Problema crescente para a Williams em dia de glória para Red Bull – GP Japão 2024

9 04 2024

Poucos circuitos podem receber a honra de carregarem tanto simbolismo histórico na Fórmula 1 quanto o GP do Japão em Suzuka. Famosamente a única pista em “8” (um “8” bem torto, mas ainda assim…) e a primeira corrida asiática da histórica da categoria, a quase totalidade das curvas da pista são desafiantes e historicamente significativas para a F1. A 130R onde Alonso ultrapassou Schumacher por fora, a chicane final onde Senna e Prost decidiram o campeonato de 1990, a primeira curva onde Räikkonen ultrapassou Fisichella na última volta para vencer,…

Criada em 1962 pela Honda como local principal de testes para os seus carros de competição, a pista pouco mudou nos anos desde a sua criação, até porque o seu desenho inicial procurou fazer das colinas e estradas regionais de forma a exigir o mínimo de terraplanagem possível. O arquiteto original, John Hugenholtz, ainda expressou preocupação com os produtores de arroz, mas Soichiro Honda simplesmente pagou aos agricultores e atribui-lhes novas terras. A primeira prova no traçado foi de carros desportivos, vencida por Peter Warr num Lotus 23.

A F1 até visitou o autódromo de Fuji primeiro para o GP do Japão inaugural, mas apenas em 2 edições nos 1970s e outras 2 nos 2000s. Nas restantes, muitas vezes como prova final do campeonato, foi Suzuka quem recebeu as suas provas. Já em 2024, pela primeira vez, veremos o GP japonês na fase inicial do calendário.

Alguns dias antes do fim-de-semana, a Liberty Media anunciou que avançará com a compra da MotoGP para juntar ao seu porfólio de automobilismo que já inclui a F1. A empresa já deixou claro que não pretende juntar as duas categorias num mesmo fim-de-semana de competição e que está confiante de a compra não ser bloqueado por excessiva concentração de poder.

Ronda 4 – Grande Prémio do Japão 2024

Como se não bastassem constantes perguntas sobre a utilização dos seus chassis extra e de reparações dos seus carros, a Williams viu todos os seus piores cenários confirmarem-se em Suzuka. Com um carro reparado, Logan Sargeant tratou de o destruir logo no primeiro treino livre. Depois, na partida, Alexander Albon envolveu-se num incidente aparatoso com Daniel Ricciardo (que até valeu uma bandeira vermelha). Como se não bastasse, Sargeant ainda foi à gravilha e danificou o chão em corrida.

Não foi por acaso que o comentador Will Buxton fez questão de indiretamente perguntar a James Vowles se na China a equipa contaria com os dois carros…

Ricciardo também não teve um bom fim-de-semana, voltando a perder o duelo de qualificação para o colega da RB, Yuki Tsunoda, e depois sendo o principal responsável pelo acidente com Albon (sem penalização). O australiano já tratou de dar a entender à imprensa que tem estado a pedir para experimentar um novo chassis, como potencial causa da sua má performance.

Tsunoda, a correr em caso, voltou a colocar o seu RB no Q3 e a fazer uma ótima e sólida performance em corrida, com direito a diversas ultrapassagem por fora e a somar mais um valioso ponto para a equipa italiana. Ainda está longe de poder ser considerado um candidato ao segundo Red Bull, mas está a dar importantes passos para garantir a sua continuidade.

Longe das dificuldades de Melbourne, e mesmo com a necessidade de realizar duas partidas, a Red Bull acabou por passear por completo no Japão, tendo assegurado a primeira linha da grelha em qualificação e a dobradinha liderada por Max Verstappen (o que significa que todas as 4 provas do ano terminaram em dobradinhas).

A juntar-se aos Red Bull no pódio ficou Carlos Sainz, agradavelmente surpresa quando se apercebeu que não só conseguia ter mais ritmo de corrida que os McLaren como ainda suficiente para ameaçar o segundo Red Bull de Sergio Pérez. Lando Norris ainda tentou dar luta, só que já parece mais claro que se os pilotos da McLaren até conseguem disfarçar a falta de ritmo para a Ferrari em qualificação, em corrida a tarefa é muitos mais difícil.

Charles Leclerc (Ferrari) teve uma qualificação incaracteristicamente menos bem conseguida, mas foi o único a fazer funcionar uma estratégia de uma única paragem nas boxes que lhe valeu o 4º lugar, enquanto que Fernando Alonso (Aston Martin) usou a distância DRS para Oscar Piastri (McLaren) como defesa contra uma investida final de George Russell (Mercedes).

A Mercedes continua em grandes dificuldades para fazer os seus carros estarem melhor que 4ª força do campeonato, numa altura em que ainda assim parecem convencidos de que se trata do tratamento dos pneus que é a limitação do W15 (e não uma falta de downforce).

Destaque ainda para mais um péssimo fim-de-semana de Kick Sauber e Alpine. A primeira continua a sua vaga de problemas de fiabilidade, enquanto a segunda esteve bem longe de qualquer rival (culminando com a equipa a pedir a Esteban Ocon para puxar pelo carro e a ouvir a resposta incrédulo do piloto em como já estava no máximo…).

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Norris \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Norris \ 6. Alonso \ 7. Russell \ 8. Piastri \ 9. Hamilton \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (77) \ 2. Pérez (64) \ 3. Leclerc (59) \ 4. Sainz (55) \ 5. Norris (37) —– 1. Red Bull (141) \ 2. Ferrari (120) \ 3. McLaren (69) \ 4. Mercedes (34) \ 5. Aston Martin (33)

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Corrida anterior: GP Austrália 2024
Corrida seguinte: GP China 2024

GP Japão anterior: 2023

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Fonte:
Sapo \ Liberty Media compra MotoGP





Regresso vitorioso para Sainz – GP Austrália 2024

25 03 2024

Desde 1996 palco tradicional do início de temporada, Melbourne até se vê de volta a uma data bastante usual dessa condição, mas agora como terceira ronda do mundial, a seguir às duas provas do Médio Oriente. Inexplicavelmente, voltou a não ser agrupada em sequência com a China, deixando o paddock com uma dispendiosa visita à Oceânia e de regresso à Europa.

O Albert Park de Melbourne é o circuito do GP da Austrália, uma pista semi-citadina à volta de um lago, que possui um traçado apertado e sinuoso sem grandes possibilidades de ultrapassagem. Para ajudar, o circuito aproveitou o período pandémico para modificar várias secções de baixa velocidade, convertendo-as para alta velocidade e criando novos pontos de ultrapassagem.

Depois de a pandemia ter impedido a realização das provas de 2020 e 2021, os últimos dois anos de regresso viram Charles Leclerc e Max Verstappen vencerem em território australiano, sendo interessante que a Ferrari já tenha vencido no país 13 vezes contra “apenas” 2 da Red Bull.

Desta vez, correram dois pilotos australianos em casa (Oscar Piastri e Daniel Ricciardo), num fim-de-semana que conta desde o ano passado com a presença das categorias F2 e F3 nas provas de apoio.

As duas semanas entre Jeddah e Melbourne trouxeram espaço para pequenas notícias de atualização à F1, desde a aceleração da compra da Sauber pela Audi (provavelmente preocupada com os atuais resultados em pista), a ida de Simone Resta para a Mercedes, a renovação de Zak Brown como CEO McLaren até 2030, entre outras.

Os grandes destaques num campo mais hostil foram a investigação da FIA a si mesma e ao seu Presidente ter descoberto nada de errado na conduta de Mohammed ben Sulayem (surpresa), e também a queixa criminal de Susie Wolff contra a mesma FIA pela acusação de troca de informações confidenciais de que tinha sido acusada sem fundamento no início deste ano.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2024

Seria de pensar que nada tão dramático quanto a necessidade de substituir um piloto fosse suceder na terceira ronda do campeonato, mas rapidamente se provou que pior que não ter piloto para um carro era ter carro para um piloto.

Alexander Albon destruiu o seu Williams no primeiro treino livre e a equipa britânica foi apanhada em falso, sem nenhum carro de substituição e incapaz de reparar os estragos extensivos. A solução foi James Vowles anunciar que a decisão difícil de retirar o carro de Logan Sargeant para Albon. Sargeant afirmou compreender a decisão, mas também explicou que estava perante o dia mais difícil da sua vida. Uma vez que Albon é, desde 2022, responsável por mais de 85% dos pontos da Williams e que o meio da tabela está em luta renhida por pontos, o paddock compreendeu a lógica.

O piloto tailandês correspondeu em parte em qualificação, colocando-se em 12º, mesmo com Lewis Hamilton (Mercedes) à sua frente, com a Mercedes a voltar a mostrar alguma falta de ritmo. Falta que não parece ser sentida pela cliente McLaren, que voltou a melhorar o seu registo de qualificação de 2024, com Lando Norris em 3º e Oscar Piastri em 5º.

A luta por pole position ficou entre uma Ferrari mais próxima da frente e uma Red Bull que permanece imbatível. Max Verstappen colocou os segundos em pole, ao passo que Carlos Sainz brilhou ao meter a Ferrari na primeira linha apenas duas semanas depois da sua cirurgia. Já Sergio Pérez (Red Bull) tinha sido 3º originalmente mas foi penalizado em 3 lugares na grelha por ter impedido Nico Hülkenberg (Haas) no Q1.

Yuki Tsunoda (RB) foi o grande intruso do Q3, à frente do colega da casa (Daniel Ricciardo) que viu a sua melhor volta anulada por exceder limites de pista. Outro piloto em destaque foi Esteban Ocon (ao passar ao Q2), que parece estar a levar a má forma da equipa de maneira significativamente mais matura que Pierre Gasly.

No dia de corrida existiam grandes expectativas de que fosse possível haver uma surpresa na frente, mas dificilmente o abandono de Verstappen na terceira volta teria estado nas contas de alguém. O neerlandês abandonou com um travão traseiro direito a desintegrar-se a olhos vistos, já depois de ter sido passado por Sainz.

Com uma dinâmica de prova inteiramente diferente, Sainz teve como tarefa principal evitar ser passado nas boxes pelo colega Leclerc, algo que soube fazer mesmo na margem certa, tendo dado a ideia de que era o mais eficaz dos dois Ferrari ao longo de todo o fim-de-semana (o que também foi abordado extensivamente pelos jornalistas, uma vez que continua sem contrato para 2025). Dobradinha Ferrari no final, que os catapulta para ambas as lutas do título.

