Problema crescente para a Williams em dia de glória para Red Bull – GP Japão 2024

9 04 2024

Poucos circuitos podem receber a honra de carregarem tanto simbolismo histórico na Fórmula 1 quanto o GP do Japão em Suzuka. Famosamente a única pista em “8” (um “8” bem torto, mas ainda assim…) e a primeira corrida asiática da histórica da categoria, a quase totalidade das curvas da pista são desafiantes e historicamente significativas para a F1. A 130R onde Alonso ultrapassou Schumacher por fora, a chicane final onde Senna e Prost decidiram o campeonato de 1990, a primeira curva onde Räikkonen ultrapassou Fisichella na última volta para vencer,…

Criada em 1962 pela Honda como local principal de testes para os seus carros de competição, a pista pouco mudou nos anos desde a sua criação, até porque o seu desenho inicial procurou fazer das colinas e estradas regionais de forma a exigir o mínimo de terraplanagem possível. O arquiteto original, John Hugenholtz, ainda expressou preocupação com os produtores de arroz, mas Soichiro Honda simplesmente pagou aos agricultores e atribui-lhes novas terras. A primeira prova no traçado foi de carros desportivos, vencida por Peter Warr num Lotus 23.

A F1 até visitou o autódromo de Fuji primeiro para o GP do Japão inaugural, mas apenas em 2 edições nos 1970s e outras 2 nos 2000s. Nas restantes, muitas vezes como prova final do campeonato, foi Suzuka quem recebeu as suas provas. Já em 2024, pela primeira vez, veremos o GP japonês na fase inicial do calendário.

Alguns dias antes do fim-de-semana, a Liberty Media anunciou que avançará com a compra da MotoGP para juntar ao seu porfólio de automobilismo que já inclui a F1. A empresa já deixou claro que não pretende juntar as duas categorias num mesmo fim-de-semana de competição e que está confiante de a compra não ser bloqueado por excessiva concentração de poder.

Ronda 4 – Grande Prémio do Japão 2024

Como se não bastassem constantes perguntas sobre a utilização dos seus chassis extra e de reparações dos seus carros, a Williams viu todos os seus piores cenários confirmarem-se em Suzuka. Com um carro reparado, Logan Sargeant tratou de o destruir logo no primeiro treino livre. Depois, na partida, Alexander Albon envolveu-se num incidente aparatoso com Daniel Ricciardo (que até valeu uma bandeira vermelha). Como se não bastasse, Sargeant ainda foi à gravilha e danificou o chão em corrida.

Não foi por acaso que o comentador Will Buxton fez questão de indiretamente perguntar a James Vowles se na China a equipa contaria com os dois carros…

Ricciardo também não teve um bom fim-de-semana, voltando a perder o duelo de qualificação para o colega da RB, Yuki Tsunoda, e depois sendo o principal responsável pelo acidente com Albon (sem penalização). O australiano já tratou de dar a entender à imprensa que tem estado a pedir para experimentar um novo chassis, como potencial causa da sua má performance.

Tsunoda, a correr em caso, voltou a colocar o seu RB no Q3 e a fazer uma ótima e sólida performance em corrida, com direito a diversas ultrapassagem por fora e a somar mais um valioso ponto para a equipa italiana. Ainda está longe de poder ser considerado um candidato ao segundo Red Bull, mas está a dar importantes passos para garantir a sua continuidade.

Longe das dificuldades de Melbourne, e mesmo com a necessidade de realizar duas partidas, a Red Bull acabou por passear por completo no Japão, tendo assegurado a primeira linha da grelha em qualificação e a dobradinha liderada por Max Verstappen (o que significa que todas as 4 provas do ano terminaram em dobradinhas).

A juntar-se aos Red Bull no pódio ficou Carlos Sainz, agradavelmente surpresa quando se apercebeu que não só conseguia ter mais ritmo de corrida que os McLaren como ainda suficiente para ameaçar o segundo Red Bull de Sergio Pérez. Lando Norris ainda tentou dar luta, só que já parece mais claro que se os pilotos da McLaren até conseguem disfarçar a falta de ritmo para a Ferrari em qualificação, em corrida a tarefa é muitos mais difícil.

Charles Leclerc (Ferrari) teve uma qualificação incaracteristicamente menos bem conseguida, mas foi o único a fazer funcionar uma estratégia de uma única paragem nas boxes que lhe valeu o 4º lugar, enquanto que Fernando Alonso (Aston Martin) usou a distância DRS para Oscar Piastri (McLaren) como defesa contra uma investida final de George Russell (Mercedes).

A Mercedes continua em grandes dificuldades para fazer os seus carros estarem melhor que 4ª força do campeonato, numa altura em que ainda assim parecem convencidos de que se trata do tratamento dos pneus que é a limitação do W15 (e não uma falta de downforce).

Destaque ainda para mais um péssimo fim-de-semana de Kick Sauber e Alpine. A primeira continua a sua vaga de problemas de fiabilidade, enquanto a segunda esteve bem longe de qualquer rival (culminando com a equipa a pedir a Esteban Ocon para puxar pelo carro e a ouvir a resposta incrédulo do piloto em como já estava no máximo…).

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Norris \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Norris \ 6. Alonso \ 7. Russell \ 8. Piastri \ 9. Hamilton \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (77) \ 2. Pérez (64) \ 3. Leclerc (59) \ 4. Sainz (55) \ 5. Norris (37) —– 1. Red Bull (141) \ 2. Ferrari (120) \ 3. McLaren (69) \ 4. Mercedes (34) \ 5. Aston Martin (33)

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Corrida anterior: GP Austrália 2024
Corrida seguinte: GP China 2024

GP Japão anterior: 2023

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Fonte:
Sapo \ Liberty Media compra MotoGP





Regresso vitorioso para Sainz – GP Austrália 2024

25 03 2024

Desde 1996 palco tradicional do início de temporada, Melbourne até se vê de volta a uma data bastante usual dessa condição, mas agora como terceira ronda do mundial, a seguir às duas provas do Médio Oriente. Inexplicavelmente, voltou a não ser agrupada em sequência com a China, deixando o paddock com uma dispendiosa visita à Oceânia e de regresso à Europa.

O Albert Park de Melbourne é o circuito do GP da Austrália, uma pista semi-citadina à volta de um lago, que possui um traçado apertado e sinuoso sem grandes possibilidades de ultrapassagem. Para ajudar, o circuito aproveitou o período pandémico para modificar várias secções de baixa velocidade, convertendo-as para alta velocidade e criando novos pontos de ultrapassagem.

Depois de a pandemia ter impedido a realização das provas de 2020 e 2021, os últimos dois anos de regresso viram Charles Leclerc e Max Verstappen vencerem em território australiano, sendo interessante que a Ferrari já tenha vencido no país 13 vezes contra “apenas” 2 da Red Bull.

Desta vez, correram dois pilotos australianos em casa (Oscar Piastri e Daniel Ricciardo), num fim-de-semana que conta desde o ano passado com a presença das categorias F2 e F3 nas provas de apoio.

As duas semanas entre Jeddah e Melbourne trouxeram espaço para pequenas notícias de atualização à F1, desde a aceleração da compra da Sauber pela Audi (provavelmente preocupada com os atuais resultados em pista), a ida de Simone Resta para a Mercedes, a renovação de Zak Brown como CEO McLaren até 2030, entre outras.

Os grandes destaques num campo mais hostil foram a investigação da FIA a si mesma e ao seu Presidente ter descoberto nada de errado na conduta de Mohammed ben Sulayem (surpresa), e também a queixa criminal de Susie Wolff contra a mesma FIA pela acusação de troca de informações confidenciais de que tinha sido acusada sem fundamento no início deste ano.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2024

Seria de pensar que nada tão dramático quanto a necessidade de substituir um piloto fosse suceder na terceira ronda do campeonato, mas rapidamente se provou que pior que não ter piloto para um carro era ter carro para um piloto.

Alexander Albon destruiu o seu Williams no primeiro treino livre e a equipa britânica foi apanhada em falso, sem nenhum carro de substituição e incapaz de reparar os estragos extensivos. A solução foi James Vowles anunciar que a decisão difícil de retirar o carro de Logan Sargeant para Albon. Sargeant afirmou compreender a decisão, mas também explicou que estava perante o dia mais difícil da sua vida. Uma vez que Albon é, desde 2022, responsável por mais de 85% dos pontos da Williams e que o meio da tabela está em luta renhida por pontos, o paddock compreendeu a lógica.

O piloto tailandês correspondeu em parte em qualificação, colocando-se em 12º, mesmo com Lewis Hamilton (Mercedes) à sua frente, com a Mercedes a voltar a mostrar alguma falta de ritmo. Falta que não parece ser sentida pela cliente McLaren, que voltou a melhorar o seu registo de qualificação de 2024, com Lando Norris em 3º e Oscar Piastri em 5º.

A luta por pole position ficou entre uma Ferrari mais próxima da frente e uma Red Bull que permanece imbatível. Max Verstappen colocou os segundos em pole, ao passo que Carlos Sainz brilhou ao meter a Ferrari na primeira linha apenas duas semanas depois da sua cirurgia. Já Sergio Pérez (Red Bull) tinha sido 3º originalmente mas foi penalizado em 3 lugares na grelha por ter impedido Nico Hülkenberg (Haas) no Q1.

Yuki Tsunoda (RB) foi o grande intruso do Q3, à frente do colega da casa (Daniel Ricciardo) que viu a sua melhor volta anulada por exceder limites de pista. Outro piloto em destaque foi Esteban Ocon (ao passar ao Q2), que parece estar a levar a má forma da equipa de maneira significativamente mais matura que Pierre Gasly.

No dia de corrida existiam grandes expectativas de que fosse possível haver uma surpresa na frente, mas dificilmente o abandono de Verstappen na terceira volta teria estado nas contas de alguém. O neerlandês abandonou com um travão traseiro direito a desintegrar-se a olhos vistos, já depois de ter sido passado por Sainz.

Com uma dinâmica de prova inteiramente diferente, Sainz teve como tarefa principal evitar ser passado nas boxes pelo colega Leclerc, algo que soube fazer mesmo na margem certa, tendo dado a ideia de que era o mais eficaz dos dois Ferrari ao longo de todo o fim-de-semana (o que também foi abordado extensivamente pelos jornalistas, uma vez que continua sem contrato para 2025). Dobradinha Ferrari no final, que os catapulta para ambas as lutas do título.

Norris completou o pódio num dia em que Piastri cometeu alguns erros pequenos mas significativos o suficiente para lhe retirar um pódio caseiro, e em que Pérez (único Red Bull em pista) não mostrou ritmo suficiente para preocupar os carros à sua frente.

A Aston Martin demonstrou ritmo suficiente para que a Mercedes tenha tido um GP em Melbourne extremamente desconfortável. Um abandono por problemas mecânicos de Hamilton causou um Safety Car Virtual, cujo grande beneficiado foi ironicamente Alonso. O espanhol passou para a frente de Russell e lá permaneceu durante a prova toda, culminando com um despiste aparatoso do Mercedes na perseguição. Já após a corrida, Alonso foi penalizado por alegadamente ter causado o acidente com um brake test, algo que categoricamente negou.

