Palco do primeiro teste dos novos carros de Fórmula 1 em Fevereiro, o circuito de Barcelona recebeu neste fim-de-semana pela segunda vez em 2022 as equipas da principal categoria do automobilismo. Quando a F1 saiu de Espanha em Fevereiro com Lando Norris a suspirar que preferia não ter feito o tempo mais rápido do primeiro dia, poucos na própria McLaren teriam previsto a falta de rendimento do carro dos britânicos. Poucos também confiavam que a Ferrari tinha acertado o passo, mas foi na luta pelo título que a Ferrari regresso à Catalunha.
Alterada mais recentemente no ano passado, com uma mudança de perfil da curva La Caixa para algo mais próximo do projeto original de 1991, a pista tem sido uma referência credível para a ordem de performance das equipas ao longo dos anos. Tradicionalmente, quem tem um bom carro em Montmeló, tem um bom carro para o ano inteiro. A última chicane, introduzida em 2007, infelizmente continua também a marcar presença.
A F1 e o MotoGP têm utilizado a pista sem interrupção desde os anos 90, beneficiando enormemente da competitividade dos espanhóis nessas categorias. Se Marc Márquez e Jorge Lorenzo fazem o seu papel no MotoGP, na F1 foi a Alonso-mania dos 2000’s e 2010’s que sustentou a presença do GP de Espanha. Agora que Carlos Sainz também está na mó de cima com a Ferrari, esperava-se um público caseiro em êxtase.
Sebastian Vettel fez uso do seu tempo entre corridas para participar no talk show britânico Question Time, deixando opiniões bem-informadas sobre alterações climáticas e avisos sérios sobre o seu futuro na F1. A sua equipa preparou para Espanha um pacote aerodinâmico completamente novo, com forte inspiração Red Bull.
A Williams apresentou-se em Barcelona com cabelos ruivos, em referência auma aposta de Alexander Albon sobre ter pontuado. O tailandês foi substituído aos comandos do Williams no primeiro treino livre pelo campeão de FE Nyck de Vries, uma de várias substituições para dar espaço às duas participações obrigatórias de jovens em treinos este ano (Robert Kubica também alinhou pela Alfa Romeo e Jüri Vips pela Red Bull).
Por último, a F1 anunciou que optou por não substituir com nenhuma outra prova o GP da Rússia, permitindo um fim-de-semana de pausa aos elementos das equipas.
—–
Ronda 6 – Grande Prémio de Espanha 2022
Com todas as equipas menos a Haas a apresentarem atualizações aos seus monolugares em Espanha, a expectativa era grande para ver se haveriam alterações na ordem geral das equipas. A mais notória de todas foi a da Mercedes que, mesmo não tendo ainda ritmo para responder de igual para igual com Red Bull e Ferrari, se assumiu como uma adversária bem mais presente nas disputas da frente.
O “Red Bull verde” da Aston Martin ainda deu que falar na sexta-feira (com os austríacos a chegarem a beber Red Bull lima para gozar com a situação) mas assim que se viu que a equipa foi eliminada no Q1 as preocupações dissiparam-se. A acompanhar a Aston nesta eliminação ficou a Williams, que viu as deficiências do seu projeto muito expostas pelo circuito de Barcelona, e Fernando Alonso. O espanhol só uma vez antes falhara a presença no Q3 no circuito caseiro…
Só que o mau ritmo da Alpine em qualificação (Esteban Ocon também se ficou pelo Q2) foi passageiro: em corrida os franceses tinham muita velocidade, que viu a chegada a pulso de ambos até aos lugares pontuáveis.
No topo a Ferrari conseguiu roubar a pole position debaixo do nariz de Max Verstappen, depois do campeão do mundo em título sofrer com um DRS que se recusou a abrir. Charles Leclerc aproveitou para receber o pequeno pneu-troféu do pai do seu colega de equipa, Carlos Sainz. George Russell aproveitou ainda para se meter na frente de Sergio Pérez, ambos os Haas chegaram ao Q3 (Magnussen teve o mesmo problema que Verstappen com o DRS) e Lando Norris viu a sua melhor volta eliminada por limites de pista (uma decisão criticada por haver gravilha no exterior).
A partida viu a situação nas posições dianteiras manter-se estável até que na Curva 4, um de cada vez, Verstappen e Sainz saíram de pista sozinhos, conseguindo ainda assim regressar com muito tempo perdido. Verstappen recuperou até à traseira do Mercedes de Russell, mas o problema de DRS regressou e manteve o holandês preso atrás do britânico, que fez uso da velocidade de reta e de alguma agressividade para se defender.
