quem eliminou William Alatalo no feature. Bearman andou bem agressivo nas suas ultrapassagens mas não conseguiu resultados condizentes.

Destaque ainda para Franco Colapinto, 3º no feature, e para Roman Staněk, que tem vindo a acumular Top 5 ao longo do ano em quantidade suficiente para não estar nada longe da disputa do título.

—–

Qualificação: 1. Maloney \ 2. Martins \ 3. Crawford \ … \ 10. O’Sullivan \ 11. Saucy \ 12. Correa

Resultado (Sprint): 1. Collet \ 2. Correa \ 3. O’Sullivan \ 4. Edgar \ 5. Saucy \ 6. Hadjar \ 7. Martins \ 8. Montoya \ 9. Crawford \ 10. Staněk (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Maloney \ 2. Martins \ 3. Colapinto \ 4. Staněk \ 5. Hadjar \ 6. Crawford \ 7. Collet \ 8. Montoya \ 9. Edgar \ 10. Smolyar (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Martins (126) \ 2. Hadjar (121) \ 3. Staněk (109) \ 4. Bearman (106) \ 5. Maloney (102) —– 1. Prema (297) \ 2. Trident (250) \ 3. ART (190) \ 4. MP (185) \ 5. Hitech (148)

—–

Corrida anterior: Bélgica 2022 \ Rondas 13-14
Corrida seguinte: Itália 2022 \ Rondas 17-18

—–

Fontes:
F1 \ Piastri na McLaren
Motorsport \ Academia Ferrari retira Mick Schumacher





Imparável – GP Bélgica 2022

28 08 2022

Em várias ocasiões do campeonato do mundo, o circuito de Spa-Francorchamps já esteve afastado do calendário da Fórmula 1. Já foi intercalado, como sede do GP da Bélgica, com Zolder e Nivelles mas em anos recentes até já teve ocasiões em que nenhuma pista belga esteve presente. Algo sempre lastimado pelos pilotos, que adoram o traçado de Spa.

E é bem provável que possa estar para se ausentar já no próximo ano. Em 2021 o circuito ficou alagado pela chuva intensa e produziu uma “corrida” de 2 voltas atrás de Safety Car, que deixou os fãs furiosos. Juntando a isto a pouca capacidade de público de uma pista construída no meio da floresta e os fracos acessos à região, e obtém-se a receita perfeita para a FOM se sentir pouco tentada a renovar o contrato da Bélgica (apesar de talvez conseguir resistir até 2022, uma vez que o acordo com a África do Sul parece demorar).

Não que isso tenha impedido os donos do circuito de terem feito obras importantes na curva Eau Rouge, alargando a escapatória devido a um aumento exponencial de acidentes graves nessa secção em anos recentes.

Ainda se estava no primeira dia da pausa de Verão após a Hungria e já corria tinta na silly season da Fórmula 1, com o anúncio da Aston Martin de que haviam contratado por “vários anos” (2+1 de opção, acredita-se) Fernando Alonso. Houve uma tentativa da imprensa espanhola em vender a assinatura do espanhol como um bater de porta deste. Na verdade, parece evidente que foi uma incompatibilização mútua: a Alpine queria uma renovaçõ de apenas um ano e a colocação de Oscar Piastri no ativo; Alonso queria mais do que um ano e parecia perder fé na Alpine.

Ou assim parecia. Na verdade o timing de Alonso tramou por completo a contratação de Piastri, que terá assinado um pré-acordo com a McLaren. Isto deixou os franceses sem grandes hipóteses de contratação no mercado, prejudicando a imagem da marca (a ponto de já terem ameaçado processar Piastri pelo montante gasto pela academia de jovens nele). Do lado da McLaren, a equipa chegou a acordo com Daniel Ricciardo para uma rescisão (que poderá ver Ricciardo regressar a Enstone).

Já na Williams a renovação de Alexander Albon foi fácil e natural.

No tocante aos regulamentos, continuou-se a assistir a uma discussão entre as equipas sobre os limites do chão dos carros. No final o acordo foi para 15mm em vez de 25mm, uma solução de compromisso. A FIA também ultimou a fórmula de motores para 2026, que usará combustíveis mais “verdes” e possuirá uma maior componente elétrica (abrindo a porta à entre das marcas do grupo VW).

Dessas marcas, a primeira já deu o tiro de partida: a Audi anunciou na sexta-feira oficialmente o seu ingresso como fornecedora de motores a partir de 2026, fazendo questão de dar uma bicada à Mercedes sobre ir construir as unidades na Alemanha (a Mercedes fabrica no Reino Unido). Ainda não há confirmação oficial sobre com que equipa se emparelhará, mas o rumor mais forte é que será a Sauber (a Alfa Romeo até já disse que não prosseguirá a aliança com os suíços para além de 2023).

