Campos em grande com Boya – Testes F3

20 04 2024

Com a principal categoria do automobilismo a preparar-se para um fim-de-semana de competição no regresso a território chinês, a Fórmula 3 marcou presença em Espanha para dar aos seus 30 pilotos alguns quilómetros de rodagem, numa altura em que a categoria de apoio está em pausa a aguardar o regresso da temporada europeia da F1.

O início de temporada até ao momento até nem está a ser demasiado impressionante para Mari Boya, mas nos três dias de testes em casa o espanhol foi absolutamente consistente, tendo liderado os dois últimos dias e entrado no Top 5 do primeiro dia. O piloto da Campos esteve longe de ser o único da equipa na parte superior da tabela de tempos, com Oliver Goethe a ter completado uma dobradinha no derradeiro dia e a estar no Top 5 do segundo.

A quilometragem da estrutura da casa é que impressionou menos, tendo sido apenas superior à da Trident (curiosamente a segunda mais rápida do conjunto dos 3 dias).

Já Luke Browning foi durante os testes (tal como tem sido nas corridas) a salvação da Hitech, com performances sólidas da parte do líder conjunto do campeonato. O outro líder Leonardo Fornaroli (Trident) ainda ameaçou no segundo dia, mas de resto chamou menos a atenção. Já o 3º classificado do campeonato, Gabriele Minì (Prema) conseguiu liderar o primeiro dia e ser 5º no terceiro, mas no dia dos tempos mais rápidos foi 9º.

Noel León foi o único Van Amersfoort a conseguir penetrar no Top 10 ao longo do teste (em 2 dias), ao passo que Charlie Wurz apanhou todos de surpresa ao colocar o seu Jenzer no Top 3 do primeiro dia (Max Esterson também conseguiu colocar-se no Top 10 do segundo dia). Os pilotos da MP e da PHM foram os mais lentos da soma de todos.

Resta ver a relevância destes tempos quando a Fórmula 3 regressar ao circuito após as provas de Imola e Mónaco.

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Dia 1 – Resultado: 1. Minì (1m28s313) \ 2. Meguetounif (1m28s399) \ 3. Wurz (1m28s485) \ 4. Dunne (1m28s577) \ 5. Boya (1m28s625)

Dia 2 – Resultado: 1. Boya (1m26s646) \ 2. Fornaroli (1m26s679) \ 3. Browning (1m26s692) \ 4. Goethe (1m26s908) \ 5. Meguetounif (1m27s011)

Dia 3 – Resultado: 1. Boya (1m27s034) \ 2. Goethe (1m27s107) \ 3. Browning (1m27s435) \ 4. Lindblad (1m27s448) \ 5. Minì (1m27s565)

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Resultado Global

#EquipaTempoVoltas
1Campos1m26s646Boya564
2Trident1m26s679Fornaroli483
3Hitech1m26s692Browning606
4Van Amersfoort1m27s053León619
5Jenzer1m27s151Esterson645
6Prema1m27s177Minì624
7Rodin1m27s354Loake616
8ART1m27s412Mansell647
9PHM1m27s476Bedrin670
10MP1m27s508Tramnitz646
Barcelona 16-18 Abril 2024




Regresso vitorioso para Sainz – GP Austrália 2024

25 03 2024

Desde 1996 palco tradicional do início de temporada, Melbourne até se vê de volta a uma data bastante usual dessa condição, mas agora como terceira ronda do mundial, a seguir às duas provas do Médio Oriente. Inexplicavelmente, voltou a não ser agrupada em sequência com a China, deixando o paddock com uma dispendiosa visita à Oceânia e de regresso à Europa.

O Albert Park de Melbourne é o circuito do GP da Austrália, uma pista semi-citadina à volta de um lago, que possui um traçado apertado e sinuoso sem grandes possibilidades de ultrapassagem. Para ajudar, o circuito aproveitou o período pandémico para modificar várias secções de baixa velocidade, convertendo-as para alta velocidade e criando novos pontos de ultrapassagem.

Depois de a pandemia ter impedido a realização das provas de 2020 e 2021, os últimos dois anos de regresso viram Charles Leclerc e Max Verstappen vencerem em território australiano, sendo interessante que a Ferrari já tenha vencido no país 13 vezes contra “apenas” 2 da Red Bull.

Desta vez, correram dois pilotos australianos em casa (Oscar Piastri e Daniel Ricciardo), num fim-de-semana que conta desde o ano passado com a presença das categorias F2 e F3 nas provas de apoio.

As duas semanas entre Jeddah e Melbourne trouxeram espaço para pequenas notícias de atualização à F1, desde a aceleração da compra da Sauber pela Audi (provavelmente preocupada com os atuais resultados em pista), a ida de Simone Resta para a Mercedes, a renovação de Zak Brown como CEO McLaren até 2030, entre outras.

Os grandes destaques num campo mais hostil foram a investigação da FIA a si mesma e ao seu Presidente ter descoberto nada de errado na conduta de Mohammed ben Sulayem (surpresa), e também a queixa criminal de Susie Wolff contra a mesma FIA pela acusação de troca de informações confidenciais de que tinha sido acusada sem fundamento no início deste ano.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2024

Seria de pensar que nada tão dramático quanto a necessidade de substituir um piloto fosse suceder na terceira ronda do campeonato, mas rapidamente se provou que pior que não ter piloto para um carro era ter carro para um piloto.

Alexander Albon destruiu o seu Williams no primeiro treino livre e a equipa britânica foi apanhada em falso, sem nenhum carro de substituição e incapaz de reparar os estragos extensivos. A solução foi James Vowles anunciar que a decisão difícil de retirar o carro de Logan Sargeant para Albon. Sargeant afirmou compreender a decisão, mas também explicou que estava perante o dia mais difícil da sua vida. Uma vez que Albon é, desde 2022, responsável por mais de 85% dos pontos da Williams e que o meio da tabela está em luta renhida por pontos, o paddock compreendeu a lógica.

O piloto tailandês correspondeu em parte em qualificação, colocando-se em 12º, mesmo com Lewis Hamilton (Mercedes) à sua frente, com a Mercedes a voltar a mostrar alguma falta de ritmo. Falta que não parece ser sentida pela cliente McLaren, que voltou a melhorar o seu registo de qualificação de 2024, com Lando Norris em 3º e Oscar Piastri em 5º.

A luta por pole position ficou entre uma Ferrari mais próxima da frente e uma Red Bull que permanece imbatível. Max Verstappen colocou os segundos em pole, ao passo que Carlos Sainz brilhou ao meter a Ferrari na primeira linha apenas duas semanas depois da sua cirurgia. Já Sergio Pérez (Red Bull) tinha sido 3º originalmente mas foi penalizado em 3 lugares na grelha por ter impedido Nico Hülkenberg (Haas) no Q1.

Yuki Tsunoda (RB) foi o grande intruso do Q3, à frente do colega da casa (Daniel Ricciardo) que viu a sua melhor volta anulada por exceder limites de pista. Outro piloto em destaque foi Esteban Ocon (ao passar ao Q2), que parece estar a levar a má forma da equipa de maneira significativamente mais matura que Pierre Gasly.

No dia de corrida existiam grandes expectativas de que fosse possível haver uma surpresa na frente, mas dificilmente o abandono de Verstappen na terceira volta teria estado nas contas de alguém. O neerlandês abandonou com um travão traseiro direito a desintegrar-se a olhos vistos, já depois de ter sido passado por Sainz.

Com uma dinâmica de prova inteiramente diferente, Sainz teve como tarefa principal evitar ser passado nas boxes pelo colega Leclerc, algo que soube fazer mesmo na margem certa, tendo dado a ideia de que era o mais eficaz dos dois Ferrari ao longo de todo o fim-de-semana (o que também foi abordado extensivamente pelos jornalistas, uma vez que continua sem contrato para 2025). Dobradinha Ferrari no final, que os catapulta para ambas as lutas do título.

Norris completou o pódio num dia em que Piastri cometeu alguns erros pequenos mas significativos o suficiente para lhe retirar um pódio caseiro, e em que Pérez (único Red Bull em pista) não mostrou ritmo suficiente para preocupar os carros à sua frente.

A Aston Martin demonstrou ritmo suficiente para que a Mercedes tenha tido um GP em Melbourne extremamente desconfortável. Um abandono por problemas mecânicos de Hamilton causou um Safety Car Virtual, cujo grande beneficiado foi ironicamente Alonso. O espanhol passou para a frente de Russell e lá permaneceu durante a prova toda, culminando com um despiste aparatoso do Mercedes na perseguição. Já após a corrida, Alonso foi penalizado por alegadamente ter causado o acidente com um brake test, algo que categoricamente negou.

Esta penalização promoveu Stroll a 6º e, mais importantemente, Tsunoda a 7º para dar à RB os seus primeiros pontos do ano num fim-de-semana de enorme qualidade do japonês. Também a Haas voltou a mostrar serviço, culminando com uma luta direta de ambos os carros contra Albon que venceram, pontuando tanto Hülkenberg como Magnussen. Isto deixou a Williams sem recompensa pela sua troca de pilotos.

Já a Kick Sauber e a Alpine foram as piores representantes da grelha. A Kick Sauber voltou a ter problemas graves a mudar os pneus nas boxes, enquanto que a Alpine viu Pierre Gasly por duas vezes ser penalizado por cruzar a linha das boxes (um erro francamente amador).

Estes resultados relançam o interesse a um campeonato que tinha começado assustador para os rivais da Red Bull.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Sainz \ 3. Norris \ 4. Leclerc \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Sainz \ 2. Leclerc \ 3. Norris \ 4. Piastri \ 5. Pérez \ 6. Stroll \ 7. Tsunoda \ 8. Alonso \ 9. Hülkenberg \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (51) \ 2. Leclerc (47) \ 3. Pérez (46) \ 4. Sainz (40) \ 5. Piastri (28) —– 1. Red Bull (97) \ 2. Ferrari (93) \ 3. McLaren (55) \ 4. Mercedes (26) \ 5. Aston Martin (25)

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Corrida anterior: GP Arábia Saudita 2024
Corrida seguinte: GP Japão 2024

GP Austrália anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Hadjar vence uma, mas levanta dois troféus

De modo a fazer uma cópia da situação de algumas horas antes na F3, a Fórmula 2 viu a sua qualificação interrompida por bandeira vermelha. Desta vez foi Jak Crawford (DAMS), com o recomeço da ação a trazer um Gabriel Bortoleto (Invicta) de faca nos dentes e, no fim, a arriscar em excesso na tentativa. O brasileiro saiu de pista e atrapalhou a volta do colega Kush Maini, que ainda assim conseguiu ir para 1º provisoriamente.

Enzo Fittipaldi (Van Amersfoort) perdeu o carro no muro, mas ainda havia margem para alguns carros acabarem as voltas. Andrea Kimi Antonelli (Prema) roubou a pole position provisório, mas depois Dennis Hauger (MP) chegou e ficou com a definitiva pole, seguido de Antonelli e Richard Verschoor (Trident).

Para o sábado de sprint, a prova começou (e decorreu) em caos constante. Isack Hadjar (Campos) partiu de forma brilhante e conseguiu assumir a dianteira, mas não sem dar um toque valente no colega de equipa (Pepe Martí) que eliminou o outro Campos e um inocente Bortoleto de prova (e trouxe o primeiro Safety Car). O resultado foi que, apesar de ter vencido triunfalmente a prova e de ser ter ouvido “A Marselhesa” no pódio, Hadjar foi penalizado e acabou 6º.