Vendo Leclerc a fugir cada vez mais na liderança, a Red Bull dividiu as suas estratégias: Verstappen parou para pneus macios e um stint sempre a puxar, e Pérez preparou-se para fazer os seus pneus durar. Mas nem era necessário. Leclerc abruptamente abrandou em pista e abandonou com problemas de motor, simplificando a tarefa da rival.
De pneus mais frescos, Verstappen despachou Russell quando o voltou a apanhar e acabou por beneficiar de ordens de equipa para triunfar (controversas por ainda se estar no início de temporada). Russell completou o pódio, apesar de preocupações sempre presentes de sobreaquecimento do seu Mercedes.
O colega de equipa Lewis Hamilton podia ter terminado logo atrás, mas a corrida dele foi cheia de peripécias. Contacto com Kevin Magnussen na primeira volta fez ambos cair para o fundo da grelha, de onde o britânico chegou a ponderar abandonar. Só que a estratégia da Mercedes funcionou e Hamilton puxou pelo W13 para recuperar posições até ao 4º lugar, que acabou por perder para Sainz no final devido a preocupações com a refrigeração do carro.
Valtteri Bottas fez o que sabe melhor fazer em 2022: arrastar o Alfa Romeo até lugares cimeiros contra concorrência mais bem preparada. O finlandês apenas perdeu duas posições por má decisão estratégica para Sainz e Hamilton, depois de ter segurado ambos durante algumas voltas. Lando Norris correu com uma amigdalite mas garantiu pontos à McLaren e humilhando novamente o colega de equipa.
A AlphaTauri terminou os lugares pontuáveis com um 10º lugar de Yuki Tsunoda, com a Aston Martin a bater à porta com o 11º lugar de Sebastian Vettel e com a Haas a ter um dia terrível de corrida depois do bom desempenho de sábado.
O campeonato é, pela primeira vez este ano, liderado por Verstappen e pela Red Bull, numa altura em que se esperaria que a equipa ainda estivesse bastante atrás da Ferrari.
—–
Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Verstappen \ 3. Sainz \ 4. Russell \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)
Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Russell \ 4. Sainz \ 5. Hamilton \ 6. Bottas \ 7. Ocon \ 8. Norris \ 9. Alonso \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)
Campeonato: 1. Verstappen (110) \ 2. Leclerc (104) \ 3. Pérez (85) \ 4. Russell (74) \ 5. Sainz (65) —– 1. Red Bull (195) \ 2. Ferrari (169) \ 3. Mercedes (120) \ 4. McLaren (50) \ 5. Alfa Romeo (39)
—–
Corrida anterior: GP Miami 2022
Corrida seguinte: GP Mónaco 2022
GP Espanha anterior: 2021
GP Espanha seguinte: 2023
—–
Fórmula 2 (Rondas 7-8) \ Dupla vitória para Drugovich
Se a sexta-feira de qualificação tinha visto Jüri Vips no seu melhor, o sábado de sprint viu-o a questionar-se a si mesmo por rádio sobre a sua agressividade, quando provocou um SC após um pião. A corrida já começara algo atribulado, devido ao pole inverso (Calan Williams) nem ter conseguido arrancar para a volta de formação. Jake Hughes herdou a pole mas viu-se passado por tudo e todos antes da primeira curva, com Felipe Drugovich a recuperar a liderança que perdera por ter sido penalizado após a qualificação (bloqueou um adversário).
Daí para a frente o brasileiro esteve imperial, e contou com Ayumu Iwasa para servir de tampão a um Logan Sargeant que parecia bem mais rápido.
Foi um fim-de-semana de sonho para o brasileiro mesmo, com uma partida de 10º lugar a não ser impedimento suficiente para que Drugovich não vencesse novamente. O piloto da MP esticou imenso o seu stint de pneus macios, o que lhe permitiu passar sem grandes dificuldades o pole Jack Doohan. Doohan apesar disso esteve em muito bom nível nas duas corridas.
A MP completou o seu bom dia com uma estratégia inversa no carro de Clément Novalak, que viu o francês fazer grandes ultrapassagens em pneus macios para terminar no Top 5 bem colado ao Carlin de Logan Sargeant (Enzo Fittipaldi também acabou logo atrás com estratégia semelhante). Houve um SC logo no início da corrida devido a um motor de Jehan Daruvala que “morreu”aleatoriamente.
Destaque ainda para a péssima filmagem aérea da partida do sprint e para a não-participação de Ralph Boschung por dores de pescoço demasiado intensas.