Ronda 14 – Grande Prémio da Bélgica 2022

Com todas as novidades que o GP da Bélgica trouxe nos seus dias anteriores à ação em pista, a utilização de Liam Lawson pela AlphaTauri no primeiro treino livre até passou despercebida. O neo-zelandês da F2 fez trabalho com sequências longas de difícil avaliação. Menos complicado não foi conseguir perceber como se alinhava a grelha após a qualificação, dado que foram numerosos os pilotos a trocarem de componentes estrategicamente.

Max Verstappen, Charles Leclerc, Lando Norris, Esteban Ocon, Mick Schumacher e Valtteri Bottas foram os felizes contemplados, forçando-os a saber de antemão que partiriam das últimas posições. O facto de serem tantos potenciou que tivessem que ir até ao mais longe possível na mesma, uma vez que poderiam partir de entre 15º e 20º.

Verstappen dominou por completo os procedimentos em qualificação (garantindo o seu 15º lugar), apesar de ter sido criticado por não fornecer cone de ar a Sergio Pérez (algo que todas as outras equipas fizeram entre colegas). Carlos Sainz pareceu sempre o mais eficaz dos dois Ferrari e garantiu assim o direito de largar em 1º, seguido de Pérez. Fernando Alonso completou o trio da frente ao terminar em 5º com a ajuda de Esteban Ocon, apesar de se ter mostrado resignado com ser passado por alguns dos penalizados durante a corrida.

Alexander Albon brilhou no seu Williams ao chegar ao Q3 e partir de 6º, enquanto Daniel Ricciardo e Pierre Gasly viram as suas más qualificações serem compensadas com lugares no Top 10 da grelha. Foi um sábado terrível para Alfa Romeo e Haas.

No domingo havia uma sensação no ar de que, mesmo a partir de posições tão baixas, Verstappen possivelmente conseguiria colocar-se na rota da vitória e acabou por ser precisamente isso que ocorreu. O holandês manteve-se longe dos sarilhos da partida e usou os seus pneus macios para passar os rivais com uma facilidade quase cómica, até chegar perto da traseira de Sainz. Daí em diante foi um passeio para o campeão do mundo, com Pérez a completar a dobradinha Red Bull.

Já o rival Leclerc teve um dia para esquecer. Tendo tido que parar na primeira volta para resolver um problema da roda dianteira direita (que depois se revelou ser uma tira da viseira de Verstappen presa ao travão…), Leclerc correu com uma estratégia alternativa o resto da prova e parecia encaminhado para 5º quando a Ferrari o parou para pneus macios de modo a roubar a volta mais rápida da corrida. Só que o ritmo não se revelou suficiente e o piloto excedeu a velocidade no pitlane, valendo-lhe uma penalização que o deixou em 6º.

Alonso fez uma ótima partida mas a defender-se de Hamilton em Les Combes viu-se violentamente tocado pelo Mercedes, queixando-se no rádio. Apesar de tudo o espanhol ficou com danos mínimos e Hamilton abandonou (e assumiu as culpas). Daí em diante o Alpine viu-se em terra de ninguém em 5º, demasiado lento para os da frente e demasiado rápido para os de trás. Foi um bom dia geral para a Alpine, que viu Ocon fazer uma ótima recuperação até 7º.

Os últimos lugares pontuáveis foram todos conquistados com grandes performances. Sebastian Vettel fez uma partida limpa para chegar a andar em 5º, conseguindo manter o seu Aston Martin num ritmo bastante bom que lhe valeu um 8º lugar. Atrás dele chegou Pierre Gasly, que teve que partir do pitlane devido a problemas mecânicos e voltou a pontuar neste ano difícil para a AlphaTauri. Por último, Albon conseguiu dar à Williams um ponto conquistado com grande esforço, segurando um comboio de vários carros (não fazendo erros e tendo ótima velocidade de ponta).

Lance Stroll foi o primeiro dos pilotos fora dos pontos, tendo sido espremido na primeira volta pelo colega de equipa, enquanto que Daniel Ricciardo caiu na classificação (muito devido à terrível velocidade de ponta da McLaren). Valtteri Bottas foi uma vítima inocente de um despiste de Nicholas Latifi.

