Red Bull sem rivais – GP Espanha 2023

4 06 2023

Foram várias as décadas de ver o Grande Prémio de Espanha ser seguido pelo do Mónaco, pelo que 2023 a trazer uma inversão dessa ordem foi de difícil habituação para o paddock. A alteração teve a ver com a acomodação do maior calendário da história da categoria, e a chegada a Barcelona este ano também trouxe um regresso: a eliminação da muito odiada chicane final, regressando à configuração de curva rápida.

Apenas esta alteração já foi uma excelente notícia para um traçado que geralmente recebe os testes de pré-temporada (ainda que não o tenha feito este ano), mas combinado com o novo perfil da La Caixa isto tornou o circuito novamente um dos mais fluídos do calendário. E é também um dos mais representativos do desempenho da temporada: quem faz boa figura em Barcelona, faz boa figura na maioria dos locais.

A F1 e o MotoGP têm utilizado a pista sem interrupção desde os anos 90, beneficiando enormemente da competitividade dos espanhóis nessas categorias. Se Marc Márquez e Jorge Lorenzo fazem o seu papel no MotoGP, na F1 foi a Alonso-mania dos 2000’s e 2010’s que sustentou a presença do GP de Espanha. Com Sainz na Ferrari e Alonso em grande forma, sabia-se que esta edição não seria exceção.

Ronda 7 – Grande Prémio de Espanha 2023

As suspeitas eram fortes de que Max Verstappen sairia de Barcelona com mais 25 pontos. Não foi isso que aconteceu. O holandês saiu com 26 pontos, a vitória, a pole position, a volta mais rápida e a liderança de todas as voltas. Posto isto de parte, atrás dele o fim-de-semana teve uma dinâmica extremamente interessante.

A Ferrari e a McLaren tiveram um excelente nível de qualificação (com Carlos Sainz em 2º e Lando Norris em 3º) mas caíram a pique em ritmo de prova. Sainz fez o possível para chegar em 5º, enquanto que Norris fez um erro grosseiro na partida que o atirou para os últimos lugares.

Já a Mercedes, apesar de um desentendimento entre os seus pilotos durante a qualificação, terá gostado de ver o que as suas atualizações lhe deram em performance. Lewis Hamilton foi o mais direto perseguidor de Verstappen (ainda que a 21 segundos) e George Russell recuperou de 11º a 3º para o primeiro pódio do ano (e arrastando consigo Sergio Pérez, que voltou a não ir ao Q3 e parece cada vez mais longe de lutar pelo título).

A Aston Martin pareceu ter um ritmo mais fraco que nas outras pistas do ano, ainda que Lance Stroll tenha finalmente mostrado o seu talento, conseguindo lutar dentro dos lugares pontuáveis. Fernando Alonso teve uma incursão na gravilha em qualificação e danificou o fundo do AMR23, obrigando-o a partir mais abaixo do usual e a ter que lutar até 7º. O ritmo do espanhol de certeza que o poderia ter feito passar Stroll, mas ele fez questão de dizer à equipa que não o faria, estando já a acenar à multidão na volta final. De certa forma, humilhou o colega mais que se o tivesse ultrapassado…

Yuki Tsunoda voltou a mostrar excelente ritmo, sendo que uma penalização estranhamente severa o tenha atirado para fora dos pontos com 5 segundos de penalizações. Os beneficiados foram Guanyu Zhou (que eclipsou por completo o colega de equipa) e os dois Alpine, que depois de se qualificarem bem foram caindo durante a prova (com direito a uma defesa demasiado agressiva de Esteban Ocon a Alonso e a duas penalizações diferentes a Pierre Gasly por bloquear rivais em qualificação).

—–

Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Sainz \ 3. Norris \ 4. Hamilton \ 5. Stroll (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Russell \ 4. Pérez \ 5. Sainz \ 6. Stroll \ 7. Alonso \ 8. Ocon \ 9. Zhou \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (170) \ 2. Pérez (117) \ 3. Alonso (99) \ 4. Hamilton (87) \ 5. Russell (65) —– 1. Red Bull (287) \ 2. Mercedes (152) \ 3. Aston Martin (134) \ 4. Ferrari (100) \ 5. Alpine (40)

—–

Corrida anterior: GP Mónaco 2023
Corrida seguinte: GP Canadá 2023

GP Espanha anterior: 2022

—–

Fórmula 2 (Rondas 11-12) \ Bearman entra na luta do título

Sensivelmente chegados à fase do ano em que os estreantes conseguem assumir um papel mais preponderante na temporada, Oliver Bearman mostrou aquilo de que é feito com uma pole e a vitória na feature, sendo que nem está assim tão longe ainda do líder Frederik Vesti no campeonato.

Vesti tem estado em grande forma nas últimas provas e tem demonstrado uma qualidade ainda mais importante: saber quando empregar agressividade. O dinamarquês partiu de 3º para o sprint e acabou como vencedor, e na feature começou com os compostos mais duros e conseguiu fazer uso dos macios no final para ultrapassar vários carros e chegar em 5º. O principal rival ao título (Théo Pourchaire) teve um fim-de-semana parecido, acumulando onde podia.

Victor Martins colocou-se no pódio em ambas as provas depois de uma temporada que tem sido difícil, enquanto que Enzo Fittipaldi converteu a sua boa qualificação num pódio. Já Amaury Cordeel, mesmo conseguindo pole inversa, não conseguiu fazer um único ponto em Barcelona.

De destacar ainda que o sprint deixou o caos devido à chuva com que começou, levando as equipas a terem que julgar o melhor possível o ponto de transição. Só que o Safety Car de Juan Manuel Correa acabou por facilitar.