Esta penalização promoveu Stroll a 6º e, mais importantemente, Tsunoda a 7º para dar à RB os seus primeiros pontos do ano num fim-de-semana de enorme qualidade do japonês. Também a Haas voltou a mostrar serviço, culminando com uma luta direta de ambos os carros contra Albon que venceram, pontuando tanto Hülkenberg como Magnussen. Isto deixou a Williams sem recompensa pela sua troca de pilotos.

Já a Kick Sauber e a Alpine foram as piores representantes da grelha. A Kick Sauber voltou a ter problemas graves a mudar os pneus nas boxes, enquanto que a Alpine viu Pierre Gasly por duas vezes ser penalizado por cruzar a linha das boxes (um erro francamente amador).

Estes resultados relançam o interesse a um campeonato que tinha começado assustador para os rivais da Red Bull.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Sainz \ 3. Norris \ 4. Leclerc \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Sainz \ 2. Leclerc \ 3. Norris \ 4. Piastri \ 5. Pérez \ 6. Stroll \ 7. Tsunoda \ 8. Alonso \ 9. Hülkenberg \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (51) \ 2. Leclerc (47) \ 3. Pérez (46) \ 4. Sainz (40) \ 5. Piastri (28) —– 1. Red Bull (97) \ 2. Ferrari (93) \ 3. McLaren (55) \ 4. Mercedes (26) \ 5. Aston Martin (25)

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Corrida anterior: GP Arábia Saudita 2024
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GP Austrália anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Hadjar vence uma, mas levanta dois troféus

De modo a fazer uma cópia da situação de algumas horas antes na F3, a Fórmula 2 viu a sua qualificação interrompida por bandeira vermelha. Desta vez foi Jak Crawford (DAMS), com o recomeço da ação a trazer um Gabriel Bortoleto (Invicta) de faca nos dentes e, no fim, a arriscar em excesso na tentativa. O brasileiro saiu de pista e atrapalhou a volta do colega Kush Maini, que ainda assim conseguiu ir para 1º provisoriamente.

Enzo Fittipaldi (Van Amersfoort) perdeu o carro no muro, mas ainda havia margem para alguns carros acabarem as voltas. Andrea Kimi Antonelli (Prema) roubou a pole position provisório, mas depois Dennis Hauger (MP) chegou e ficou com a definitiva pole, seguido de Antonelli e Richard Verschoor (Trident).

Para o sábado de sprint, a prova começou (e decorreu) em caos constante. Isack Hadjar (Campos) partiu de forma brilhante e conseguiu assumir a dianteira, mas não sem dar um toque valente no colega de equipa (Pepe Martí) que eliminou o outro Campos e um inocente Bortoleto de prova (e trouxe o primeiro Safety Car). O resultado foi que, apesar de ter vencido triunfalmente a prova e de ser ter ouvido “A Marselhesa” no pódio, Hadjar foi penalizado e acabou 6º.

O vencedor da prova foi um esforçado Roman Staněk (Trident) a sair de pole inversa. O checo defendeu-se com unhas e dentes dos rivais mais rápidos durante a prova inteira com sucesso. Tanto sucesso que alguns adversários se atrapalharam e tiveram um incidente bizarro (como Antonelli, Verschoor e Paul Aron [Hitech]).

Ainda houve tempo para um pequeno drama entre colegas MP, com Franco Colapinto a querer a posição de Hauger e a ouvir o engenheiro de pista dizer “se estás rápido, então passa” de forma torta. Hauger não foi passado e até passou Maini de forma brilhante para o 2º lugar. Oliver Bearman (Prema) devia ter somado os primeiros pontos do ano, só que foi penalizado por correr com Joshua Dürkesen (PHM) para fora de pista.

Acabou por não ser um bom dia para os dois pilotos da dobradinha sprint no dia da feature. Staněk despistou-se e foi parar à gravilha na primeira volta, enquanto que Hauger destruiu o carro mais à frente (e causou o segundo SC Virtual, cujo grande beneficiário foi Hadjar). Maini e ambos os DAMS até estiveram nas primeiras posições mesmo até ao final, mas não tinham parado. Logo, Hadjar conseguiu vingar-se da derrota sprint com uma vitória magistral na feature.

Em geral, foi um dia de imensa ação em pista. Dürksen causou o primeiro SC Virtual com o seu abandono, Antonelli e Hauger trocaram posições na frente nas voltas iniciais e Victor Martins recuperou de 21º a 12º logo no princípio.

Destaque ainda para um fim-de-semana de Top 5 para Ritmo Miyata (Rodin), quando a luta pelo título se abriu para pilotos como Aron ou Hauger.

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Qualificação: 1. Hauger \ 2. Antonelli \ 3. Verschoor \ … \ 8. Hadjar \ 9. Bortoleto \ 10. Staněk

Resultado (Sprint): 1. Staněk \ 2. Hauger \ 3. Maini \ 4. Colapinto \ 5. Miyata \ 6. Hadjar \ 7. Martins \ 8. O’Sullivan (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Hadjar \ 2. Aron \ 3. Maloney \ 4. Antonelli \ 5. Miyata \ 6. Verschoor \ 7. Villagómez \ 8. Martins \ 9. Bearman \ 10. Crawford (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Maloney (62) \ 2. Aron (47) \ 3. Hauger (41) \ 4. Hadjar (34) \ 5. Maini (33) —– 1. Rodin (78) \ 2. Campos (60) \ 3. Hitech (57) \ 4. MP (54) \ 5. Invicta (48)

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Corrida anterior: Arábia Saudita 2024 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 7-8

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Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Beganovic em grande

Na primeira qualificação do ano numa verdadeira sexta-feira, a Fórmula 3 viu Leonardo Fornaroli (Trident) conseguir melhorar a sua volta nos segundos finais com um tempo mais rápido que os dois rivais da Prema (Gabriele Minì e Dino Beganovic), alcançando pole position numa sessão marcada pela bandeira vermelha de Sami Meguetounif (Trident). O francês bateu no muro da última curva, destruindo o carro (algo semelhante ao que Piotr Wiśnicki da Rodin também fez com menos gravidade alguns minutos depois).

Para o sprint, a corrida acabou por ser a história dos 3 pilotos que partiram dos 3 primeiros lugares e um intruso. Laurens van Hoepen (ART) partiu de pole inversa e protagonizou a luta inicial com Martinius Stenshorne (Hitech) até o norueguês ter um ligeiro contacto com Christian Mansell (ART), que deixou Mansell com dificuldades no lado esquerdo do carro (vendo-o cair até ao último lugar pontuável).

Stenshorne acabaria por ir fugindo na liderança, onde nas voltas finais foi ameaçado por Arvid Lindblad (Prema) mas sem perder a vitória.

Para a feature, houve um pelotão de líderes claramente definido e composto por Fornaroli, Minì, Beganovic e Browning, que conseguiram acabar uma prova de desgaste rápido de pneus com uma enormidade de vantagem face ao 5º classificado (Charlie Wurz, que, não por acaso, foi o único estreante no Top 10).

Beganovic partiu 3º mas foi passando os rivais, primeiro o colega Minì e depois Fornaroli, até chegar a uma liderança que defendeu com unhas e dentes.

Wurz foi o melhor dos restantes, com Montoya a também se destacar no pelotão que caçava importantes pontos no domingo que até começou de SC (para 3 carros presos na gravilha).

Browning e Fornaroli estão agora empatados no topo, mas Minì e Beganovic estão bem próximos.

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Qualificação: 1. Fornaroli \ 2. Minì \ 3. Beganovic \ … \ 10. Mansell \ 11. Stenshorne \ 12. van Hoepen

Resultado (Sprint): 1. Stenshorne \ 2. Lindblad \ 3. van Hoepen \ 4. Boya \ 5. Goethe \ 6. Minì \ 7. Dunne \ 8. Montoya \ 9. Fornaroli \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Beganovic \ 2. Fornaroli \ 3. Minì \ 4. Browning \ 5. Wurz \ 6. Montoya \ 7. Boya \ 8. Bedrin \ 9. Goethe \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Browning (37) \ 2. Fornaroli (37) \ 3. Minì (32) \ 4. Beganovic (28) \ 5. Lindblad (23) —– 1. Prema (83) \ 2. Trident (60) \ 3. Hitech (47) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (39)

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Corrida anterior: Bahrain 2024 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 5-6





Fuja do sensacional, fique pelos bastidores – Drive to Survive, Temporada 6

9 03 2024

Na estreia da série de bastidores da Fórmula 1, Drive to Survive (um título que fez torcer o nariz a muitos fãs), o interesse que o modelo de documentário dos bastidores da categoria atraiu foi numa escala sem precedentes. É inegável que a crescente popularidade global (com destaque para a norte-americana) da F1 se deveu ao DTS, mas desde o princípio que se tinha notado uma tendência para desconfiança da parte de fãs estabelecidos.

Os rádios mal colocados, os barulhos de motor não condizentes com as imagens que passavam, as inexplicáveis rivalidades sem sentido (alguém se lembra de quando em 2019 tentaram convencer que Carlos Sainz e Daniel Ricciardo?), mostrarem corridas de forma não-sequencial,…

A verdade é que estes “pecados” apenas têm vindo a acentuar-se com o desenrolar das temporadas, os fãs mais antigos têm vindo a ver cada vez menos, e o apelo para novos fãs crescia. Ou assim foi até recentemente. Os 3,85 milhões de espetadores dos primeiros três dias da quinta temporada passaram a 2,9 milhões nesta. Num dos episódios, Alexander Albon sarcasticamente explica como a Netflix prepara um dos seus episódios de regresso de Ricciardo ao ativo, gozando com com a forma espanpanante que a produtora adoptou nos últimos anos. Se Jack Nicholls está ausente dos “comentários falsos”, temos Ben Edwards por vezes a fazer esse papel.

A pergunta que todos os que avaliam a sexta temporada tentam responder: vale a pena?

A resposta algo cobarde mas honesta é que depende daquilo que se queira dela.

Se o objetivo é perceber o que foi a história da luta pelo título ou do ano histórico, pouco ou nada aparece Max Verstappen este ano. A ordem continua tão fora de sequência como sempre. As lutas em pista continuam tão descontextualizadas e com rádios fora de sítio como sempre. Will Buxton continua uma caricatura de si próprio. Danica Patrick é uma adição tão despropositada quanto seria de imaginar. Neste ponto é seguro: não houve melhorias.

Mas há muito em que DTS continua a preencher um vazio: os momentos de bastidores, mesmo quando são tornados quase comicamente direcionados, são sempre interessantíssimos.

O primeiro episódio começa com o staff do lançamento do carro da Aston Martin absolutamente aterrorizado porque Lawrence Stroll está prestes a chegar e ainda há coisas um pouco fora do sítio (e quando chega, até para elogiar o filho Lance, tem uma certa frieza permanente). Depois no segundo episódio focado em Nyck de Vries compreendemos melhor a saída repentina deste, algo arrogante na forma como se compara a Yuki Tsunoda, completamente inadaptado num evento de tiro ao alvo da Red Bull, a importunar um Adrian Newey pouco impressionado.