—–

Qualificação: 1. Sainz \ 2. Pérez \ 3. Alonso \ 4. Hamilton \ 5. Russell (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Russell \ 5. Alonso \ 6. Leclerc \ 7. Ocon \ 8. Vettel \ 9. Gasly \ 10. Albon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (284) \ 2. Pérez (191) \ 3. Leclerc (186) \ 4. Sainz (171) \ 5. Russell (170) —– 1. Red Bull (475) \ 2. Ferrari (357) \ 3. Mercedes (316) \ 4. Alpine (115) \ 5. McLaren (95)

—–

Corrida anterior: GP Hungria 2022
Corrida seguinte: GP Holanda 2022

—–

Fórmula 2 (Rondas 21-22) \ Lawson e Doohan recuperam terreno

Acompanhando a Fórmula 1 neste regresso ao ativo, a Fórmula 2 viu várias mexidas no seu mercado de pilotos. A substituição de Ollie Caldwell por Lirim Zendeli na Campos foi a mais simples e provisório, apenas para fazer frente à suspensão do primeiro. Já Jake Hughes e Cem Bölükbaşı não voltarão até ao final do ano, substituídos por David Beckmann (na Van Amersfoort) e Tatiana Calderón (na Charouz), respetivamente.

Em condições difíceis de qualificação coube a Felipe Drugovich retomar a iniciativa no seu campeonato com a pole position de sexta-feira, seguido de perto pelo compatriota Enzo Fittipaldi. Na corrida sprint o brasileiro estava num tranquilo 6º lugar quando uma oportunidade de Safety Car se proporcionou e o homem da MP foi um de vários pilotos que arriscaram parar para montar os pneus macios. Com muito mais aderência que os rivais, Drugovich conseguiu chegar em 4º, com o bónus de ter terminado na frente do rival Théo Pourchaire.

Já o vencedor da corrida foi Liam Lawson, que realizou uma ótima ultrapassagem sobre o regressado Ralph Boschung para vencer (Jehan Daruvala não partiu sequer por problemas mecânicos). Mais atrás Logan Sargeant perdeu o controlo do seu carro numa sequência rápida e provocou o único SC da corrida.

Para domingo Jack Doohan e Drugovich tinham reservado um duelo particular de prova inteira pela vitória, que acabou vencido pelo primeiro (ainda que o segundo dificilmente tenha ficado desapontado, dado que Pourchaire abandonou com problemas mecânicos).

Lawson completou o pódio, depois de ter tido vários incidentes com Fittipaldi em que mostrou frustração com ser espremido, com Richard Verschoor logo atrás (fazendo uma prova ótima). Logan Sargeant acumulou pontos numa prova em que foi perdendo pneus, enquanto que Clément Novalak fez uma estratégia inversa funcionar para roubar o 10º lugar a Dennis Hauger na última volta.

—–

Qualificação: 1. Drugovich \ 2. Fittipaldi \ 3. Sargeant \ … \ 8. Pourchaire \ 9. Daruvala \ 10. Boschung

Resultado (Sprint): 1. Lawson \ 2. Doohan \ 3. Boschung \ 4. Drugovich \ 5. Verschoor \ 6. Pourchaire \ 7. Armstrong \ 8. Beckmann (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Doohan \ 2. Drugovich \ 3. Lawson \ 4. Verschoor \ 5. Fittipaldi \ 6. Sargeant \ 7. Beckmann \ 8. Iwasa \ 9. Vips \ 10. Novalak (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (205) \ 2. Pourchaire (162) \ 3. Sargeant (127) \ 4. Doohan (121) \ 5. Lawson (114) —– 1. ART (253) \ 2. Carlin (241) \ 3. MP (232) \ 4. Hitech (168) \ 5. Prema (161)

—–

Corrida anterior: Hungria 2022 \ Rondas 19-20
Corrida seguinte: Holanda 2022 \ Rondas 23-24

—–

Fórmula 3 (Rondas 13-14) \ Bearman atira-se para a luta pelo título

A temperamental meteorologia de Spa-Francorchamps provocou o caos na qualificação da F3, atirando os principais candidatos ao título para fora dos 18 primeiros. Isto deixou o palco aberto para outros protagonistas. Caio Collet fez a pole position, seguido de Zane Maloney e Francesco Pizzi. Arthur Leclerc ficou em 20º, Isack Hadjar em 23º, Victor Martins em 24º e Jak Crawford em 30º (último).

A partida para o sprint viu confusão no final da reta Kemmel entre os dois primeiros (Zak O’Sullivan e Juan Manuel Correa) que terminou com as suas aspirações, sendo passados por Brad Benavides até este ser passado por Oliver Bearman da Prema. Após um curto Safety Car para o carro preso de Christian Mansell, a prova recomeçou e viu uma ultrapassagem de Roman Staněk a Oliver Goethe. Assim que esta terminou Goethe envolveu-se em Les Combes com Zane Maloney, valendo o Halo para voltar a evitar males maiores.

Bandeira vermelha para a reparação de pista e no recomeço Bearman fugiu na liderança, enquanto atrás dele as ultrapassagens se multiplicavam. Bearman triunfou, seguido de Staněk e Smolyar, enquanto que os candidatos ao título recuperaram muito bem (Leclerc até 5º e Hadjar até 9º, para além de Crawford que ficou em 11º mesmo à beira dos pontos).