O vencedor da prova foi um esforçado Roman Staněk (Trident) a sair de pole inversa. O checo defendeu-se com unhas e dentes dos rivais mais rápidos durante a prova inteira com sucesso. Tanto sucesso que alguns adversários se atrapalharam e tiveram um incidente bizarro (como Antonelli, Verschoor e Paul Aron [Hitech]).

Ainda houve tempo para um pequeno drama entre colegas MP, com Franco Colapinto a querer a posição de Hauger e a ouvir o engenheiro de pista dizer “se estás rápido, então passa” de forma torta. Hauger não foi passado e até passou Maini de forma brilhante para o 2º lugar. Oliver Bearman (Prema) devia ter somado os primeiros pontos do ano, só que foi penalizado por correr com Joshua Dürkesen (PHM) para fora de pista.

Acabou por não ser um bom dia para os dois pilotos da dobradinha sprint no dia da feature. Staněk despistou-se e foi parar à gravilha na primeira volta, enquanto que Hauger destruiu o carro mais à frente (e causou o segundo SC Virtual, cujo grande beneficiário foi Hadjar). Maini e ambos os DAMS até estiveram nas primeiras posições mesmo até ao final, mas não tinham parado. Logo, Hadjar conseguiu vingar-se da derrota sprint com uma vitória magistral na feature.

Em geral, foi um dia de imensa ação em pista. Dürksen causou o primeiro SC Virtual com o seu abandono, Antonelli e Hauger trocaram posições na frente nas voltas iniciais e Victor Martins recuperou de 21º a 12º logo no princípio.

Destaque ainda para um fim-de-semana de Top 5 para Ritmo Miyata (Rodin), quando a luta pelo título se abriu para pilotos como Aron ou Hauger.

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Qualificação: 1. Hauger \ 2. Antonelli \ 3. Verschoor \ … \ 8. Hadjar \ 9. Bortoleto \ 10. Staněk

Resultado (Sprint): 1. Staněk \ 2. Hauger \ 3. Maini \ 4. Colapinto \ 5. Miyata \ 6. Hadjar \ 7. Martins \ 8. O’Sullivan (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Hadjar \ 2. Aron \ 3. Maloney \ 4. Antonelli \ 5. Miyata \ 6. Verschoor \ 7. Villagómez \ 8. Martins \ 9. Bearman \ 10. Crawford (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Maloney (62) \ 2. Aron (47) \ 3. Hauger (41) \ 4. Hadjar (34) \ 5. Maini (33) —– 1. Rodin (78) \ 2. Campos (60) \ 3. Hitech (57) \ 4. MP (54) \ 5. Invicta (48)

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Corrida anterior: Arábia Saudita 2024 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 7-8

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Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Beganovic em grande

Na primeira qualificação do ano numa verdadeira sexta-feira, a Fórmula 3 viu Leonardo Fornaroli (Trident) conseguir melhorar a sua volta nos segundos finais com um tempo mais rápido que os dois rivais da Prema (Gabriele Minì e Dino Beganovic), alcançando pole position numa sessão marcada pela bandeira vermelha de Sami Meguetounif (Trident). O francês bateu no muro da última curva, destruindo o carro (algo semelhante ao que Piotr Wiśnicki da Rodin também fez com menos gravidade alguns minutos depois).

Para o sprint, a corrida acabou por ser a história dos 3 pilotos que partiram dos 3 primeiros lugares e um intruso. Laurens van Hoepen (ART) partiu de pole inversa e protagonizou a luta inicial com Martinius Stenshorne (Hitech) até o norueguês ter um ligeiro contacto com Christian Mansell (ART), que deixou Mansell com dificuldades no lado esquerdo do carro (vendo-o cair até ao último lugar pontuável).

Stenshorne acabaria por ir fugindo na liderança, onde nas voltas finais foi ameaçado por Arvid Lindblad (Prema) mas sem perder a vitória.

Para a feature, houve um pelotão de líderes claramente definido e composto por Fornaroli, Minì, Beganovic e Browning, que conseguiram acabar uma prova de desgaste rápido de pneus com uma enormidade de vantagem face ao 5º classificado (Charlie Wurz, que, não por acaso, foi o único estreante no Top 10).

Beganovic partiu 3º mas foi passando os rivais, primeiro o colega Minì e depois Fornaroli, até chegar a uma liderança que defendeu com unhas e dentes.

Wurz foi o melhor dos restantes, com Montoya a também se destacar no pelotão que caçava importantes pontos no domingo que até começou de SC (para 3 carros presos na gravilha).

Browning e Fornaroli estão agora empatados no topo, mas Minì e Beganovic estão bem próximos.

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Qualificação: 1. Fornaroli \ 2. Minì \ 3. Beganovic \ … \ 10. Mansell \ 11. Stenshorne \ 12. van Hoepen

Resultado (Sprint): 1. Stenshorne \ 2. Lindblad \ 3. van Hoepen \ 4. Boya \ 5. Goethe \ 6. Minì \ 7. Dunne \ 8. Montoya \ 9. Fornaroli \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Beganovic \ 2. Fornaroli \ 3. Minì \ 4. Browning \ 5. Wurz \ 6. Montoya \ 7. Boya \ 8. Bedrin \ 9. Goethe \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Browning (37) \ 2. Fornaroli (37) \ 3. Minì (32) \ 4. Beganovic (28) \ 5. Lindblad (23) —– 1. Prema (83) \ 2. Trident (60) \ 3. Hitech (47) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (39)

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Corrida anterior: Bahrain 2024 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 5-6





2023, Lado B – GP Bahrain 2024

2 03 2024

Depois de já ter colocado os fãs a ver uma corrida no sábado, com os sprints e com o próprio GP de Las Vegas em 2023, a Fórmula 1, de forma a conseguir adaptar o seu calendário a 24 corridas, teve que começar mais cedo que o usual, pelo que os GPs do Bahrain e Arábia Saudita tiveram que conseguir a proeza de serem realizados cedo e não colidir com o Ramadão. O resultado foi a antecipação de todas as sessões em um dia.

No caso específico do Bahrain, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de pilotos, o país começou a construção do autódromo de Sakhir em 2002, sediando o primeiro Grande Prémio do Bahrain em 2004 vencido por Michael Schumacher. A pista, como era usual na época, foi projetada por Hermann Tilke e ficou conhecida pelas enormes escapatórias que tinham a vantagem de manter a areia do deserto fora do traçado.

Com a ação em pista a processar-se agora sob holofotes (desde 2014) em vez do Sol escaldante, o circuito de Sakhir possui boas infraestruturas, retas amplas e pontos de ultrapassagem claros, curvas desafiantes e muitos outros ingredientes que tornam esta uma das paragens favoritas do paddock, mesmo com o “peso extra” que provas da zona costumam atrair.

A notícia da ilibação de Christian Horner do caso de assédio foi Sol de pouca dura: menos de 24 horas depois alguém enviou a todos os jornalistas, chefes de equipa, FOM e FIA um link para um Drive com, alegadamente, as mensagens investigadas, tornando quase insustentável a posição do líder da Red Bull. Ainda para mais com comentários laterais de Mohammed ben Sulayem e Jos Verstappen que insinuam fortemente que deveria dar lugar a outra pessoa.

Ronda 1 – Grande Prémio do Bahrain 2024

A cada nova sessão de treinos livres que ocorria no Bahrain, mais interessantes se tornavam as expectativas para a primeira sessão de qualificação do ano. A ausência de um Red Bull na frente em qualquer um dos treinos ainda podia ser atribuído a uma eventual poupança dos austríacos, mas a verdade é que pelo menos em ritmo de qualificação tornou-se claro que os rivais não estavam tão longe quanto o temido.

No Q1 apenas um segundo separava a primeira e última linhas da grelha, sendo que a última linha era inteiramente composta pela Alpine. Os franceses viram os seus piores medos em relação ao seu novo conceito de monolugar confirmarem-se, ainda que Esteban Ocon tenha mostrado o seu lado mais compreensivo e tenha tentado dar ânimo pela rádio à sua equipa.

A natureza próxima da luta pela pole position significou que vários pilotos, como Lando Norris (McLaren) se queixaram de ter estado perto da primeira linha. Ainda assim, só Charles Leclerc (Ferrari) se poderá queixar com razão, uma vez que tinha feito um tempo no Q2 que lhe teria dado a pole. Como não conseguiu, viu Max Verstappen (Red Bull) ficar com o 1º lugar da grelha, sendo seguido pelo Mercedes de George Russell.

A Kick Sauber juntou-se à Alpine como eliminada no Q1, ao passo que Nico Hülkenberg mostrou que a Haas não perdeu o seu ritmo de qualificação ao chegar ao Q3 (e que as previsões mais pessimistas de ritmo não se confirmaram) às custas do Aston Martin de Lance Stroll.

Para o sábado de corrida havia no ar a esperança de que o pole, tal como na F2 e F3, não partisse bem ou, se partisse bem, não tivesse ritmo de corrida exagerado. Nenhuma das duas sucedeu. Verstappen segurou a liderança e não saiu dela uma única volta, acabando confortavelmente na frente de uma corrida que até atrás de si pareceu sempre ter pouca história.

Pérez acabou por concluir uma dobradinha previsível, enquanto que os Ferrari e Russell lutaram pelo derradeiro lugar do pódio, prevalecendo Sainz com uma agressividade notável que lhe valeu a distinção de Piloto do Dia, contra um Leclerc a cometer vários erros e um Russell que não conseguiu evitar mostrar que ainda falta algo à Mercedes.

A McLaren somou pontos confortavelmente, intercalada por Hamilton e na frente dos dois Aston Martin, numa representação perfeitamente clara das forças da categoria (ainda para mais quando, pela primeira vez na história, todos os pilotos terminaram a primeira corrida do ano). A Kick Sauber foi quem mais se aproximou dos pontos (com um 11º lugar), mas o caos foi mesmo com os RB: Yuki Tsunoda detestou dar posição no final a Daniel Ricciardo e até quase bateram na volta de desaceleração devido a uma infantilidade do japonês.

Valtteri Bottas quase teve que abandonar com dificuldades na mudança de pneu e Logan Sargeant pareceu ter um problema no novo volante da Williams, que quase o levou a ficar sem travões por completo.

No geral, observámos uma simples repetição de 2023: gira o disco e toca o mesmo.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Russell \ 4. Sainz \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Russell \ 6. Norris \ 7. Hamilton \ 8. Piastri \ 9. Alonso \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (26) \ 2. Pérez (18) \ 3. Sainz (15) \ 4. Leclerc (12) \ 5. Russell (10) —– 1. Red Bull (44) \ 2. Ferrari (27) \ 3. Mercedes (16) \ 4. McLaren (12) \ 5. Aston Martin (3)

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Corrida anterior: GP Abu Dhabi 2023
Corrida seguinte: GP Arábia Saudita 2024

GP Bahrain anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 1-2) \ Dupla vitória para Maloney

Neste princípio de ano para a Fórmula 2, até a sessão de qualificação atraiu mais interesse do que o usual. A penúltima tentativa dos vários pilotos acabou por garantir melhores voltas que a última, sendo nesta que Kush Maini e Gabriel Bortoleto bloquearam a primeira linha da grelha de partida. Isto transformou-se numa pole de Bortoleto quando Maini foi desqualificado por ter um dos elementos exteriores do chão do carro abaixo do mínimo exigido.