Vemos as reuniões de patrocinadores McLaren a pressionarem Zak Brown no terrível início McLaren, com o americano desesperado por renovar um cada vez mais sarcástico Lando Norris; vemos as comparações entre a Haas e Williams; vemos um Lewis Hamilton com cada vez menos paciência para ações promocionais Mercedes, agora que a equipa parece fazê-lo sentir-se traído pela falta de performance (como este episódio teria beneficiado de sair mais tarde, após o anúncio Ferrari…); vemos Otmar Szafnauer a insistir que tudo está no bom caminho na Alpine enquanto os seus dois pilotos dizem horrores um do outro para as câmaras, Alan Permane furioso de a equipa não conseguir acompanhar o desenvolvimento de uma Aston Martin, e Bruno Famin a criticar a filosofia de que é só azar o problema da Alpine porque “a má sorte a má performance costumam andar de mão dada”, ironiza.

Um dos melhores episódios é o penúltimo, onde é mostrada a aventura de breves corridas de Liam Lawson na F1, com direito a mostrar o seu percurso, a forma como conseguiu bater as expectativas da AlphaTauri, a dor de cabeça que deu à Red Bull para escolher o alinhamento da sua segunda equipa, os avisos dos pilotos mais experientes sobre o calor de Singapura e a forma como pareceu frustrado com não ser escolhido. DTS no seu melhor.

Houve ainda dois episódios finais sobre a Ferrari e a sua tentativa de usurpar o 2º lugar à Mercedes, que ainda contou com cenas interessantes sobre a forma como Vasseur ficou furioso pela tampa de esgoto de Las Vegas que destruiu o carro de Sainz.

Em geral, são estas cenas de bastidores que fazem com que ver DTS valha a pena, mesmo ao fim de 6 anos de rádios trocadas e comentadores falsos.





A prometida aproximação à Red Bull passará do papel?

27 02 2024

Há um clima de instabilidade no ar neste início de temporada. Não a nível de ação em pista, onde provavelmente teremos o mesmo domínio que em 2023. Mas de bastidores, muito tem acontecido. A recusa da FOM na entrada da Andretti como nova equipa (e mais especificamente os motivos que apontou para essa recusa) é apenas mais um capítulo de uma capitalização extrema do desporto pela FOM e de uma crescente tensão FIA-FOM.

As renovações dos circuitos de Suzuka e Silverstone em contratos longos foram bem recebidas, mas a assinatura de um circuito citadino em Madrid fez levantar o sobrolho de muitos fãs, cansados de ver mais e mais circuitos sem grande personalidade entrar no calendário (enquanto que locais como Alemanha, França e Malásia continuam fora).

Depois há ainda a investigação a Christian Horner por alegado comportamento inapropriado, longe de ser levada levianamente. A Ford já insistiu por transparência, uma vez que colaborará com a equipa a partir de 2026. Horner é o mais antigo chefe de equipa ativo, por larga margem, e uma potencial saída teria um enorme impacto numa Red Bull campeã do mundo (e pelo potencial de posteriores saídas, como a do projetista Adrian Newey).

De 7º a 10º, quem foge do pelotão inferior

Um fosso bastante visível foi estabelecido em 2023 entre as 4 equipas pior classificadas e as restantes 6. Fugir desta espiral é fundamental para todas, mas há uma estrutura que já sabemos que não deverá fugir: a Haas.

Fundada com o propósito explícito de promover a manufactura da marca americana Haas, Gene Haas há muito que vinha sendo acusado de não investir apropriadamente na F1. Agora que passaram 2 anos das novas regras em que a equipa apostou, o saldo foi um 8º e um 10º lugares. Absolutamente insuficiente e razão para o americano ter corrido com o líder Guenther Steiner. Ayao Komatsu tomou o lugar, mas já ficou claro que será um ano penoso, tarde demais para mudar de trajetória a curto prazo. Assim, Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen terão que lutar com o VF-24 este ano, na insegurança de saber que provavelmente um deles terá que dar lugar a Oliver Bearman no final do ano.

Mais à frente, depois de anos com duas “Alfas” na grelha, 2024 vê ambas mudar de nome. A Alfa Romeo regressou à sua forma Sauber durante os próximos dois anos até ser Audi (ou será Kick Sauber, ou Stake, ou…) e apostou fortemente num desenho de monolugar agressivo para dar um salto competitivo. Guanyu Zhou até terminou 3º no último dia de testes, mas é incerto qual o ritmo verdadeiro da nova estrutura. Valtteri Bottas também terá um ano importante, tentando convencer o paddock de que tem o que é necessário para chegar até aos próximos regulamentos.

A outra “Alfa”, a AlphaTauri, conseguiu a proeza de se ter tornado mais insípida. Passou a ser RB, que não só a confunde com a Red Bull principal, como ainda lhe retira todo o espírito Minardi que ainda detinha. Isto misturado com uma partilha reforçada de peças com a Red Bull até lhe parece ter trazido um nível de performance interessante, mas que já levou as outras 8 estruturas a pressionar para uma venda. No entretanto, resta ver quanta aproximação aos pontos terá a equipa de Yuki Tsunoda e Daniel Ricciardo (sendo que o derrotado deste duelo interno deverá sair da F1 pela porta pequena).

Por último, a Williams até contou com desenvolvimentos interessantes, mas já apanhou o seu primeiro grande choque ao aperceber-se que todos deram um passo em frente também. Já nem falando de ter sido a única que não chegou a tocar nas 300 voltas completadas na pré-temporada. Ainda assim, se Logan Sargeant estiver mais perto de Alexander Albon poderá ter uma plausível hipótese de segurar o seu 7º posto nos construtores.

O momento das grandes decisões para Alpine e Mercedes

Quem não fez em 2023 parte do grupo das estruturas em dificuldades, mas que promete poder ser (pelo menos no início do ano) é a Alpine. Os franceses mudaram praticamente tudo no seu carro, mas o resultado dos testes, apesar da boa fiabilidade, tem sido extremamente preocupante, a ponto de ambos os carros não saírem do Q1 ser uma possibilidade bastante razoável.

Esteban Ocon já mostrou o seu jeito para o desenrascanço, mencionando que tecnicamente ainda é um jovem Mercedes. Resta ver como será a paciência de Pierre Gasly.

A vaga a que Ocon se autocandidatou foi precisamente na Mercedes, em que a saída de Lewis Hamilton já anunciada para 2025 vai condicionar por inteiro o mercado de pilotos. Apesar da mudança de conceito radical já em curso, e que até pareceu prometer uma pequena reaproximação aos líderes, a Mercedes vai viver um ano de olhos postos no futuro. George Russell será o novo líder absoluto, mas resta ver que género de colega de equipa o acompanhará. Se mostrar serviço este ano, Russell pode comandar Brackley como Norris ou Leclerc já comandam as suas atuais equipas. Se não mostrar… Um Alonso poderá levar o volante a seu lado.

Temos ou não aproximação à Red Bull?

Aston Martin e McLaren, com os seus motores Mercedes, fizeram uma pré-temporada pacata. Mas preocupam a Mercedes oficial. Isto porque foram cumprindo o seu programa sem qualquer problema e pareciam imensamente satisfeitas no final.

A McLaren quer continuar a ser a mais direta perseguidora da Red Bull e já fechou por completo o seu lineup para os próximos anos, aguentando para o longo prazo os préstimos de Lando Norris e Oscar Piastri. Já a Aston Martin tem uma âncora sob a forma de Lance Stroll, mas também um talento enorme sob a forma de Fernando Alonso (que está em ano final de contrato e com inúmeras possibilidades pela frente) e a promessa de que compreendeu bem os caminhos errados de desenvolvimento de 2023.

Se ambas conseguirem provar que serem estruturas clientes não as impossibilita de voos mais altos, poderão realmente conseguir pregar sustos valentes às estruturas cimeiras.

Começando pela primeira dessas, a Ferrari está claramente a apostar forte para o seu futuro. A contratação milionário de Lewis Hamilton para ao lado do talentoso Charles Leclerc é uma declaração formal de ambições elevadas. O facto de ter definido o seu carro como 95% novo também ajuda a embalar os ânimos para um bom 2024, assim como ter ficado líder do segundo e terceiro dias.

Mas isto foi com um asterisco bem grande. A Red Bull.

Os austríacos poderiam ter sentido a pressão de ganhos decrescentes por terem acertado com o seu conceito de carro. Mas como o RB20 trocaram as voltas aos rivais: mudaram de conceito, para algo ainda mais arrojado (e hilariantemente parecido com o conceito “falhado” da Mercedes). Adrian Newey criou um modelo arriscado que já viu Max Verstappen fazê-lo voar (e Sergio Pérez pelo menos planar), mesmo, alegamente, sem puxar a sério por ele.

Apenas uma quebra interna, como é a investigação Horner, poderá fazer a equipa temer algo das rivais. Ou, pelo menos, assim parece.

Destaque ainda para a redução da demora de ativação de DRS de 2 para 1 volta, a atribuição de mais uma unidade de potência por ano às equipas (já perto do início do ano, o que levou as marcas a apostarem em durabilidade que agora não precisarão por completo, permitindo correr os motores mais fortes), e ainda a modificação do fim-de-semana de sprints para algo um pouco mais lógico.

F2 – Novo monolugar em ano de pressão máximo para Antonelli

Já é tradicional haverem queixas sobre a falta de progressão da F2 para a F1, e o facto de pela primeira vez na história não ter havido rotatividade na F1 não augurava nada de bom. Mas a F2 está em mudança. Um novo monolugar, mais adaptado às regras pós-2022 da categoria principal, com prometidas melhorias de ultrapassagens é um bom princípio e tem um efeito secundário bem interessante: o efeito experiência dos pilotos a entrar nos seus terceiros e quartos anos de categoria é diminuído.

Os estreantes estão, assim, com grandes hipóteses de conseguir fazer o impensável e evitar que pilotos favoritos como Victor Martins ou Oliver Bearman sejam os únicos candidatos ao título. O que traz um elemento adicional de pressão a alguém que já chega cheia dela: Andrea Kimi Antonelli. O italiano é apontado com possibilidades da vaga F1 de Hamilton na Mercedes, mas terá que mostrar serviços rapidamente na F2, quanto já tem a desvantagem de a Mercedes o ter feito saltar a F3. Se já houve maiores expectativas num piloto, talvez apenas a Verstappen…

Estreantes como Gabriel Bortoleto e Pepe Martí também terão uma chance bem jeitosa para mostrar serviço, inseridos que estão agora em equipas Junior de estruturas oficiais de F1. Só que segundos anos como Jak Crawford, Zane Maloney, Franco Colapinto ou Isack Hadjar também terão uma palavra a dizer.

Vem aí um entusiasmante ano de F2…

F3 – Duelo privado Prema ou algo mais?

Geralmente composta exclusivamente de caos total, a Fórmula 3 não deve fugir à regra em 2024. Vários jovens deram o salto para a categoria logo acima, mas dois permanecerem e são pilotos Prema: Dino Beganovic e Gabriele Minì (das academias Ferrari e Alpine, respetivamente). O título é quase certo de pertencer a um deles, sendo que o terceiro piloto (Arvid Lindblad) terá que lutar muito por não passar despercebido.

Mas há vida para além deste duelo. A sempre presente Trident não tem filiados de academias, mas tem talento sob a forma de Leonardo Fornaroli, Sami Meguetounif e Santiago Ramos. A MP corre com dois jovens Red Bull de bom gabarito (Tim Tramnitz e Kacper Sztuka). Luke Browning, uma das grandes surpresas de 2023, corre pela Hitech com possibilidades interessantes no seu futuro, agora com a academia Williams.