—–

Qualificação: 1. Bearman \ 2. Fittipaldi \ 3. Doohan \ … \ 8. Vesti \ 9. Crawford \ 10. Cordeel

Resultado (Sprint): 1. Vesti \ 2. Pourchaire \ 3. Martins \ 4. Hauger \ 5. Doohan \ 6. Verschoor \ 7. Bearman \ 8. Iwasa (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bearman \ 2. Fittipaldi \ 3. Martins \ 4. Iwasa \ 5. Vesti \ 6. Doohan \ 7. Pourchaire \ 8. Hauger \ 9. Leclerc \ 10. Verschoor (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vesti (110) \ 2. Pourchaire (99) \ 3. Iwasa (82) \ 4. Bearman (70) \ 5. Hauger (57) —– 1. Prema (180) \ 2. ART (144) \ 3. DAMS (118) \ 4. MP (97) \ 5. Rodin Carlin (97)

—–

Corrida anterior: Mónaco 2023 \ Rondas 9-10
Corrida seguinte: Áustria 2023 \ Rondas 13-14

—–

Fórmula 3 (Rondas 7-8) \ Martí catapulta-se para luta do título

Com sotaque britânico, mas nacionalidade espanhola, o piloto da Campos esteve no seu elemento durante todo o fim-de-semana, fazendo pole e obtendo uma vitória imperiosa na feature. Mesmo na sprint já fez bem em conseguir recuperar 4 posições e pontuar. Tudo isto significou que é agora o mais direto perseguidor de Gabriel Bortoleto, que conseguiu dois 4º lugares que o deixam com 24 pontos de vantagem (uma almofada generosa no mundo da F3).

No sprint a vitória coube a Zak O’Sullivan, que liderou uma dobradinha de jovens Williams ao segurar os ataques de Luke Browning. Mas nem tudo foi tão simples, com vários incidentes a ditarem a entrada de vários Safety Car (como por exemplo o furo de Sebastián Montoya ou Christian Mansell depois de contacto com Gabriele Minì).

Minì, em grande nível no Mónaco, acabou por ter que penar em Barcelona por se ter qualificado em 18º. Outros pilotos em destaque, pela positivo, foram Paul Aron, muito regular e Franco Colapinto que conseguiu assumir maior consistência depois de uma temporada que nem sempre tem sido consistente.

—–

Qualificação: 1. Martí \ 2. Barnard \ 3. Colapinto \ … \ 10. Saucy \ 11. Browning \ 12. O’Sullivan

Resultado (Sprint): 1. O’Sullivan \ 2. Browning \ 3. Fornaroli \ 4. Bortoleto \ 5. Aron \ 6. Colapinto \ 7. Boya \ 8. Martí \ 9. Barnard \ 10. Bedrin (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Martí \ 2. Colapinto \ 3. Beganovic \ 4. Bortoleto \ 5. Aron \ 6. Boya \ 7. Montoya \ 8. O’Sullivan \ 9. Barnard \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (92) \ 2. Martí (68) \ 3. Beganovic (61) \ 4. Minì (56) \ 5. Aron (54) —– 1. Prema (156) \ 2. Trident (151) \ 3. Hitech (117) \ 4. Campos (73) \ 5. MP (62)

—–

Corrida anterior: Mónaco 2023 \ Rondas 5-6
Corrida seguinte: Áustria 2023 \ Rondas 9-10





Verstappen responde com ritmo diabólico – GP Miami 2023

8 05 2023

É difícil subestimar a importância que a corrida inaugural de Miami na Fórmula 1 teve para a FOM. Sim, foi relativamente fácil de fazer pouco dos organizadores quando se viu o pequeno “lago” interior, que não passava de contraplacado impresso para imitar água e onde iates foram colocados para fãs endinheirados verem a prova, mas a verdade é que o post mortem da primeira edição apenas suportou a teoria de que os norte-americanos estão com um apetite voraz por F1.

Com um circuito construído à volta do Hard Rock Stadium, a corrida de 2022 viu-se como palco de uma das múltiplas vitórias de Max Verstappen, ainda que tenha sido na fase da temporada em que as estratégias pouco competentes da Ferrari tenham tido mais a ver com o assunto que o ritmo puro da Red Bull.

O traçado de Miami acabou por diferir bastante do original, que foi bem contestado pela população local devido às áreas que atravessava, mas para benefício da própria categoria, uma vez que a natureza semi-permanente da versão final acaba por permitir um maior comprometimento da cidade com a F1.

D retas longas, chicanes técnicas e curvas de alta velocidade, Miami segue o padrão das recentes adições ao calendário da F1.

Ronda 5 – Grande Prémio de Miami 2023

Seria sempre provável que Max Verstappen respondesse o mais rapidamente possível ao fim-de-semana perfeito de Sergio Pérez em Baku, mas ainda se ativou alguma esperança numa nova aproximação do mexicano no campeonato quando o despiste de Charles Leclerc anulou as possibilidades de Verstappen qualificar-se acima de 9º. Essa esperança não durou muito. Assim que a corrida começou tornou-se claro que mesmo a começar em pole position seria difícil para Pérez vencer.

Ultrapassando carros após carro sem grande dificuldade, o campeão do mundo em título já estava em 2º lugar na volta 14, e a partir daí foi simples de fazer uso dos pneus duros com que começou para esticar o stint durante tal número de voltas que se tornou impossível a Pérez de responder. Quando Verstappen saiu das boxes já estava colado ao colega e passá-lo foi simples, para infelicidade de Pérez.

Atrás de ambos, com uma inevitabilidade extraordinária em 2023, chegou Fernando Alonso. O espanhol esteve, nas suas próprias palavras, numa terra de ninguém em que não tinha vislumbre dos Red Bull e George Russell só o viu a grande distância. O homem da Aston Martin também passou o seu tempo em Miami a fazer pouco do ritmo dos Alpine e a fazer perguntas constantes sobre o ritmo de Lance Stroll (que comprometeu o seu fim-de-semana ao ser eliminado no Q1).

Para os homens da Mercedes e da Ferrari foi um Grande Prémio de dolorosa realização: o ritmo de qualquer uma das duas equipas ficou muito aquém do esperado para uma real aproximação aos líderes. Se na Mercedes temos George Russell a fazer o melhor com o que tem e Lewis Hamilton visivelmente frustrado com a falta de andamento da equipa, na Ferrari temos desilusão completa e mútua (com direito a dois despistes idênticos de Charles Leclerc).