Nas contas da pole inversa, Taylor Barnard (PHM) foi a grande figura. O britânico foi dos únicos a melhorar na derradeira tentativa, e logo para 10º que lhe garantia partir primeiro para o sprint. A posterior retirada de Maini deixou-o antes em 2º e “salvou” Jak Crawford (DAMS) do seu 11º posto original.

No início do sprint, estes dois pilotos tiveram sortes bem distintas. Barnard abandonou logo no princípio, enquanto que Crawford, apesar de não ter garantido o triunfo, garantiu um importante 2º lugar. A vitória pertenceu Zane Maloney (Rodin), que saiu de 8º e foi um autêntico furacão a abrir caminho entre os seus rivais até chegar ao 1º posto (fazendo caminho inverso ao de Zak O’Sullivan da ART que perdeu posições).

A Campos fez boa figura com os seus dois jovens Red Bull, ao passo que Joshua Dürksen (PHM) não conseguiu partir e Amaury Cordeel (Hitech) abandonou logo no início devido a toque de Rafael Villagómez (Van Amersfoort), causando um Safety Car Virtual.

Já na feature, promovido a líder, Bortoleto perdeu duas posições até à primeira curva e depois cometeu um erro primário ao eliminar Isack Hadjar (Campos) de prova, o que lhe valeram 10 segundos de penaliação (que ainda assim, lhe permitiram terminar 5º). Maloney partiu muito bem de 3º, assumiu a dianteira e venceu a corrida (aproveitamento total na primeira ronda dupla do ano).

Depois do Safety Car para o incidente Bortoleto-Hadjar (que ainda envolveu Fittipaldi), houve ainda espaço a uma prova bem interessante, com um pequeno desentendimento a entrar nas boxes para Cordeel e Bearman, Ritomo Miyata (Rodin) a mostrar serviço na estreia e para Crawford a perder o motor nas boxes brevemente.

Um segundo SC (para falha eletrónica de Victor Martins) trouxe no seu recomeço oportunidades para vários pilotos: para Paul Aron (Hitech) realizar várias ultrapassagens; para Maini fazer meia dúzia de importantes pontos; e para Andrea Kimi Antonelli conseguir mostrar garra num fim-de-semana para esquecer da Prema.

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Qualificação: 1. Bortoleto \ 2. Hadjar \ 3. Maloney \ … \ 8. Martins \ 9. Barnard \ 10. Crawford

Resultado (Sprint): 1. Maloney \ 2. Crawford \ 3. Martí \ 4. Hadjar \ 5. Aron \ 6. Bortoleto \ 7. O’Sullivan \ 8. Hauger (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Maloney \ 2. Martí \ 3. Aron \ 4. O’Sullivan \ 5. Bortoleto \ 6. Colapinto \ 7. Maini \ 8. Hauger \ 9. Miyata \ 10. Antonelli (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Maloney (36) \ 2. Martí (24) \ 3. Aron (19) \ 4. Bortoleto (15) \ 5. O’Sullivan (14) —– 1. Rodin (38) \ 2. Campos (29) \ 3. Invicta (21) \ 4. Hitech (19) \ 5. ART (14)

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Corrida anterior: Abu Dhabi 2023 \ Rondas 25-26
Corrida seguinte: Arábia Saudita 2024 \ Rondas 3-4

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Fórmula 3 (Rondas 1-2) \ Browning vence a primeira feature do ano

Com uma grande expectativa relativamente ao que os pilotos da Prema seriam capazes neste campeonato, o ano começou sem desiludir. Dino Beganovic e Gabriele Minì lutaram pela pole position com o “intruso” Luke Browning (Hitech), saindo Beganovic como vencedor deste duelo particular. Para o sprint, a grelha inversa trouxe uma primeira linha ART, com Laurens van Hopen seguido de Nikola Tsolov.

Na partido do sprint, Tsolov passou o colega van Hoepen e a partir daí uma luta morna começou a desenvolver-se (com a equipa ART a avisar para van Hoepen ser inteligente quando este acusou o colega de o empurrar). Max Esterson (Jenzer) procurou não perder o contacto com os líderes mas acabou inevitavelmente ultrapassado por Arvid Lindblad (Prema) e Leonardo Fornaroli (Trident), que se juntaram aos dois líderes numa disputa pela vitória.

De forma limpa, Lindblad assumiu a liderança e fugiu dos ataques de DRS, deixando van Hopen, Fornaroli e Tsolov para se entenderem sozinhos. O resultado foi uma vitória do jovem da Red Bull, seguido por van Hoepen e Fornaroli. Já Esterson acabou a prova a defender-se com coragem dos ataques de um inteligente Minì (por 4 milésimas na linha).

Beganovic furou logo nas voltas iniciais, acabando a sua prova, enquanto que Tommy Smith (Van Amersfoort) arriscou demasiado e arruinou a sua prova e a de Matías Zagazeta (Jenzer).

Na feature, já com os olhos de mais espectadores em cima, Beganovic não conseguiu partir bem, levando a que fosse Browning a assumir a liderança. A partir daí o britânico até segurou a vitória até ao fim (assumindo a liderança do campeonato), mas não sem um grande susto devido ao barulho de motor estranho que começou a escapar do seu monolugar (uma peça ligeiramente solta no escape, mas sem gravidade).

Assim, não foi possível nem a Christian Mansell (ART) nem a Tim Tramnitz (MP) ameaçarem verdadeiramente a sua vitória, contentando-se com completar o pódio. Destaque ainda para Oliver Goethe (Campos), que conseguiu subir de 17º até ao posto pontuável final.

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Qualificação: 1. Beganovic \ 2. Browning \ 3. Minì \ … \ 10. Esterson \ 11. Tsolov \ 12. van Hoepen

Resultado (Sprint): 1. Lindblad \ 2. van Hoepen \ 3. Fornaroli \ 4. Tsolov \ 5. Tramnitz \ 6. Esterson \ 7. Minì \ 8. Boya \ 9. Goethe \ 10. Meguetounif (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Browning \ 2. Mansell \ 3. Tramnitz \ 4. Meguetounif \ 5. Ramos \ 6. Minì \ 7. Fornaroli \ 8. Lindblad \ 9. Dunne \ 10. Goethe (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Browning (25) \ 2. Tramnitz (21) \ 3. Mansell (18) \ 4. Fornaroli (15) \ 5. Lindblad (14) —– 1. Trident (38) \ 2. ART (35) \ 3. Prema (28) \ 4. Hitech (25) \ 5. MP (23)

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Corrida anterior: Itália 2023 Rondas 17-18
Corrida seguinte: Austrália 2024 \ Rondas 1-2

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Fontes:
The Times \ Horner ilibado em investigação





A prometida aproximação à Red Bull passará do papel?

27 02 2024

Há um clima de instabilidade no ar neste início de temporada. Não a nível de ação em pista, onde provavelmente teremos o mesmo domínio que em 2023. Mas de bastidores, muito tem acontecido. A recusa da FOM na entrada da Andretti como nova equipa (e mais especificamente os motivos que apontou para essa recusa) é apenas mais um capítulo de uma capitalização extrema do desporto pela FOM e de uma crescente tensão FIA-FOM.

As renovações dos circuitos de Suzuka e Silverstone em contratos longos foram bem recebidas, mas a assinatura de um circuito citadino em Madrid fez levantar o sobrolho de muitos fãs, cansados de ver mais e mais circuitos sem grande personalidade entrar no calendário (enquanto que locais como Alemanha, França e Malásia continuam fora).

Depois há ainda a investigação a Christian Horner por alegado comportamento inapropriado, longe de ser levada levianamente. A Ford já insistiu por transparência, uma vez que colaborará com a equipa a partir de 2026. Horner é o mais antigo chefe de equipa ativo, por larga margem, e uma potencial saída teria um enorme impacto numa Red Bull campeã do mundo (e pelo potencial de posteriores saídas, como a do projetista Adrian Newey).

De 7º a 10º, quem foge do pelotão inferior

Um fosso bastante visível foi estabelecido em 2023 entre as 4 equipas pior classificadas e as restantes 6. Fugir desta espiral é fundamental para todas, mas há uma estrutura que já sabemos que não deverá fugir: a Haas.

Fundada com o propósito explícito de promover a manufactura da marca americana Haas, Gene Haas há muito que vinha sendo acusado de não investir apropriadamente na F1. Agora que passaram 2 anos das novas regras em que a equipa apostou, o saldo foi um 8º e um 10º lugares. Absolutamente insuficiente e razão para o americano ter corrido com o líder Guenther Steiner. Ayao Komatsu tomou o lugar, mas já ficou claro que será um ano penoso, tarde demais para mudar de trajetória a curto prazo. Assim, Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen terão que lutar com o VF-24 este ano, na insegurança de saber que provavelmente um deles terá que dar lugar a Oliver Bearman no final do ano.

Mais à frente, depois de anos com duas “Alfas” na grelha, 2024 vê ambas mudar de nome. A Alfa Romeo regressou à sua forma Sauber durante os próximos dois anos até ser Audi (ou será Kick Sauber, ou Stake, ou…) e apostou fortemente num desenho de monolugar agressivo para dar um salto competitivo. Guanyu Zhou até terminou 3º no último dia de testes, mas é incerto qual o ritmo verdadeiro da nova estrutura. Valtteri Bottas também terá um ano importante, tentando convencer o paddock de que tem o que é necessário para chegar até aos próximos regulamentos.

A outra “Alfa”, a AlphaTauri, conseguiu a proeza de se ter tornado mais insípida. Passou a ser RB, que não só a confunde com a Red Bull principal, como ainda lhe retira todo o espírito Minardi que ainda detinha. Isto misturado com uma partilha reforçada de peças com a Red Bull até lhe parece ter trazido um nível de performance interessante, mas que já levou as outras 8 estruturas a pressionar para uma venda. No entretanto, resta ver quanta aproximação aos pontos terá a equipa de Yuki Tsunoda e Daniel Ricciardo (sendo que o derrotado deste duelo interno deverá sair da F1 pela porta pequena).

Por último, a Williams até contou com desenvolvimentos interessantes, mas já apanhou o seu primeiro grande choque ao aperceber-se que todos deram um passo em frente também. Já nem falando de ter sido a única que não chegou a tocar nas 300 voltas completadas na pré-temporada. Ainda assim, se Logan Sargeant estiver mais perto de Alexander Albon poderá ter uma plausível hipótese de segurar o seu 7º posto nos construtores.

O momento das grandes decisões para Alpine e Mercedes

Quem não fez em 2023 parte do grupo das estruturas em dificuldades, mas que promete poder ser (pelo menos no início do ano) é a Alpine. Os franceses mudaram praticamente tudo no seu carro, mas o resultado dos testes, apesar da boa fiabilidade, tem sido extremamente preocupante, a ponto de ambos os carros não saírem do Q1 ser uma possibilidade bastante razoável.

Esteban Ocon já mostrou o seu jeito para o desenrascanço, mencionando que tecnicamente ainda é um jovem Mercedes. Resta ver como será a paciência de Pierre Gasly.