No dia de feature acabou por ser o piloto que partiu de 2º a brilhar. Zane Maloney esteve vários níveis acima dos rivais e triunfou, mesmo sendo atirado para fora em Les Combes pelo pole Collet. No regresso à pista, Collet não teve cuidado e atirou Pizzi para fora, valendo-lhe 5 segundos de penalização. Mais atrás, Kush Maini desligou o cérebro e eliminou 3 pilotos diferentes, incluíndo Martins, provocando o primeiro de dois SC.

Foi um bom dia para a Trident, que viu Staněk repetir um 2º lugar, e para a Prema ver Oliver Bearman chegar em 3º e lançar-se com pujança para a luta do título.

—–

Qualificação: 1. Collet \ 2. Maloney \ 3. Pizzi \ … \ 10. Benavides \ 11. Correa \ 12. O’Sullivan

Resultado (Sprint): 1. Bearman \ 2. Staněk \ 3. Smolyar \ 4. Edgar \ 5. Leclerc \ 6. Alatalo \ 7. Vidales \ 8. Benavides \ 9. Hadjar \ 10. Collet (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Maloney \ 2. Staněk \ 3. Bearman \ 4. Goethe \ 5. Edgar \ 6. Collet \ 7. Alatalo \ 8. Vidales \ 9. Smolyar \ 10. Ushijima (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Hadjar (106) \ 2. Bearman (105) \ 3. Martins (104) \ 4. Leclerc (101) \ 5. Staněk (96) —– 1. Prema (286) \ 2. Trident (196) \ 3. MP (167) \ 4. ART (153) \ 5. Hitech (133)

—–

Corrida anterior: Hungria 2022 \ Rondas 11-12
Corrida seguinte: Holanda 2022 \ Rondas 15-16

—–

Fontes:
A Bola \ Ricciardo deixa McLaren no final deste ano
Autosport \ Calderón na Charouz
Autosport PT \ Audi anunciou entrada na F1 para 2026
ESPN \ Piastri na McLaren?
F1 \ Albon renova com Williams
FormulaRapida \ Beckmann na Van Amersfoort
Grande Prêmio \ Aston Martin assina Alonso
Grande Prêmio \ Zendeli na Campos
Motorsport \ Novos regulamentos ultimados
Stuff \ Lawson no FP1 com a AlphaTauri





Desastre para a Ferrari faz fugir liderança do campenato – GP Espanha 2022

22 05 2022

Palco do primeiro teste dos novos carros de Fórmula 1 em Fevereiro, o circuito de Barcelona recebeu neste fim-de-semana pela segunda vez em 2022 as equipas da principal categoria do automobilismo. Quando a F1 saiu de Espanha em Fevereiro com Lando Norris a suspirar que preferia não ter feito o tempo mais rápido do primeiro dia, poucos na própria McLaren teriam previsto a falta de rendimento do carro dos britânicos. Poucos também confiavam que a Ferrari tinha acertado o passo, mas foi na luta pelo título que a Ferrari regresso à Catalunha.

Alterada mais recentemente no ano passado, com uma mudança de perfil da curva La Caixa para algo mais próximo do projeto original de 1991, a pista tem sido uma referência credível para a ordem de performance das equipas ao longo dos anos. Tradicionalmente, quem tem um bom carro em Montmeló, tem um bom carro para o ano inteiro. A última chicane, introduzida em 2007, infelizmente continua também a marcar presença.

A F1 e o MotoGP têm utilizado a pista sem interrupção desde os anos 90, beneficiando enormemente da competitividade dos espanhóis nessas categorias. Se Marc Márquez e Jorge Lorenzo fazem o seu papel no MotoGP, na F1 foi a Alonso-mania dos 2000’s e 2010’s que sustentou a presença do GP de Espanha. Agora que Carlos Sainz também está na mó de cima com a Ferrari, esperava-se um público caseiro em êxtase.

Sebastian Vettel fez uso do seu tempo entre corridas para participar no talk show britânico Question Time, deixando opiniões bem-informadas sobre alterações climáticas e avisos sérios sobre o seu futuro na F1. A sua equipa preparou para Espanha um pacote aerodinâmico completamente novo, com forte inspiração Red Bull.

A Williams apresentou-se em Barcelona com cabelos ruivos, em referência auma aposta de Alexander Albon sobre ter pontuado. O tailandês foi substituído aos comandos do Williams no primeiro treino livre pelo campeão de FE Nyck de Vries, uma de várias substituições para dar espaço às duas participações obrigatórias de jovens em treinos este ano (Robert Kubica também alinhou pela Alfa Romeo e Jüri Vips pela Red Bull).