Norris completou o pódio num dia em que Piastri cometeu alguns erros pequenos mas significativos o suficiente para lhe retirar um pódio caseiro, e em que Pérez (único Red Bull em pista) não mostrou ritmo suficiente para preocupar os carros à sua frente.

A Aston Martin demonstrou ritmo suficiente para que a Mercedes tenha tido um GP em Melbourne extremamente desconfortável. Um abandono por problemas mecânicos de Hamilton causou um Safety Car Virtual, cujo grande beneficiado foi ironicamente Alonso. O espanhol passou para a frente de Russell e lá permaneceu durante a prova toda, culminando com um despiste aparatoso do Mercedes na perseguição. Já após a corrida, Alonso foi penalizado por alegadamente ter causado o acidente com um brake test, algo que categoricamente negou.

Esta penalização promoveu Stroll a 6º e, mais importantemente, Tsunoda a 7º para dar à RB os seus primeiros pontos do ano num fim-de-semana de enorme qualidade do japonês. Também a Haas voltou a mostrar serviço, culminando com uma luta direta de ambos os carros contra Albon que venceram, pontuando tanto Hülkenberg como Magnussen. Isto deixou a Williams sem recompensa pela sua troca de pilotos.

Já a Kick Sauber e a Alpine foram as piores representantes da grelha. A Kick Sauber voltou a ter problemas graves a mudar os pneus nas boxes, enquanto que a Alpine viu Pierre Gasly por duas vezes ser penalizado por cruzar a linha das boxes (um erro francamente amador).

Estes resultados relançam o interesse a um campeonato que tinha começado assustador para os rivais da Red Bull.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Sainz \ 3. Norris \ 4. Leclerc \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Sainz \ 2. Leclerc \ 3. Norris \ 4. Piastri \ 5. Pérez \ 6. Stroll \ 7. Tsunoda \ 8. Alonso \ 9. Hülkenberg \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (51) \ 2. Leclerc (47) \ 3. Pérez (46) \ 4. Sainz (40) \ 5. Piastri (28) —– 1. Red Bull (97) \ 2. Ferrari (93) \ 3. McLaren (55) \ 4. Mercedes (26) \ 5. Aston Martin (25)

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Corrida anterior: GP Arábia Saudita 2024
Corrida seguinte: GP Japão 2024

GP Austrália anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Hadjar vence uma, mas levanta dois troféus

De modo a fazer uma cópia da situação de algumas horas antes na F3, a Fórmula 2 viu a sua qualificação interrompida por bandeira vermelha. Desta vez foi Jak Crawford (DAMS), com o recomeço da ação a trazer um Gabriel Bortoleto (Invicta) de faca nos dentes e, no fim, a arriscar em excesso na tentativa. O brasileiro saiu de pista e atrapalhou a volta do colega Kush Maini, que ainda assim conseguiu ir para 1º provisoriamente.

Enzo Fittipaldi (Van Amersfoort) perdeu o carro no muro, mas ainda havia margem para alguns carros acabarem as voltas. Andrea Kimi Antonelli (Prema) roubou a pole position provisório, mas depois Dennis Hauger (MP) chegou e ficou com a definitiva pole, seguido de Antonelli e Richard Verschoor (Trident).

Para o sábado de sprint, a prova começou (e decorreu) em caos constante. Isack Hadjar (Campos) partiu de forma brilhante e conseguiu assumir a dianteira, mas não sem dar um toque valente no colega de equipa (Pepe Martí) que eliminou o outro Campos e um inocente Bortoleto de prova (e trouxe o primeiro Safety Car). O resultado foi que, apesar de ter vencido triunfalmente a prova e de ser ter ouvido “A Marselhesa” no pódio, Hadjar foi penalizado e acabou 6º.

O vencedor da prova foi um esforçado Roman Staněk (Trident) a sair de pole inversa. O checo defendeu-se com unhas e dentes dos rivais mais rápidos durante a prova inteira com sucesso. Tanto sucesso que alguns adversários se atrapalharam e tiveram um incidente bizarro (como Antonelli, Verschoor e Paul Aron [Hitech]).

Ainda houve tempo para um pequeno drama entre colegas MP, com Franco Colapinto a querer a posição de Hauger e a ouvir o engenheiro de pista dizer “se estás rápido, então passa” de forma torta. Hauger não foi passado e até passou Maini de forma brilhante para o 2º lugar. Oliver Bearman (Prema) devia ter somado os primeiros pontos do ano, só que foi penalizado por correr com Joshua Dürkesen (PHM) para fora de pista.

Acabou por não ser um bom dia para os dois pilotos da dobradinha sprint no dia da feature. Staněk despistou-se e foi parar à gravilha na primeira volta, enquanto que Hauger destruiu o carro mais à frente (e causou o segundo SC Virtual, cujo grande beneficiário foi Hadjar). Maini e ambos os DAMS até estiveram nas primeiras posições mesmo até ao final, mas não tinham parado. Logo, Hadjar conseguiu vingar-se da derrota sprint com uma vitória magistral na feature.

Em geral, foi um dia de imensa ação em pista. Dürksen causou o primeiro SC Virtual com o seu abandono, Antonelli e Hauger trocaram posições na frente nas voltas iniciais e Victor Martins recuperou de 21º a 12º logo no princípio.

Destaque ainda para um fim-de-semana de Top 5 para Ritmo Miyata (Rodin), quando a luta pelo título se abriu para pilotos como Aron ou Hauger.

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Qualificação: 1. Hauger \ 2. Antonelli \ 3. Verschoor \ … \ 8. Hadjar \ 9. Bortoleto \ 10. Staněk

Resultado (Sprint): 1. Staněk \ 2. Hauger \ 3. Maini \ 4. Colapinto \ 5. Miyata \ 6. Hadjar \ 7. Martins \ 8. O’Sullivan (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Hadjar \ 2. Aron \ 3. Maloney \ 4. Antonelli \ 5. Miyata \ 6. Verschoor \ 7. Villagómez \ 8. Martins \ 9. Bearman \ 10. Crawford (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Maloney (62) \ 2. Aron (47) \ 3. Hauger (41) \ 4. Hadjar (34) \ 5. Maini (33) —– 1. Rodin (78) \ 2. Campos (60) \ 3. Hitech (57) \ 4. MP (54) \ 5. Invicta (48)

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Corrida anterior: Arábia Saudita 2024 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 7-8

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Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Beganovic em grande

Na primeira qualificação do ano numa verdadeira sexta-feira, a Fórmula 3 viu Leonardo Fornaroli (Trident) conseguir melhorar a sua volta nos segundos finais com um tempo mais rápido que os dois rivais da Prema (Gabriele Minì e Dino Beganovic), alcançando pole position numa sessão marcada pela bandeira vermelha de Sami Meguetounif (Trident). O francês bateu no muro da última curva, destruindo o carro (algo semelhante ao que Piotr Wiśnicki da Rodin também fez com menos gravidade alguns minutos depois).

Para o sprint, a corrida acabou por ser a história dos 3 pilotos que partiram dos 3 primeiros lugares e um intruso. Laurens van Hoepen (ART) partiu de pole inversa e protagonizou a luta inicial com Martinius Stenshorne (Hitech) até o norueguês ter um ligeiro contacto com Christian Mansell (ART), que deixou Mansell com dificuldades no lado esquerdo do carro (vendo-o cair até ao último lugar pontuável).

Stenshorne acabaria por ir fugindo na liderança, onde nas voltas finais foi ameaçado por Arvid Lindblad (Prema) mas sem perder a vitória.

Para a feature, houve um pelotão de líderes claramente definido e composto por Fornaroli, Minì, Beganovic e Browning, que conseguiram acabar uma prova de desgaste rápido de pneus com uma enormidade de vantagem face ao 5º classificado (Charlie Wurz, que, não por acaso, foi o único estreante no Top 10).

Beganovic partiu 3º mas foi passando os rivais, primeiro o colega Minì e depois Fornaroli, até chegar a uma liderança que defendeu com unhas e dentes.

Wurz foi o melhor dos restantes, com Montoya a também se destacar no pelotão que caçava importantes pontos no domingo que até começou de SC (para 3 carros presos na gravilha).

Browning e Fornaroli estão agora empatados no topo, mas Minì e Beganovic estão bem próximos.

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Qualificação: 1. Fornaroli \ 2. Minì \ 3. Beganovic \ … \ 10. Mansell \ 11. Stenshorne \ 12. van Hoepen

Resultado (Sprint): 1. Stenshorne \ 2. Lindblad \ 3. van Hoepen \ 4. Boya \ 5. Goethe \ 6. Minì \ 7. Dunne \ 8. Montoya \ 9. Fornaroli \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Beganovic \ 2. Fornaroli \ 3. Minì \ 4. Browning \ 5. Wurz \ 6. Montoya \ 7. Boya \ 8. Bedrin \ 9. Goethe \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Browning (37) \ 2. Fornaroli (37) \ 3. Minì (32) \ 4. Beganovic (28) \ 5. Lindblad (23) —– 1. Prema (83) \ 2. Trident (60) \ 3. Hitech (47) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (39)

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Corrida anterior: Bahrain 2024 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 5-6





A prometida aproximação à Red Bull passará do papel?

27 02 2024

Há um clima de instabilidade no ar neste início de temporada. Não a nível de ação em pista, onde provavelmente teremos o mesmo domínio que em 2023. Mas de bastidores, muito tem acontecido. A recusa da FOM na entrada da Andretti como nova equipa (e mais especificamente os motivos que apontou para essa recusa) é apenas mais um capítulo de uma capitalização extrema do desporto pela FOM e de uma crescente tensão FIA-FOM.

As renovações dos circuitos de Suzuka e Silverstone em contratos longos foram bem recebidas, mas a assinatura de um circuito citadino em Madrid fez levantar o sobrolho de muitos fãs, cansados de ver mais e mais circuitos sem grande personalidade entrar no calendário (enquanto que locais como Alemanha, França e Malásia continuam fora).

Depois há ainda a investigação a Christian Horner por alegado comportamento inapropriado, longe de ser levada levianamente. A Ford já insistiu por transparência, uma vez que colaborará com a equipa a partir de 2026. Horner é o mais antigo chefe de equipa ativo, por larga margem, e uma potencial saída teria um enorme impacto numa Red Bull campeã do mundo (e pelo potencial de posteriores saídas, como a do projetista Adrian Newey).

De 7º a 10º, quem foge do pelotão inferior

Um fosso bastante visível foi estabelecido em 2023 entre as 4 equipas pior classificadas e as restantes 6. Fugir desta espiral é fundamental para todas, mas há uma estrutura que já sabemos que não deverá fugir: a Haas.