A vaga a que Ocon se autocandidatou foi precisamente na Mercedes, em que a saída de Lewis Hamilton já anunciada para 2025 vai condicionar por inteiro o mercado de pilotos. Apesar da mudança de conceito radical já em curso, e que até pareceu prometer uma pequena reaproximação aos líderes, a Mercedes vai viver um ano de olhos postos no futuro. George Russell será o novo líder absoluto, mas resta ver que género de colega de equipa o acompanhará. Se mostrar serviço este ano, Russell pode comandar Brackley como Norris ou Leclerc já comandam as suas atuais equipas. Se não mostrar… Um Alonso poderá levar o volante a seu lado.

Temos ou não aproximação à Red Bull?

Aston Martin e McLaren, com os seus motores Mercedes, fizeram uma pré-temporada pacata. Mas preocupam a Mercedes oficial. Isto porque foram cumprindo o seu programa sem qualquer problema e pareciam imensamente satisfeitas no final.

A McLaren quer continuar a ser a mais direta perseguidora da Red Bull e já fechou por completo o seu lineup para os próximos anos, aguentando para o longo prazo os préstimos de Lando Norris e Oscar Piastri. Já a Aston Martin tem uma âncora sob a forma de Lance Stroll, mas também um talento enorme sob a forma de Fernando Alonso (que está em ano final de contrato e com inúmeras possibilidades pela frente) e a promessa de que compreendeu bem os caminhos errados de desenvolvimento de 2023.

Se ambas conseguirem provar que serem estruturas clientes não as impossibilita de voos mais altos, poderão realmente conseguir pregar sustos valentes às estruturas cimeiras.

Começando pela primeira dessas, a Ferrari está claramente a apostar forte para o seu futuro. A contratação milionário de Lewis Hamilton para ao lado do talentoso Charles Leclerc é uma declaração formal de ambições elevadas. O facto de ter definido o seu carro como 95% novo também ajuda a embalar os ânimos para um bom 2024, assim como ter ficado líder do segundo e terceiro dias.

Mas isto foi com um asterisco bem grande. A Red Bull.

Os austríacos poderiam ter sentido a pressão de ganhos decrescentes por terem acertado com o seu conceito de carro. Mas como o RB20 trocaram as voltas aos rivais: mudaram de conceito, para algo ainda mais arrojado (e hilariantemente parecido com o conceito “falhado” da Mercedes). Adrian Newey criou um modelo arriscado que já viu Max Verstappen fazê-lo voar (e Sergio Pérez pelo menos planar), mesmo, alegamente, sem puxar a sério por ele.

Apenas uma quebra interna, como é a investigação Horner, poderá fazer a equipa temer algo das rivais. Ou, pelo menos, assim parece.

Destaque ainda para a redução da demora de ativação de DRS de 2 para 1 volta, a atribuição de mais uma unidade de potência por ano às equipas (já perto do início do ano, o que levou as marcas a apostarem em durabilidade que agora não precisarão por completo, permitindo correr os motores mais fortes), e ainda a modificação do fim-de-semana de sprints para algo um pouco mais lógico.

F2 – Novo monolugar em ano de pressão máximo para Antonelli

Já é tradicional haverem queixas sobre a falta de progressão da F2 para a F1, e o facto de pela primeira vez na história não ter havido rotatividade na F1 não augurava nada de bom. Mas a F2 está em mudança. Um novo monolugar, mais adaptado às regras pós-2022 da categoria principal, com prometidas melhorias de ultrapassagens é um bom princípio e tem um efeito secundário bem interessante: o efeito experiência dos pilotos a entrar nos seus terceiros e quartos anos de categoria é diminuído.

Os estreantes estão, assim, com grandes hipóteses de conseguir fazer o impensável e evitar que pilotos favoritos como Victor Martins ou Oliver Bearman sejam os únicos candidatos ao título. O que traz um elemento adicional de pressão a alguém que já chega cheia dela: Andrea Kimi Antonelli. O italiano é apontado com possibilidades da vaga F1 de Hamilton na Mercedes, mas terá que mostrar serviços rapidamente na F2, quanto já tem a desvantagem de a Mercedes o ter feito saltar a F3. Se já houve maiores expectativas num piloto, talvez apenas a Verstappen…

Estreantes como Gabriel Bortoleto e Pepe Martí também terão uma chance bem jeitosa para mostrar serviço, inseridos que estão agora em equipas Junior de estruturas oficiais de F1. Só que segundos anos como Jak Crawford, Zane Maloney, Franco Colapinto ou Isack Hadjar também terão uma palavra a dizer.

Vem aí um entusiasmante ano de F2…

F3 – Duelo privado Prema ou algo mais?

Geralmente composta exclusivamente de caos total, a Fórmula 3 não deve fugir à regra em 2024. Vários jovens deram o salto para a categoria logo acima, mas dois permanecerem e são pilotos Prema: Dino Beganovic e Gabriele Minì (das academias Ferrari e Alpine, respetivamente). O título é quase certo de pertencer a um deles, sendo que o terceiro piloto (Arvid Lindblad) terá que lutar muito por não passar despercebido.

Mas há vida para além deste duelo. A sempre presente Trident não tem filiados de academias, mas tem talento sob a forma de Leonardo Fornaroli, Sami Meguetounif e Santiago Ramos. A MP corre com dois jovens Red Bull de bom gabarito (Tim Tramnitz e Kacper Sztuka). Luke Browning, uma das grandes surpresas de 2023, corre pela Hitech com possibilidades interessantes no seu futuro, agora com a academia Williams.

Mais atrás ainda, chegou uma ART com um 2023 para esquecer e deserta de se provar novamente, provando que não é apenas nas equipas teoricamente cimeiras que a luta ficará restrita.

Resta ver o que sairá deste caos vagamente organizado.





Maloney e Browning em grande – Testes F2/F3

14 02 2024

A escassas semanas do início de temporada de Fórmulas 1, 2 e 3, as duas categorias júniores finalmente tiveram direito à sua pré-temporada numa temporada em que a Fórmula 2 estreia um monolugar totalmente novo e poderá finalmente diminuir a vantagens de pilotos experientes, e em que a Fórmula 3 promete ser tão imprevisível quanto sempre.

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Fórmula 2

Com um monolugar completamente novo (de proporções de asa traseira particularmente invulgares, dado ser um novo conceito em teste para facilitar ultrapassagens), a Fórmula 2 e as suas equipas precisavam desesperadamente de acumular quilómetros. O deserto do Bahrain sempre teve a vantagem de ter piso seco disponível, mas no primeiro dia um dilúvio decidiu abater-se sobre a pista, reduzindo drasticamente os tempos de todos (e aumentando os valores na tabela de tempos).

Assim, coube a Dennis Hauger colocar-se na frente ao final de um dia reduzido no seu MP, seguido de Zane Maloney no seu Rodin e de Victor Martins com o número 1 da ART. Maloney acabaria por ser o grande protagonista dos testes, tendo liderado os dois dias seguintes.

Seria de pensar que o tempo seco do Dia 2 daria alguma quilometragem aos pilotos, mas Rafael Villagómez começou logo a provocar bandeira vermelha com uma saída de pista. O resto da manhã acabaria por ser calminha, com a tarde a ser para o topo da tabela de tempos a ir sendo melhorado pouco a pouco. No final, foi o mencionado Maloney quem acabou na frente, com Jak Crawford (DAMS e Aston Martin) em 2º e Enzo Fittipaldi (Van Amersfoort e Red Bull) em 3º.

Estes tempos acabariam por ser, para vários pilotos, os melhores do conjunto dos dias.

O dia final foi igualmente dinâmico, com ação menos interrompida que antes e com o alinhamento de algumas equipas a tornar-se mais claro. Maloney e Crawford voltaram a liderar, mas desta vez seguidos do colega do segundo: Ritomo Miyata (um piloto japonês com percurso de carreira extremamente interessante).

No resultado final de todos os dias, a Rodin, DAMS e Van Amersfoort foram as estruturas mais rápidas em circulação no emirado. A Prema ficou, preocupantemente, em último lugar, mas acumulou quilómetros com facilidade, pelo que deve não entrar em pânico já.

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Dia 1 – Resultado: 1. Hauger (1m53s175) \ 2. Maloney (1m53s351) \ 3. Martins (1m53s367) \ 4. Antonelli (1m53s511) \ 5. Crawford (1m53s865)

Dia 2 – Resultado: 1. Maloney (1m41s501) \ 2. Crawford (1m41s626) \ 3. Fittipaldi (1m41s735) \ 4. Hadjar (1m41s921) \ 5. Maini (1m41s982)

Dia 3 – Resultado: 1. Maloney (1m42s468) \ 2. Crawford (1m42s661) \ 3. Miyata (1m42s684) \ 4. Hadjar (1m42s712) \ 5. Fittipaldi (1m42s808)

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Resultado Global

#EquipaTempoVoltas
1Rodin1m41s501Maloney321
2DAMS1m41s626Crawford252
3Van Amersfoort1m41s735Fittipaldi282
4Campos1m41s921Hadjar271
5Invicta1m41s982Maini317
6ART1m42s162O’Sullivan308
7MP1m42s313Colapinto296
8Trident1m42s435Verschoor229
9Hitech1m42s659Cordeel327
10PHM1m42s793Barnard272
11Prema1m43s607Antonelli307
Bahrain 11-13 Fevereiro 2024

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Fórmula 3

Sem voltas corridas desde a decisão do título em Monza há largos meses, a Fórmula 3 também viu o seu primeiro dia afetado pela chuva, mas mesmo assim ainda conseguiu chegar a tempos finais muito mais em linha com os dos restantes dias que a F2.

No primeiro dia foi Noel León quem liderou para a Van Amersfoort, só que a ordem do resto do dia tornou óbvio que não era assim tão representativo. Bandeiras vermelhas para Sebastián Montoya e Piotr Wiśnicki terminaram o dia.

A manhã do segundo dia viu todos os monolugares aproveitarem cada segundo desde o primeiro momento, ao ataque. No entanto, foi mesmo no final do dia que os vários pilotos foram estabelecendo sectores roxos. Luke Browning liderou por margem mínima sobre Alex Dunne e Charlie Wurz, com Mari Boya em 4º e Tim Tramnitz em 5º.

Já com várias perturbações no Dia 3, os pilotos continuaram a melhorar os seus tempos, mas o líder foi mais uma vez o mesmo: o Hitech de Luke Browning. Desta vez seguiram-se (a alguma distância) Nikola Tsolov e Max Esterson, ainda que o líder do primeiro dia, León também se tenha conseguido colocar em 5º.

Em termos de resultados globais, a Hitech saiu na frente seguida de Van Amersfoort e Campos, com as desilusões principais a serem Rodin e PHM (principalmente a Rodin, que tinha saído líder na F2). A maior quilometragem ficou com a Trident e a menor com a Campos.