Por último, a F1 anunciou que optou por não substituir com nenhuma outra prova o GP da Rússia, permitindo um fim-de-semana de pausa aos elementos das equipas.

—–

Ronda 6 – Grande Prémio de Espanha 2022

Com todas as equipas menos a Haas a apresentarem atualizações aos seus monolugares em Espanha, a expectativa era grande para ver se haveriam alterações na ordem geral das equipas. A mais notória de todas foi a da Mercedes que, mesmo não tendo ainda ritmo para responder de igual para igual com Red Bull e Ferrari, se assumiu como uma adversária bem mais presente nas disputas da frente.

O “Red Bull verde” da Aston Martin ainda deu que falar na sexta-feira (com os austríacos a chegarem a beber Red Bull lima para gozar com a situação) mas assim que se viu que a equipa foi eliminada no Q1 as preocupações dissiparam-se. A acompanhar a Aston nesta eliminação ficou a Williams, que viu as deficiências do seu projeto muito expostas pelo circuito de Barcelona, e Fernando Alonso. O espanhol só uma vez antes falhara a presença no Q3 no circuito caseiro…

Só que o mau ritmo da Alpine em qualificação (Esteban Ocon também se ficou pelo Q2) foi passageiro: em corrida os franceses tinham muita velocidade, que viu a chegada a pulso de ambos até aos lugares pontuáveis.

No topo a Ferrari conseguiu roubar a pole position debaixo do nariz de Max Verstappen, depois do campeão do mundo em título sofrer com um DRS que se recusou a abrir. Charles Leclerc aproveitou para receber o pequeno pneu-troféu do pai do seu colega de equipa, Carlos Sainz. George Russell aproveitou ainda para se meter na frente de Sergio Pérez, ambos os Haas chegaram ao Q3 (Magnussen teve o mesmo problema que Verstappen com o DRS) e Lando Norris viu a sua melhor volta eliminada por limites de pista (uma decisão criticada por haver gravilha no exterior).

A partida viu a situação nas posições dianteiras manter-se estável até que na Curva 4, um de cada vez, Verstappen e Sainz saíram de pista sozinhos, conseguindo ainda assim regressar com muito tempo perdido. Verstappen recuperou até à traseira do Mercedes de Russell, mas o problema de DRS regressou e manteve o holandês preso atrás do britânico, que fez uso da velocidade de reta e de alguma agressividade para se defender.

Vendo Leclerc a fugir cada vez mais na liderança, a Red Bull dividiu as suas estratégias: Verstappen parou para pneus macios e um stint sempre a puxar, e Pérez preparou-se para fazer os seus pneus durar. Mas nem era necessário. Leclerc abruptamente abrandou em pista e abandonou com problemas de motor, simplificando a tarefa da rival.

De pneus mais frescos, Verstappen despachou Russell quando o voltou a apanhar e acabou por beneficiar de ordens de equipa para triunfar (controversas por ainda se estar no início de temporada). Russell completou o pódio, apesar de preocupações sempre presentes de sobreaquecimento do seu Mercedes.

O colega de equipa Lewis Hamilton podia ter terminado logo atrás, mas a corrida dele foi cheia de peripécias. Contacto com Kevin Magnussen na primeira volta fez ambos cair para o fundo da grelha, de onde o britânico chegou a ponderar abandonar. Só que a estratégia da Mercedes funcionou e Hamilton puxou pelo W13 para recuperar posições até ao 4º lugar, que acabou por perder para Sainz no final devido a preocupações com a refrigeração do carro.

Valtteri Bottas fez o que sabe melhor fazer em 2022: arrastar o Alfa Romeo até lugares cimeiros contra concorrência mais bem preparada. O finlandês apenas perdeu duas posições por má decisão estratégica para Sainz e Hamilton, depois de ter segurado ambos durante algumas voltas. Lando Norris correu com uma amigdalite mas garantiu pontos à McLaren e humilhando novamente o colega de equipa.

A AlphaTauri terminou os lugares pontuáveis com um 10º lugar de Yuki Tsunoda, com a Aston Martin a bater à porta com o 11º lugar de Sebastian Vettel e com a Haas a ter um dia terrível de corrida depois do bom desempenho de sábado.

O campeonato é, pela primeira vez este ano, liderado por Verstappen e pela Red Bull, numa altura em que se esperaria que a equipa ainda estivesse bastante atrás da Ferrari.