Mais atrás ainda, chegou uma ART com um 2023 para esquecer e deserta de se provar novamente, provando que não é apenas nas equipas teoricamente cimeiras que a luta ficará restrita.

Resta ver o que sairá deste caos vagamente organizado.





Top 10 – Fórmula 1 em 2023

28 12 2023

Depois da montanha russa de 2021 e de um ano moderadamente interessante de F1 em 2022, 2023 trouxe um novo ano em que o verdadeiro entusiasmo estava fora das lutas pela vitória, uma vez que elas tinham dono. Max Verstappen e a Red Bull dominaram a seu bel-prazer e, por muito que os comentadores desportivos insistam haver entusiasmo em ver recordes de domínio a serem estabelecidos, não há nenhum entusiasmo possível.

O verdadeiramente incrível no feito foi que a Red Bull pura e simplesmente não sentiu qualquer impacto digno de nota na restrição ao túnel de vento que foi a penalização por exceder o orçamento de 2022. Mas a verdade é que a Ferrari e a Mercedes atingiram os limites totais do seu conceito de carro, com a Red Bull a não só conseguir começar de um padrão de performance mais elevado como também o consegue desenvolver melhor.

Se na Ferrari ainda houve a consolação de uma vitória, na Mercedes foi o 2º lugar por margem mínimo que passou por progresso (até porque George Russell simplesmente não esteve no mesmo nível que no ano anterior).

Estas quebras de forma permitiram a duas equipas privadas, Aston Martin e McLaren, destacrem-se de uma forma que em anos anteriores tinha sido quase impossível. Ambas as estruturas conseguiram destacar-se a ponto de quase triunfarem, ainda que a diferença entre elas tenha sido estabelecida pelo facto de uma contar com dois pilotos de bom nível e outra ter o lastro que foi Lance Stroll a parecer ter falta de motivação para sequer querer saber da pesada derrota inflingida por Fernando Alonso.

Stroll esteve longe de ser a única desilusão do ano, num ano em que Sergio Pérez apanhou em cheio com uma forte dose de realidade e pareceu incapaz de se qualificar sequer entre os 5 primeiros com o carro que foi campeão do campeonato de construtores, e Nyck de Vries não conseguiu durar o ano inteiro com as suas performances (dando lugar a Daniel Ricciardo e Liam Lawson).

Mais atrás a Alpine voltou a mostrar-se sem rumo na sua direção, com a agravante de ter dois pilotos que explodiram na rádio sobre as ordens de equipa por diversas vezes durante o ano sem sequer demonstrarem rapidez para mais que dois pódios. Ainda assim, melhor que as estruturas logo atrás.

A Williams até conseguiu impressionar, se bem que Logan Sargeant precisa de fazer muito melhor em 2024 para ter nova renovação, mas a Haas continuou bem perdida no seu desenvolvimento de carro (acabando em último lugar pela segunda vez em 3 anos), a AlphaTauri conseguiu a proeza de passar a maior parte do último ano de Franz Tost em maus lençóis em pista (e uma melhoria na reta final que deixou rivais a perguntar-se se não houve trocas de informação indevidas com a Red Bull…), e a Alfa Romeo teve que se começar a preparar para a vida de equipa privada como Sauber (em transição para a sua passagem a Audi).

1 – Max Verstappen

Há vários anos em que um domínio aconteceu na Fórmula 1 e em que é possível não entregar o prémio de piloto do ano ao campeão dominante. Pode ser por ter havido um piloto em equipamento inferior que brilhou como pôde ou por o domínio poder ser relativizado. Não em 2023. O ano pertenceu de forma total a Max Verstappen.

Depois de ter tido algumas dificuldades pontuais em 2022, Verstappen até pareceu ir ter uma luta em mão com o colega Sergio Pérez. Foram 4 corridas com 2 vitórias para cada e estavam empatados na frente do campeonato. Só que depois veio Miami em que Verstappen partiu de 10º e mesmo assim venceu convincentemente Pérez (que largou de pole). Foi o início de um período de domínio do neerlandês e de queda psicológica total do mexicano.

Verstappen ampliou um recorde que já era seu de maior número de vitórias num ano, com 19. Estabeleceu um novo recorde de vitórias seguidas (10) e de voltas lideradas num ano (1003). Só houve uma corrida em que o piloto acabou fora do pódio (e ficou em 5º). E em várias provas nem sequer foi um domínio falso porque “só” fez 12 poles.

Havia sempre uma certa inevitabilidade em ver uma corrida este ano, de que Verstappen arranjaria maneira. Os rivais pareciam derrotados antes da partida. Ninguém parou o novo tricampeão em 2023.

2 – Fernando Alonso

A cada ano desde o seu regresso à categoria principal do automobilismo que Fernando Alonso tem um número maior de pessoas a prever o momento em que o mais velho piloto da grelha de partida comece a perder a sua velocidade natural (da mesma forma que, por exemplo, Kimi Räikkönen perdeu). E a cada ano, o espanhol volta a silenciar os críticos.

Uma nova equipa, que terminou em 7ª no campeonato anterior, poderia colocar a paciência de Alonso em causa, mas a Aston Martin acertou em cheio com o seu AMR23 e a partir do momento que teve nas mãos o seu novo brinquedo Alonso tornou-se intocável. 6 pódios em 8 corridas marcaram o início de um ano em que o piloto teve o cuidado de elogiar o novo colega de equipa (filho do patrão, claro) e de o simultaneamente ajudar e humilhar ao recusar-se a passá-lo no GP de Espanha…

A partir daí a Aston perdeu competitividade ao tomar uma curva errada no desenvolvimento do carro, mas Alonso continuou a não se deixar abater e lutou por cada ponto como se fosse um estreante a provar-se. A equipa agradeceu, até porque Lance Stroll foi de muito pouca ajuda para o campeonato de construtores.

Entre os melhores momentos do ano houve espaço para uma quase vitória no Mónaco (apenas uma má decisão de troca de pneus a impediu) e um photo finish em que passou Sergio Pérez na reta final de prova no Brasil. Alonso continua com velocidade para dar e vender.

3 – Lando Norris

Quando 2023 começou com os McLaren eliminados na Q1, o contrato que liga Lando Norris à McLaren até final de 2025 deve ter parecido bem longo para o britânico. Norris tentou nunca se abater, somando pontos quando possível agora que era líder incontestado da McLaren com um estreante ao lado. E até deu uns ares da sua graça, como quando se qualificou em 3º em Barcelona.

E depois, sem nada o fazer prever, a McLaren por volta da Áustria conseguiu resolver quase todos os seus problemas. 4º lugar foi o melhor resultado do ano até aí mas o melhor estava para vir logo a seguir. A McLaren transformou-se numa quase permanente 2ª força do campeonato até ao fim. E Norris começou a acumular 2º lugares. 6 deles, mais especificamente, alguns deles a dar dores de cabeça ao campeão Verstappen.

O impossível 4º lugar nos construtores tornou-se possível, mesmo com a Aston Martin a ter começado tão bem, mas não demorou até se perceber que Norris se mostrava cada vez menos celebratório com os pódios porque a vitória teimava em não chegar (com a derrota do GP da Rússia de 2021 a parecer cada vez mais mal perdida, certamente), a ponto de ter igualado o recorde de maior número de pódios sem vitória da categoria (13).

Ainda assim, é inegável que parece uma questão de tempo dado o talento e velocidade de Norris. Terá é que prestar atenção, porque o colega Oscar Piastri já lhe deu mais trabalho num ano que Daniel Ricciardo em dois…

4 – Alexander Albon

Se 2022 tinha sido o ano da recuperação da reputação de Alexander Albon, 2023 foi o ano em que o tailandês recordou ao paddock que houve bons motivos para que tenha sido logo promovido na estreia F1 para a Red Bull.

Com um 10º lugar logo na estreia, Albon abriu a conta da Williams logo ali mas o melhor ainda estava por vir. Um 7º lugar no GP do Canadá mostrou o piloto ao nível a que nos habituaria ao longo do ano: sempre em grande forma, confiante nas ultrapassagens e com excelentes qualificações. Nem foi mostra única, uma vez que seis provas depois voltaria a terminar nessa posição.

No total foram 7 pontuações ao longo do ano, tendo somado 27 dos 28 pontos da diminuta equipa e estabelecido de novo uma reputação como um dos pares de mãos mais seguros do paddock. Foi praticamente em exclusivo à sua conta que a Williams conseguiu um 7º lugar nos construtores, a sua melhor prestação em largos anos.

5 – Lewis Hamilton

Depois de uma primeira derrota no campeonato para um colega desde 2016 e do choque de ter que lidar com um monolugar lentíssimo que o deixou sem vitórias pela primeira vez na carreira, Lewis Hamilton terá sentido a pressão como poucas vezes antes na carreira para 2023. Enquanto fãs de George Russell se preparavam para assistir a um segundo capítulo da nova Mercedes, Hamilton tratou de se colocar rapidamente num ascendente que os mais atentos já teriam reparado na segunda metade de 2022.

A vitória sobre Russell foi em toda a linha este ano. Não é certo se foi o jovem que teve um ano pior ou se a excelente forma de Hamilton o fez desanimar, mas a verdade é que Russell cometeu muitos mais erros ao longo do ano e o heptacampeão esteve quase imparável, limitado apenas pelo Mercedes pouco competitivo.

Foi comum ver a equipa como terceira força, mas sempre com uma segunda força diferente (rodando entre Aston Martin, Ferrari e McLaren) que dava a oportunidade a alguém regular e rápido de acumular pódios e ocasionalmente ameaçar um pouco a vitória. Hamilton foi esse alguém, com 6 pódios que o deixaram como melhor piloto do ano fora da Red Bull.

Poderia ter ficado mais alto nesta lista caso, em provas em que 5º era a sua melhor aspiração, se tivesse demonstrado mais aguerrido.

6 – Oscar Piastri

Com um “escândalo” de contratação a marcá-lo irremediavelmente para a estreia com a McLaren, Oscar Piastri carregava um pesado fardo no princípio do ano. Dificilmente foi ajudado por um abandono ao fim de poucas voltas na sua primeira corrida.

Os primeiros pontos chegaram em casa na Austrália, mas o McLaren devia muito a nível de performance quando 2023 começou. As primeiras corridas foram duras, tendo pontuado apenas duas vezes em 9 tentativas, só que a partir do GP do Reino Unido as coisas mudaram. Na mesma corrida em que o colega lutou pela vitória, Piastri até ficou desiludido por não ter segurado o pódio contra Hamilton mas compreendeu que era um excelente resultado para a equipa.

E não foi preciso esperar muito. Os resultados continuaram a chegar até que ficou entre os 3 primeiros pela primeira vez no Japão, uma pista conhecida por ser extremamente difícil para estreantes. Na prova seguinte venceu com autoridade o sprint, tendo que controlar a distância para o campeão Verstappen.

No final do ano tornou-se o primeiro estreante desde Hamilton em 2007 a fazer um pódio, ameaçou Norris em qualificação, recebeu elogios de todos os cantos do paddock e terminou na frente de ambos os Alpine no campeonato. Trabalho feito.

7 – Carlos Sainz

Não é à toa que Carlos Sainz conseguiu a proeza de vencer em 2023 e ser o único piloto não-Red Bull a fazê-lo em 22 corridas. A maneira como fez pole position em Singapura (aproveitando o mau ritmo da Red Bull nessa prova), como liderou a corrida e como fez uso de Lando Norris para o manter em zona de DRS de modo a defender-se dos ataques que viriam de George Russell evidenciam Sainz no seu melhor, numa performance que sozinha mereceria a inclusão nesta lista.