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Dia 1 – Resultado: 1. León (1m46s657) \ 2. Goethe (1m46s672) \ 3. Tramnitz (1m46s828) \ 4. Ramos (1m46s934) \ 5. Minì (1m46s942)

Dia 2 – Resultado: 1. Browning (1m46s819) \ 2. Dunne (1m46s885) \ 3. Wurz (1m46s963) \ 4. Boya (1m46s964) \ 5. Tramnitz (1m46s976)

Dia 3 – Resultado: 1. Browning (1m46s566) \ 2. Tsolov (1m46s825) \ 3. Esterson (1m46s836) \ 4. Stenshorne (1m46s979) \ 5. León (1m47s196)

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Resultado Global

#EquipaTempoVoltas
1Hitech1m46s566Browning430
2Van Amersfoort1m46s657León455
3Campos1m46s672Goethe367
4ART1m46s825Tsolov446
5MP1m46s828Tramnitz458
6Jenzer1m46s836Esterson426
7Trident1m46s934Ramos511
8Prema1m46s942Minì426
9PHM1m47s122Bedrin396
10Rodin1m47s668Voisin427
Bahrain 11-13 Fevereiro 2024





Minì e Beganovic mostram o caminho – Testes F3

27 10 2023

Já com a temporada terminada há muito, e com os olhos do paddock já firmemente colocados nas possibilidades e combinações de 2024, a Fórmula 3 retornou para uma pequena ronda de dois dias de testes em Imola. Muitos dos pilotos estavam já nas suas próximas equipas e mesmo os que não estavam davam para perceber estar a ser sondados.

O teste foi significativamente mais calmo que o que estava simultaneamente a acontecer em Valência para a Fórmula E (com um problema relacionado com um incêndio nas boxes).

Para além das saídas de pista usuais a que as categorias de promoção nos habituam (e as bandeiras vermelhas correspondentes), o teste de Imola permitiu a vários pilotos ganharem os seus primeiros quilómetros no degrau mais baixo da escada oficial de acesso à F1.

O talento do programa McLaren, Ugo Ugochukwu, continuou a tradição da equipa britânica em aliar-se à Carlin, com o seu jovem a ser o líder da estrutura em tempos (o que não o deixou muito rápido, devido à falta de andamento da marca na F3); Charlie Wurz, filho do ex-piloto F1 Alexander Wurz, quase tocou o Top 10 com a pouco competitiva Jenzer; e a Red Bull viu a sua estrela Arvid Lindblad ser o melhor dos estreantes na tabela de tempos (ainda que ajuda estar aos comandos de um Prema).

Entre os mais experientes, o inevitável começou já a desenhar-se: Gabriele Minì e Dino Beganovic mostraram porque são considerados os mais sérios candidatos ao título deste ano (já confirmados ao volante da campeã Prema), ficando em 1º e 3º em ambas as sessões. Já logo atrás esteve um Campos em ambas (Oliver Goethe e Mari Boya), mostrando que a equipa espanhola planeia fazer do bom 2023 uma base para um ótimo 2024.

Insistindo em permanecer na Trident, Leonardo Fornaroli andou por perto e bem na frente dos colegas de equipa; enquanto Grégoire Saucy passou de 2 anos em ART para uma ida à MP, andando no Top 10. A chuva do final do segundo dia levou a que os tempos do primeiro dia acabassem por ser os mais velozes.

A Van Amersfoort, Jenzer e Hitech foram as equipas com mais quilómetros acumulados mas com tempos bem altos, para sua infelicidade. Ainda assim, podia ser pior: a PHM conseguiu não só ser significativamente mais lenta, como também a que menos voltas deu ao circuito de Imola…

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Dia 1 – Resultado: 1. Minì (1m30s225) \ 2. Goethe (1m30s519) \ 3. Beganovic (1m30s585) \ 4. Boya (1m30s829) \ 5. Fornaroli (1m30s832)

Dia 2 – Resultado: 1. Minì (1m30s679) \ 2. Boya (1m30s706) \ 3. Beganovic (1m30s752) \ 4. Tsolov (1m30s836) \ 5. Saucy (1m30s926)

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Resultado Global

#EquipaTempoVoltas
1Prema1m30s225Minì372
2Campos1m30s519Goethe350
3Trident1m30s832Fornaroli379
4ART1m30s836Tsolov338
5MP1m30s926Saucy387
6Hitech1m31s059Browning406
7Jenzer1m31s094Wurz401
8Van Amersfoort1m31s684Smith427
9Rodin Carlin1m31s771Ugochukwu352
10PHM1m32s112Dufek304
Imola \ 23-24 Outubro 2023




Top 5 – Fórmula 3 em 2023

10 09 2023

Sempre foi tarefa quase impossível entender o alinhamento das forças de qualquer temporada de Fórmula 3 que se avizinha, mas em anos recentes há certos padrões que se desenharam: ser estreante, desde que numa das grandes estruturas, não é nenhum impedimento para triunfar; quem tenta uma segunda temporada na categoria tem que aniquilar a concorrência ou ver-se escurraçado para a obscuridade do automobilismo.

Assim, qualquer um dos pilotos da Prema (Zak O’Sullivan, Dino Beganovic e Paul Aron) pode estar satisfeito com o seu ano, enquanto que a avaliação nas outras equipas é mais mista.

Na Trident, o campeão Gabriel Bortoleto “secou” o terreno à sua volta, deixando Oliver Goethe e Leonardo Fornaroli em maus lençóis, e colocou as várias academias em competição para ver quem o consegue prender para 2024. Já a ART viu aquele que deveria ter sido o seu ponta de lança (Grégoire Saucy) voltar a falhar no seu segundo ano, culminando num 8º lugar no campeonato de equipas.

Quem assumiu esse 3º posto foi a MP, que fez de Franco Colapinto o seu líder (ainda que tenha havido alguma inconstância) e viu o estreante Mari Boya e o regressado Jonny Edgar ganharem ímpeto ao longo do ano. Já na Hitech Gabriele Minì está mesmo a pedir para ser integrado novamente para uma segunda tentativa no campeonato, já que 2 vitórias provaram a sua velocidade mas faltou consistência a um nível elementar.

Mais atrás os destaques foram Pepe Martí e Taylor Barnard que arrastaram, respetivamente, a Campos e a Jenzer para terrenos em que quase não andaram em anos recentes, com direito a vitórias e, no caso de Martí, andar imiscuído na luta pelo título.

A nova Charouz, agora sob gestão PHM, conseguiu evitar o último lugar do campeonato (cortesia de um 7º lugar de Sophia Flörsch) às custas de uma Carlin que precisa mesmo de dar ímpeto verdadeiro à sua operação de F3 que não consegue, nem pouco mais ou menos, o ritmo da sua “irmã” de F2.

1 – Gabriel Bortoleto

Pode parecer uma simples formalidade colocar o campeão de final de ano como o mais completo piloto do ano, mas a verdade é que Gabriel Bortoleto esteve vários patamares acima da concorrência.

Campeão brasileiro de karts e vice-campeão mundial também, o brasileiro esteve nos dois últimos anos a deambular por categorias de promoção na Europa, tendo-se estreado na Fórmula 3 este ano. O seu cartão de visita foi ter vencido as duas primeiras corridas feature do ano com direito a pole position na segunda. Depois, enquanto os rivais tropeçaram uns nos outros e em adversidades várias, Bortoleto pontuou com regularidade (15 em 18 possíveis, com 13 delas consecutivas).

Não houve caminho para mais vitórias durante o ano mas 4 pódios adicionais foram sendo somados ao longo do ano, com o piloto igualmente forte em sprints e features para surpresa de muitos. O título acabou por chegar na última qualificação do ano, mas havia no ar uma certa inevitabilidade desde meio do ano.

Mais impressionante ainda foi ter conseguido tudo sem pertencer a uma academia de equipas de F1.

2 – Pepe Martí

Espanhol que fala inglês com um sotaque incrivelmente britânico, Pepe Martí não estaria debaixo dos holofotes de todos quando a temporada começou. 3º na F4 Espanhola em 2021 e vice-campeão de Fórmula Regional Ásia em 2022, o piloto tinha já competido pela Campos na F3 em 2022, com apenas 2 pontos. Tendo em conta que se mantinha na diminuta equipa para 2023, não se esperavam grandes resultados.

Mas Martí tinha outros planos. Logo no primeiro sprint do ano veio a vitória. Nas primeiras 12 corridas do ano só falhou os pontos numa única. Nova vitória no sprint do Mónaco. Depois, a consagração, com a primeira vitória em feature com volta mais rápida e pole position (e ainda por cima, em território caseiro em Barcelona). Quando Martí terminou 3º na feature de Silverstone, já só estava a 36 pontos de Bortoleto, como rival mais próximo.

Mais significativamente, eclipsava os colegas da Campos, sendo responsável por 60% dos pontos da estrutura.

Só o final do campeonato deixou a desejar. Em 6 provas, apenas conseguiu um 6º e um 9º, com 3 abandonos. Um deles foi na Bélgica, quando voltou para a pista de forma perigosa e terminou a sua prova e a de um rival sem culpa.

Mas demonstrou o suficiente para ser integrado agora na academia de jovens da Red Bull, o que lhe liberta o caminho para ascender à Fórmula 2.

3 – Taylor Barnard

É difícil de definir quão impressionante foi Taylor Barnard durante este ano, mesmo que ter terminado em 10º lugar no campeonato pareça distante. Só que o britânico estava ao serviço da Jenzer, equipa suíça que tem sofrido para se destacar no meio da tabela da F2, tendo em 2023 realizado a sua melhor temporada de sempre com 108 pontos (dois terços dos quais foram de Barnard).

Com vários títulos nacionais de karts, Barnard tornou-se um dos protegidos de Nico Rosberg, depois de ter guiado dois anos para o campeão de F1 na sua equipa do europeu de karting (com um vice-campeonato). Seguiram-se vice-campeonatos de F4 Alemã e Fórmula Regional Médio Oriente, antes de estrear este ano na F3.

Pela diminuta Jenzer, Barnard pontuou pela primeira vez em Melbourne e conseguiu não sair dos pontos durante 5 provas. Após um interregno, o britânico fez uma sequência diabólica no fim do ano, com 3 pódios em 4 provas, incluíndo a sua primeira vitória numa prova caótica na feature de Spa-Francorchamps, quando a Jenzer colocou os seus 3 carros entre os 4 primeiros.

Com um upgrade de carro para 2024, tem sérias possibilidades de conseguir fazer um ataque ao título e de conseguir atrair uma academia F1 para apoiar a sua carreira.

4 – Zak O’Sullivan

Após a última prova do campeonato em Monza, Zak O’Sullivan deverá certamente ter-se perguntado onde teria falhado a sua caça ao título. Acabado de entrar na academia Williams em 2023, O’Sullivan tinha como missão, na sua segunda temporada de F3, de vencer o título até por pertencer à poderosa Prema. Mas não foi possível, tendo que se contentar com o vice-campeonato.

Há muito que admirar no ano do britânico, tendo obtido 4 vitórias ao longo da sua temporada (2 em sprint, 2 em feature) e lançado as bases para um ano bastante impressionante. Só que, tal como Martí, pareceu ter-se encolhido na Hora H que foram as 8 corridas finais do ano. Foram 6 provas fora do Top 10 nesse período, com a consolação a serem duas features em que esteve brilhante: no Hungaroring fez pole, volta mais rápida e venceu; em Monza, quando tinha tudo em jogo, terminou 2º, sempre ao ataque pela vitória.

A presença de James Vowles nos festejos do piloto na prova final mostram que a fé da Williams não foi de todo abalada pelo ano realizado, sendo agora com grande expectativa que se aguarda ver onde será integrado na F2 de 2024.

5 – Franco Colapinto

Tendo estreado na F3 com um currículo que incluía Le Mans Series Europeia e um título de F4 Espanhola, Franco Colapinto tinha feito suficiente para vencer com um Van Amersfoort e ser incluído na academia Williams. O que se poderia esperar numa segunda temporada com um MP mais competitivo? Aparentemente, nada de radicalmente diferente.

