Quando a Porsche anunciou a produção do Cayenne em 2002, o mundo automóvel preparava-se para um dos acontecimentos que mais influência teria para o futuro de muitas marcas.
O contexto de recepção com que o primeiro jipe da história da marca alemã foi recebido não foi exatamente favorável. Foram muitos os jornalistas e os fãs que acreditaram que se tratava de uma ação com potencial para destruir por completo a reputação de uma marca tão prestigiosa como a Porsche.
Embora tivesse um estilo algo discutível, o Cayenne vendeu muito bem, com os jornalistas a dizerem maravilhas da condução e dos motores potentes, que davam ao SUV um caráter desportivo. Se bem que a maior parte das pessoas não se interessou tanto neste aspeto, mas mais pelo ideia de puder exibir um Porsche em que olhavam os restantes condutores de cima…
A marca alemã aproveitou mesmo este sucesso para puder financiar alguns dos seus mais recentes devaneios, como o último Porsche “997”, o GT3 RS 4.0, que era um dos mais radicais construídos nos últimos anos (ok, a forma é exatamente a mesma há mais de 30 anos, mas deu para perceber onde eu queria chegar).
E foi por esta razão que os fãs que defendem que a Porsche devia tratar apenas dos desportivos os desculparam: os lucros que o Cayenne deu à marca, permitiram o aperfeiçoamento para o restante line-up.
Ora, visto que estamos em plena crise económica, todas as marcas automóveis começaram em tempos mais recentes a perceber a inteligência de uma manobra deste género para as finanças. E os concepts têm vindo a multiplicar-se ao longo dos últimos meses.
Para além das marcas mais óbvias (como a BMW ou a Audi), as marcas de luxo ou as mais desportivas (que nalguns casos, coincidem) interessaram-se muitíssimo por esta opção, em especial para não ficarem dependentes de apenas um tipo de veículo.
E assim tem sido. Começando pela Maserati (talvez a marca mais distante do SUV que se possa imaginar), que lançou o Kubang. Embora tenham sido bem sucedidos no estilo, ao contrário dos três alemães anteriormente referidos, o nome era algo estranho (como Jeremy Clarkson ironizou brilhantemente, “sendo um Maserati é provavelmente o som que vai fazer quando avariar”…).
Depois veio outra obra de arte, mas que ao menos desta vez de uma marca que já tinha algum historial em jipes, o monstruoso LM002. No entanto, este novo Lamborghini chamado Urus pouco tem a ver com o seu antecessor, seguindo o exemplo da Maserati.
Por último, foi a Bentley que decidiu entrar neste ramo, mostrando o EXP 9. Que possui um nome tão bonito quanto o seu estilo. Horroroso, por outras palavras. Mas o que me chamou verdadeiramente atenção, foi a recente notícia que circulou sobre ele. Aparentemente, a Bentley pretende inscrever um dos modelos no próximo Dakar…
O raciocínio não é tão estranho quanto as palavras Bentley e Dakar na mesma frase levam a crer. Não é uma das mais habituais queixas sobre estes novos SUV o facto de não terem qualquer utilidade nas tarefas tradicionais de um jipe? Pois nós vamos enviar o nosso para a mais dura prova de rali do mundo.
Ironicamente não sei qual das opções se afasta mais da tradição da Bentley: o facto de a Bentley enviar um jipe “a sério” capaz de competir em ralis, ou fazerem um jipe de luxo…