Fundada com o propósito explícito de promover a manufactura da marca americana Haas, Gene Haas há muito que vinha sendo acusado de não investir apropriadamente na F1. Agora que passaram 2 anos das novas regras em que a equipa apostou, o saldo foi um 8º e um 10º lugares. Absolutamente insuficiente e razão para o americano ter corrido com o líder Guenther Steiner. Ayao Komatsu tomou o lugar, mas já ficou claro que será um ano penoso, tarde demais para mudar de trajetória a curto prazo. Assim, Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen terão que lutar com o VF-24 este ano, na insegurança de saber que provavelmente um deles terá que dar lugar a Oliver Bearman no final do ano.

Mais à frente, depois de anos com duas “Alfas” na grelha, 2024 vê ambas mudar de nome. A Alfa Romeo regressou à sua forma Sauber durante os próximos dois anos até ser Audi (ou será Kick Sauber, ou Stake, ou…) e apostou fortemente num desenho de monolugar agressivo para dar um salto competitivo. Guanyu Zhou até terminou 3º no último dia de testes, mas é incerto qual o ritmo verdadeiro da nova estrutura. Valtteri Bottas também terá um ano importante, tentando convencer o paddock de que tem o que é necessário para chegar até aos próximos regulamentos.

A outra “Alfa”, a AlphaTauri, conseguiu a proeza de se ter tornado mais insípida. Passou a ser RB, que não só a confunde com a Red Bull principal, como ainda lhe retira todo o espírito Minardi que ainda detinha. Isto misturado com uma partilha reforçada de peças com a Red Bull até lhe parece ter trazido um nível de performance interessante, mas que já levou as outras 8 estruturas a pressionar para uma venda. No entretanto, resta ver quanta aproximação aos pontos terá a equipa de Yuki Tsunoda e Daniel Ricciardo (sendo que o derrotado deste duelo interno deverá sair da F1 pela porta pequena).

Por último, a Williams até contou com desenvolvimentos interessantes, mas já apanhou o seu primeiro grande choque ao aperceber-se que todos deram um passo em frente também. Já nem falando de ter sido a única que não chegou a tocar nas 300 voltas completadas na pré-temporada. Ainda assim, se Logan Sargeant estiver mais perto de Alexander Albon poderá ter uma plausível hipótese de segurar o seu 7º posto nos construtores.

O momento das grandes decisões para Alpine e Mercedes

Quem não fez em 2023 parte do grupo das estruturas em dificuldades, mas que promete poder ser (pelo menos no início do ano) é a Alpine. Os franceses mudaram praticamente tudo no seu carro, mas o resultado dos testes, apesar da boa fiabilidade, tem sido extremamente preocupante, a ponto de ambos os carros não saírem do Q1 ser uma possibilidade bastante razoável.

Esteban Ocon já mostrou o seu jeito para o desenrascanço, mencionando que tecnicamente ainda é um jovem Mercedes. Resta ver como será a paciência de Pierre Gasly.

A vaga a que Ocon se autocandidatou foi precisamente na Mercedes, em que a saída de Lewis Hamilton já anunciada para 2025 vai condicionar por inteiro o mercado de pilotos. Apesar da mudança de conceito radical já em curso, e que até pareceu prometer uma pequena reaproximação aos líderes, a Mercedes vai viver um ano de olhos postos no futuro. George Russell será o novo líder absoluto, mas resta ver que género de colega de equipa o acompanhará. Se mostrar serviço este ano, Russell pode comandar Brackley como Norris ou Leclerc já comandam as suas atuais equipas. Se não mostrar… Um Alonso poderá levar o volante a seu lado.

Temos ou não aproximação à Red Bull?

Aston Martin e McLaren, com os seus motores Mercedes, fizeram uma pré-temporada pacata. Mas preocupam a Mercedes oficial. Isto porque foram cumprindo o seu programa sem qualquer problema e pareciam imensamente satisfeitas no final.

A McLaren quer continuar a ser a mais direta perseguidora da Red Bull e já fechou por completo o seu lineup para os próximos anos, aguentando para o longo prazo os préstimos de Lando Norris e Oscar Piastri. Já a Aston Martin tem uma âncora sob a forma de Lance Stroll, mas também um talento enorme sob a forma de Fernando Alonso (que está em ano final de contrato e com inúmeras possibilidades pela frente) e a promessa de que compreendeu bem os caminhos errados de desenvolvimento de 2023.

Se ambas conseguirem provar que serem estruturas clientes não as impossibilita de voos mais altos, poderão realmente conseguir pregar sustos valentes às estruturas cimeiras.

Começando pela primeira dessas, a Ferrari está claramente a apostar forte para o seu futuro. A contratação milionário de Lewis Hamilton para ao lado do talentoso Charles Leclerc é uma declaração formal de ambições elevadas. O facto de ter definido o seu carro como 95% novo também ajuda a embalar os ânimos para um bom 2024, assim como ter ficado líder do segundo e terceiro dias.

Mas isto foi com um asterisco bem grande. A Red Bull.

Os austríacos poderiam ter sentido a pressão de ganhos decrescentes por terem acertado com o seu conceito de carro. Mas como o RB20 trocaram as voltas aos rivais: mudaram de conceito, para algo ainda mais arrojado (e hilariantemente parecido com o conceito “falhado” da Mercedes). Adrian Newey criou um modelo arriscado que já viu Max Verstappen fazê-lo voar (e Sergio Pérez pelo menos planar), mesmo, alegamente, sem puxar a sério por ele.

Apenas uma quebra interna, como é a investigação Horner, poderá fazer a equipa temer algo das rivais. Ou, pelo menos, assim parece.

Destaque ainda para a redução da demora de ativação de DRS de 2 para 1 volta, a atribuição de mais uma unidade de potência por ano às equipas (já perto do início do ano, o que levou as marcas a apostarem em durabilidade que agora não precisarão por completo, permitindo correr os motores mais fortes), e ainda a modificação do fim-de-semana de sprints para algo um pouco mais lógico.

F2 – Novo monolugar em ano de pressão máximo para Antonelli

Já é tradicional haverem queixas sobre a falta de progressão da F2 para a F1, e o facto de pela primeira vez na história não ter havido rotatividade na F1 não augurava nada de bom. Mas a F2 está em mudança. Um novo monolugar, mais adaptado às regras pós-2022 da categoria principal, com prometidas melhorias de ultrapassagens é um bom princípio e tem um efeito secundário bem interessante: o efeito experiência dos pilotos a entrar nos seus terceiros e quartos anos de categoria é diminuído.

Os estreantes estão, assim, com grandes hipóteses de conseguir fazer o impensável e evitar que pilotos favoritos como Victor Martins ou Oliver Bearman sejam os únicos candidatos ao título. O que traz um elemento adicional de pressão a alguém que já chega cheia dela: Andrea Kimi Antonelli. O italiano é apontado com possibilidades da vaga F1 de Hamilton na Mercedes, mas terá que mostrar serviços rapidamente na F2, quanto já tem a desvantagem de a Mercedes o ter feito saltar a F3. Se já houve maiores expectativas num piloto, talvez apenas a Verstappen…

Estreantes como Gabriel Bortoleto e Pepe Martí também terão uma chance bem jeitosa para mostrar serviço, inseridos que estão agora em equipas Junior de estruturas oficiais de F1. Só que segundos anos como Jak Crawford, Zane Maloney, Franco Colapinto ou Isack Hadjar também terão uma palavra a dizer.

Vem aí um entusiasmante ano de F2…

F3 – Duelo privado Prema ou algo mais?

Geralmente composta exclusivamente de caos total, a Fórmula 3 não deve fugir à regra em 2024. Vários jovens deram o salto para a categoria logo acima, mas dois permanecerem e são pilotos Prema: Dino Beganovic e Gabriele Minì (das academias Ferrari e Alpine, respetivamente). O título é quase certo de pertencer a um deles, sendo que o terceiro piloto (Arvid Lindblad) terá que lutar muito por não passar despercebido.

Mas há vida para além deste duelo. A sempre presente Trident não tem filiados de academias, mas tem talento sob a forma de Leonardo Fornaroli, Sami Meguetounif e Santiago Ramos. A MP corre com dois jovens Red Bull de bom gabarito (Tim Tramnitz e Kacper Sztuka). Luke Browning, uma das grandes surpresas de 2023, corre pela Hitech com possibilidades interessantes no seu futuro, agora com a academia Williams.

Mais atrás ainda, chegou uma ART com um 2023 para esquecer e deserta de se provar novamente, provando que não é apenas nas equipas teoricamente cimeiras que a luta ficará restrita.

Resta ver o que sairá deste caos vagamente organizado.





Lançamentos 2024 – Alpine A524

7 02 2024

Com pausas ocasionalmente constrangedoras, mas em conjunto com a sua equipa de WEC, a Alpine apresentou o seu novo monolugar para 2024. Bruno Famin, inicialmente uma adição temporária após o despedimento de Otmar Szafnauer, já é o permanente chefe de equipa foi revelando a nova organização da equipa, que terá que contar com dois novos chefes de operações (um para Enstone, outro para a divisão de motores em Viry).

O novo A524 é um carro pleno de agressividade, com formas bem diferentes das do A523 e inspiradas na Red Bull. Teria que ser, de modo a evitar cair no anonimato de meio da tabela em que o antecessor caiu. Isto poderá criar dificuldades, uma vez que estrear um conceito novo a meio das regras poderá ser difícil, mas assim poderá fazer os franceses serem agradavelmente surpresos com o desenvolvimento ao longo do ano.

A performance de ao redor de 15 cavalos inferior a nível de motor face aos rivais não foi imediatamente “tratada”: a Renault já avisou que o seu grande foco é em acertar em cheio com os novos regulamentos de 2026 e não será distraída por ganhos a curto prazo.

Uma forma de obter ganhos a curto prazo foi eliminar quase toda a tinta do Alpine, deixando fibra de carbono exposta em seu lugar. Assim, a pintura especial rosa da BWT quase ficou impossível de distinguir do azul habitual, reforçando o apelo de alguns fãs para que a FIA defina uma área mínima obrigatória de pintura para os carros num futuro próximo (dada a proliferação desta forma de cortar peso para obter performance).

Pierre Gasly e Esteban Ocon continuarão aos comandos dos Alpine de 2024, com Jack Doohan (sem programa já definido de competição para este ano) a ser o piloto de reserva.