—–

Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Verstappen \ 3. Sainz \ 4. Russell \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Russell \ 4. Sainz \ 5. Hamilton \ 6. Bottas \ 7. Ocon \ 8. Norris \ 9. Alonso \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (110) \ 2. Leclerc (104) \ 3. Pérez (85) \ 4. Russell (74) \ 5. Sainz (65) —– 1. Red Bull (195) \ 2. Ferrari (169) \ 3. Mercedes (120) \ 4. McLaren (50) \ 5. Alfa Romeo (39)

—–

Corrida anterior: GP Miami 2022
Corrida seguinte: GP Mónaco 2022

GP Espanha anterior: 2021
GP Espanha seguinte: 2023

—–

Fórmula 2 (Rondas 7-8) \ Dupla vitória para Drugovich

Se a sexta-feira de qualificação tinha visto Jüri Vips no seu melhor, o sábado de sprint viu-o a questionar-se a si mesmo por rádio sobre a sua agressividade, quando provocou um SC após um pião. A corrida já começara algo atribulado, devido ao pole inverso (Calan Williams) nem ter conseguido arrancar para a volta de formação. Jake Hughes herdou a pole mas viu-se passado por tudo e todos antes da primeira curva, com Felipe Drugovich a recuperar a liderança que perdera por ter sido penalizado após a qualificação (bloqueou um adversário).

Daí para a frente o brasileiro esteve imperial, e contou com Ayumu Iwasa para servir de tampão a um Logan Sargeant que parecia bem mais rápido.

Foi um fim-de-semana de sonho para o brasileiro mesmo, com uma partida de 10º lugar a não ser impedimento suficiente para que Drugovich não vencesse novamente. O piloto da MP esticou imenso o seu stint de pneus macios, o que lhe permitiu passar sem grandes dificuldades o pole Jack Doohan. Doohan apesar disso esteve em muito bom nível nas duas corridas.

A MP completou o seu bom dia com uma estratégia inversa no carro de Clément Novalak, que viu o francês fazer grandes ultrapassagens em pneus macios para terminar no Top 5 bem colado ao Carlin de Logan Sargeant (Enzo Fittipaldi também acabou logo atrás com estratégia semelhante). Houve um SC logo no início da corrida devido a um motor de Jehan Daruvala que “morreu”aleatoriamente.

Destaque ainda para a péssima filmagem aérea da partida do sprint e para a não-participação de Ralph Boschung por dores de pescoço demasiado intensas.

—–

Qualificação: 1. Doohan \ 2. Vips \ 3. Vesti \ … \ 8. Hughes \ 9. Williams \ 10. Drugovich

Resultado (Sprint): 1. Drugovich \ 2. Iwasa \ 3. Sargeant \ 4. Daruvala \ 5. Pourchaire \ 6. Doohan \ 7. Vesti \ 8. Fittipaldi (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Drugovich \ 2. Doohan \ 3. Vesti \ 4. Sargeant \ 5. Novalak \ 6. Fittipaldi \ 7. Armstrong \ 8. Pourchaire \ 9. Lawson \ 10. Nissany (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (86) \ 2. Pourchaire (60) \ 3. Daruvala (41) \ 4. Lawson (37) \ 5. Armstrong (36) —– 1. MP (108) \ 2. ART (85) \ 3. Carlin (73) \ 4. Hitech (66) \ 5. Prema (55)

—–

Corrida anterior: Emilia Romagna 2022 \ Rondas 5-6
Corrida seguinte: Mónaco 2022 \ Rondas 9-10

—–

Fórmula 3 (Rondas 5-6) \ Martins segura a liderança

Em dia de calor abrasivo, os Fómula 3 bem agradeceram ter feito a sua prova de sábado de manhãzinha. Zane Maloney até se tinha qualificado no lugar certo para a pole inversa mas não se foi pesar quando requerido, o que deixou David Vidales no lugar mais alto da grelha. O piloto da casa (em mais do que uma maneira, uma vez que guia pela também espanhola Campos) conseguiu segurar o pelotão na partida e daí para a frente não foi novamente passado, assegurando-lhe a vitória sprint.

Franco Colapinto ficou com a cobertura de motor danificado e esta chegou a voar em reta, tendo que abandonar. Victor Martins também o fez, ainda que por motivos diferentes.

Jak Crawford e Caio Collet completaram o pódio da primeira prova, enquanto que Arthur Leclerc aproveitou o deslize do rival Martins para lhe “roubar” alguns pontos. Lirim Zendeli terminou 20º quando substituía David Schumacher (em ação no DTM) na Charouz.

Para a corrida feature, a pressão estava em Roman Staněk. O checo sabia que precisava de uma boa quantia de pontos para manter vivas as suas esperanças de campeonato e atacou durante a corrida, mas Martins conseguiu colocar o seu ART na frente do Trident e daí em diante, mesmo com dois SC, nunca pareceu estar sob ameaça de Staněk.