Não que se possa ser demasiado crítico. O argentino foi o primeiro piloto da equipa neerlandesa e venceu por duas vezes, mas, crucialmente, foram sprints. Dos 5 pódios deste ano, 4 foram em sprint. Mas também pontuou em 14 das 18 provas e teve diversas provas em que esteve em excelente nível. Este entre os mais impressionantes do ano, só lhe pareceu mesmo ter dado o derradeiro passo em frente que Victor Martins conseguiu dar em 2022, por exemplo.

Ter abandonado a última corrida do ano por contacto quando ainda discutia o vice-campeonato não foi ideal.

O 4º lugar no campeonato deixa-o claramente com todas as condições para avançar para a F2, restando ver como será a sua adaptação quando comparada com a que O’Sullivan será capaz de fazer.





Força Ferrari não impede recorde de Verstappen – GP Itália 2023

3 09 2023

Depois do regresso do circo da Fórmula 1 após a pausa de Verão na semana passada, foi agora a vez de Monza ter o seu momento anual sob os holofotes. A pista de Monza acolheu todas as edições do GP de Itália com exceção da de 1980 (Imola) e, mesmo com diferentes versões do traçado localizado num parque florestal, o caráter veloz do circuito esteve sempre presente.

Com longas retas e travagens fortes, Monza castiga os carros que não tenham travões fiáveis e os que possuam má velocidade de ponta. Já velocidade em curva parece ser apenas um extra, muitas vezes.

Agora que a oval já não é usada há várias décadas, o circuito em si possui escapatórias amplas e corretores que desencorajam as saídas de pista, sendo um dos autódromos mais intocáveis do calendário. Construído no pós-Primeira Guerra Mundial com o objetivo de testar os carros das marcas italianas para que estas triunfassem em provas internacionais, o autódromo de Monza teve as suas obras interrompidas logo após o seu início devido a preocupações sobre o número de árvores a abater no parque de Monza.

O traçado atual tem proporcionado vários vencedores inesperados em anos recentes, além de que com piso molhado se transforma num dos mais desafiantes do calendário.

Ronda 14 – Grande Prémio de Itália 2023

De pintura especial no seu fim-de-semana caseiro, a Ferrari saiu da qualificação de sábado com sorrisos de orelha a orelha. O monolugar esteve em bom nível em todas as sessões e Carlos Sainz conseguiu roubar ao imbatível Max Verstappen da Red Bull a pole position por uma centésima de segundo. O outro carro italiano chegou em 3º.

George Russell pareceu mais surpreso que o público por chegar em 4º na frente de Sergio Pérez, enquanto que Alexander Albon voltou a brilhar ao chegar ao Q3 com o seu Williams e Liam Lawson chegou em 12º logo atrás do colega mais experiente. Destaque negativo para a Alpine (que não saiu do Q1 com nenhum dos dois carros) e para Lance Stroll (último).

Depois, no domingo após uma inspirada representação do hino italiano, foi o regresso da normalidade para o paddock, com Sainz a aguentar umas valentes 15 voltas até o inevitável acontecer e Verstappen passar para a frente. Daí em diante a vitória só tinha um dono, com o neerlandês a vencer a sua 10ª vitória consecutiva (um recorde moderadamente celebrado para os lados de Milton Keynes).

Após a passagem do Red Bull, a corrida de Sainz passou a ser gerir os pneus para conseguir manter-se na frente do colega de equipa, com a Ferrari a dar liberdade aos seus pilotos para lutarem. Ambos foram até aos seus limites e conseguiram dar um grande espetáculo aos fãs (e atrapalharam fortemente Sergio Pérez no seu caminho de recuperação até 2º para completar a dobradinha Red Bull).

George Russell foi a primeira vítima do inevitável trajeto de Pérez na corrida, mas soube aguentar-se para terminar 5º na frente de Lewis Hamilton, que teve uma prova bem mais interessante. Hamilton fez uma estratégia inversa à de vários rivais (indo de pneus duros para médios) e teve que trabalhar para chegar até 6º (incluíndo contacto com Oscar Piastri, pelo qual foi penalizado).

Entre os pilotos que lutavam pelos lugares mais baixos dos pontos, os grandes destaques foram Albon a confirmar o seu ótimo ritmo de Williams e Valtteri Bottas a arrastar um Alfa Romeo pouco cooperante até 10º lugar.

Os Alpine continuaram o seu terrível fim-de-semana, enquanto que Yuki Tsunoda terminou a prova antes de sequer a começar, com uma falha mecânica na volta de formação que obrigou a 20 minutos de atraso na hora de partida.

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Qualificação: 1. Sainz \ 2. Verstappen \ 3. Leclerc \ 4. Russell \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Russell \ 6. Hamilton \ 7. Albon \ 8. Norris \ 9. Alonso \ 10. Bottas (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (364) \ 2. Pérez (219) \ 3. Alonso (170) \ 4. Hamilton (164) \ 5. Sainz (117) —– 1. Red Bull (583) \ 2. Mercedes (273) \ 3. Ferrari (228) \ 4. Aston Martin (217) \ 5. McLaren (115)

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Corrida anterior: GP Países Baixos 2023
Corrida seguinte: GP Singapura 2023

GP Itália anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 23-24) \ Pourchaire com cautela aproxima-se do título

De forma algo previsível, o fim-de-semana de Monza trouxe alguma desordem tonta em qualificação e foi a F2 que a providenciou. Nos minutos finais os pilotos da grelha estavam tão próximos uns dos outros que essencialmente nenhum conseguiu sequer começar uma volta. Quase nenhum. Ralph Boschung não quis saber, lançou-se sem preocupações de cones de ar e foi recompensado com o 10º lugar de pole inversa.

Foi Sol de pouca dura. O suíço viu Richard Verschoor e Frederik Vesti ladearem-no na aceleração até à primeira curva, onde Boschung queimou a travagem e foi em frente. Vesti acabou por se tornar o líder e não voltou a largá-la até ao fim. Victor Martins acabou por recuperar boas posições até ao fim, terminando colado a Vesti e seguido por Verschoor. Em 4º chegou Théo Pourchaire, que tinha sido o verdadeiro pole da qualificação.

Houve dois Safety Car: Amaury Cordeel provocou o primeiro, Roy Nissany o segundo (contacto com Juan Manuel Correa).

Ainda nem tinha começado como deve ser o sprint e já havia controvérsia: Roman Staněk deu um encosto a Frederik Vesti, fazendo-o ir contra o muro. Um candidato fora, o que eram boas notícias para o pole Pourchaire. Mas ao mesmo tempo não, dado que o francês teria agora que lidar com rivais que sabiam que ele não poderia arriscar nada. De cautela em cautela, Pourchaire acabou em 3º, passado por Oliver Bearman (vencedor) e Ayumu Iwasa.

Haveria ainda tempo para mais dois SC, com Arthur Leclerc a perder o carro no final da reta para o primeiro, e Kush Maini a bater forte no recomeço que se lhe seguiu.

Pourchaire deu assim um passo importante para finalmente vencer o título da categoria.

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Qualificação: 1. Pourchaire \ 2. Bearman \ 3. Staněk \ … \ 8. Vesti \ 9. Verschoor \ 10. Boschung

Resultado (Sprint): 1. Vesti \ 2. Martins \ 3. Verschoor \ 4. Pourchaire \ 5. Maini \ 6. Bearman \ 7. Leclerc \ 8. Staněk (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bearman \ 2. Iwasa \ 3. Pourchaire \ 4. Fittipaldi \ 5. Hauger \ 6. Doohan \ 7. Daruvala \ 8. Cordeel \ 9. Boschung \ 10. Staněk (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (190) \ 2. Vesti (166) \ 3. Iwasa (152) \ 4. Doohan (138) \ 5. Martins (131) —– 1. ART (321) \ 2. Prema (296) \ 3. Rodin Carlin (212) \ 4. DAMS (193) \ 5. MP (161)

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Corrida anterior: Países Baixos 2023 \ Rondas 21-22
Corrida seguinte: Abu Dhabi 2023 \ Rondas 25-26

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Fórmula 3 (Rondas 17-18) \ Bortoleto: campeão em qualificação

Com um título extremamente provável em jogo, Gabriel Bortoleto tratou de o despachar logo em qualificação. Sem nenhum rival com hipóteses matemáticas de o bater na pole position, Bortoleto nem precisou de pole para festejar a sua estreia triunfante no campeonato de F3.

Uma vez chegado o dia de sprint, a primeira volta trouxe um certo nível de caos. Um pequeno contacto de um rival no pneu de Paul Aron levou o piloto da Prema a sofrer um furo que o impediu de travar de forma própria para a primeira curva, eliminando diversos pilotos. Na confusão o pole inverso, Franco Colapinto, perdeu a liderança mas recuperou-a até ao final da prova a Martí Boya (que ainda perdeu mais uma posição para o campeão Gabriel Bortoleto).

Para o feature foi o dia de tristeza para o pole Oliver Goethe, que teve que abandonar no final da volta de formação. A segunda volta de formação viu Kaylen Frederick ficar sem motor. Mesm a partida foi atribulada, com Franco Colapinto a terminar a sua tentativa de atacar o vice-campeonato no muro. Quando Paul Aron foi à gravilha e caiu, tornou-se claro que o caminho de Zak O’Sullivan se estava a tornar facilitado. O britânico foi ganhando posições até ao final, quando se teve que defender com unhas e dentes de Taylor Barnard. Isto porque Jonny Edgar, uma vez na liderança, não deu hipóteses a ninguém.

Pepe Martí foi outro rival que não terminou a corrida, uma desilusão para o espanhol depois de ter sido anunciado no programa de jovens da Red Bull.

A Prema recebeu o prémio de consolação que é o título de equipas.

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Qualificação: 1. Goethe \ 2. Collet \ 3. Aron \ … \ 10. Saucy \ 11. Boya \ 12. Colapinto

Resultado (Sprint): 1. Colapinto \ 2. Bortoleto \ 3. Boya \ 4. Barnard \ 5. Goethe \ 6. Minì \ 7. Mansell \ 8. Fornaroli \ 9. Tsolov \ 10. Villagómez (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Edgar \ 2. O’Sullivan \ 3. Barnard \ 4. Collet \ 5. Bortoleto \ 6. Boya \ 7. Aron \ 8. Mansell \ 9. Beganovic \ 10. Villagómez (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (164) \ 2. O’Sullivan (119) \ 3. Aron (112) \ 4. Colapinto (110) \ 5. Martí (105) —– 1. Prema (327) \ 2. Trident (306) \ 3. MP (194) \ 4. Campos (179) \ 5. Hitech (170)

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Corrida anterior: Bélgica 2023 \ Rondas 16-17
Corrida seguinte: Bahrain 2024 \ Rondas 1-2





Tempo misto com vencedor único – GP Bélgica 2023

31 07 2023

O presente ano marca uma das primeiras vezes que a Fórmula 1 chega a Spa-Francorchamps com relativa tranquilidade quanto ao futuro do GP da Bélgica. A pista, situada no meio da floresta das Ardenas, tem problemas crónicos de mobilidade dos fãs (irónico, dado que o pequeno país eliminou a estação de comboios que antes servia a localização) e tem perdido importância estratégica para a FOM. Só que os rumores de substituição pela África do Sul têm começado a perder força e o entendimento do paddock é que Spa estará relativamente seguro.