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Fonte:
The Race \ Alpine A524





Já não é um parque de estacionamento – GP Las Vegas 2023

19 11 2023

Pela primeira vez desde 1982, a Fórmula 1 visita Las Vegas na proximidade do deserto do Nevada. A atração pela cidade coberta de casinos mais famosa do mundo é um objetivo historicamente significante para a categoria, mas as estrelas nunca pareceram alinhar-se em quantidade suficiente para o tornar viável. A prova é que em 1981-82, a pista foi desenhada à pressa no parque de estacionamento do Casino Caesars Palace.

Desta vez, a F1 foi all in. Ao contrário de em outras corridas, a FOM não recorreu à subcontratação de um promotor local para desenvolver a infraestrutura e logística do evento: é a própria FOM a bancar a empreitada e a ficar com os lucros (se existirem). Assim, a pista desta vez passaria pelo famoso “Strip” e contaria com um complexo de boxes feito de propósito.

Mas nem tudo foram rosas na preparação. A lotação dos hotéis esteve longe do ideal com quebras entre 35% a 60%, os ingressos estavam esgotados nos mais baratos, mas muito longe de lotação nos mais caros (que eram bem mais caros que o usual), o orçamento já chegou aos $400 milhões e as temperaturas frias atrapalhavam o comportamento dos carros.

Tudo num fim-de-semana que a FOM precisava que corresse sobre linhas, de modo a pressionar outros promotores a melhorar os seus investimentos em termos de receção de fãs.

Ronda 21 – Grande Prémio de Las Vegas 2023

Era o fim-de-semana do tudo ou nada para a Fórmula 1 e o melhor que se pode dizer é que os resultados foram mistos. Já se devia suspeitar de algo quando no vídeo de preview Lawrence Barretto foi interrompido a meio de uma explicação sobre pneus para se falar no “espetáculo”…

Começou mal, francamente mal. O campeão em título, Max Verstappen, estava nas conferências de imprensa a menosprezar o evento, insinuando que a F1 queria mais espetáculo fora de pista que dentro dela. Um ponto que não foi nada ajudado pelo primeiro treino livre, que terminou ao fim de 9 minutos quando uma tampa de escoamento cedeu quando Carlos Sainz passou sobre ela e desintegrou o chão do Ferrari.

Fréderic Vasseur ficou furioso, até porque os comissários se recusaram a não penalizar Sainz por trocar componentes do chassis (ainda que tenham insinuado que a equipa deveria apelar da decisão). Mais furiosos ficaram os fãs. Com várias horas de espera para a reparação das tampas do circuito, viram o segundo treino livre começar às 2h30. Ou melhor, não viram, uma vez que as autoridades locais os expulsaram às 2h por estar proibida a presença de fãs a essas horas…

O que vale é que o promotor (a própria FOM) fez um comunicado em que… deu os parabéns a si própria por ter resolvido o assunto “rapidamente” e agradeceu a compreensão de todos. Mais tarde, com pressão crescente, tentaram oferecer vales de 200$ em loja da F1 como compensação, quando os bilhetes de sexta-feira (que renderam 9 minutos de ação) se estimam terem estado próximos dos 1000$. Não surpreendentemente, já houve um anúncio de que um processo está a ser instaurado contra o promotor, ou não fossem estas as terras do Tio Sam…

Felizmente para a FOM, o resto do fim-de-semana trouxe mais entretenimento que o costume em 2023. Com um circuito bastante distante do parque de estacionamento dos anos 80, Las Vegas proporcionou à Ferrari a oportunidade ideal para tentar brilhar. Charles Leclerc (quem mais) fez pole position seguido de Sainz (que terminou a ter que partir de 12º) e Verstappen. George Russell terminou em 4º lugar a qualificação, quando Lewis Hamilton não passou do Q2 (tal como Sergio Pérez), a Williams conseguiu trancar a terceira linha da grelha e a McLaren perdeu-se em setup e ficou no Q1.

No dia de corrida, houve espaço para acidentes vários e uma luta bem apetitosa pela liderança. Verstappen passou Leclerc na partida, mas foi corrida fora de pista pelo Red Bull e por isso conseguiu estar (na prática) na frente devido aos 5 segundos de penalização de Verstappen. Ainda assim tiveram que esperar pelo fim do Safety Car de Lando Norris (que perdeu o controlo em zona rápida e despistou-se). Mais atrás também houve caos, com Fernando Alonso a fazer bowling com Valtteri Bottas.

A prova recomeçou e Leclerc aproveitou o desgaste de pneus do Red Bull para o passar, enquanto que após a paragem nas boxes com penalização Verstappen teve que passar alguns carros mais lentos como o Mercedes de Russell. Tentando a ultrapassagem em zona menos convencional, o Red Bull e o Mercedes bateram, com Russell a assumir as culpas e a ser penalizado, com detritos vários espalhados. Novo SC e vários pilotos aproveitaram para mudar um pouco a sua tática.

Os grandes beneficiados acabaram por ser Pérez, Lance Stroll e Esteban Ocon, nenhum dos quais tinha partido do Top 10. Pérez juntou-se ao duelo pela vitória com Leclerc e Verstappen, com direito a ultrapassagens consecutivas de parte a parte até o inevitável Verstappen assumir a dianteira e deixar os outros dois em luta pelo 2º lugar. Pérez aproveitou um erro de Leclerc e estava na última volta na frente, mas, novamente, perdeu a posição com uma ultrapassagem arrojada na última volta.

Atrás chegaram uns impressionantes Ocon e Stroll, seguidos de Sainz e dos dois Mercedes. Alonso e Piastri fecharam o Top 10, numa altura em que a Aston Martin fez o suficiente para voltar a ser uma ameaça no 4º lugar à McLaren. De forma semelhante, a Ferrari está com boas hipóteses de voltar a 2º contra a Mercedes.

Já Pérez selou o seu vice-campeonato. Se bem que teve que aturar uma ida até à fonte do Bellagio para ver a fonte a fazer formas antes do pódio, um espetáculo que pode ter ficado bem ao vivo, mas foi bem constrangedor na transmissão. Além da gigante bola televisiva, claro. Haveria um acordo para evitar mostrar as cores amarela, vermelha e azul, mas a julgar pelo resto do fim-de-semana isso caiu no esquecimento.

Estamos longe dos tempos de parque de estacionamento, mas vamos ver se mudou para melhor.

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Verstappen \ 3. Russell \ 4. Gasly \ 5. Albon (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Pérez \ 4. Ocon \ 5. Stroll \ 6. Sainz \ 7. Hamilton \ 8. Russell \ 9. Alonso \ 10. Piastri (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (549) \ 2. Pérez (273) \ 3. Hamilton (232) \ 4. Sainz (200) \ 5. Alonso (200) —– 1. Red Bull (822) \ 2. Mercedes (392) \ 3. Ferrari (388) \ 4. McLaren (284) \ 5. Aston Martin (273)

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Corrida anterior: GP São Paulo 2023
Corrida seguinte: GP Abu Dhabi 2023

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Fontes:
F1 Mania \ Temperaturas baixas
UOL \ Dificuldades na criação do circuito





Photo Finish – GP São Paulo 2023

6 11 2023

Sendo quase difícil de acreditar que o seu futuro esteve muito recentemente em jogo, o circuito de Interlagos está agora de pedra e cal no calendário (ainda que as movimentações anteriores do Rio de Janeiro tenham levado a que a pista recebesse o GP de São Paulo, ao invés do GP do Brasil). Alterado no início dos anos 90 para a sua configuração atual, Interlagos é um dos traçados favoritos dos pilotos.

Esta atração é simples: o traçado tem uma reta da meta extremamente curva seguida de uma sequência de nomes extraordinariamente bem conhecidos a nível mundial, como o S de Senna, a Reta Oposta, Descida do Lago, Laranjinha, Junção, etc. O caráter de alta velocidade, as oportunidades de ultrapassagem e um público entusiasmadíssimo por automobilismo tratam de completar o cenário.

Tendo começado a receber corridas oficiais de F1 a partir dos anos 70, Interlagos acabaria por ter um breve período sem F1 nos anos 80, quando a pista de Jacarepaguá aproveitou o descontentamento com a ausência de obras de melhoramento de São Paulo para roubar brevemente a prova. No regresso, com o nome de Autódromo José Carlos Pace, a pista foi recebendo melhorias constantes (a última das quais em 2014).

Ronda 20 – Grande Prémio de São Paulo 2023

De regresso a um dos circuitos mais adorados do calendário, a F1 foi pela sexta e última vez testar um dos formatos menos adorados entre os fãs do paddock: o sprint. Com um tempo substancialmente melhor que no dia anterior, Interlagos teve uma qualificação para o sprint bastante interessante, com direito a um acidente nos instantes finais.

Fernando Alonso saiu do caminho de um rápido Esteban Ocon após o S de Senna, quando o francês perdeu o controlo do carro e foi chocar com o espanhol (Ocon insistiu que a culpa era de Alonso e que não perdera controlo quando tudo indica que, de facto, foi precisamente o que sucedeu). Ocon perdeu várias peças no muro e Alonso precisou de reparações extensivas à sua suspensão dianteira.

O resto da sessão foi mais simples, com Lando Norris a conseguir terminar em 1º, algumas centésimas na frente de Max Verstappen. Na largada, algumas horas depois, Norris não conseguiu segurar o Red Bull da frente e até perdeu uma posição para George Russell. Passar Russell não demorou muito e o McLaren lançou-se em perseguição de Verstappen, mas o neerlandês teve sempre a situação facilmente sob controlo.

Mais atrás o destaque foi para a boa forma dos AlphaTauri, com Yuki Tsunoda a passar Lewis Hamilton para terminar num ótimo 6º posto e Daniel Ricciardo a manter-se em lutas bem interessantes com Carlos Sainz, Oscar Piastri e os Alpine (ainda que os pontos o tenham iludido por uma posição).

Já para o principal evento, os acontecimentos foram mais perturbados. O céu escuro (preto, mesmo) ditou o fim da sessão antecipadamente, mas a pole position foi mais uma vez Verstappen. Charles Leclerc seguiu-se e depois uns surpreendentes Aston Martin (ainda mais surpreendentemente liderados por Lance Stroll).

No dia de corrida o caos que ocorreu não teve nada a ver com a chuva e tudo a ver com incidentes em pista. Na partida, Nico Hülkenberg viu-se espremido entre Alexander Albon e Kevin Magnussen, acabando por não conseguir evitar o contacto que eliminou os outros dois, além de dar sérios danos a Oscar Piastri e Daniel Ricciardo. Bandeira vermelha para reparações e nova partida, desta vez sem eventos de nota.