Martins aproveitou muito bem um dia não de Leclerc, em que o monegasco inclusive acertou no vencedor do sprint Vidales e recebeu uma penalização. Os dois SC foram provocados por: primeiro, incidente entre Rafael Villagómez e Kush Maini; em segundo, por Brad Benavides a ir ter ao muro.

À saída de Barcelona parece cada vez mais claro que o campeonato de F3 está a preparar-se para uma disputa a 5, dado que o 6º classificado do campeonato (Alexander Smolyar) já está a alguma distância.

—–

Qualificação: 1. Staněk \ 2. Martins \ 3. Smolyar \ … \ 10. Correa \ 11. Vidales \ 12. Maloney

Resultado (Sprint): 1. Vidales \ 2. Crawford \ 3. Collet \ 4. Leclerc \ 5. Correa \ 6. Smolyar \ 7. Frederick \ 8. Staněk \ 9. Ushijima \ 10. Hadjar (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Martins \ 2. Staněk \ 3. Hadjar \ 4. Smolyar \ 5. Bearman \ 6. Crawford \ 7. Collet \ 8. Colapinto \ 9. Frederick \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Martins (62) \ 2. Staněk (56) \ 3. Crawford (50) \ 4. Hadjar (47) \ 5. Leclerc (43) —– 1. Prema (120) \ 2. ART (98) \ 3. Trident (75) \ 4. Hitech (63) \ 5. MP (56)

—–

Corrida anterior: Emilia Romagna 2022 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Reino Unido 2022 \ Rondas 7-8

—–

Fontes:
Evening Standard \ Cabelo vermelho na Williams
GP Blog \ Aston Martin com versão B
iNews \ Vettel no Question Time
Motorsport \ GP Rússia não é substituído
Sky Sports \ Testes para jovens





Muita fanfarra em corrida morna – GP Miami 2022

9 05 2022

Durante o ano de 2020, a Fórmula 1 viu-se forçada a dispensar visitas ao continente americano devido à pandemia de Covid-19. Em 2021, a categoria recuperou a visita ao Texas. Este ano ganhou uma nova na Florida. Em 2023, terá uma terceira no Nevada. Apenas a Itália já conseguiu ter também 3 provas num só ano.

Nesta estreia de uma segunda prova dos EUA no calendário, Miami contou com uma pista em torno do Hard Rock Stadium da cidade, com direito à construção de um falso lago artificial para tentar projetar uma imagem mais acolhedora (na verdade, serviu como montra para os iates de milhões de dólares expostos e foi motivo de chacota geral antes da corrida). O circuito difere por completo de um projeto original, que contou com forte oposição local, mas parece ter também uma seriedade que o outro não tinha.

Tendo já recebido em 2015 uma ronda de Fórmula E, a capital do estado da Florida apresentou um traçado bem diferente nesta oportunidade, seguindo o modelo padrão de Jeddah (e outras adições recentes ao calendário) de retas grandes, chicanes técnicas e curvas de alta velocidade (de modo a aumentar a média de velocidade por volta).

Houve alguma apreensão antes do início do Grande Prémio devido aos dois diretores de prova da F1 terem testado positivo a Covid-19 logo após Imola. Felizmente para a categoria (os memes do regresso de Michael Masi foram vários…), Niel Wittich testou negativo antes do fim-de-semana. A FIA voltou a reforçar que joalharia está proibida (no que se acredita ser com Lewis Hamilton como alvo), mas Hamilton apareceu às conferências de imprensa com 3 relógios, 4 correntes e anéis em todos os dedos. Por seu lado, Sebastian Vettel apareceu com boxers sobre o seu macacão em protesto contra a insistência da FIA sobre as normas dessa peça de vestuário.

Destaque também para algumas das medidas após reunião WMSC, como um acordo de princípio para 6 sprints em 2023 (se bem que com oposição da FIA, que parece não estar tão harmoniosa com a Liberty Media como já foi), diminuição do peso dos carros do regulamento de 2026, menos pneus por fim-de-semana (e pneus duros e médios para Q1 e Q2, respetivamente) e a obrigatoriedade das câmaras de capacete estradas em alguns carros este ano.

—–

Ronda 5 – Grande Prémio de Miami 2022

Com previsões de um possível domínio da Red Bull, fruto das retas longas da pista americana, Miami acabou por trazer não só uma Ferrari em quase paridade com a rival, como ainda deu direito à Mercedes dar um ar da sua graça nos treinos livres, com George Russell a chegar a liderar um deles.