Voltando a lidar melhor que Charles Leclerc com um Ferrari desapontante, o espanhol pontuou em 18 das 22 corridas, fez 3 pódios e esteve na frente do campeonato Ferrari quase todo o ano. A derrota por margem mínima até chegou no contexto de uma tampa de esgoto que lhe rebentou o carro em Las Vegas, mas houve algumas ocasiões em que devia ter feito melhor.

A penalização em Melbourne por colidir com Alonso, apesar dos protestos sentidos, foi merecida. O acidente nos treinos livres de Abu Dhabi foi desnecessária, numa altura em que a equipa dele ainda estaria a querer um esforço concertado para passar a Mercedes no campeonato.

A impressão de que um Leclerc nos seus melhores dias o poderia bater ainda permanece, mas já são dois anos de parceria em que mostra lidar melhor com adversidades. Importante, até porque está a chegar o momento de decidir se continua na Scuderia ou se aceita o desafio Audi…

8 – Charles Leclerc

Não pode ter sido fácil ser Charles Leclerc em 2023. Um ano depois de ter brilhado ao ameaçar Verstappen na luta pelo título, Leclerc recebeu um Ferrari completamente inferior para as mãos e voltou a ver o colega Sainz mostrar-se muito mais à vontade com essa situação (semelhante a 2021).

O monegasco teve que se habituar a passar grande parte do ano como o mais rápido mas menos eficaz dos dois carros italianos, apesar de ter voltado a mostrar em qualificação que é absolutamente impossível de parar quando está nos seus dias: 5 pole position num ano em que a Red Bull só não venceu uma prova foi inacreditável… Contudo, ter que ver Verstappen inevitavelmente repassá-lo em corrida pareceu começar a afetá-lo.

O GP de Las Vegas foi das melhores exemplificações do seu ano. Partiu de uma brilhante pole, mostrou alguma simpatia em excesso com Verstappen na partida que o fez ficar a “ver navios” durante grande parte da corrida, antes de fazer uma brilhante ultrapassagem sobre Pérez para 2º nos momentos finais, exclamando na rádio “ao menos um 2º…”.

Bem pode agradecer à tampa de esgoto americana que destruiu o fundo do carro de Sainz por ter conseguido passar o colega no campeonato nos instantes finais da última corrida do ano.

9 – Nico Hülkenberg

O regresso de Nico Hülkenberg aos comandos de um Fórmula 1 em regime de full time foi recebido com uma certa consternação por uma porção do paddock. O alemão é recordista de uma estatística que poucos gostariam de ter associada ao seu nome: maior número de Grande Prémios disputados sem pódio (203), mas era fácil perceber porque é que a Haas apostou nele para substituir um Mick Schumacher com enorme falta de consistência.

Hülkenberg tem uma carreira de obtenção de pontos com equipamento menos que ideal e foi precisamente isso que encontrou na Haas. Os americanos projetaram um carro que até era veloz em qualificação, mas que caía que nem uma pedra sempre que havia um corrida com maior extensão que um sprint. Foram apenas 2 ocasiões em que o piloto conseguiu pontuar, mas ambas impressionantes: um 7º lugar no GP da Austrália e um 6º no sprint do GP da Áustria.

Depois de Schumacher ter batido Mazepin facilmente em 2021 e de Magnussen ter batido Schumacher facilmente em 2022, foi a vez de Hülkenberg fazê-lo a Magnussen. Em qualificação venceu por 15-7 e em corrida 13-9, tendo várias aparições no Q3 para provar a sua velocidade e tendo somado 9 pontos contra 3 do dinamarquês.

A dupla foi mantida, mas há pilotos à espreita como Oliver Bearman. Resta ver se assistimos ao pico do piloto alemão ou se ainda tem fôlega para continuar em grande a sua segunda vida na F1.

10 – Liam Lawson

Um rumor bastante forte circulou no GP da Hungria de que Liam Lawson deveria ter sido o substituto do pouco impressionante Nyck de Vries, e que apenas uma decisão de Helmut Marko à última da hora teria dado o monolugar a Daniel Ricciardo. Verdade ou não, Lawson só teve que esperar mais 2 provas para estrear na F1, quando Ricciardo partiu a mão.

Num fim-de-semana em que a chuva intensa marcou a ação, Lawson soube manter-se fora dos muros e a aprender o máximo possível sempre que estava ao volante para chegar em 13º. Na corrida seguinte esteve perto dos pontos com um 11º lugar. Na complexa prova de Singapura logo a seguir? 9º lugar com 2 pontos para uma AlphaTauri em necessidade desesperada deles. De moderadamente bem cotado pelas suas performances de F2 e Superfórmula Japonesa, Lawson rapidamente passou a alternativa credível a Tsunoda e Ricciardo.

A decisão final até pode ter deixado o neo-zelandês sem lugar para 2024, mas é inegável que as suas performances num curto espaço de tempo e sob grande pressão lhe deram a oportunidade de mostrar serviço para o futuro.





Verstappen campeão em excelente fim-de-semana de Piastri – GP Qatar 2023

8 10 2023

Corrida bem habitual no calendário do MotoGP, o Qatar teve que esperar bastante tempo antes de ter a sua oportunidade na Fórmula 1. O país do Golfo bem pode agradecer as necessidades financeiras pós-Covid da categoria, que fizeram com que o veto que o Bahrain tinha contra outros países do Médio Oriente se esfumasse.

O circuito de Losail foi assim trazido para a categoria, com algumas críticas dos pilotos quanto ao facto de a pista parecer (sem surpresa) mais apta para motas, numa aparição única em 2021, antes de fazer uma pausa em 2022 (o país estava a organizar na altura o Mundial de Futebol) para regressar em 2023 para uma estadia de, pelo menos, 10 anos.

Com curvas de média-alta velocidade e quase nenhuma travagem forte, a pista trouxe uma prova de gestão de tempo em 2021 (vencida por Lewis Hamilton) e é ladeada na maior parte do seu traçado por relva, de modo a evitar que a areia trazida do deserto pelo vento possa ser menos problemática. Antes da F1, apenas a GP2 Asia tinha estado no território do Qatar (2009).

Nos dias antes do GP, a FIA anunciou que a candidatura da Andretti foi a única a reunir as condições técnicas e financeiras para entrar na F1 em 2025, deixando agora a FOM e as equipas na posição de terem que arranjar uma razão (para além da óbvia ganância de curto prazo com os prémios monetários) para impedir a marca americana de se juntar ao grid.

Ronda 17 – Grande Prémio do Qatar 2023

Com enormes probabilidades de não só ver Max Verstappen sair de Losail com o seu terceiro título mundial, mas também de o fazer no sábado (fruto da existência de um dos 6 sprint neste fim-de-semana), não foi surpreendente ver o neerlandês em pole position. Quem o deveria ter seguido era Lando Norris, mas o britânico (tal como o colega de equipa) excederam os limites de pista e viram-se afastados das suas “devidas” posições. Assim, foi a Mercedes quem se colocou imediatamente atrás do líder.

Fernando Alonso qualificou-se em 4º, significativamente à frente de um Lance Stroll que optou por ser monossilábico com a imprensa depois de (mais uma) eliminação em Q1. Já Carlos Sainz e Sergio Pérez falharam o Q3.

No sábado, depois de alterados alguns corretores (e de uma mini-sessão de 10 minutos de rodagem), começaram os procedimentos do sprint. A McLaren deu um sério salto de competitividade nas 24 horas precedentes e colocou Oscar Piastri em pole, depois de Lando Norris escorregar na volta final (com ambos na frente de Verstappen).

O sprint acabaria por ser pautado por 3 Safety Car: primeiro para a saída de pista sozinho de Liam Lawson, depois para uma idêntica de Logan Sargeant, e por último para uma mais complexa e sem culpas óbvias para uma carambolada entre Esteban Ocon, Sergio Pérez e Nico Hülkenberg. Estes SC tiveram o interessante efeito secundário de ajudar quem arriscou os pneus macios (como George Russell e a Ferrari) mas apenas provisoriamente.

Piastri perdeu a liderança para Russell mas recuperou e, quando Verstappen se recolocou em 2º conseguiu manter a distância entre ambos estável para vencer. Norris desempenhou bem o seu papel para chegar 3º, mas não pareceu esconder o desapontamento de voltar a ver um colega vencer antes de si (depois de Ricciardo em 2021). Destaque ainda para a recuperação de Lewis Hamilton (12º a 5º) e de Alexander Albon (que roubou o 9º posto no final a Fernando Alonso).

O título seguiu assim para Verstappen, que contou no domingo com a vantagem de ter os McLaren mais distantes. Só que após a partida, já Piastri estava em 2º, uma vez que os Mercedes tiveram um acidente que eliminou Hamilton e obrigou Russell a recuperar a partir de último. O britânico ainda conseguiu terminar em 4º, atrás de ambos os McLaren que ainda tiveram tempo para picardias internas (com Norris nada satisfeito de receber ordens de equipa para manter posição). Verstappen, com toda a calma, liderou de ponta a ponta.

Na Ferrari foi Leclerc quem completou o Top 5, até porque um problema de motor impediu Sainz de sequer partir. Já na Aston Martin, Alonso até conseguiu saltar para 3º na partida, mas a realidade de um carro menos competitivo (e alguns erros de piloto pouco comuns) deixaram o espanhol em 6º, mesmo na frente do ex-colega Ocon.

A Alfa Romeo fez uma ótima corrida para colocar ambos os seus pilotos nos pontos, logo na frente de um Pérez que pareceu totalmente perdido durante a prova, a ponto de receber duas penalizações diferentes por exceder os limites de pista. Acabou por receber esse ponto (ironicamente) depois de Stroll ser penalizado por exceder limites de pista.

Destaque ainda para a menos feliz prova da Williams, com Albon a queixar-se de pneus ineficazes e Sargeant a ter que abandonar por estar indisposto de tal modo que se tornou impossível continuar (não foi o único, com Ocon a vomitar durante a corrida e Russell a queixar-se de que foi como se tivesse um secador virado para a cara durante a corrida). “Ao menos assim consegue terminar uma corrida com o carro inteiro” ironizou David Coulthard na transmissão da F1 TV…

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Quali Sprint: 1. Piastri \ 2. Norris \ 3. Verstappen \ 4. Russell \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Piastri \ 2. Verstappen \ 3. Norris \ 4. Russell \ 5. Hamilton \ 6. Sainz \ 7. Albon \ 8. Alonso (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Hamilton \ 4. Alonso \ 5. Leclerc (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Piastri \ 3. Norris \ 4. Russell \ 5. Leclerc \ 6. Alonso \ 7. Ocon \ 8. Bottas \ 9. Zhou \ 10. Pérez (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (433) \ 2. Pérez (224) \ 3. Hamilton (194) \ 4. Alonso (183) \ 5. Sainz (153) —– 1. Red Bull (657) \ 2. Mercedes (326) \ 3. Ferrari (298) \ 4. Aston Martin (230) \ 5. McLaren (219)

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Corrida anterior: GP Japão 2023
Corrida seguinte: GP EUA 2023

GP Qatar anterior: 2021

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Fontes:
Grande Prêmio \ FIA aceita candidatura Andretti





Força Ferrari não impede recorde de Verstappen – GP Itália 2023

3 09 2023

Depois do regresso do circo da Fórmula 1 após a pausa de Verão na semana passada, foi agora a vez de Monza ter o seu momento anual sob os holofotes. A pista de Monza acolheu todas as edições do GP de Itália com exceção da de 1980 (Imola) e, mesmo com diferentes versões do traçado localizado num parque florestal, o caráter veloz do circuito esteve sempre presente.