Verstappen ainda viu Norris a tentar atacar nas voltas de começo mas rapidamente fez pleno uso do seu Red Bull para se afastar, com ambos os pilotos a terem uma corrida particular várias milhas na frente de todos nos dois primeiros lugares sem mudarem de ordem. Já o outro Red Bull viu-se envolvido numa luta de corrida inteira com Fernando Alonso que teve o seu climax na volta final, quando Pérez passou Alonso mas viu-se passado novamente, culminando num photo finish na linha de chegada em que o Aston Martin saiu vitorioso (e felicíssimo).

Stroll perdeu duas posições, mas fez uma sólida corrida com Carlos Sainz logo atrás. O outro Ferrari de Leclerc teve um incidene caricato, com uma falha hidráulica na volta de aquecimento a levá-lo contra o muro e a abanonar.

Pierre Gasly chegou em 7º, na frente de ambos os Mercedes que definharam por inteiro em ritmo de corrida (com Russell a ter inclusive que abanonar antes do fim), com Hamilton, Tsunoda e Ocon a completarem os lugares pontuáveis (a AlphaTauri ainda tem boas hipóteses de repassar a Williams nos construtores).

Apenas 14 carros terminaram, com os dois Alfa Romeo arrumados também.

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Quali Sprint: 1. Norris \ 2. Verstappen \ 3. Pérez \ 4. Russell \ 5. Hamilton (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Pérez \ 4. Russell \ 5. Leclerc \ 6. Tsunoda \ 7. Hamilton \ 8. Sainz (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Stroll \ 4. Alonso \ 5. Hamilton (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Alonso \ 4. Pérez \ 5. Stroll \ 6. Sainz \ 7. Gasly \ 8. Hamilton \ 9. Tsunoda \ 10. Ocon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (524) \ 2. Pérez (258) \ 3. Hamilton (226) \ 4. Alonso (198) \ 5. Norris (195) —– 1. Red Bull (782) \ 2. Mercedes (382) \ 3. Ferrari (362) \ 4. McLaren (282) \ 5. Aston Martin (261)

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GP São Paulo anterior: 2022





Chuva intensa e incerta anima Zandvoort – GP Países Baixos 2023

29 08 2023

De pedra e cal no calendário da Fórmula 1 desde o seu regresso em 2021, o circuito de Zandvoort viu o herói local, Max Verstappen, vencer as suas duas primeiras edições. Isto significa que os promotores dos Países Baixos não têm qualquer dificuldade em preencher o espaço nas bancadas de uma pista que teve que lidar com alguma oposição da população local devido ao ruído associado às provas de automobilismo.

Próximo das dunas, Zandvoort foi um circuito construído antes da Segunda Guerra Mundial com a utilização de estradas públicas, que lhe conferiram um traçado sinuoso e rápido, pleno de perigos, mas também de entusiasmos. Várias modernizações ao longo dos anos foram sendo realizadas, desde a colocação de chicanes até mesma ao fecho de metade da pista para tentar apaziguar protestos locais (felizmente, uma alteração revertida neste caso).

Competições como os Masters de F3, o A1GP e o DTM mantiveram a pista com ação e ajudaram as finanças dos organizadores, permitindo-lhes ainda maiores modernizações e novos acordos sobre a exploração dos terrenos com os habitantes.

Assim, quando o fenómeno Verstappen começou a varrer a F1 a partir de 2016, as negociações para a reintrodução do circuito no calendário (afastados desde 1985) com a FOM foram rápidas.

Mesmo antes da prova, a Haas anunciou a manutenção de Kevin Magnussen e Nico Hülkenberg aos comandos dos seus carros para 2024, enquanto que na AlphaTauri foi preciso fazer uma substituição de emergência do substituto: Daniel Ricciardo partiu um osso da mão no treino livre e foi substituído pelo estreante Liam Lawson.

Ronda 13 – Grande Prémio dos Países Baixos 2023

Estrear a meio de uma temporada seria sempre difícil, especialmente sem participar na totalidade dos treinos livres, mas Liam Lawson teve a ingrata tarefa de guiar o AlphaTauri em condições de tempo imprevisíveis, com chuvas repentinas e fortes a assolarem o circuito de Zandvoort.

Para os fãs, isto apenas teve vantagens: qualificação e corrida foram das melhores do ano.

Uma pole position e vitória de Max Verstappen poderão tê-la feito parecer menos impressionante (ainda para mais com o piloto da casa a igualar o recorde de maior número de vitórias seguidas de Sebastian Vettel [9]), mas como o próprio disse, foi tudo menos uma simples procissão. Em qualificação as condições quase o deixaram em 3º, enquanto que em corrida foram necessárias várias decisões certas consecutivas de estratégia e de condução para o levar ao triunfo.

Fernando Alonso voltou a provar que é dos pilotos com melhor sentido de oportunidade na grelha de partida, começando o seu caminho de um já impressionante 5º na grelha para saltar duas posições na partida. Daí em diante aproveitou os problemas de Sergio Pérez para terminar 2º, logo atrás de Verstappen (quando o outro Aston nem pontuou…). Pérez chegou a liderar mas era nítido que não tinha andamento para o outro Red Bull, acabando por perder o pódio por uma penalização de 5 segundos (excesso de velocidade nas boxes).

Pódio esse que ficou com um felicíssimo Pierre Gasly, que soube evitar os erros para fazer o segundo pódio do ano da Alpine. O colega Esteban Ocon ficou furioso com a equipa por lhe terem feito montar os pneus de chuva intensa perto do final em vez dos intermédios, terminando 10º (em vez de 7º como pareceu acreditar ser possível).

A chuva animou o início de prova e o fim, ainda que no seu momento final tenha ditado o fim das provas de George Russell e Guanyu Zhou. Russell, que se qualificara num bom 4º posto ficou desapontado com o rumo do seu domingo. Mas não mais que Charles Leclerc, que passou o fim-de-semana inteiro a compensar erros estratégicos da Ferrari (desde mau timing em qualificação até não terem pneus prontos na paragem da primeira volta) mas acabou por abandonar devido a problemas de carro. Carlos Sainz ainda ficou em 5º pelos italianos, apesar de ter tido que mandar calar a equipa durante a luta contra Lewis Hamilton.

Hamilton partiu de um desapontante 13º, passou boa parte da prova na mesma posição porque a Mercedes parou no momento errado no início da corrida, mas soube aproveitar a chuva final para somar bons pontos. Lando Norris, Alexander Albon e Oscar Piastri foram outros três que também viram os erros de início serem compensados com o momento final do Grande Prémio.

Albon foi o mais impressionante de todos, qualificando o seu Williams em 4º, andando toda a prova à volta do 6º posto, até que a chuva o fez cair duas posições. O colega Logan Sargeant foi de extremos: brilhou em qualificação ao chegar ao Q3 mas acidentou-se nele; estava a começar a recuperar posições em prova quando voltou a destruir o carro.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Russell \ 4. Albon \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Alonso \ 3. Gasly \ 4. Pérez \ 5. Sainz \ 6. Hamilton \ 7. Norris \ 8. Albon \ 9. Piastri \ 10. Ocon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (339) \ 2. Pérez (201) \ 3. Alonso (168) \ 4. Hamilton (156) \ 5. Sainz (102) —– 1. Red Bull (540) \ 2. Mercedes (255) \ 3. Aston Martin (215) \ 4. Ferrari (201) \ 5. McLaren (111)

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Corrida anterior: GP Bélgica 2023
Corrida seguinte: GP Itália 2023

GP Países Baixos anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 21-22) \ Caos completo trama candidatos ao título e dá vitória a Novalak

Se a chuva entusiasmou a F1, o que dizer da Fórmula 2? Se é verdade que o sprint teve que ser cancelado, a verdade é que só foi depois de uma partida sob chuva intensa ter visto ambos os Campos e Jak Crawford eliminados na primeira volta. Como só foi possível dar 2 voltas, ninguém pontuou, para grande felicidade do pole inverso (Théo Pourchaire) que perdeu essa mesma pole devido a ter que mudar o eixo traseiro antes da partida.

Já a feature foi ainda mais caótica mas conseguiu chegar até ao fim. A partida voltou a ser lançada, mas isso não impediu vários carros de apontarem para o lado errado, com especial destaque para os candidatos ao título Jack Doohan e Frederik Vesti. O último teve um dia bem longo, com direito a ter perdido ambas as rodas traseiras após uma paragem nas boxes, saíndo a zeros dos Países Baixos.

Não foi caso único, com Théo Pourchaire a perder o controlo do carro com pneus frios numa pista húmida, Kush Maini e Ayumu Iwasa envolvidos em contacto e Victor Martins a empurrar Oliver Bearman contra a mesma barreira em que na F1 Ricciardo partiu um osso da mão.

Sem os suspeitos do costume, houve espaço para um pódio invulgar, com Clément Novalak a vencer pela Trident, seguido de Zane Maloney e Crawford. Amaury Cordeel ainda conseguiu 4 pontos para o seu campeonato.

A situação do título, portanto, pouco se alterou.

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Qualificação: 1. Crawford \ 2. Hauger \ 3. Vesti \ … \ 8. Martins \ 9. Hadjar \ 10. Pourchaire

Resultado (Sprint): 1. Hadjar \ 2. Martins \ 3. Bearman \ 4. Correa \ 5. Maloney \ 6. Doohan \ 7. Vesti \ 8. Novalak (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Novalak \ 2. Maloney \ 3. Crawford \ 4. Verschoor \ 5. Hauger \ 6. Hadjar \ 7. Fittipaldi \ 8. Cordeel \ 9. Martins \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (168) \ 2. Vesti (156) \ 3. Iwasa (134) \ 4. Doohan (130) \ 5. Martins (122) —– 1. ART (290) \ 2. Prema (258) \ 3. Rodin Carlin (200) \ 4. DAMS (173) \ 5. MP (145)

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Corrida anterior: Bélgica 2023 \ Rondas 19-20
Corrida seguinte: Itália 2023 \ Rondas 23-24

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Fontes:
Autosport PT \ Lawson no lugar do lesionado Ricciardo
Mirror \ Haas renova com Magnussen e Hülkenberg





Tempo misto com vencedor único – GP Bélgica 2023

31 07 2023

O presente ano marca uma das primeiras vezes que a Fórmula 1 chega a Spa-Francorchamps com relativa tranquilidade quanto ao futuro do GP da Bélgica. A pista, situada no meio da floresta das Ardenas, tem problemas crónicos de mobilidade dos fãs (irónico, dado que o pequeno país eliminou a estação de comboios que antes servia a localização) e tem perdido importância estratégica para a FOM. Só que os rumores de substituição pela África do Sul têm começado a perder força e o entendimento do paddock é que Spa estará relativamente seguro.