As grandes dores de cabeça (para além da grande cabeçada de Carlos Sainz no seu trackwalk), no entanto couberam à FIA devido à condição dos muros da secção lenta das curvas 14 e 15. Apesar das baixas velocidades (relativamente falando), era fácil perder o controlo dos carros e foi o que sucedeu com grande violência a Sainz e a Esteban Ocon durante os treinos. Ambos ficaram menos que impressionados com a FIA não ter optado por barreiras TecPro na zona e antes por cimento…

Já na qualificação a rápida evolução do emborrachamento do alcatrão levou a importância de estar no sítio certo na hora certa a rebentar a escala. A Ferrari acabaria por fazer um excelente trabalho nesse quesito, com os dois carros na primeira linha, enquanto que Max Verstappen falhou na volta crítica com um deslize que deixou a Red Bull em 3º e 4º lugares.

Logo atrás vinha um impressionante Valtteri Bottas no seu Alfa Romeo, continuando a grande forma que tem vindo a mostrar este ano, seguido de um aliviado Lewis Hamilton (que viu algumas mudanças a resultarem positivamente no seu Mercedes). A AlphaTauri colocou ambos os seus carros no Q3, assim como Lance Stroll, um sinal positivo para a Aston Martin.

Não houve uma única bandeira vermelha, ao contrário do esperado, mas houve um enorme engarrafamento na Curva 17 que tramou por completo Guanyu Zhou (eliminado pela primeira vez no Q1). Ocon não pôde competir devido aos donos do terceiro treino livre.

Depois de uma chuva de manhã ter eliminado toda a borracha da pista americana, domingo trouxe uma combinação Verstappen-Red Bull que provou ser impossível de lidar para a Ferrari, com o holandês a ultrapassar ambos e a utilizar o stint de pneus médios para se distanciar o suficiente de modo a que nos pneus duros Charles Leclerc apenas o conseguisse igualar. Desde o update da Red Bull que se tem tornado claro que são os austríacos na mó de cima, cabendo à Ferrari mostrar em Barcelona daqui a duas semanas se possui as atualizações necessárias para competir.

Não que tenha tudo corrido de feição à Red Bull, com Sergio Pérez a ter perdido a certa altura potência, o que lhe comprometeu as possibilidades de pódio contra um Sainz exausto, depois de ter estado sem água a corrida inteira.

George Russell foi mais uma vez beneficiário de um Safety Car para saltar Lewis Hamilton, para grande insatisfação do último (que nem sequer gostou de lhe ser perguntada a opinião sobre a estratégia) mas também fez por merecer ser o único piloto a ter terminado todas as provas no Top 5. A Mercedes claramente continua com alguma falta de ritmo para entrar na luta dos pódios.

Bottas prosseguiu o seu excelente fim-de-semana, andando frequentemente na frente dos Mercedes até um erro nas voltas finais deixar passar ambos, enquanto que Fernando Alonso fez uma prova de atrito (culminando numa manobra demasiado otimista sobre Pierre Gasly, que posteriormente deu danos estruturais ao AlphaTauri que eliminou Lando Norris) com direito a duas penalizações.

Outro piloto com manobra quase idêntica foi Mick Schumacher sobre Vettel, que deitou a perder os pontos da Haas na corrida. O colega de equipa Kevin Magnussen também teve um choque desastrado com Lance Stroll, que mesmo assim conseguiu terminar nos pontos depois de calculadas as penalizações.

Os dois homens da última linha da grelha de partida também impressionaram: Alexander Albon e Esteban Ocon voltaram a pontuar com provas limpas (o primeiro a atribuir a boa sorte ao cabelo pintado de ruivo, enquanto que o segundo bem pode agradecer o timing do SC para a sua paragem nas boxes.

No pódio houve direito a escoltas policiais e capacetes de futebol americano (em vez dos chapéus Pirelli), para além de uma entrevista feita por Willy T. Ribbs em que Leclerc foi chamado de “Chuck” e Sainz de “baby”. Todo o evento foi tão “americano” quanto se poderia esperar mas deixou a impressão de que foi muita fanfarra para uma corrida morna.

—–

Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Sainz \ 3. Verstappen \ 4. Pérez \ 5. Bottas (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Pérez \ 5. Russell \ 6. Hamilton \ 7. Bottas \ 8. Ocon \ 9. Albon \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Leclerc (104) \ 2. Verstappen (85) \ 3. Pérez (66) \ 4. Russell (59) \ 5. Sainz (53) —– 1. Ferrari (157) \ 2. Red Bull (151) \ 3. Mercedes (95) \ 4. McLaren (46) \ 5. Alfa Romeo (31)

—–

Corrida anterior: GP Emilia Romagna 2022
Corrida seguinte: GP Espanha 2022

GP Miami seguinte: 2023

—–

Fontes:
Autosport \ Iates em Miami
Motorsport \ FIA e jóias
Sky Sports \ FIA contra mais sprints
The Race \ Diretores de prova com Covid-19