A Alpine e a Haas acabaram por conseguir aproveitar os restos, com os franceses a fazerem uma pontuação dupla e Kevin Magnussen conseguiu aproveitar a qualificação para partir de 4º e procurou perder o menor tempo possível para manter-se nos pontos, apesar do ritmo inferior do Haas.

Yuki Tsunoda voltou a bater à porta dos pontos. O japonês poderá estar frustrado com mais um 11º posto, mas a verdade é que as consistentes performances do pouco veloz AlphaTauri têm chamado a atenção. E colocado a pressão sobre Nyck de Vries (que já deve estar farto de ouvir falar sobre as performances brilhantes de Liam Lawson na Super Fórmula).

—–

Qualificação: 1. Pérez \ 2. Alonso \ 3. Sainz \ 4. Magnussen \ 5. Gasly (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Alonso \ 4. Russell \ 5. Sainz \ 6. Hamilton \ 7. Leclerc \ 8. Gasly \ 9. Ocon \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (119) \ 2. Pérez (105) \ 3. Alonso (75) \ 4. Hamilton (56) \ 5. Sainz (44) —– 1. Red Bull (224) \ 2. Aston Martin (102) \ 3. Mercedes (96) \ 4. Ferrari (78) \ 5. McLaren (14)

—–

Corrida anterior: GP Azerbaijão 2023
Corrida seguinte: GP Mónaco 2023

GP Miami anterior: 2022





Mesmo com caos, Verstappen vence – GP Austrália 2023

3 04 2023

Quando há um ano a Fórmula 1 visitou a Austrália Charles Leclerc tornou-se vencedor do Grande Prémio, esticando a sua liderança de campeonato para 38 pontos sobre George Russell e vendo o campeão em título (Max Verstappen) abandonar pela segunda vez em três provas, com a correspondente preocupação com a fiabilidade da Red Bull. O resto de 2022 tratou de eliminar esta impressão, com um segundo título facilitado para Verstappen.

Com uma expectativa de algo de diferente para a prova de 2023, o Albert Park recebeu mais uma vez o circo mundial da F1 para a prova australiano, depois de ter realizado há um ano obras bastante extensivas para aumentar as possibilidades de ultrapassagem. O circuito semi-citadino tem sido a casa australiano da categoria desde 1996, quando substituiu outro circuito de características semelhantes, o de Adelaide.

Em 2023, trouxe uma novidade: contará também com corridas de Fórmula 2 e Fórmula 3, o que proporcionou a Jack Doohan a possibilidade de correr em casa. Quem também correu em casa foi Oscar Piastri na F1, apesar das dúvidas gerais sobre que género de receção receberia, tendo em conta que foi o “responsável” por correr com o popular Daniel Ricciardo da categoria.

Entre provas, chegou a notícia de um enorme reshuffle da estrutura técnica da McLaren, que retirou James Key das funções de diretor técnico.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2023

Não é costume o GP da Austrália providenciar grandes confusões da maneira como o fez em 2023. Os treinos livres, com direito a chuva na sexta-feira à tarde, deram logo o mote. Foram múltiplas as saídas de pista que se observaram e o principal ponto de interesse acabou por chegar no sábado, quando Sergio Pérez saiu largo e ficou preso na gravilha no Q1, condenando-o a partir de último enquanto o colega de equipa, Max Verstappen, fazia pole position pela primeira vez na Austrália.

O início de corrida viu outro piloto terminar na gravilha: Charles Leclerc, num mero incidente de corrida com Lance Stroll, viu o seu mau início de campeonato conhecer o segundo abandono em três provas. O Safety Car entrou em ação e acabaria por ter de regressar algumas voltas depois para o despiste de Alexander Albon (quando o Williams circulava confortavelmente nos lugares pontuáveis), que deixou gravilha em farta no asfalto.

Acabou por se gerar uma bandeira vermelha, que travou as aspirações de George Russel (que tinha saltado para a liderança no arranque, seguido do colega de equipa) e de Carlos Sainz, devido a ambos terem parado durante o SC e terem sido apanhados desprevenidos pela paragem da prova.

Não demorou muito para, após o recomeço, Verstappen passar Lewis Hamilton, ainda que o britânico tenha feito uma prova muito competente, deixando a Mercedes com confiança no seu desempenho nas próximas corridas (mas dúvidas no que toca a fiabilidade, dada a expiração estrondosa do motor no carro de Russell).

Mais atrás lutas interessantes multiplicavam-se, com os McLaren a compensarem a sua menor performance de qualificação com o envolvimento em lutas com Yuki Tsunoda e Esteban Ocon pelos lugares pontuáveis finais, ao mesmo tempo que Carlos Sainz e Pierre Gasly se equiparavam na luta por 5º e Pérez prosseguia com implacabilidade a sua recuperação desde o último lugar.

Foi aí que chegou o incidente de Kevin Magnussen com a barreira, que fez perder um pneu e parar num sítio perigoso a muito poucas voltas do fim. Isto levou os comissários a iniciarem uma bandeira vermelha e a programarem uma nova partida para um sprint de 3 voltas. E foi aí que chegou o caos atrás dos 2 primeiros.

Sainz acertou em Alonso e atirou-o para o fim; Gasly travou tarde e no regresso à pista acabou por colidir com Ocon, acabando com o que estava a ser uma ótima prova de ambos os Alpine; Stroll saiu para a gravilha mais adiante; Logan Sargeant bloqueou os travões e eliminou-se a si e a Nyck de Vries de prova.

Nova bandeira vermelha viu grandes discussões gerarem-se entre as equipas e os comissários, com Alonso a liderar os protestos por querer uma reversão para a ordem antes da partida por ainda não ter sido completados metros suficientes até à interrupção. E assim foi. Todos os carros (menos os Alpine, de Vries e Sargeant) fizeram uma volta final atrás de SC e terminaram. Com a penalização de Sainz (com que o espanhol ficou inconformado), a ordem final ficou definida.