Com a maior extensão de traçado de todos os do calendário, Spa é uma das pistas clássicas da F1 e uma das favoritas dos pilotos do grid. Com alterações de modernização levadas a cabo recentemente (por exemplo, o muito necessário alargamento da escapatória da curva Eau Rouge), o circuito tem procurado remover argumentos aos seus críticos enquanto providencia entretenimentos vários nas suas provas (desde as imprevisíveis chuvas da região, passando por algumas curvas famosamente desafiantes e por fazer uso da enorme popularidade de Max Verstappen para atrair grandes quantidades de holandeses à região).

Raramente fora do calendário, Spa foi inicialmente intercalado enquanto anfitrião belga com Zolder e Nivelles até passar a definitivo. O circuito assumiu a função de palco do “regresso às aulas” da F1 após a pausa mensal de Verão nas últimas décadas, mas a expansão contínua do calendário antecipou-o para prova final antes do Verão em 2023.

Foi uma semana plena de novidades na Alpine. Depois de anunciar a saída de Laurent Rossi como CEO, a marca francesa anunciou também as saídas de Otmar Szafnauer e Alan Permane dos postos de Diretor Técnico e Diretor Desportivo, respetivamente. Bruno Famin e Julian Rouse desempanharão as tarefas interinamente. Szafnauer pareceu inconformado com o pouco tempo que lhe foi dado (pouco mais de um ano), comparando as exigências da Alpine a uma metáfora envolvendo achar que engravidar 9 mulheres ao mesmo tempo poderia dar um nascimento ao fim de um mês…

A Williams viu o seu posto vago de CTO assumido por Pat Fry, saído também da Alpine. O caso Alonso-Piastri misturado com um magro 6º lugar nos construtores parece continuar a provocar explosões na equipa de Enstone…

Ronda 12 – Grande Prémio da Bélgica 2023

De novo a ter que contar com um fim-de-semana de sprint, a F1 acabou por contar com chuva quase constante ao longo das suas sessões, que pareceram estar ou em processo de secagem ou de crescente chuva em todos os momentos.

O sprint em si começou atrás do Safety Car devido ao traçado encharcado mas, quando Max Verstappen se lançou para a primeira volta, Oscar Piastri (que se qualificou de forma brilhante em 2º por escassas milésimas) e metade da grelha foram às boxes trocar de pneus de chuva intensa para intermédios. O australiano da McLaren conseguiu assim a liderança depois de Verstappen parar, mas foi Sol de pouca dura, com o neerlandês a fazer uso da velocidade de ponta do seu Red Bull para passar confortavelmente.

Mesmo após a prova, Verstappen encolheu os ombros quando questionado sobre se parar uma volta depois de Piastri fora boa ideia e disse simplesmente que “sabemos que somos rápidos”, como se nem importassem más estratégias, tal o ritmo do RB19.

Pierre Gasly foi outro que parou no momento certo, completando o trio da frente, enquanto que Lewis Hamilton foi penalizado por bater em Sergio Pérez (que perdeu a lateral do carro e abandonou).

A qualificação da “verdadeira” corrida acabou por contar também com chuva, ainda que com a ligeira vantagem de o usual vencedor, Verstappen, perder 5 lugares por troca de caixa de velocidades. Verstappen fez pole na mesma e caiu para sexta, cabendo a Charles Leclerc liderar a primeira volta no domingo seguido de Pérez.

Finalmente de piso seco, o circuito belga no domingo viu uma corrida em que os pneus de chuva não marcaram presença apesar de uns chuviscos a meio da prova. Verstappen ultrapassou os rivais um a um para vencer como de costume (8ª vez seguida), sendo que o seu verdadeiro rival na Bélgica foi o próprio engenheiro de pista, Gianpiero Lambiase, com ambos a trocarem “galhardetes” sarcásticos ao longo da prova (tendo começado com uma queixa de Verstappen em relação à estratégia na qualificação).

Pérez passou Leclerc mas não liderou muito tempo depois de Verstappen chegar atrás de si, com o trio a completar o pódio. Hamilton chegou em 4º com a volta mais rápida (parou na última volta para montar pneus novos), sendo também beneficiado pelo incidente de primeira curva entre Piastri e Carlos Sainz. Fernando Alonso também agradeceu, chegando em 5º num fim-de-semana que parece confirmar a queda de forma da Aston Martin. O outro Mercedes chegou logo atrás (destacando-se que George Russell atrapalhou Hamilton em qualificação sem necessidade).

Lando Norris, que chegou a cair para último nas voltas iniciais, chegou em 7º na frente de Esteban Ocon e Lance Stroll, com Yuki Tsunoda a brilhar com o terrível AlphaTauri para somar um precioso ponto em 10º.

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Quali Sprint: 1. Verstappen \ 2. Piastri \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Norris (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Verstappen \ 2. Piastri \ 3. Gasly \ 4. Sainz \ 5. Leclerc \ 6. Norris \ 7. Hamilton \ 8. Russell (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Pérez \ 3. Hamilton \ 4. Sainz \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Hamilton \ 5. Alonso \ 6. Russell \ 7. Norris \ 8. Ocon \ 9. Stroll \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (314) \ 2. Pérez (189) \ 3. Alonso (149) \ 4. Hamilton (148) \ 5. Leclerc (99) —– 1. Red Bull (503) \ 2. Mercedes (247) \ 3. Aston Martin (196) \ 4. Ferrari (191) \ 5. McLaren (103)

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GP Bélgica anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 19-20) \ Doohan brilha em dia de novo líder no campeonato

Com um novo piloto ao volante de um PHM Charouz (Joshua Mason), a Fórmula 2 conseguiu a proeza de ser a única das categorias sem chuva em nenhuma das provas.

Jehan Daruvala teve a honra de partir de pole inversa mas acabou por se ver eliminado de prova por algo fora do seu controlo: o encosto de cabeça da sua cabeça simplesmente deixou de estar preso, forçando o abandono do piloto da MP. Isto deixou Richard Verschoor na liderança da prova, até que na penúltima volta Enzo Fittipaldi o passou e garantiu a primeira vitória de F2.

Ayumu Iwasa conseguiu recuperar lugares suficientes para garantir alguns pontos, enquanto que Victor Martins e Frederik Vesti tiveram uma luta aguerrida mas leal que viu o francês levar a melhor.

Na feature a ação começou antes do início oficial da ação. O líder do campeonato (e 2º em qualificação), Frederik Vesti acidentou-se na volta de reconhecimento e nem partiu, deixando os rivais com uma oportunidade de ouro. Oliver Bearman aproveitou para partir sem rival ao lado mas viria a ter que se defender com unhas e dentes dos ataques de Théo Pourchaire (acabando por perder mesmo posição).

Enquanto isto sucedia, Jack Doohan, a partir de 11º, vinha a recuperar bem lugares até uma prenda lhe cair no colo: o Safety Car de Jak Crawford foi mesmo no timing ideal para o australiano parar sem perder tempo quase nenhum e levou-o a ascender a 2º. Com pneus mais frescos, Doohan caçou Pourchaire e passou-o para voltar a vencer uma feature.

Fittipaldi completou o pódio, apesar de um incidente com o colega da Rodin Carlin (Zane Maloney), enquanto que Martins completou o Top 5.

Pourchaire é o novo líder de um campeonato que está cada vez mais próximo.

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Qualificação: 1. Bearman \ 2. Vesti \ 3. Martins \ … \ 8. Fittipaldi \ 9. Verschoor \ 10. Daruvala

Resultado (Sprint): 1. Fittipaldi \ 2. Pourchaire \ 3. Hauger \ 4. Martins \ 5. Doohan \ 6. Vesti \ 7. Iwasa \ 8. Boschung (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Doohan \ 2. Pourchaire \ 3. Fittipaldi \ 4. Maloney \ 5. Martins \ 6. Verschoor \ 7. Bearman \ 8. Maini \ 9. Staněk \ 10. Boschung (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (168) \ 2. Vesti (156) \ 3. Iwasa (134) \ 4. Doohan (130) \ 5. Martins (120) —– 1. ART (288) \ 2. Prema (258) \ 3. Rodin Carlin (176) \ 4. DAMS (173) \ 5. MP (135)

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Corrida anterior: Hungria 2023 \ Rondas 17-18
Corrida seguinte: Holanda 2023 \ Rondas 21-22

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Fórmula 3 (Rondas 15-16) \ Bortoleto quase lá em dia excelente para Jenzer

De piso algo molhado, sempre este fim-de-semana, mas com pneus de seco a F3 viu uma prova extremamente interessante desenrolar-se no seu sprint, com Hugh Barter a não aguentar a pressão de pole inversa e a perder diversas posições, enquanto que Caio Collet se lançou na disputa pela vitória. Mais atrás, Sebastián Montoya acabou eliminado por Rafael Villagómez.

Quem deixou o título esfumar-se foi Pepe Martí. O espanhol envolveu-se num despiste com Gabriele Minì, até conseguiu manter o carro a funcionar, mas regressou ao circuito de forma atabalhoada e eliminou-se a si e a um inocente Ido Cohen no processo (pedindo imediatamente desculpa ao israelita).

Problemas mecânicos ditaram o fim da corrida de Gabriel Bortoleto e a aparição de um Safety Car que permaneceu até ao final. Assim, Collet venceu seguido de Taylor Barnard e Paul Aron.

No domingo os pilotos pareceram indecisos entre pneus de seco e de molhado. Rapidamente se tornou claro que os de piso molhado eram os certo, com quem não os pôs a cair que nem pedras. Isto, misturado com algumas paragens (erradas) para pneus de seco durante o SC de Oliver Goethe (despiste na Eau Rouge), permitiram a protagonistas pouco usuais tomarem a liderança.

Os Jenzer foram quem mais lucrou, com 4 carros nos 3 primeiros e a vitória de Barnard (de 10º a 1º), com destaque ainda para a pontuação de Sophia Flörsch com a última classificada (a PHM Charouz).

Bortoleto a sair de 15º chegou em 11º, falhando um ponto que lhe poderia ter dado o título. Ainda assim, faltam apenas as provas de Monza e é improvável que lhe escape o triunfo.