Com a maior extensão de traçado de todos os do calendário, Spa é uma das pistas clássicas da F1 e uma das favoritas dos pilotos do grid. Com alterações de modernização levadas a cabo recentemente (por exemplo, o muito necessário alargamento da escapatória da curva Eau Rouge), o circuito tem procurado remover argumentos aos seus críticos enquanto providencia entretenimentos vários nas suas provas (desde as imprevisíveis chuvas da região, passando por algumas curvas famosamente desafiantes e por fazer uso da enorme popularidade de Max Verstappen para atrair grandes quantidades de holandeses à região).

Raramente fora do calendário, Spa foi inicialmente intercalado enquanto anfitrião belga com Zolder e Nivelles até passar a definitivo. O circuito assumiu a função de palco do “regresso às aulas” da F1 após a pausa mensal de Verão nas últimas décadas, mas a expansão contínua do calendário antecipou-o para prova final antes do Verão em 2023.

Foi uma semana plena de novidades na Alpine. Depois de anunciar a saída de Laurent Rossi como CEO, a marca francesa anunciou também as saídas de Otmar Szafnauer e Alan Permane dos postos de Diretor Técnico e Diretor Desportivo, respetivamente. Bruno Famin e Julian Rouse desempanharão as tarefas interinamente. Szafnauer pareceu inconformado com o pouco tempo que lhe foi dado (pouco mais de um ano), comparando as exigências da Alpine a uma metáfora envolvendo achar que engravidar 9 mulheres ao mesmo tempo poderia dar um nascimento ao fim de um mês…

A Williams viu o seu posto vago de CTO assumido por Pat Fry, saído também da Alpine. O caso Alonso-Piastri misturado com um magro 6º lugar nos construtores parece continuar a provocar explosões na equipa de Enstone…

Ronda 12 – Grande Prémio da Bélgica 2023

De novo a ter que contar com um fim-de-semana de sprint, a F1 acabou por contar com chuva quase constante ao longo das suas sessões, que pareceram estar ou em processo de secagem ou de crescente chuva em todos os momentos.

O sprint em si começou atrás do Safety Car devido ao traçado encharcado mas, quando Max Verstappen se lançou para a primeira volta, Oscar Piastri (que se qualificou de forma brilhante em 2º por escassas milésimas) e metade da grelha foram às boxes trocar de pneus de chuva intensa para intermédios. O australiano da McLaren conseguiu assim a liderança depois de Verstappen parar, mas foi Sol de pouca dura, com o neerlandês a fazer uso da velocidade de ponta do seu Red Bull para passar confortavelmente.

Mesmo após a prova, Verstappen encolheu os ombros quando questionado sobre se parar uma volta depois de Piastri fora boa ideia e disse simplesmente que “sabemos que somos rápidos”, como se nem importassem más estratégias, tal o ritmo do RB19.

Pierre Gasly foi outro que parou no momento certo, completando o trio da frente, enquanto que Lewis Hamilton foi penalizado por bater em Sergio Pérez (que perdeu a lateral do carro e abandonou).

A qualificação da “verdadeira” corrida acabou por contar também com chuva, ainda que com a ligeira vantagem de o usual vencedor, Verstappen, perder 5 lugares por troca de caixa de velocidades. Verstappen fez pole na mesma e caiu para sexta, cabendo a Charles Leclerc liderar a primeira volta no domingo seguido de Pérez.

Finalmente de piso seco, o circuito belga no domingo viu uma corrida em que os pneus de chuva não marcaram presença apesar de uns chuviscos a meio da prova. Verstappen ultrapassou os rivais um a um para vencer como de costume (8ª vez seguida), sendo que o seu verdadeiro rival na Bélgica foi o próprio engenheiro de pista, Gianpiero Lambiase, com ambos a trocarem “galhardetes” sarcásticos ao longo da prova (tendo começado com uma queixa de Verstappen em relação à estratégia na qualificação).

Pérez passou Leclerc mas não liderou muito tempo depois de Verstappen chegar atrás de si, com o trio a completar o pódio. Hamilton chegou em 4º com a volta mais rápida (parou na última volta para montar pneus novos), sendo também beneficiado pelo incidente de primeira curva entre Piastri e Carlos Sainz. Fernando Alonso também agradeceu, chegando em 5º num fim-de-semana que parece confirmar a queda de forma da Aston Martin. O outro Mercedes chegou logo atrás (destacando-se que George Russell atrapalhou Hamilton em qualificação sem necessidade).

Lando Norris, que chegou a cair para último nas voltas iniciais, chegou em 7º na frente de Esteban Ocon e Lance Stroll, com Yuki Tsunoda a brilhar com o terrível AlphaTauri para somar um precioso ponto em 10º.

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Quali Sprint: 1. Verstappen \ 2. Piastri \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Norris (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Verstappen \ 2. Piastri \ 3. Gasly \ 4. Sainz \ 5. Leclerc \ 6. Norris \ 7. Hamilton \ 8. Russell (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Pérez \ 3. Hamilton \ 4. Sainz \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Hamilton \ 5. Alonso \ 6. Russell \ 7. Norris \ 8. Ocon \ 9. Stroll \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (314) \ 2. Pérez (189) \ 3. Alonso (149) \ 4. Hamilton (148) \ 5. Leclerc (99) —– 1. Red Bull (503) \ 2. Mercedes (247) \ 3. Aston Martin (196) \ 4. Ferrari (191) \ 5. McLaren (103)

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Corrida anterior: GP Hungria 2023
Corrida seguinte: GP Holanda 2023

GP Bélgica anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 19-20) \ Doohan brilha em dia de novo líder no campeonato

Com um novo piloto ao volante de um PHM Charouz (Joshua Mason), a Fórmula 2 conseguiu a proeza de ser a única das categorias sem chuva em nenhuma das provas.

Jehan Daruvala teve a honra de partir de pole inversa mas acabou por se ver eliminado de prova por algo fora do seu controlo: o encosto de cabeça da sua cabeça simplesmente deixou de estar preso, forçando o abandono do piloto da MP. Isto deixou Richard Verschoor na liderança da prova, até que na penúltima volta Enzo Fittipaldi o passou e garantiu a primeira vitória de F2.

Ayumu Iwasa conseguiu recuperar lugares suficientes para garantir alguns pontos, enquanto que Victor Martins e Frederik Vesti tiveram uma luta aguerrida mas leal que viu o francês levar a melhor.

Na feature a ação começou antes do início oficial da ação. O líder do campeonato (e 2º em qualificação), Frederik Vesti acidentou-se na volta de reconhecimento e nem partiu, deixando os rivais com uma oportunidade de ouro. Oliver Bearman aproveitou para partir sem rival ao lado mas viria a ter que se defender com unhas e dentes dos ataques de Théo Pourchaire (acabando por perder mesmo posição).

Enquanto isto sucedia, Jack Doohan, a partir de 11º, vinha a recuperar bem lugares até uma prenda lhe cair no colo: o Safety Car de Jak Crawford foi mesmo no timing ideal para o australiano parar sem perder tempo quase nenhum e levou-o a ascender a 2º. Com pneus mais frescos, Doohan caçou Pourchaire e passou-o para voltar a vencer uma feature.

Fittipaldi completou o pódio, apesar de um incidente com o colega da Rodin Carlin (Zane Maloney), enquanto que Martins completou o Top 5.

Pourchaire é o novo líder de um campeonato que está cada vez mais próximo.

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Qualificação: 1. Bearman \ 2. Vesti \ 3. Martins \ … \ 8. Fittipaldi \ 9. Verschoor \ 10. Daruvala

Resultado (Sprint): 1. Fittipaldi \ 2. Pourchaire \ 3. Hauger \ 4. Martins \ 5. Doohan \ 6. Vesti \ 7. Iwasa \ 8. Boschung (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Doohan \ 2. Pourchaire \ 3. Fittipaldi \ 4. Maloney \ 5. Martins \ 6. Verschoor \ 7. Bearman \ 8. Maini \ 9. Staněk \ 10. Boschung (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (168) \ 2. Vesti (156) \ 3. Iwasa (134) \ 4. Doohan (130) \ 5. Martins (120) —– 1. ART (288) \ 2. Prema (258) \ 3. Rodin Carlin (176) \ 4. DAMS (173) \ 5. MP (135)

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Corrida anterior: Hungria 2023 \ Rondas 17-18
Corrida seguinte: Holanda 2023 \ Rondas 21-22

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Fórmula 3 (Rondas 15-16) \ Bortoleto quase lá em dia excelente para Jenzer

De piso algo molhado, sempre este fim-de-semana, mas com pneus de seco a F3 viu uma prova extremamente interessante desenrolar-se no seu sprint, com Hugh Barter a não aguentar a pressão de pole inversa e a perder diversas posições, enquanto que Caio Collet se lançou na disputa pela vitória. Mais atrás, Sebastián Montoya acabou eliminado por Rafael Villagómez.

Quem deixou o título esfumar-se foi Pepe Martí. O espanhol envolveu-se num despiste com Gabriele Minì, até conseguiu manter o carro a funcionar, mas regressou ao circuito de forma atabalhoada e eliminou-se a si e a um inocente Ido Cohen no processo (pedindo imediatamente desculpa ao israelita).

Problemas mecânicos ditaram o fim da corrida de Gabriel Bortoleto e a aparição de um Safety Car que permaneceu até ao final. Assim, Collet venceu seguido de Taylor Barnard e Paul Aron.

No domingo os pilotos pareceram indecisos entre pneus de seco e de molhado. Rapidamente se tornou claro que os de piso molhado eram os certo, com quem não os pôs a cair que nem pedras. Isto, misturado com algumas paragens (erradas) para pneus de seco durante o SC de Oliver Goethe (despiste na Eau Rouge), permitiram a protagonistas pouco usuais tomarem a liderança.

Os Jenzer foram quem mais lucrou, com 4 carros nos 3 primeiros e a vitória de Barnard (de 10º a 1º), com destaque ainda para a pontuação de Sophia Flörsch com a última classificada (a PHM Charouz).

Bortoleto a sair de 15º chegou em 11º, falhando um ponto que lhe poderia ter dado o título. Ainda assim, faltam apenas as provas de Monza e é improvável que lhe escape o triunfo.

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Qualificação: 1. Martí \ 2. Fornaroli \ 3. Minì \ … \ 10. Barnard \ 11. Aron \ 12. Barter

Resultado (Sprint): 1. Collet \ 2. Barnard \ 3. Aron \ 4. Edgar \ 5. Colapinto \ 6. Barter \ 7. Tsolov \ 8. Browning \ 9. Fornaroli \ 10. Saucy (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Barnard \ 2. Mansell \ 3. Bedrin \ 4. García \ 5. Collet \ 6. Montoya \ 7. Flörsch \ 8. Aron \ 9. Martí \ 10. Colapinto (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (144) \ 2. Aron (106) \ 3. Martí (105) \ 4. O’Sullivan (101) \ 5. Colapinto (100) —– 1. Prema (301) \ 2. Trident (276) \ 3. Campos (171) \ 4. Hitech (165) \ 5. MP (143)

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Corrida anterior: Hungria 2023 \ Rondas 13-14
Corrida seguinte: Itália 2023 \ Rondas 17-18

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Fontes:
BBC \ Alpine anuncia saída de Szafnauer e Permane
F1 \ Alpine anuncia saída de Rossi
Motorsport \ Williams anuncia entrada de Pat Fry





Vitória do recorde para a Red Bull – GP Hungria 2023

23 07 2023

A parte mais estranha da chegada do paddock a território húngaro será, sem dúvida, que ninguém poderá desejar umas boas férias a ninguém. Tradicionalmente última prova antes da interrupção de Verão, a Hungria é apenas a primeira metade de uma ronda dupla que verá a Bélgica ser a localização dessa derradeira etapa antes das férias. Tudo em nome de conjugar um calendário cada vez mais extenso.