—–
Qualificação: 1. Doohan \ 2. Vips \ 3. Vesti \ … \ 8. Hughes \ 9. Williams \ 10. Drugovich
Resultado (Sprint): 1. Drugovich \ 2. Iwasa \ 3. Sargeant \ 4. Daruvala \ 5. Pourchaire \ 6. Doohan \ 7. Vesti \ 8. Fittipaldi (Ver melhores momentos)
Resultado (Feature): 1. Drugovich \ 2. Doohan \ 3. Vesti \ 4. Sargeant \ 5. Novalak \ 6. Fittipaldi \ 7. Armstrong \ 8. Pourchaire \ 9. Lawson \ 10. Nissany (Ver melhores momentos)
Campeonato: 1. Drugovich (86) \ 2. Pourchaire (60) \ 3. Daruvala (41) \ 4. Lawson (37) \ 5. Armstrong (36) —– 1. MP (108) \ 2. ART (85) \ 3. Carlin (73) \ 4. Hitech (66) \ 5. Prema (55)
—–
Corrida anterior: Emilia Romagna 2022 \ Rondas 5-6
Corrida seguinte: Mónaco 2022 \ Rondas 9-10
—–
Fórmula 3 (Rondas 5-6) \ Martins segura a liderança
Em dia de calor abrasivo, os Fómula 3 bem agradeceram ter feito a sua prova de sábado de manhãzinha. Zane Maloney até se tinha qualificado no lugar certo para a pole inversa mas não se foi pesar quando requerido, o que deixou David Vidales no lugar mais alto da grelha. O piloto da casa (em mais do que uma maneira, uma vez que guia pela também espanhola Campos) conseguiu segurar o pelotão na partida e daí para a frente não foi novamente passado, assegurando-lhe a vitória sprint.
Franco Colapinto ficou com a cobertura de motor danificado e esta chegou a voar em reta, tendo que abandonar. Victor Martins também o fez, ainda que por motivos diferentes.
Jak Crawford e Caio Collet completaram o pódio da primeira prova, enquanto que Arthur Leclerc aproveitou o deslize do rival Martins para lhe “roubar” alguns pontos. Lirim Zendeli terminou 20º quando substituía David Schumacher (em ação no DTM) na Charouz.
Para a corrida feature, a pressão estava em Roman Staněk. O checo sabia que precisava de uma boa quantia de pontos para manter vivas as suas esperanças de campeonato e atacou durante a corrida, mas Martins conseguiu colocar o seu ART na frente do Trident e daí em diante, mesmo com dois SC, nunca pareceu estar sob ameaça de Staněk.
Martins aproveitou muito bem um dia não de Leclerc, em que o monegasco inclusive acertou no vencedor do sprint Vidales e recebeu uma penalização. Os dois SC foram provocados por: primeiro, incidente entre Rafael Villagómez e Kush Maini; em segundo, por Brad Benavides a ir ter ao muro.
À saída de Barcelona parece cada vez mais claro que o campeonato de F3 está a preparar-se para uma disputa a 5, dado que o 6º classificado do campeonato (Alexander Smolyar) já está a alguma distância.
—–
Qualificação: 1. Staněk \ 2. Martins \ 3. Smolyar \ … \ 10. Correa \ 11. Vidales \ 12. Maloney
Resultado (Sprint): 1. Vidales \ 2. Crawford \ 3. Collet \ 4. Leclerc \ 5. Correa \ 6. Smolyar \ 7. Frederick \ 8. Staněk \ 9. Ushijima \ 10. Hadjar (Ver melhores momentos)
Resultado (Feature): 1. Martins \ 2. Staněk \ 3. Hadjar \ 4. Smolyar \ 5. Bearman \ 6. Crawford \ 7. Collet \ 8. Colapinto \ 9. Frederick \ 10. Correa (Ver melhores momentos)
Campeonato: 1. Martins (62) \ 2. Staněk (56) \ 3. Crawford (50) \ 4. Hadjar (47) \ 5. Leclerc (43) —– 1. Prema (120) \ 2. ART (98) \ 3. Trident (75) \ 4. Hitech (63) \ 5. MP (56)
—–
Corrida anterior: Emilia Romagna 2022 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Reino Unido 2022 \ Rondas 7-8
—–
Fontes:
– Evening Standard \ Cabelo vermelho na Williams
– GP Blog \ Aston Martin com versão B
– iNews \ Vettel no Question Time
– Motorsport \ GP Rússia não é substituído
– Sky Sports \ Testes para jovens