Com longas retas e travagens fortes, Monza castiga os carros que não tenham travões fiáveis e os que possuam má velocidade de ponta. Já velocidade em curva parece ser apenas um extra, muitas vezes.

Agora que a oval já não é usada há várias décadas, o circuito em si possui escapatórias amplas e corretores que desencorajam as saídas de pista, sendo um dos autódromos mais intocáveis do calendário. Construído no pós-Primeira Guerra Mundial com o objetivo de testar os carros das marcas italianas para que estas triunfassem em provas internacionais, o autódromo de Monza teve as suas obras interrompidas logo após o seu início devido a preocupações sobre o número de árvores a abater no parque de Monza.

O traçado atual tem proporcionado vários vencedores inesperados em anos recentes, além de que com piso molhado se transforma num dos mais desafiantes do calendário.

Ronda 14 – Grande Prémio de Itália 2023

De pintura especial no seu fim-de-semana caseiro, a Ferrari saiu da qualificação de sábado com sorrisos de orelha a orelha. O monolugar esteve em bom nível em todas as sessões e Carlos Sainz conseguiu roubar ao imbatível Max Verstappen da Red Bull a pole position por uma centésima de segundo. O outro carro italiano chegou em 3º.

George Russell pareceu mais surpreso que o público por chegar em 4º na frente de Sergio Pérez, enquanto que Alexander Albon voltou a brilhar ao chegar ao Q3 com o seu Williams e Liam Lawson chegou em 12º logo atrás do colega mais experiente. Destaque negativo para a Alpine (que não saiu do Q1 com nenhum dos dois carros) e para Lance Stroll (último).

Depois, no domingo após uma inspirada representação do hino italiano, foi o regresso da normalidade para o paddock, com Sainz a aguentar umas valentes 15 voltas até o inevitável acontecer e Verstappen passar para a frente. Daí em diante a vitória só tinha um dono, com o neerlandês a vencer a sua 10ª vitória consecutiva (um recorde moderadamente celebrado para os lados de Milton Keynes).

Após a passagem do Red Bull, a corrida de Sainz passou a ser gerir os pneus para conseguir manter-se na frente do colega de equipa, com a Ferrari a dar liberdade aos seus pilotos para lutarem. Ambos foram até aos seus limites e conseguiram dar um grande espetáculo aos fãs (e atrapalharam fortemente Sergio Pérez no seu caminho de recuperação até 2º para completar a dobradinha Red Bull).

George Russell foi a primeira vítima do inevitável trajeto de Pérez na corrida, mas soube aguentar-se para terminar 5º na frente de Lewis Hamilton, que teve uma prova bem mais interessante. Hamilton fez uma estratégia inversa à de vários rivais (indo de pneus duros para médios) e teve que trabalhar para chegar até 6º (incluíndo contacto com Oscar Piastri, pelo qual foi penalizado).

Entre os pilotos que lutavam pelos lugares mais baixos dos pontos, os grandes destaques foram Albon a confirmar o seu ótimo ritmo de Williams e Valtteri Bottas a arrastar um Alfa Romeo pouco cooperante até 10º lugar.

Os Alpine continuaram o seu terrível fim-de-semana, enquanto que Yuki Tsunoda terminou a prova antes de sequer a começar, com uma falha mecânica na volta de formação que obrigou a 20 minutos de atraso na hora de partida.

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Qualificação: 1. Sainz \ 2. Verstappen \ 3. Leclerc \ 4. Russell \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Russell \ 6. Hamilton \ 7. Albon \ 8. Norris \ 9. Alonso \ 10. Bottas (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (364) \ 2. Pérez (219) \ 3. Alonso (170) \ 4. Hamilton (164) \ 5. Sainz (117) —– 1. Red Bull (583) \ 2. Mercedes (273) \ 3. Ferrari (228) \ 4. Aston Martin (217) \ 5. McLaren (115)

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Corrida anterior: GP Países Baixos 2023
Corrida seguinte: GP Singapura 2023

GP Itália anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 23-24) \ Pourchaire com cautela aproxima-se do título

De forma algo previsível, o fim-de-semana de Monza trouxe alguma desordem tonta em qualificação e foi a F2 que a providenciou. Nos minutos finais os pilotos da grelha estavam tão próximos uns dos outros que essencialmente nenhum conseguiu sequer começar uma volta. Quase nenhum. Ralph Boschung não quis saber, lançou-se sem preocupações de cones de ar e foi recompensado com o 10º lugar de pole inversa.

Foi Sol de pouca dura. O suíço viu Richard Verschoor e Frederik Vesti ladearem-no na aceleração até à primeira curva, onde Boschung queimou a travagem e foi em frente. Vesti acabou por se tornar o líder e não voltou a largá-la até ao fim. Victor Martins acabou por recuperar boas posições até ao fim, terminando colado a Vesti e seguido por Verschoor. Em 4º chegou Théo Pourchaire, que tinha sido o verdadeiro pole da qualificação.

Houve dois Safety Car: Amaury Cordeel provocou o primeiro, Roy Nissany o segundo (contacto com Juan Manuel Correa).

Ainda nem tinha começado como deve ser o sprint e já havia controvérsia: Roman Staněk deu um encosto a Frederik Vesti, fazendo-o ir contra o muro. Um candidato fora, o que eram boas notícias para o pole Pourchaire. Mas ao mesmo tempo não, dado que o francês teria agora que lidar com rivais que sabiam que ele não poderia arriscar nada. De cautela em cautela, Pourchaire acabou em 3º, passado por Oliver Bearman (vencedor) e Ayumu Iwasa.

Haveria ainda tempo para mais dois SC, com Arthur Leclerc a perder o carro no final da reta para o primeiro, e Kush Maini a bater forte no recomeço que se lhe seguiu.

Pourchaire deu assim um passo importante para finalmente vencer o título da categoria.

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Qualificação: 1. Pourchaire \ 2. Bearman \ 3. Staněk \ … \ 8. Vesti \ 9. Verschoor \ 10. Boschung

Resultado (Sprint): 1. Vesti \ 2. Martins \ 3. Verschoor \ 4. Pourchaire \ 5. Maini \ 6. Bearman \ 7. Leclerc \ 8. Staněk (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bearman \ 2. Iwasa \ 3. Pourchaire \ 4. Fittipaldi \ 5. Hauger \ 6. Doohan \ 7. Daruvala \ 8. Cordeel \ 9. Boschung \ 10. Staněk (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (190) \ 2. Vesti (166) \ 3. Iwasa (152) \ 4. Doohan (138) \ 5. Martins (131) —– 1. ART (321) \ 2. Prema (296) \ 3. Rodin Carlin (212) \ 4. DAMS (193) \ 5. MP (161)

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Corrida anterior: Países Baixos 2023 \ Rondas 21-22
Corrida seguinte: Abu Dhabi 2023 \ Rondas 25-26

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Fórmula 3 (Rondas 17-18) \ Bortoleto: campeão em qualificação

Com um título extremamente provável em jogo, Gabriel Bortoleto tratou de o despachar logo em qualificação. Sem nenhum rival com hipóteses matemáticas de o bater na pole position, Bortoleto nem precisou de pole para festejar a sua estreia triunfante no campeonato de F3.

Uma vez chegado o dia de sprint, a primeira volta trouxe um certo nível de caos. Um pequeno contacto de um rival no pneu de Paul Aron levou o piloto da Prema a sofrer um furo que o impediu de travar de forma própria para a primeira curva, eliminando diversos pilotos. Na confusão o pole inverso, Franco Colapinto, perdeu a liderança mas recuperou-a até ao final da prova a Martí Boya (que ainda perdeu mais uma posição para o campeão Gabriel Bortoleto).

Para o feature foi o dia de tristeza para o pole Oliver Goethe, que teve que abandonar no final da volta de formação. A segunda volta de formação viu Kaylen Frederick ficar sem motor. Mesm a partida foi atribulada, com Franco Colapinto a terminar a sua tentativa de atacar o vice-campeonato no muro. Quando Paul Aron foi à gravilha e caiu, tornou-se claro que o caminho de Zak O’Sullivan se estava a tornar facilitado. O britânico foi ganhando posições até ao final, quando se teve que defender com unhas e dentes de Taylor Barnard. Isto porque Jonny Edgar, uma vez na liderança, não deu hipóteses a ninguém.

Pepe Martí foi outro rival que não terminou a corrida, uma desilusão para o espanhol depois de ter sido anunciado no programa de jovens da Red Bull.

A Prema recebeu o prémio de consolação que é o título de equipas.

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Qualificação: 1. Goethe \ 2. Collet \ 3. Aron \ … \ 10. Saucy \ 11. Boya \ 12. Colapinto

Resultado (Sprint): 1. Colapinto \ 2. Bortoleto \ 3. Boya \ 4. Barnard \ 5. Goethe \ 6. Minì \ 7. Mansell \ 8. Fornaroli \ 9. Tsolov \ 10. Villagómez (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Edgar \ 2. O’Sullivan \ 3. Barnard \ 4. Collet \ 5. Bortoleto \ 6. Boya \ 7. Aron \ 8. Mansell \ 9. Beganovic \ 10. Villagómez (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (164) \ 2. O’Sullivan (119) \ 3. Aron (112) \ 4. Colapinto (110) \ 5. Martí (105) —– 1. Prema (327) \ 2. Trident (306) \ 3. MP (194) \ 4. Campos (179) \ 5. Hitech (170)

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Corrida anterior: Bélgica 2023 \ Rondas 16-17
Corrida seguinte: Bahrain 2024 \ Rondas 1-2





Chuva intensa e incerta anima Zandvoort – GP Países Baixos 2023

29 08 2023

De pedra e cal no calendário da Fórmula 1 desde o seu regresso em 2021, o circuito de Zandvoort viu o herói local, Max Verstappen, vencer as suas duas primeiras edições. Isto significa que os promotores dos Países Baixos não têm qualquer dificuldade em preencher o espaço nas bancadas de uma pista que teve que lidar com alguma oposição da população local devido ao ruído associado às provas de automobilismo.

Próximo das dunas, Zandvoort foi um circuito construído antes da Segunda Guerra Mundial com a utilização de estradas públicas, que lhe conferiram um traçado sinuoso e rápido, pleno de perigos, mas também de entusiasmos. Várias modernizações ao longo dos anos foram sendo realizadas, desde a colocação de chicanes até mesma ao fecho de metade da pista para tentar apaziguar protestos locais (felizmente, uma alteração revertida neste caso).

Competições como os Masters de F3, o A1GP e o DTM mantiveram a pista com ação e ajudaram as finanças dos organizadores, permitindo-lhes ainda maiores modernizações e novos acordos sobre a exploração dos terrenos com os habitantes.

Assim, quando o fenómeno Verstappen começou a varrer a F1 a partir de 2016, as negociações para a reintrodução do circuito no calendário (afastados desde 1985) com a FOM foram rápidas.