Com um perfil apertado e de velocidades mais reduzidas, o Hungaroring é uma pista que está no seu melhor quando a chuva decide abater-se nos arredores de Budapeste. Em 2021 foi precisamente esse o grande ingrediente animador da corrida, fazendo os candidatos ao título abandonar e Esteban Ocon a triunfar pela primeira vez graças à ajuda do colega de equipa que segurou um rival mais rápido (a tal pista apertada a entrar na equação). Já 2022 viu erros crassos da Ferrari em estratégia a entregarem a vitória final à Red Bull.

A presença do país da Europa Central acaba por se dever, em tempos recentes, ao estatuto cada vez mais histórico de uma prova que não falha uma presença desde 1986 (“Mónaco sem os muros”, como costuma ser chamada), uma vez que o motivo original da sua presença já nem tem relevância: foi fruto de um desejo de Bernie Ecclestone em ter uma corrida da categoria do outro lado da Cortina de Ferro.

Dado que há vários meses que Helmut Marko vinha fazendo ameaças cada vez mais claras sobre a fraca performance de Nyck de Vries, não foi inteiramente chocante descobrir que não se vai voltar a ver o neerlandês, que será substituído até ao fim de 2023 por Daniel Ricciardo. Desesperado por se provar depois do fracasso da aventura na McLaren, Ricciardo tem agora a oportunidade de voltar a mostrar serviço com vista a obter um lugar na Red Bull para os próximos anos.

Ronda 11 – Grande Prémio da Hungria 2023

Com a pausa de Verão da Fórmula 1 a aproximar-se, o Hungaroring foi palco de uma experiência de novas regras de qualificação que pareceu cair no goto da maior parte do paddock. Ao invés de terem escolha livre de pneus para a qualificação, os pilotos tinham que usar pneus duros no Q1, médios no Q2 e macios no Q3 (procurando evitar a poupança de pneus que as equipas da frente têm no Q1).

Misturando esta alteração com um traçado inteiramente diferente do de Silverstone e alguns updates aos carros, tivemos uma ordem muito mais próxima e com diferenças significantes. Para começar pela maior: a pole position não pertenceu a Max Verstappen, mas sim, pela primeira vez desde o GP Arábia Saudita 2021, a Lewis Hamilton. O inglês venceu por apenas 3 milésimas de segundo sobre Verstappen. Ambos foram seguidos dos dois McLaren, provando que as atualizações recentes surtem efeito independentemente da pista.

Outra surpresa foi a má forma da Ferrari que se viu batida por uma incrível Alfa Romeo. A Alfa colocou ambos os carros no Q3, com Guanyu Zhou a impressionar em 5º. Já a Ferrari viu Carlos Sainz ficar pelo Q2 (com Charles Leclerc a chegar a comentar que não deviam entrar em pânico “mas vá lá, pessoal”…). O outro carro de motor Ferrari, o Haas, voltou a ver-se no Top 10 (mais uma vez com Nico Hülkenberg).

O regresso de Daniel Ricciardo foi bastante positivo, com o australiano a ficar na frente do colega Yuki Tsunoda, enquanto que na Alpine (ambos quedaram-se pelo Q2) e na Williams (neste caso, Q1) foi um dia difícil.

Se a Mercedes se entuasiasmou com esta qualificação, a verdade é que também deprimiu rapidamente em corrida. Hamilton já era 4º no final da primeira volta, e Verstappen e ambos os McLaren já estavam a distanciar-se ao fim de mais algumas voltas. Particularmente Verstappen. O neerlandês teve uma corrida em que a sua concorrência mais direta era Norris, o que significou ganhar tempo confortavelmente dado o ritmo ainda insuficiente da McLaren. Ritmo que mesmo assim foi mais do que suficiente para Norris repetir o 2º posto de Silverstone, atrás do Red Bull que estabeleceu um novo recorde de vitórias consecutivas (12) na história da F1. Com direito a troféu destruído acidentalmente por Norris no pódio…

O último lugar do pódio foi bastante disputado. Piastri pareceu o candidato mais sério durante a maioria da prova, até sucumbir perante os ritmos superiores de Hamilton e de Pérez (que recuperou de 9º a 3º). Russell também foi outro a fazer uma boa recuperação, indo de 18º até 6º.

Foi mais um dia para esquecer para a Alpine, ainda que sem culpa própria. Foram ambos eliminados na primeira volta por toque de Ricciardo, que por sua vez foi tocado por Zhou (que partiu horrivelmente e depois queimou a travagem). O único outro abandono foi de Logan Sargeant, que até estava a recuperar posições quando perdeu o controlo a 2 voltas do fim.

A queda completa da Alfa Romeo poupou à Ferrari uma segunda vergonha. A primeira foi a performance péssima, que nem uma boa primeira volta conseguiu disfarçar (mas que uma penalização por excesso de velocidade voltou a relembrar Leclerc). Já para a Aston Martin coube o papel de colher os pontos finais.

Acabou por ser uma prova marcado pela quase ausência de ultrapassagens e pelo contínuo deprimir do paddock perante o domínio sem paralelo de Verstappen e Red Bull.

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Qualificação: 1. Hamilton \ 2. Verstappen \ 3. Norris \ 4. Piastri \ 5. Zhou (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Pérez \ 4. Hamilton \ 5. Piastri \ 6. Russell \ 7. Leclerc \ 8. Sainz \ 9. Alonso \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (281) \ 2. Pérez (171) \ 3. Alonso (139) \ 4. Hamilton (133) \ 5. Russell (90) —– 1. Red Bull (452) \ 2. Mercedes (223) \ 3. Aston Martin (184) \ 4. Ferrari (167) \ 5. McLaren (87)

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GP Hungria anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 17-18) \ A primeira do ano para Doohan

Saíndo pela primeira vez do primeiro lugar da grelha, Kush Maini começou o sprint do Hungaroring com o pé esquerdo: perdeu imediatamente a liderança para Dennis Hauger e depois 2 posições adicionais. Hauger teve grandes facilidades em abrir uma margem de segurança para Ayumu Iwasa, à medida que ambos fugiam do pelotão. Já Maini foi perdendo ritmo com pneus demasiado desgastados até terminar em 6º.

Na luta pelo último lugar do pódio, Théo Pourchaire e Oliver Bearman tiveram um duelo privado ao longo de toda a corrida. Primeiro foi Pourchaire a aproveitar o fim do Safety Car Virtual de Boschung para apanhar Bearman desprevenido, depois Bearman devolveu o ataque numa manobra espetacular (ficando com o 3º posto).

Já na prova feature os procedimentos foram bem mais calmos do que geralmente são, com Jack Doohan a largar na frente com toda a tranquilidade e a liderar a extensão total da prova, com a verdadeira novidade a ser a maneira como Frederik Vesti e Victor Martins andaram em luta constante, trocando de lugares face à partida. O resultado permitiu a Vesti aumentar um pouco a sua vantagem no campeonato.

O 4º posto e consistência de Ayumu Iwasa mantém o japonês na luta do título, ainda que um dos outros candidatos, Pourchaire, tenha ficado algo frustrado com apenas o 6º posto.

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Qualificação: 1. Doohan \ 2. Martins \ 3. Vesti \ … \ 8. Daruvala \ 9. Hauger \ 10. Maini

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Iwasa \ 3. Bearman \ 4. Pourchaire \ 5. Daruvala \ 6. Maini \ 7. Martins \ 8. Hadjar (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Doohan \ 2. Vesti \ 3. Martins \ 4. Iwasa \ 5. Hadjar \ 6. Pourchaire \ 7. Hauger \ 8. Fittipaldi \ 9. Correa \ 10. Verschoor (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vesti (153) \ 2. Pourchaire (142) \ 3. Iwasa (132) \ 4. Martins (105) \ 5. Doohan (100) —– 1. Prema (247) \ 2. ART (247) \ 3. DAMS (171) \ 4. Rodin Carlin (138) \ 5. MP (129)

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Fórmula 3 (Rondas 13-14) \ O’Sullivan salta para 2º no campeonato

Com Gabriele Minì sob investigação ainda antes da prova sequer começar, a prova sprint da F3 contou com uma ordem um pouco diferente do usual devido à chuva que complicou a vida dos pilotos em qualificação.

Na primeira prova, Nikita Bedrin assumiu a liderança a partir do 2º lugar, enquanto que Gabriel Bortoleto passou para 3º depois de passar Christian Mansell (que passou a prova inteira em luta com Paul Aron). O pole da feature, Zak O’Sullivan, até estava a ter uma boa recuperação até aos pontos, mas acabou eliminado por Nikola Tsolov num contacto evitável.

Um Safety Car teve que entrar em pista, depois de Sebastián Montoya parar no traçado. No recomeço, Aron fez uma brilhante ultrapassagem sobre Mansell, que ainda o espremeu agressivamente. A vitória coube a Minì (que reconquistou a liderança de Bedrin).

Sem qualquer chuva ou sequer incidente na primeira curva, a feature de domingo acabou por ser mais calma do que seria expectável, mas a verdade é que o pole O’Sullivan esteve praticamente intocável, o que levou o britânico da academia da Williams a imiscuir-se decisivamente na luta do título ao aproveitar um fim-de-semana menos regular de Bortoleto.

Beganovic e Colapinto completaram o pódio, o que significou que candidatos ao título como Martí ou Aron tiveram que se contentar com ficar entre os 6 primeiros. Com apenas 4 provas em falta, terão que fazer mais para conseguir apanhar o Trident de Bortoleto.

Tirando inspiração na Charouz, a nova PHM Charouz cumpriu a tradição dos checos de trocar constantemente os seus pilotos de F3: depois de McKenzy Cresswell ter guiado dois fins-de-semana, coube agora dar espaço a Woohyun Shin.

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Qualificação: 1. O’Sullivan \ 2. Beganovic \ 3. Fornaroli \ … \ 10. Mansell \ 11. Bedrin \ 12. Minì

Resultado (Sprint): 1. Minì \ 2. Bortoleto \ 3. Bedrin \ 4. Aron \ 5. Goethe \ 6. Maini \ 7. Colapinto \ 8. Edgar \ 9. Saucy \ 10. Beganovic (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. O’Sullivan \ 2. Beganovic \ 3. Colapinto \ 4. Goethe \ 5. Aron \ 6. Martí \ 7. Bortoleto \ 8. Edgar \ 9. Fornaroli \ 10. Boya (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (144) \ 2. O’Sullivan (101) \ 3. Martí (100) \ 4. Aron (94) \ 5. Beganovic (94) —– 1. Prema (289) \ 2. Trident (274) \ 3. Hitech (154) \ 4. Campos (143) \ 5. MP (129)

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Corrida anterior: Reino Unido 2023 \ Rondas 11-12
Corrida seguinte: Bélgica 2023 \ Rondas 15-16

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Fontes:
F3 \ PHM Charouz anuncia Shin
The Race \ AlphaTauri substitui de Vries por Ricciardo até final do ano