Verstappen venceu num dia em que Pérez limitou os estragos em 5º, Hamilton e Alonso completaram o pódio seguidos de Stroll, enquanto que a McLaren pontuou pela primeira vez no ano e conseguiu ascender a 5º no campeonato por ambos os pilotos terem pontuado. Hülkenberg fez uma sólida prova para chegar em 7º (ainda que a Haas tenha chegado a protestar a decisão de reverter a ordem, porque isso poderia ter-lhe dado 3º), enquanto que Zhou e Tsunoda pontuaram pela primeira vez no ano em 9º e 10º, respetivamente.

—–

Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Hamilton \ 4. Alonso \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Alonso \ 4. Stroll \ 5. Pérez \ 6. Norris \ 7. Hülkenberg \ 8. Piastri \ 9. Zhou \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (69) \ 2. Pérez (54) \ 3. Alonso (45) \ 4. Hamilton (38) \ 5. Sainz (20) —– 1. Red Bull (123) \ 2. Aston Martin (65) \ 3. Mercedes (56) \ 4. Ferrari (26) \ 5. McLaren (12)

—–

Corrida anterior: GP Arábia Saudita 2023
Corrida seguinte: GP Azerbaijão 2023

GP Austrália anterior: 2022

—–

Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Poles seguram liderança em provas mexidas

A primeira prova australiana da F2 viu a famosa imprevisibilidade da categoria ser colocada em destaque nas duas corridas deste fim-de-semana. Pole inverso, Dennis Hauger apenas teve que se defender de um único ataque de Jak Crawford no sprint porque daí em diante apenas teve que controlar a distância para o americano. Já Kush Maini teve um caminho bem mais difícil para o pódio, tendo que lutar com unhas e dentes contra Arthur Leclerc para o conseguir.

Pingos de chuva no final da etapa complicaram a vida de quem arriscou parar para pneus de chuva, como Roman Staněk e Théo Pourchaire, mas foram vários os outros que saíram de pista. Houve ainda espaço para um SC devido a um pião do homem da casa, Jack Doohan.

Já no domingo de manhã foi a vez de outro pole rumar para a vitória: Ayumu Iwasa segurou as investidas de Pourchaire para vencer a feature e assumir a liderança do campeonato. Leclerc, por sua vez, compensou a sua perda do pódio do dia anterior com um na feature. Todos estes fizeram uso de um SC Virtual para saltar mudar de pneus (VSC criado para retirar o carro preso de Crawford, após incidente com Doohan).

Devido a acidente de Roy Nissany, o SC voltaria. O que provocou o caos de pilotos que pararam e não conseguiram evitar despistes devido a temperaturas muito baixas (com destaque para o violento embate de Enzo Fittipaldi e o despiste no recomeço de Hauger). O uso de pneus macios permitiu a Frederik Vesti passar Zane Maloney para 4º, enquanto que Juan Manuel Correa pontuou no seu ano de regresso à F2.

—–

Qualificação: 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Martins \ … \ 8. Maini \ 9. Crawford \ 10. Hauger

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Crawford \ 3. Maini \ 4. Leclerc \ 5. Maloney \ 6. Hadjar \ 7. Bearman \ 8. Vesti (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Leclerc \ 4. Vesti \ 5. Maloney \ 6. Daruvala \ 7. Verschoor \ 8. Doohan \ 9. Maini \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Iwasa (58) \ 2. Pourchaire (50) \ 3. Vesti (42) \ 4. Boschung (33) \ 5. Leclerc (33) —– 1. DAMS (91) \ 2. ART (67) \ 3. MP (62) \ 4. Campos (59) \ 5. Prema (45)

—–

Corrida anterior: Arábia Saudita 2023 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Azerbaijão 2023 \ Rondas 7-8

—–

Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Bortoleto estica-se na liderança

De manhã na Austrália, e, portanto, a horas impróprias para quase todo o mundo, a F3 começou o seu caminho na Austrália.

A primeira prova, com Sebastián Montoya em pole inversa, começou com relativa calma (apesar de uma saída de pista de Oliver Goethe). Não demorou muito até que Franco Colapinto acabasse por passar o rival, altura em que o acidente de Ido Cohen ativou o SC. Depois disso, houve direito a uma excelente ultrapassagem de Zak O’Sullivan sobre Montoya para 2º.

Esta passagem acabaria por valer-lhe a vitória após a prova porque Colapinto acabou desclassificado por questões técnicas, enquanto que na Prema dois pilotos se desentendiam em pista (Dino Beganovic e Paul Aron).

No dia seguinte, o excelente Gabriel Bortoleto foi segurando diferentes níveis de pressão da parte de Grégoire Saucy para garantir uma vitória em que teve que lidar com vários reinícios atrás de SC (a maior parte devido a desatenções atrás de SC, como com Kaylen Frederick). Gabriele Minì completou o pódio, numa dia em que o vencedor da prova ampliou a sua vantagem no campeonato.

—–

Qualificação: 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ … \ 10. Collet \ 11. Goethe \ 12. Montoya

Resultado (Sprint): 1. O’Sullivan \ 2. Montoya \ 3. Aron \ 4. Minì \ 5. Beganovic \ 6. Bortoleto \ 7. Fornaroli \ 8. Saucy \ 9. Mansell \ 10. Frederick (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ 4. Fornaroli \ 5. O’Sullivan \ 6. Aron \ 7. Martí \ 8. Browning \ 9. Barnard \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (58) \ 2. Saucy (38) \ 3. Beganovic (28) \ 4. Minì (28) \ 5. Martí (25) —– 1. Trident (100) \ 2. Prema (70) \ 3. Hitech (54) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (29)

—–

Corrida anterior: Bahrain 2023 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Mónaco 2023 \ Rondas 5-6





Red Bull na frente nos testes, mas essa é a única certeza

28 02 2023

2022 tinha prometido muito, mas a verdade é que uma temporada na qual apenas uma equipa fora do Top 3 consegue um único pódio dificilmente pode ser classificada como uma época entusiasmante. Para este ano as expectativas serão de uma aproximação das rivais aos eternos líderes, mas será essa uma expectativa razoável?

A temporada chega numa altura em que Mohammed ben Sulayem dá um passo atrás no seu envolvimento (excessivo) na categoria, e em que a FIA procura atingir um novo equilíbrio no seu relacionamento com a FOM.