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Qualificação: 1. Martí \ 2. Fornaroli \ 3. Minì \ … \ 10. Barnard \ 11. Aron \ 12. Barter

Resultado (Sprint): 1. Collet \ 2. Barnard \ 3. Aron \ 4. Edgar \ 5. Colapinto \ 6. Barter \ 7. Tsolov \ 8. Browning \ 9. Fornaroli \ 10. Saucy (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Barnard \ 2. Mansell \ 3. Bedrin \ 4. García \ 5. Collet \ 6. Montoya \ 7. Flörsch \ 8. Aron \ 9. Martí \ 10. Colapinto (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (144) \ 2. Aron (106) \ 3. Martí (105) \ 4. O’Sullivan (101) \ 5. Colapinto (100) —– 1. Prema (301) \ 2. Trident (276) \ 3. Campos (171) \ 4. Hitech (165) \ 5. MP (143)

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Corrida anterior: Hungria 2023 \ Rondas 13-14
Corrida seguinte: Itália 2023 \ Rondas 17-18

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Fontes:
BBC \ Alpine anuncia saída de Szafnauer e Permane
F1 \ Alpine anuncia saída de Rossi
Motorsport \ Williams anuncia entrada de Pat Fry





Red Bull sem rivais – GP Espanha 2023

4 06 2023

Foram várias as décadas de ver o Grande Prémio de Espanha ser seguido pelo do Mónaco, pelo que 2023 a trazer uma inversão dessa ordem foi de difícil habituação para o paddock. A alteração teve a ver com a acomodação do maior calendário da história da categoria, e a chegada a Barcelona este ano também trouxe um regresso: a eliminação da muito odiada chicane final, regressando à configuração de curva rápida.

Apenas esta alteração já foi uma excelente notícia para um traçado que geralmente recebe os testes de pré-temporada (ainda que não o tenha feito este ano), mas combinado com o novo perfil da La Caixa isto tornou o circuito novamente um dos mais fluídos do calendário. E é também um dos mais representativos do desempenho da temporada: quem faz boa figura em Barcelona, faz boa figura na maioria dos locais.

A F1 e o MotoGP têm utilizado a pista sem interrupção desde os anos 90, beneficiando enormemente da competitividade dos espanhóis nessas categorias. Se Marc Márquez e Jorge Lorenzo fazem o seu papel no MotoGP, na F1 foi a Alonso-mania dos 2000’s e 2010’s que sustentou a presença do GP de Espanha. Com Sainz na Ferrari e Alonso em grande forma, sabia-se que esta edição não seria exceção.

Ronda 7 – Grande Prémio de Espanha 2023

As suspeitas eram fortes de que Max Verstappen sairia de Barcelona com mais 25 pontos. Não foi isso que aconteceu. O holandês saiu com 26 pontos, a vitória, a pole position, a volta mais rápida e a liderança de todas as voltas. Posto isto de parte, atrás dele o fim-de-semana teve uma dinâmica extremamente interessante.

A Ferrari e a McLaren tiveram um excelente nível de qualificação (com Carlos Sainz em 2º e Lando Norris em 3º) mas caíram a pique em ritmo de prova. Sainz fez o possível para chegar em 5º, enquanto que Norris fez um erro grosseiro na partida que o atirou para os últimos lugares.

Já a Mercedes, apesar de um desentendimento entre os seus pilotos durante a qualificação, terá gostado de ver o que as suas atualizações lhe deram em performance. Lewis Hamilton foi o mais direto perseguidor de Verstappen (ainda que a 21 segundos) e George Russell recuperou de 11º a 3º para o primeiro pódio do ano (e arrastando consigo Sergio Pérez, que voltou a não ir ao Q3 e parece cada vez mais longe de lutar pelo título).

A Aston Martin pareceu ter um ritmo mais fraco que nas outras pistas do ano, ainda que Lance Stroll tenha finalmente mostrado o seu talento, conseguindo lutar dentro dos lugares pontuáveis. Fernando Alonso teve uma incursão na gravilha em qualificação e danificou o fundo do AMR23, obrigando-o a partir mais abaixo do usual e a ter que lutar até 7º. O ritmo do espanhol de certeza que o poderia ter feito passar Stroll, mas ele fez questão de dizer à equipa que não o faria, estando já a acenar à multidão na volta final. De certa forma, humilhou o colega mais que se o tivesse ultrapassado…

Yuki Tsunoda voltou a mostrar excelente ritmo, sendo que uma penalização estranhamente severa o tenha atirado para fora dos pontos com 5 segundos de penalizações. Os beneficiados foram Guanyu Zhou (que eclipsou por completo o colega de equipa) e os dois Alpine, que depois de se qualificarem bem foram caindo durante a prova (com direito a uma defesa demasiado agressiva de Esteban Ocon a Alonso e a duas penalizações diferentes a Pierre Gasly por bloquear rivais em qualificação).

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Sainz \ 3. Norris \ 4. Hamilton \ 5. Stroll (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Russell \ 4. Pérez \ 5. Sainz \ 6. Stroll \ 7. Alonso \ 8. Ocon \ 9. Zhou \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (170) \ 2. Pérez (117) \ 3. Alonso (99) \ 4. Hamilton (87) \ 5. Russell (65) —– 1. Red Bull (287) \ 2. Mercedes (152) \ 3. Aston Martin (134) \ 4. Ferrari (100) \ 5. Alpine (40)

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Corrida anterior: GP Mónaco 2023
Corrida seguinte: GP Canadá 2023

GP Espanha anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 11-12) \ Bearman entra na luta do título

Sensivelmente chegados à fase do ano em que os estreantes conseguem assumir um papel mais preponderante na temporada, Oliver Bearman mostrou aquilo de que é feito com uma pole e a vitória na feature, sendo que nem está assim tão longe ainda do líder Frederik Vesti no campeonato.

Vesti tem estado em grande forma nas últimas provas e tem demonstrado uma qualidade ainda mais importante: saber quando empregar agressividade. O dinamarquês partiu de 3º para o sprint e acabou como vencedor, e na feature começou com os compostos mais duros e conseguiu fazer uso dos macios no final para ultrapassar vários carros e chegar em 5º. O principal rival ao título (Théo Pourchaire) teve um fim-de-semana parecido, acumulando onde podia.

Victor Martins colocou-se no pódio em ambas as provas depois de uma temporada que tem sido difícil, enquanto que Enzo Fittipaldi converteu a sua boa qualificação num pódio. Já Amaury Cordeel, mesmo conseguindo pole inversa, não conseguiu fazer um único ponto em Barcelona.

De destacar ainda que o sprint deixou o caos devido à chuva com que começou, levando as equipas a terem que julgar o melhor possível o ponto de transição. Só que o Safety Car de Juan Manuel Correa acabou por facilitar.

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Qualificação: 1. Bearman \ 2. Fittipaldi \ 3. Doohan \ … \ 8. Vesti \ 9. Crawford \ 10. Cordeel

Resultado (Sprint): 1. Vesti \ 2. Pourchaire \ 3. Martins \ 4. Hauger \ 5. Doohan \ 6. Verschoor \ 7. Bearman \ 8. Iwasa (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bearman \ 2. Fittipaldi \ 3. Martins \ 4. Iwasa \ 5. Vesti \ 6. Doohan \ 7. Pourchaire \ 8. Hauger \ 9. Leclerc \ 10. Verschoor (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vesti (110) \ 2. Pourchaire (99) \ 3. Iwasa (82) \ 4. Bearman (70) \ 5. Hauger (57) —– 1. Prema (180) \ 2. ART (144) \ 3. DAMS (118) \ 4. MP (97) \ 5. Rodin Carlin (97)

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Corrida anterior: Mónaco 2023 \ Rondas 9-10
Corrida seguinte: Áustria 2023 \ Rondas 13-14

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Fórmula 3 (Rondas 7-8) \ Martí catapulta-se para luta do título

Com sotaque britânico, mas nacionalidade espanhola, o piloto da Campos esteve no seu elemento durante todo o fim-de-semana, fazendo pole e obtendo uma vitória imperiosa na feature. Mesmo na sprint já fez bem em conseguir recuperar 4 posições e pontuar. Tudo isto significou que é agora o mais direto perseguidor de Gabriel Bortoleto, que conseguiu dois 4º lugares que o deixam com 24 pontos de vantagem (uma almofada generosa no mundo da F3).

No sprint a vitória coube a Zak O’Sullivan, que liderou uma dobradinha de jovens Williams ao segurar os ataques de Luke Browning. Mas nem tudo foi tão simples, com vários incidentes a ditarem a entrada de vários Safety Car (como por exemplo o furo de Sebastián Montoya ou Christian Mansell depois de contacto com Gabriele Minì).

Minì, em grande nível no Mónaco, acabou por ter que penar em Barcelona por se ter qualificado em 18º. Outros pilotos em destaque, pela positivo, foram Paul Aron, muito regular e Franco Colapinto que conseguiu assumir maior consistência depois de uma temporada que nem sempre tem sido consistente.

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Qualificação: 1. Martí \ 2. Barnard \ 3. Colapinto \ … \ 10. Saucy \ 11. Browning \ 12. O’Sullivan

Resultado (Sprint): 1. O’Sullivan \ 2. Browning \ 3. Fornaroli \ 4. Bortoleto \ 5. Aron \ 6. Colapinto \ 7. Boya \ 8. Martí \ 9. Barnard \ 10. Bedrin (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Martí \ 2. Colapinto \ 3. Beganovic \ 4. Bortoleto \ 5. Aron \ 6. Boya \ 7. Montoya \ 8. O’Sullivan \ 9. Barnard \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (92) \ 2. Martí (68) \ 3. Beganovic (61) \ 4. Minì (56) \ 5. Aron (54) —– 1. Prema (156) \ 2. Trident (151) \ 3. Hitech (117) \ 4. Campos (73) \ 5. MP (62)

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Corrida anterior: Mónaco 2023 \ Rondas 5-6
Corrida seguinte: Áustria 2023 \ Rondas 9-10





No limite para Verstappen e Alonso – GP Mónaco 2023

28 05 2023

Foi um processo demorado, mas o Principado do Mónaco conseguiu a sua renovação de contrato depois de negociações bem prolongadas, mantendo a segunda corrida mais antiga do calendário da Fórmula 1 segura até 2025.