Mesmo antes da prova, a Haas anunciou a manutenção de Kevin Magnussen e Nico Hülkenberg aos comandos dos seus carros para 2024, enquanto que na AlphaTauri foi preciso fazer uma substituição de emergência do substituto: Daniel Ricciardo partiu um osso da mão no treino livre e foi substituído pelo estreante Liam Lawson.

Ronda 13 – Grande Prémio dos Países Baixos 2023

Estrear a meio de uma temporada seria sempre difícil, especialmente sem participar na totalidade dos treinos livres, mas Liam Lawson teve a ingrata tarefa de guiar o AlphaTauri em condições de tempo imprevisíveis, com chuvas repentinas e fortes a assolarem o circuito de Zandvoort.

Para os fãs, isto apenas teve vantagens: qualificação e corrida foram das melhores do ano.

Uma pole position e vitória de Max Verstappen poderão tê-la feito parecer menos impressionante (ainda para mais com o piloto da casa a igualar o recorde de maior número de vitórias seguidas de Sebastian Vettel [9]), mas como o próprio disse, foi tudo menos uma simples procissão. Em qualificação as condições quase o deixaram em 3º, enquanto que em corrida foram necessárias várias decisões certas consecutivas de estratégia e de condução para o levar ao triunfo.

Fernando Alonso voltou a provar que é dos pilotos com melhor sentido de oportunidade na grelha de partida, começando o seu caminho de um já impressionante 5º na grelha para saltar duas posições na partida. Daí em diante aproveitou os problemas de Sergio Pérez para terminar 2º, logo atrás de Verstappen (quando o outro Aston nem pontuou…). Pérez chegou a liderar mas era nítido que não tinha andamento para o outro Red Bull, acabando por perder o pódio por uma penalização de 5 segundos (excesso de velocidade nas boxes).

Pódio esse que ficou com um felicíssimo Pierre Gasly, que soube evitar os erros para fazer o segundo pódio do ano da Alpine. O colega Esteban Ocon ficou furioso com a equipa por lhe terem feito montar os pneus de chuva intensa perto do final em vez dos intermédios, terminando 10º (em vez de 7º como pareceu acreditar ser possível).

A chuva animou o início de prova e o fim, ainda que no seu momento final tenha ditado o fim das provas de George Russell e Guanyu Zhou. Russell, que se qualificara num bom 4º posto ficou desapontado com o rumo do seu domingo. Mas não mais que Charles Leclerc, que passou o fim-de-semana inteiro a compensar erros estratégicos da Ferrari (desde mau timing em qualificação até não terem pneus prontos na paragem da primeira volta) mas acabou por abandonar devido a problemas de carro. Carlos Sainz ainda ficou em 5º pelos italianos, apesar de ter tido que mandar calar a equipa durante a luta contra Lewis Hamilton.

Hamilton partiu de um desapontante 13º, passou boa parte da prova na mesma posição porque a Mercedes parou no momento errado no início da corrida, mas soube aproveitar a chuva final para somar bons pontos. Lando Norris, Alexander Albon e Oscar Piastri foram outros três que também viram os erros de início serem compensados com o momento final do Grande Prémio.

Albon foi o mais impressionante de todos, qualificando o seu Williams em 4º, andando toda a prova à volta do 6º posto, até que a chuva o fez cair duas posições. O colega Logan Sargeant foi de extremos: brilhou em qualificação ao chegar ao Q3 mas acidentou-se nele; estava a começar a recuperar posições em prova quando voltou a destruir o carro.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Russell \ 4. Albon \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Alonso \ 3. Gasly \ 4. Pérez \ 5. Sainz \ 6. Hamilton \ 7. Norris \ 8. Albon \ 9. Piastri \ 10. Ocon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (339) \ 2. Pérez (201) \ 3. Alonso (168) \ 4. Hamilton (156) \ 5. Sainz (102) —– 1. Red Bull (540) \ 2. Mercedes (255) \ 3. Aston Martin (215) \ 4. Ferrari (201) \ 5. McLaren (111)

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GP Países Baixos anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 21-22) \ Caos completo trama candidatos ao título e dá vitória a Novalak

Se a chuva entusiasmou a F1, o que dizer da Fórmula 2? Se é verdade que o sprint teve que ser cancelado, a verdade é que só foi depois de uma partida sob chuva intensa ter visto ambos os Campos e Jak Crawford eliminados na primeira volta. Como só foi possível dar 2 voltas, ninguém pontuou, para grande felicidade do pole inverso (Théo Pourchaire) que perdeu essa mesma pole devido a ter que mudar o eixo traseiro antes da partida.

Já a feature foi ainda mais caótica mas conseguiu chegar até ao fim. A partida voltou a ser lançada, mas isso não impediu vários carros de apontarem para o lado errado, com especial destaque para os candidatos ao título Jack Doohan e Frederik Vesti. O último teve um dia bem longo, com direito a ter perdido ambas as rodas traseiras após uma paragem nas boxes, saíndo a zeros dos Países Baixos.

Não foi caso único, com Théo Pourchaire a perder o controlo do carro com pneus frios numa pista húmida, Kush Maini e Ayumu Iwasa envolvidos em contacto e Victor Martins a empurrar Oliver Bearman contra a mesma barreira em que na F1 Ricciardo partiu um osso da mão.

Sem os suspeitos do costume, houve espaço para um pódio invulgar, com Clément Novalak a vencer pela Trident, seguido de Zane Maloney e Crawford. Amaury Cordeel ainda conseguiu 4 pontos para o seu campeonato.

A situação do título, portanto, pouco se alterou.

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Qualificação: 1. Crawford \ 2. Hauger \ 3. Vesti \ … \ 8. Martins \ 9. Hadjar \ 10. Pourchaire

Resultado (Sprint): 1. Hadjar \ 2. Martins \ 3. Bearman \ 4. Correa \ 5. Maloney \ 6. Doohan \ 7. Vesti \ 8. Novalak (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Novalak \ 2. Maloney \ 3. Crawford \ 4. Verschoor \ 5. Hauger \ 6. Hadjar \ 7. Fittipaldi \ 8. Cordeel \ 9. Martins \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (168) \ 2. Vesti (156) \ 3. Iwasa (134) \ 4. Doohan (130) \ 5. Martins (122) —– 1. ART (290) \ 2. Prema (258) \ 3. Rodin Carlin (200) \ 4. DAMS (173) \ 5. MP (145)

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Corrida anterior: Bélgica 2023 \ Rondas 19-20
Corrida seguinte: Itália 2023 \ Rondas 23-24

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Fontes:
Autosport PT \ Lawson no lugar do lesionado Ricciardo
Mirror \ Haas renova com Magnussen e Hülkenberg





Dia excelente para a McLaren, mas vencedor do costume – GP Reino Unido 2023

9 07 2023

Oficiosamente a casa da Fórmula 1, devido a ter sediado a primeira corrida oficial em 1950, Silverstone teve, até há poucos anos, o seu futuro na F1 em constante perigo. Propriedade do British Racing Driver’s Club, o circuito britânico sofreu constantes ameaças à sua continuidade pela FOM nos tempos de Bernie Ecclestone, a ponto de contratos com as pistas de Brands Hatch e Donington terem chegado a ser declarados como vinculativos.

A nova FOM, bem como a revitalização completa levada a cabo em 2010-11, tornaram o GP do Reino Unido blindado à categoria e transformaram aquele que era um pequeno aeródromo da Segunda Guerra Mundial ladeado por barreiras de feno num dos tecnologicamente mais bem apetrechados autódromos mundiais.

Com curvas tão conhecidas quanto o próprio nome (Copse, Becketts, Chapel, Abbey,…), a pista tem sido dominada em anos recentes por Lewis Hamilton, homem da casa, o que lhe valeu ter-se tornado o único piloto com uma secção de pista com o seu nome (a Reta Hamilton). O “Motorsport Valley” bem próximo (num raio de 50 km estão as sedes de 6 das 10 equipas do campeonato) também ajuda à sensação de que todos correm em casa.

Foi um fim-de-semana de novidades Hollywood para a F1: o filme Apex, em produção, sobre um piloto de F1 que regressa para uma prova (interpretado por Brad Pitt) esteve em filmagens no fim-de-semana, aproveitando o GP para a fictícia equipa Apex filmar cenas com carros de F2 adaptados para se parecerem com F1.

Ronda 10 – Grande Prémio do Reino Unido 2023

Com várias pinturas especiais pelo paddock, desde a simples Union Jack nas “costas” da Williams até ao mais complexo efeito cromado (e respetivo patrocínio Google Chrome) da McLaren, foi com incredulidade que os treinos livres britânicos viram a presença de dois Williams no Top 5.

Misturando a isto as enormes diferenças de andamento face ao usual de outras estruturas, era possível perspetivar uma qualificação muito interessante pela frente. Com piso um pouco escorregadio e chuva intermitente, foram precisamente situações bem interessantes que ocorreram.

Em primeiro lugar, apesar de mais uma pole position de Max Verstappen, o resultado esteve bastante incerto. Ambos os McLaren estiveram em grande nível e surpreenderam ao completar o Top 3, para felicidade do público da casa. Os Ferrari ficaram logo atrás, apesar de desentendimentos sobre posição em pista entre os pilotos, seguidos dos Mercedes e um Fernando Alonso a ter que lidar com uma Aston Martin menos rápida.

Alexander Albon confirmou a boa forma da Williams com uma entrada no Q3, sendo que também Logan Sargent deixou o Q1 para trás. Quem não conseguiu deixar para trás foi Sergio Pérez, que falha assim a presença no Q3 em 4 provas seguidas. Absolutamente inaceitável, considerando o ritmo do Red Bull que tem em mãos.

Ritmo que, com as nuvens negras que cobriram Silverstone no domingo, significaram que a equipa austríaca não tinha o ritmo habitual para fugir dos rivais. Mas ainda assim, tinha ritmo de sobra para vencer mais uma vez com Verstappen. O neerlandês até teve que passar um carro, depois de Norris ter partido melhor e conseguido segurar durante um par de voltas o campeão em título (e mantendo-se por perto nas voltas subsequentes).

Os dois McLaren mostraram ritmo forte no Reino Unido e, provavelmente, teriam conseguido um pódio duplo não fosse o timing do Safety Car ter tramado Piastri. Até aí, e depois disso, o australiano esteve excelente. Norris acabou por ter um final de prova pleno em stress, a segurar Hamilton (que tinha compostos mais macios, tendo sido dos maiores beneficiários do SC).

No extremo oposto podemos observar a Alpine, que abandonou com ambos os carros (problemas mecânicos para Ocon e eliminação às mãos de Stroll para Gasly) e viu-se passada pela McLaren no campeonato. Também a Ferrari perdeu imensas posições tanto devido ao momento em que o SC saiu, como a erros crassos de estratégia.