Falando da FIA, esta criou várias alterações nos regulamentos desportivos, com testagem de novos pneus de chuva a partir de Imola, menos restrições de rádio, modificações a circuitos e zonas de DRS, ajustes no teto orçamental e acesso facilitado para auditorias da FIA.

Mudanças na Ferrari terão sido no timing certo?

A única coisa mais impressionante do que a maneira como a Ferrari abriu 2022 com uma sequência de ótimos resultados foi seguida de uma ainda mais impressionante hecatombe de resultados, em que vitórias desperdiçadas por motivos de estratégia deram lugar a vitórias desperdiçadas por entretanto o carro italiano já não ser o mais competitivo do pelotão.

Há mérito da Red Bull neste quesito, com uma eficiência diabólica, mas a sensação geral de oportunidade desperdiçada (e recusa em assumir erros) fez Frédéric Vasseur assumir os comandos da Scuderia. A retirada de um líder italiano pela entrada de um francês é notória e acarreta consigo a possibilidade de um começo de fresco. Mas, mesmo não sendo particularmente justo, Vasseur não conseguirá segurar o lugar se o trabalho que até Dezembro era de Mattia Binotto não der resultados concretos…

E no meio de tudo está uma Mercedes desejosa de conseguir voltar a assumir o protagonismo no campeonato.

Os testes de pré-temporada, para já, pintam um quadro bem risonho para a Red Bull. A AMuS noticia o motivo desta vantagem como a capacidade do RB19 em conseguir correr bem mais perto do chão que as rivais, o que deixa Max Verstappen numa posição bem confortável para tentar chegar a um tricampeonato (Sergio Pérez deverá manter-se como plano de contingência, com Daniel Ricciardo a observar tudo bem de perto no seu papel de piloto de testes).

Para a Mercedes vê-se uma performance bem mais consistente que a de 2022, ainda que com bem menores problemas de porpoising. Só que crê-se que o verdadeiro potencial do carro só será descoberto com atualizações em Baku nos monolugares de Lewis Hamilton e George Russell. Já a Ferrari pareceu difícil de localizar, com alguns acertos de setup a serem necessários para conseguir estabelecer a performance de um carro que parece fiável e rápido, mas uns furos abaixo do Red Bull.

Trabalho difícil para Charles Leclerc e Carlos Sainz, portanto.

Harmonia difícil na Alpine

Já é piada recorrente do paddock referir que a estrutura da Alpine corre já em vários planos de 5 anos. Apesar de se ter integrado em 2016 com promessas de competitividade em 5 anos, a Renault avisou logo que o primeiro ano não contava (o projeto era pouco mais que um fraco Lotus). Depois chegou Daniel Ricciardo e o tal plano começaria aí (2019). Ricciardo saiu, Fernando Alonso entrou e o nome mudou para a Alpine, e os franceses insistiram que queriam ser tratados como nova equipa e novo projeto de 5 anos (em 2021).

Agora, com a saída de Alonso, a conversa parece ter feito um novo reset. Contas feitas, a Alpine está no 8º ano de projeto como equipa de fábrica, mas a insistir que é uma jovem equipa promissora.

As trapalhadas com a situação contratual de Oscar Piastri, de facto, pareceram de novatos. Sabe-se lá como, Otmar Szafnauer conseguiu manter o seu posto na liderança da equipa. Nem tudo foi um desastre na verdade: o 4º lugar à frente da McLaren nunca pareceu excessivamente em perigo e Pierre Gasly é um ótimo prémio de consolação para substituir Alonso (com Esteban Ocon no outro lado da garagem). Até os abandonos de 2022 têm um ponto positivo, dado que as restrições de alterações à unidade de potência não se aplicam a motivos de fiabilidade.

2023 tem que ser o ano em que a mais fraca das equipas de fábrica consegue bem melhor do que fazer apenas um terço dos pontos da Mercedes. Os testes não conseguiram revelar quase nada. O carro esteve sempre entre os mais lentos das sessões, ainda que se acredite que terão sido das equipas que mais escondeu o jogo.

Os britânicos

Duas das maiores construtoras britânicas, mas que na F1 compram os seus motores à Mercedes, têm um problema muito semelhante: a estagnação dos seus resultados e como invertê-la.

As escalas são diferentes, claro. A McLaren terminou em 3º lugar m 2020, 4º em 2021 e 5º em 2022. O único pódio fora das 3 primeiras equipas até pertenceu aos britânicos, mas a tendência decrescente é difícil de disputar. Pelo segundo ano seguido, queixam-se de o projeto inicial ainda não estar bem ao gosto da estrutura, uma falha que já tem solução à vista para o próximo ano, quando o túnel de vento novo estará finalmente em ação.

O facto de Zak Brown já ter vindo a púlico referir que o MCL60 está abaixo dos indicadores de performance desejados pela própria equipa parecem indicar que será um início de ano doloroso para Woking. Uma situação que deverá frustrar Lando Norris e aliviar Oscar Piastri (ao colocar menos pressão por cima dos seus ombros).

Já a Aston Martin começou 2022 com um ritmo absolutamente catastrófico, mas ganhou muitos pontos de consideração da parte dos rivais pela maneira como a equipa técnica de Dan Fallows soube encurtar a distância para os lugares pontuáveis em tão curto espaço de tempo. A verdade é que já foram 2 dos 5 anos da estreia dos britânicos, e dois 7º lugares em 10 equipas são o saldo da estrutura. O facto de esta queda ocorrer com Lance Stroll blindado a um dos monolugares não tem passado despercebido.

Mas a verdade é que o lado da garagem de onde se espera o melhor em pista é no de Fernando Alonso, que provocou o caos na Alpine para fazer uma derradeira e arriscada manobra de bastidores, em busca do seu 3º título mundial. A gestão emocional do piloto dará grandes dores de cabeça à equipa, mas a boa forma contínua dele será uma boa compensação.

Sem ninguém contar com isso, a Aston foi um dos grandes destaques dos testes. Isto tanto pelo facto de Felipe Drugovich ter tido que substituir Lance Stroll (lesão), como pelo facto de o AMR23 ter mostrado um ritmo muito interessante, que até leva alguns analistas a considerá-los ao nível dos Mercedes.