Muito joga contra e a favor do Mónaco em tempos recentes. O Grade 1 de segurança da FIA, à medida que os carros têm vindo a tornarem-se mais velozes, parece cada vez mais uma piada quando adaptado a um traçado que quase não mudou desde a criação nos anos 20 (com barreiras metálicas a substituírem o anterior feno ou mesmo por vezes absolutamente nada).

A natureza travada da pista, e a consequente ausência de ultrapassagens nos domingos, têm gerado bastantes críticas relativa à sua utilização, ainda que os até os seus piores detratores concedam que poucas coisas na F1 conseguem igualar o entusiasmo gerado por uma sessão de qualificação no circuito (quando os pilotos são obrigados a negociar muros bem próximos a velocidades estonteantes).

Originalmente prevista como a 7ª prova do calendário, o Mónaco assumiu a 6ª devido ao cancelamento de última hora do GP da Emilia Romagna. Chuvas fortíssimas na região causaram cheias devastadoras que, não só afetaram as condições da pista como a população, levando a categoria a optar por não realizar a prova quando as equipas já estavam na pista (com Imola a receber a garantia de que terá o contrato estendido em 1 ano).

O cancelamento deu algumas dores de cabeça às equipas que planeavam usar a primeira prova europeia como local de estreia de novos pacotes de atualizações, uma vez que testá-las no Mónaco seria sempre de eficácia duvidosa. Não que isso tenha impedido a Mercedes, a estrutura que mais radicalmente alterou o seu projeto (especialmente nos sidepods).

Entre provas foi também anunciada a confirmação de um rumor de longa data: a Aston Martin e a Honda vão passar a estar em cooperação a partir de 2026, com os japoneses a fornecerem os britânicos. A Honda consegue assim uma equipa para se manter na F1, depois de ter “largado” a Red Bull, e a Aston Martin consegue tornar-se uma equipa de fábrica, algo que Martin Whitmarsh descreveu como a peça final do puzzle a encaixar no projeto.

Ronda 6 – Grande Prémio do Mónaco 2023

É difícil dizer quem passou mais tempo a operar no limite das capacidades dos seus carros: Max Verstappen ou Fernando Alonso.

Parece simples dizer que foi Verstappen. O piloto da Red Bull teve que lidar com uma concorrência extremamente próxima em comparação com o usual e respondeu de forma habilidosa, sempre no limite. Quando entrou no terceiro sector da sua volta de qualificação final tinha a pole position a 2 décimas de segundo. Quando a volta terminou acabou 1 décima na frente, com 3 incidentes diferentes em que roçou o muro. A definição de andar no limite.

Em corrida fez mais do mesmo, tendo que se manter sempre num ritmo elevado para segurar a liderança e de esticar para bem lá do desejável o primeiro stint em pneus médios até poder transitar para os intermédios quando a chuva caiu.

E Alonso? Teve que fazer uma tarefa muito semelhante, mas com a desvantagem de um Aston Martin que ainda não é um rival ao nível Red Bull, e com uma idade bem superior. O espanhol foi o único a não ser completamente pulverizado por Verstappen e, se tivesse tido a sorte de a Aston não ter errado ao trocar de duros para médios (em vez de intermédios) poderia ter chegado ao fim para quebrar o seu jejum de vitórias.

O menor falado sobre os colegas de equipa, melhor. Sergio Pérez destruiu a lateral esquerda do seu carro no Q1, tendo que partir de último (momento a partir do qual o fim-de-semana estava efetivamente terminado) e viu o seu carro ser levantado pelas gruas (dando aos rivais uma excelente panorâmica do chão desenhado por Adrian Newey); e Lance Stroll não saiu do Q2 quando o colega quase fez pole, ia perdendo peças logo na primeira volta, fez várias manobras suicidas e terminou a prova de fora depois de aquaplanar contra os muros.

Entre os destaques, a Alpine mostrou bom ritmo de corrida para se consolidar como 5ª força do campeonato, com Esteban Ocon em grande nível a ponto de conseguir consolidar uma posição no pódio contra concorrentes com carros bem melhores. Concorrentes como a Mercedes, que ainda não conseguiu perceber se os updates que fez surtiram o efeito desejado (Lewis Hamilton ainda considerou o carro como extremamente difícil de conduzir, quase sendo eliminado no Q2); ou como a Ferrari, que continua a misturar erros estratégicos com mau andamento (Charles Leclerc não foi avisado de que se devia desviar de Lando Norris e perdeu 3 lugares por bloqueá-lo em qualificação, e Carlos Sainz ficou furioso com uma ordem de paragem que achou tê-lo roubado da hipótese de atacar Ocon).

Coube à McLaren ser a única intrusa no Top 10, com Norris e Oscar Piastri a fazerem ótimas ultrapassagens sobre Yuki Tsunoda e roubar-lhe os pontos finais (com linguagem bem colorida do japonês pela rádio).

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Alonso \ 3. Ocon \ 4. Sainz \ 5. Hamilton (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Alonso \ 3. Ocon \ 4. Hamilton \ 5. Russell \ 6. Leclerc \ 7. Gasly \ 8. Sainz \ 9. Norris \ 10. Piastri (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (144) \ 2. Pérez (105) \ 3. Alonso (93) \ 4. Hamilton (69) \ 5. Russell (50) —– 1. Red Bull (249) \ 2. Aston Martin (120) \ 3. Mercedes (119) \ 4. Ferrari (90) \ 5. Alpine (35)

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Corrida anterior: GP Miami 2023
Corrida seguinte: GP Espanha 2023

GP Mónaco anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 9-10) \ Vesti assume o ataque ao título

Depois de uma ronda de testes em Barcelona, a Fórmula 2 voltou a rodar, desta vez em Monte-Carlo.

Na sua primeira prova, Ayumu Iwasa voltou a demonstrar porque está a ser considerado como potencial futuro piloto da AlphaTauri. O japonês partiu da frente para o sprint e acabou por não largar a liderança em mais nenhuma ocasião durante a prova, sabendo gerir de forma brilhante um recomeço após Safety Car, partindo tão cedo que depressa tinha já 3 segundos de vantagem sobre o 2º classificado (Jehan Daruvala). Jak Crawford completou o pódio.

Já na segunda prova, foi protagonista o pole Frederik Vesti. Com performances boas, mas pouco notáveis nos dois últimos anos (em F3 e F2), o dinamarquês da academia Mercedes sabe que 2023 é o ano de mostrar a Toto Wolff que merece um lugar na F1 e tem aumentado o seu nível. No Mónaco foi gerindo os ataques de Théo Pourchaire com muita calma e venceu a feature, restando agora manter este nível daqui para a frente.

Pourchaire acabou a corrida a queixar-se de que era “simpático demais”, uma referência à maneira como o colega de equipa na ART, Victor Martins, o espremeu antes da primeira curva. Não que Martins tenha conseguido lucrar muito: o francês ignorou bandeiras amarelas no acidente terminal de Jack Doohan e quase atropelou um comissário, valendo-lhe um drive through que o deixou em 8º.

De destacar ainda a regularidade de Richard Verschoor e Kush Maini, que os tem catapultado para bons lugares, e para uma excelente recuperação de Dennis Hauger de 17º a 5º na prova feature.

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Qualificação: 1. Vesti \ 2. Martins \ 3. Pourchaire \ … \ 8. Daruvala \ 9. Iwasa \ 10. Hadjar

Resultado (Sprint): 1. Iwasa \ 2. Daruvala \ 3. Crawford \ 4. Verschoor \ 5. Maloney \ 6. Doohan \ 7. Martins \ 8. Pourchaire (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Vesti \ 2. Pourchaire \ 3. Maloney \ 4. Verschoor \ 5. Hauger \ 6. Maini \ 7. Staněk \ 8. Martins \ 9. Crawford \ 10. Iwasa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vesti (89) \ 2. Pourchaire (84) \ 3. Iwasa (69) \ 4. Maini (49) \ 5. Hauger (48) —– 1. Prema (130) \ 2. ART (108) \ 3. DAMS (103) \ 4. MP (88) \ 5. Campos (82)

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Corrida anterior: Azerbaijão 2023 \ Rondas 7-8
Corrida seguinte: Espanha 2023 \ Rondas 11-12

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Fórmula 3 (Rondas 5-6) \ Bortoleto segura liderança em dia de vitória de Minì

Quase sempre mais volátil até do que a Fórmula 3, a categoria até teve provas relativamente calmas para os seus próprios padrões.

No sprint coube a Pepe Martí dominar a seu bel-prazer, enquanto que no fim da tabela de pontuação Paul Aron teve que se defender com unhas e dentes para assegurar o último ponto contra os dois primeiros classificados da qualificação. Leonardo Fornaroli e Grégoire Saucy completaram o pódio.

Já o feature teve mais ação. Logo no início Oliver Gray tentou uma ultrapassagem sobre um colega da Carlin na Tabac, que acabou com este no muro. Sebastián Montoya impacientou-se de tal modo com uma tentativa de ultrapassagem a Caio Collet que lhe acertou na subida da colina e perdeu a asa dianteira. Depois, com alguma falta de desportivismo, cortou a chicane do porto para impedir os rivais o passassem antes da paragem nas boxes.

Na dianteira, coube a Minì vencer com alguma gestão das margens para Beganovic, tal como Aron teve que fazer para garantir um pódio face a Luke Browning.

Um 5º ou 6º lugar garantiram a Gabriel Bortoleto a manutenção da liderança do campeonato, seguido agora de Minì, Saucy, Beganovic e Aron.

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Qualificação: 1. Minì \ 2. Beganovic \ 3. Aron \ … \ 10. Fornaroli \ 11. Martí \ 12. Saucy

Resultado (Sprint): 1. Martí \ 2. Fornaroli \ 3. Saucy \ 4. Colapinto \ 5. Barnard \ 6. Bortoleto \ 7. Montoya \ 8. Browning \ 9. Collet \ 10. Aron (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Minì \ 2. Beganovic \ 3. Aron \ 4. Browning \ 5. Bortoleto \ 6. Colapinto \ 7. O’Sullivan \ 8. Barnard \ 9. Martí \ 10. Saucy (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (73) \ 2. Minì (56) \ 3. Saucy (47) \ 4. Beganovic (46) \ 5. Aron (38) —– 1. Trident (124) \ 2. Prema (110) \ 3. Hitech (102) \ 4. ART (54) \ 5. Campos (41)

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Corrida anterior: Austrália 2023 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Espanha 2023 \ Rondas 7-8

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Fontes:
Sky Sports \ Atualizações Mercedes
The Independent \ Cancelamento de Imola
The Guardian \ Acordo Aston Martin – Honda