Albon completou o seu brilhante fim-de-semana com 4 valiosos pontos, que deixaram a Williams à frente da Haas e da Alfa Romeo; e Alonso segurou o que pôde para manter o seu histórico de pontuações com a Aston a 100%.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Piastri \ 4. Leclerc \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Hamilton \ 4. Piastri \ 5. Russell \ 6. Pérez \ 7. Alonso \ 8. Albon \ 9. Leclerc \ 10. Sainz (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (255) \ 2. Pérez (156) \ 3. Alonso (137) \ 4. Hamilton (121) \ 5. Sainz (83) —– 1. Red Bull (411) \ 2. Mercedes (203) \ 3. Aston Martin (181) \ 4. Ferrari (157) \ 5. McLaren (59)

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GP Reino Unido anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 15-16) \ Martins ganha embalo e Purchaire caça Vesti

Tendo tido o azar de apanhar com a porção do horário em que a chuva esteve no seu mais intenso, a F2 correu a sua prova sprint com um piso muito molhado que foi progressivamente dando lugar a uma linha seca, obrigando os pilotos a terem que permanentemente procurar as partes mais molhadas para arrefecer os pneus.

Neste contexto quem se deu melhor foi o pole inverso, e líder do campeonato, Frederik Vesti que se sobrepôs a Théo Pourchaire com uma facilidade incrível. Já Jack Doohan teve muito mais dificuldade em passar o carro de Oliver Bearman, que lhe bloqueou o caminho de forma agressiva, mas legal, várias vezes. Finalmente, a pressão do australiano surtiu efeito e Bearman falhou uma travagem que o fez perder posições. Doohan achou justo, dando-se ao luxo de acenar ao rival que saía de pista.

Depois de uma qualificação repleta de despistes e abandonos, Victor Martins partiu na frente do pelotão e esteve num nível bem especial a ponto de nem uma penalização de 5 segundos (sair de pista e ganhar vantagem) ter sido suficiente para o impedir de vencer a feature. Isto para fúria da Rodin Carlin, que se fartou de exigir a Zane Maloney para subir de ritmo e ficar dentro dos 5 segundos…

A luta pelo lugar final do pódio foi explosiva, com Théo Pourchaire, Doohan e Arthur Leclerc em luta acirrada até ao fim, com a vantagem a sobrar para Pourchaire.

Mais atrás, o líder do campeonato, Vesti viu-se abalroado por Dennis Hauger, atirando-o contra Roman Staněk. O checo e o dinamarquês abandonaram, provocando o Safety Car. Não seria o último porque Kush Maini fez uma manobra trapalhona em que fez ambos os Campos abandonar (pediu desculpa), e neste SC vários pilotos decidiram parar uma segunda vez para montar pneus macios.

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Qualificação: 1. Martins \ 2. Maini \ 3. Iwasa \ … \ 8. Pourchaire \ 9. Hadjar \ 10. Vesti

Resultado (Sprint): 1. Vesti \ 2. Pourchaire \ 3. Doohan \ 4. Fittipaldi \ 5. Hadjar \ 6. Bearman \ 7. Martins \ 8. Leclerc (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Martins \ 2. Maloney \ 3. Pourchaire \ 4. Doohan \ 5. Iwasa \ 6. Daruvala \ 7. Fittipaldi \ 8. Bearman \ 9. Leclerc \ 10. Crawford (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vesti (135) \ 2. Pourchaire (129) \ 3. Iwasa (111) \ 4. Bearman (88) \ 5. Martins (88) —– 1. Prema (223) \ 2. ART (217) \ 3. DAMS (150) \ 4. Rodin Carlin (134) \ 5. MP (109)

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Fórmula 3 (Rondas 11-12) \ Dobradinha Trident, mas é Bortoleto quem se vai afastando

Com a chuva inglesa a marcar presença em Silverstone momentos antes da corrida sprint da F3, mas com os céus sem precipitação, todos os pilotos (menos Grégoire Saucy) alinharam no sábado com pneus de piso seco. Sebastián Montoya partiu bem e segurou a liderança, só que sensivelmente a meio da prova a chuva caiu, o Safety Car entrou em pista e metade da grelha trocou para pneus de chuva. A outra metade bem aguardou para ver se era decretada bandeira vermelha, mas nada feito: a sua aposta não funcionou e pararam (tal como Saucy, cujos pneus de chuva estavam desfeitos quando a pista se molhou).

No recomeço Montoya teve contacto e caiu para 8º, passando a ser Franco Colapinto a assumir a frente da prova de onde não voltou a sair, seguido de Gabriel Bortoleto e Christian Mansell. O pole da feature, Leonardo Fornaroli, recuperou do 12º lugar até 7º.

Na prova feature as coisas foram relativamente calmas, com os dois Trident da frente a parecerem ter um pacto de não-agressão até meio da prova, com Oliver Goethe a utilizar o DRS sobre Fornaroli para se ir defendendo de um Pepe Martí que decidiu começar a ter mais cautela com os riscos que toma (sendo que é quem mais perto está da liderança do campeonato de Bortoleto).

O “pacto” terminou com uma ultrapassagem bem medida sobre Fornaroli na Reta Wellington, completando-se assim a nova ordem da dobradinha da Trident. Martí completou o pódio, seguido de Paul Aron, Mansell e Bortoleto (que parece capaz de eventualmente ser campeão a algumas corridas do fim…).

Destaque ainda para a substituição de Hunter Yeany por Max Esterson (ambos norte-americanos) na Rodin Carlin.

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Qualificação: 1. Fornaroli \ 2. Goethe \ 3. Martí \ … \ 10. Barnard \ 11. Edgar \ 12. Montoya

Resultado (Sprint): 1. Colapinto \ 2. Bortoleto \ 3. Mansell \ 4. Collet \ 5. Minì \ 6. Barter \ 7. Fornaroli \ 8. Montoya \ 9. Cohen \ 10. Martí (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Goethe \ 2. Fornaroli \ 3. Martí \ 4. Aron \ 5. Mansell \ 6. Bortoleto \ 7. Minì \ 8. Colapinto \ 9. Saucy \ 10. Montoya (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (128) \ 2. Martí (92) \ 3. Minì (77) \ 4. Aron (77) \ 5. Beganovic (75) —– 1. Trident (238) \ 2. Prema (225) \ 3. Hitech (144) \ 4. Campos (130) \ 5. MP (102)

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Fontes:
F3 \ Rodin Carlin assina Esterson
Sky Sports \ Apex faz filmagens em Silverstone





Aston mais perto, mas Verstappen iguala Senna – GP Canadá 2023

18 06 2023

Com uma localização na ordem do campeonato cada vez mais imprópria, quando se considera a quantidade corridas norte-americanas que têm proliferado (e com as quais os canadianos podiam emparelhar), o GP do Canadá pode até já nem ter a importância comercial de quando o seu país vizinho não tinha provas na F1, mas a verdade é que o circuito de Montreal é já um clássico da categoria.

Nomeado em homenagem ao mais conhecido piloto do país, Gilles Villeneuve, a Íle Notre-Dame no Québec, o circuito tem uma curiosa configuração de longuíssimas retas intercaladas por secções técnicas de média-baixa velocidade. Quando a chuva cai na pista, como em 2011, as probabilidades de assistirmos a GPs de alta qualidade sobem exponencialmente. Mesmo quando não, as corridas costumam valer a pena, tendo sido em Montreal que Lewis Hamilton e Daniel Ricciardo venceram pela primeira vez na F1.

A recente ausência da F1 pouco teve a ver com qualquer desejo dos promotores: a situação pandémica no país ditou essa ausência. Antes disso apenas tinham ocorrido 3 ausências (1975, 1987 e 2009), todas por picardias com as entidades patrocinadoras. Isto quer dizer que, na prática, o GP tem ocorrido continuamente desde 1967, quase sempre em Montreal.

Ronda 8 – Grande Prémio do Canadá 2023

Depois de um primeiro treino livre de 5 minutos, devido a falhas de CCTV da FOM, a categoria começou a preparar-se para um GP canadiano com muita utilização de pneus de chuva. Com potencial para embaralhar a ordem, o tempo acabaria por gerar muitos momentos de pilotos a bloquearem-se uns aos outros, com o principal culpado a ser Carlos Sainz (principalmente no Q2 quando parou antes da chicane e segurou perigosamente Pierre Gasly).

Sainz foi um de 4 pilotos a ser penalizado por bloqueios em 3 lugares (os outros foram Nico Hülkenberg, Lance Stroll e Yuki Tsunoda). O mais abatido destes pela penalização terá sem dúvida sido Hülkenberg, que aproveitou uma bandeira vermelha no Q3 (acidente de Oscar Piastri) para se colocar em 2º lugar na grelha (que acabaria por se tornar 5º).

Max Verstappen, para não variar, liderou com Fernando Alonso a ser ameaça sempre presente em 2º, com as atualizações extensivas que a Aston Martin colocou em pista. Os Mercedes seguiram-no, ainda sem ritmo para lutar por vitórias mas mais perto. Destaque ainda para a McLaren ter colocado ambos os monolugares no Top 10 e para a maneira assertiva como Alexander Albon exigiu pneus de piso seco no timing certo para liderar o Q2.

Quem também queria esses pneus foi Charles Leclerc: a Ferrari recusou e o piloto acabou fora no Q2, para frustração (mais uma) do monegasco. Também Sergio Pérez falhou o Q3, numa demonstração de que talvez não esteja preparado para a luta do título com o colega da Red Bull.

No dia de corrida, à exceção da luta pela vitória, foi tudo bastante interessante. Verstappen conseguia abrir distância na frente a seu bel-prazer, enquanto Alonso e Hamilton tiveram um duelo privado por 2º lugar. A Red Bull venceu a sua 100ª vitória e Verstappen igualou o recorde de vitórias de Senna (41). O Mercedes partiu melhor e adiantou-se, mas Alonso ultrapassou ao fim de 23 voltas. Depois da segunda ronda de paragens, Hamilton fez uso da vantagem de pneus e de um problema do Aston Martin para se reaproximar, mas não foi possível.

Russell seguia ambos no princípio, mas distraiu-se e destruiu a lateral do Mercedes, arrendando-se dos pontos. Enquanto Hülkenberg via o péssimo ritmo de corrida da Haas afundá-lo, Albon completou o seu ótimo fim-de-semana com uma corrida inspirada em que segurou durante mais de 40 voltas a pressão para garantir um 7º lugar que retirou a Williams de último lugar nos construtores. O outro Williams de Sargeant provocou o Safety Car Virtual com problemas mecânicos.

Russell, quando tocou o muro, acionou o SC verdadeiro, que os Ferrari e Pérez aproveitaram para saltar para os 6 primeiros. Foi também neste período que Norris foi penalizado por abrandar excessivamente, o que significou que a prova de bom ritmo e manobras do britânico acabou sem recompensa apesar de terminar 9º. Ocon, com uma asa traseira a abanar por todos os lados, terminou 8º.

Stroll ultrapassou Bottas na última curva para garantir uma recuperação até 9º em território caseiro, ainda que a posição do Alfa Romeo lhe tenha valido a pena para ultrapassar a Haas no campeonato.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Alonso \ 3. Hamilton \ 4. Russell \ 5. Hülkenberg (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Alonso \ 3. Hamilton \ 4. Leclerc \ 5. Sainz \ 6. Pérez \ 7. Albon \ 8. Ocon \ 9. Stroll \ 10. Bottas (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (195) \ 2. Pérez (126) \ 3. Alonso (117) \ 4. Hamilton (102) \ 5. Sainz (68) —– 1. Red Bull (321) \ 2. Mercedes (167) \ 3. Aston Martin (154) \ 4. Ferrari (122) \ 5. Alpine (44)

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Corrida seguinte: GP Áustria 2023

GP Canadá anterior: 2022