Quem nada tem a perder

Com uma temporada bem difícil para a pequena estrutura italiana, a AlphaTauri saiu bem feliz dos 3 dias de testes. Sem a grande referência de Gasly, caberá ao conjunto de Yuki Tsunoda e Nyck de Vries conseguirem fazer uso de um AT04 mais competitivo e que terminou o seu tempo no Bahrain como o que mais quilómetros acumulou. Isto numa altura em que a Red Bull tem estado a ponderar vender a equipa ou relocalizá-la.

Tsunoda e de Vries terão boas oportunidades para mostrar serviço em 2023, oportunidades essas que precisarão de concretizar de modo a afastarem a ameaça da intromissão da enorme quantidade de jovens Red Bull que desponta na F2.

Quem não tem quase nada a provar é a dupla da Haas. Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen já abandonaram a categoria antes e não estarão excessivamente preocupados em voltar a fazê-lo se a equipa americana lhes criar problemas. Como dupla competente que aparenta ser vista de fora, esta estará sempre dependente do nível de desenvolvimento ao longo do ano que o VF-23 será capaz de demonstrar.

A outra cliente Ferrari, a Alfa Romeo, está num momento de transição bem curioso: a Alfa em si abandonará no final do ano e não possui nenhum poder de decisão, para passar posteriormente a controlo Audi. Isto significa que Valtteri Bottas e Guanyu Zhou terão que mostrar serviço de forma bem evidente para provar ao novo chefe, Andreas Seidl, que merecem continuar ao volante quando os manda-chuvas passarem para o lado alemão.

As boas notícias são que a performance do mais recente produto de Hinwill chegou a liderar um dos dias de testes (com várias condicionantes, claro) e que pareceu disposta a permitir aos seus pilotos puxar por ele.

Isto deixa apenas a Williams, que despediu a sua chefia nos meses iniciais deste ano depois de ter voltado a terminar em última no campeonato, tendo agora de se ver que género de chefia será a de James Vowles (chegado da Mercedes), que conta com um competente Alexander Albon e uma incógnita ligeira Logan Sargeant (que terá que provar que a antiga chefia acertou em algo, com a sua escolha).

F2 – Pourchaire permanece, mas não terá vida fácil

2023 chega para a Fórmula 2 com um piloto que tem mais do que o favoritismo, tem também a obrigação de ser campeão. Théo Pourchaire foi capaz de ótimas performances em 2022 mas foi errático em diversos momentos e terminou num vice-campeonato manifestamente insuficiente para obter um assento de F1 na Alfa Romeo. A decisão de mais uma temporada de F2 poderá ser arriscada, até se se vir batido por um estreante à semelhança de Robert Shwartzmann em 2021.

Ao lado de Pourchaire está o campeão de F3 de 2022, Victor Martins, o que confere à ART possivelmente a melhor dupla da grelha deste ano.

Ainda assim, existe espaço para surpresas nas restantes estruturas. Hitech e Carlin apostam em duplas inteiramente pertencentes à Red Bull (que está representada por uns estonteantes 6 pilotos na F2), que poderão estar em grande nível (com especial destaque para um Isack Hadjar deserto de poder vingar o título de F3 perdido).

Apesar de apenas se ter estreado em 2022 apenas, a Van Amersfoort surpreendeu durante os testes deste ano com Richard Verschoor a liderar a tabela de tempos. Já a contratação, mais sentimental que racional, de Juan Manuel Correa poderá não trazer os frutos esperados. Já a permanência do bem-cotado Jack Doohan na Virtuosi percebe-se por um lado, ainda que provavelmente seja demasiado piloto para a estrutura em que está (e definitivamente muito mais do que o novo colega Amaury Cordeel conseguirá lidar…).

F3 – Testes deixam Saucy como favorito

Com a tradicional saída de mais de metade da grelha ao final do ano (quer para F2 ou para a obscuridade), a Fórmula 3 mais uma vez contou com a renovação das suas fileiras com alguns dos mais promissores jovens talentos das categorias de base. Falamos de pilotos cujas performances deverão impressionar, como Dino Beganovic da academia Ferrari, Nikola Tsolov da academia Alpine ou Sebastián Montoya da academia Red Bull.

Mas não se pense que o “perigo” não poderá vir dos pilotos que andam no seu segundo ano de categoria. Grégoire Saucy que o diga, tendo dominado os testes de pré-temporada de Fevereiro no seu ART, depois de um falso arranque na temporada de 2022. Franco Colapinto, que melhorou da estreante Van Amersfoort para a competente MP, também terá uma palavra a dizer agora que integra a academia Williams (tal como Zak O’Sullivan).

Para pilotos nas equipas do fundo da grelha, o objetivo é simples: mostrar serviço para que as Prema e Trident da vida os contratem para 2024. Neste quesito vale a pena manter a atenção em homens como Roberto Faria, Oliver Gray ou Taylor Barnard.





Lançamentos 2023 – AlphaTauri AT04

12 02 2023

Houve um pequeno deslize na apresentação do novo AlphaTauri que permitiu que as redes sociais conseguissem ver imagens do AT04 algumas horas antes do previsto, mas ainda assim a equipa italiana conseguiu fazer do lançamento do novo monolugar um evento publicitário de algum renome. Tal como a equipa-mãe (Red Bull), a AlphaTauri utilizou Nova Iorque como pano de fundo, desta vez na Fashion Week.

Isto significou que houve um foco bastante grande nas roupas da marca e não tanto no carro em si nas imagens de promoção que inicialmente foram divulgadas.

Do que de facto se viu do novo monolugar, viu-se uma insistência no desenho agressivo dos sidepods (que por sua vez também possuem entradas de ar mais redondas que as do ano anterior). A equipa contará com a dupla mais baixa no grid para poder gerir melhor a sua distribuição de peso, sendo que Yuki Tsunoda e Nyck de Vries contarão com alguns detalhes vermelhos nos seus uniformes para promover a entrada da Orlen como patrocinadora.

—–

Fonte:
AlphaTauri \ Lançamento





Mercedes de regresso às vitórias, primeira para Russell – GP São Paulo 2022

14 11 2022

Continuando a fazer uso do nome do Estado brasileiro em que localiza em vez do país, por motivos relacionados com a origem dos fundos que financiam a realização da prova, o GP de São Paulo regressou ao seu lugar usual da penúltima prova do calendário em 2022 (e mais uma vez, para horror da logística das equipas, em sequência com o Abu Dhabi).

Fazendo uso de um circuito de Interlagos que parece mais seguro no calendário do que alguma vez foi, o GP contará com o último sprint do ano, o que servirá como a melhor comparação da efetividade dos sprint (uma vez que também já o recebera em 2021).

Tendo começado a receber corridas oficiais de F1 a partir dos anos 70, Interlagos acabaria por ter um breve período sem F1 nos anos 80, quando a pista de Jacarepaguá aproveitou o descontentamento com a ausência de obras de melhoramento de São Paulo para roubar brevemente a prova. Quando as obras finalmente foram feitas (com direito a um encurtamento de pista considerável e uma mudança de nome do Autódromo para homenagear o falecido José Carlos Pace) a categoria regressou para não voltar a sair (com exceção de 2020).

Pequenas melhorias foram realizadas daí para a frente, com destaque para as de 2014, que procuraram melhorar a segurança da entrada nas boxes. Curvas icónicas como o S do Senna, Descida do Lago, Junção e outras, tornam o circuito um dos favoritos para todo o paddock.

Enquanto a Aston Martin anunciava Stoffel Vandoorne como piloto de testes ao lado de Felipe Drugovich, a Mercedes precisou de remover os logos da empresa crypto FTX dos seus carros, uma vez que a empresa declarou falência. Logan Sargeant voltou a pilotar o Williams nos treinos livres.

Ronda 21 – Grande Prémio de São Paulo 2022

Com tempo incerto e o bom ambiente caraterístico de Interlagos, todas as sessões competitivas do Grande Prémio de São Paulo conseguiram ser plenas a nível de entretenimento.

Um temporal que ia e vinha trouxe uma sessão de qualificação de sexta-feira com constantes trocas entre pneus macios e intermédios, sendo que se tornava essencial saber estar nos compostos certos no momento certo. O especialista da sessão foi mesmo Kevin Magnussen, que liderou o pelotão que saiu para o Q3 e apanhou as melhores condições de pista, o que lhe valeu a obtenção da pole position (a primeira sua e da Haas).

Para além de a chuva se ter abatido em força logo de seguida, Magnussen beneficiou de um despiste de George Russell que levou a uma bandeira vermelha (o que não o impediu de segurar 3º).

Com a pista seca de sábado foi inevitável ver Magnussen a perder posições, mas o dinamarquês fez um trabalho competente o suficiente para conseguir segurar um valioso ponto para a Haas. Max Verstappen não demorou muito a assumir a liderança, mas a sua escolha de pneus médios trouxe-lhe uma grande proximidade de Russell (em macios, tal como quase todos os pilotos). Uma luta intensa durou algumas voltas e Russell saiu por cima, para triunfar pela primeira vez na F1 (mesmo que “apenas” num sprint).

Já Verstappen acabou a perder posições para Carlos Sainz (momento em que perdeu um pedaço da asa dianteira) e Lewis Hamilton. Com a penalização de 5 lugares a Sainz por troca de motor, a Mercedes iria partir com a primeira linha garantida no domingo.

Mais atrás os Alpine tiveram duas colisões, que terminaram com Fernando Alonso a ter que parar para reparações (e a dizer no rádio exatamente o que pensou do assunto) e Esteban Ocon a cair na classificação devido aos estragos na sua lateral. Na Aston Martin também houve faíscas: Lance Stroll foi para além dos limites do aceitável a defender posição e meteu Sebastian Vettel na relva. O lacónico “OK” de Vettel na rádio, seguido de uma ultrapassagem fácil e de uma penalização de 10 segundos dos comissários a Stroll (quando estes geralmente nem se costumam meter entre companheiros de equipa) foram a demonstração do ridículo que foi a manobra.

Para a corrida, o ponto fulcral era entender se os Mercedes possuíam ritmo de corrida suficiente para conseguir vencer. A resposta foi clara e surpreendente: sim. Russell partiu bem e soube gerir a distância para Pérez logo atrás durante a maior parte da prova. Isto porque o colega de equipa Hamilton se acidentou com Verstappen no primeiro recomeço após Safety Car (quando Magnussen e Ricciardo bateram), no qual o último recebeu uma penalização de 5 segundos (tendo já sido quem mais perdeu com a manobra).

Também Norris, doente, teve um incidente nesse recomeço, com Leclerc. Enquanto que o piloto da McLaren recebeu uma penalização de 5 segundos, Leclerc conseguiu voltar à pista e fazer uma prova de recuperação.

Com a degradação de pneus em alta, os pilotos tiveram que parar, na maioria dos casos, por 3 vezes diferentes. Os pneus médios pareciam pouco eficazes, enquanto que os pneus macios mostraram uma durabilidade espantosa. Isto permitiu uma variedade de estratégias entre os 4 primeiros (os dois Mercedes, Pérez e Sainz).

No final, um SC para a paragem de Norris em pista ajudou bastante Sainz, que tivera que parar a primeira vez cedo devido a uma tira do capacete presa na entrada de ar de um travão, enquanto que deixou Pérez em apuros. De pneus médios, o mexicano foi sendo passado por uma variedade de pilotos. O último foi o colega Verstappen, sendo que a Red Bull prometeu a Pérez que este o deixaria passar de volta caso Verstappen não conseguisse passar Alonso. O holandês não conseguiu e não devolveu posição. Quando questionado pela equipa Verstappen inclusivamente respondeu grosso, dizendo que já dissera a sua opinião sobre o assunto antes e perguntando se fora entendido.

Isto apanhou o paddock de surpresa, dado que Pérez passou os últimos dois anos a beneficiar as provas de Verstappen em detrimento das próprias com bastante afinco, a ponto de ter cedido a vitória em Espanha este ano, deixando até mesmo os fãs de Verstappen a considerarem a atitude muito ingrata. Também Pérez, que fez questão de agradecer sarcasticamente por rádio a “cortesia” (Christian Horner e o seu engenheiro de pista pediram desculpas) e dizer que era assim que Verstappen mostrava quem verdadeiramente era.

Com ambos os campeonatos dominados, a Red Bull já disse várias vezes que o seu foco era garantir o vice-campeonato a Pérez. Com estas decisões, Leclerc é novamente o segundo e o ambiente harmonioso da Red Bull tornou-se instantaneamente de cortar à faca, ficando no ar a ideia de que algum tipo de power play interno se estará a passar…

Não que a Ferrari esteja muito mais harmoniosa. Depois de já ter visto alguma confusão táctica na qualificação com os seus pneus, Leclerc insistiu com a equipa para Sainz lhe ceder o último lugar do pódio, mas a equipa nem pediu ao espanhol para o fazer, frustrando Leclerc.

Lá na frente, os dois Mercedes deram o máximo pela honra de ser quem quebraria o jejum de vitórias da marca e foi Russell quem aguentou os ataques para vencer pela primeira vez na F1, de forma muito competente.

Alonso foi o melhor dos pilotos fora das 3 melhores equipas, fazendo uma recuperação de 12 posições, enquanto Vettel foi algo tramado pela estratégia, mas ainda ajudou o colega Stroll a garantir o último ponto. Ocon também ajudou a Alpine a quase garantir o 4º lugar nos construtores, e Bottas fez uma notável prova de ataque para amealhar mais alguns pontos para a Alfa Romeo.

Já Tsunoda viu-se na posição de ser esquecido pelos comissários no momento dos carros com voltas de atraso receberem permissão para passar o SC, gerando uma situação perigosa sem culpa própria do japonês. O colega Gasly pareceu determinado em ver se conseguia receber mais dois pontos de suspensão (excesso de velocidade nas boxes) para ir de férias mais cedo e não ter que se preocupar com suspensões em 2023…

—–

Qualificação: 1. Magnussen \ 2. Verstappen \ 3. Russell \ 4. Norris \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Russell \ 2. Sainz \ 3. Hamilton \ 4. Verstappen \ 5. Pérez \ 6. Leclerc \ 7. Norris \ 8. Magnussen (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Russell \ 2. Hamilton \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Alonso \ 6. Verstappen \ 7. Pérez \ 8. Ocon \ 9. Bottas \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (429) \ 2. Leclerc (290) \ 3. Pérez (290) \ 4. Russell (265) \ 5. Hamilton (240) —– 1. Red Bull (719) \ 2. Ferrari (524) \ 3. Mercedes (505) \ 4. Alpine (167) \ 5. McLaren (148)

—–

Corrida anterior: GP México 2022
Corrida seguinte: GP Abu Dhabi 2022

GP São Paulo anterior: 2021

—–

Fontes:
Autosport PT \ Vandoorne a piloto de testes na Aston Martin
ESPN \ Mercedes termina relação com FTX
Racing Circuits \ Interlagos





Brilharetes de Alonso e Vettel – GP EUA 2022

23 10 2022

Sem uma única corrida no período entre 2008 e 2011, os EUA vêem-se na singular situação, uma década volvida, estarem com mais do que uma prova em território nacional. Foi uma travessia no deserto motivada pelo desastre que foi o GP de 2005, onde famosamente apenas 6 carros alinharam em Indianápolis, que eliminou muito do interesse do público americano.

Mas depois chegou o circuito de Austin. Construída de propósito para a Fórmula 1 (uma raridade no país), o circuito faz uso de várias secções similares a algumas das melhores pistas do mundo para além de algumas adições próprias (por exemplo, a íngreme subida até à primeira curva que foi criada artificialmente). Esta construção não foi unânime dada a variedade de outras pistas disponíveis nos EUA, mas a verdade é que o circuito acabou por conquistar o apreço dos fãs ao longo dos anos em que tem estado na categoria, começando em 2012.

Esta nova situação de circuito dedicado complementada pelo interesse súbito dos EUA na série dos bastidores da F1 (Drive to Survive) disponível no Netflix, tem levado a categoria a querer apostar todas as suas fichas no mercado norte-americano. E para já tem resultado. Depois de um ano de ausência (2020) devido à pandemia, Austin regressou com a maior presença de público de sempre (400 000).

Ninguém antes da prova falava de outra coisa que não do anúncio que a FIA descobrira que a Red Bull estava em incumprimento minor dos tecto orçamental de 2021. Toto Wolff e Zak Brown foram dois dos chefes de equipa que mais pediram mão pesada com a sanção a aplicar aos austríacos, e os rumores de Austin levam a crer que poderá ser uma multa pesada e a retirada de 25% do tempo de túnel de vento de 2023. Mais conversas sobre este assunto acabaram reagendadas para a próxima semana, por respeito ao falecimento do fundador da Red Bull (Dietrich Mateschitz).

Os treinos livres trouxeram cinco pilotos jovens para o volante dos carros oficiais: Alex Palou na McLaren, Robert Shwartzman na Ferrari, Théo Pourchaire na Alfa Romeo, Antonio Giovinazzi na Haas e Logan Sargeant na Williams (que assumirá o Williams oficial em 2023 se acumular pontos de superlicença suficientes este ano).

Destaque ainda para a nomeação de Pedro de la Rosa como embaixador Aston Martin, um novo patrocinador principal para a Haas (MoneyGram), um inovador painel de patrocínios mutáveis para a McLaren e a saída de Eduardo Freitas da direção de prova deste ano (depois da entrada de uma grua em pista no GP do Japão).

Ronda 19 – Grande Prémio dos EUA 2022

Quem tivesse visto o primeiro terço da prova de Austin poderia ter a tentação de acreditar que nada de nota se passaria durante o resto do domingo, mas o ambiente animou quando Valtteri Bottas se despistou para a gravilha e trouxe a entrada de um Safety Car.

Nessa altura a situação de estratégias era mista, com alguns pilotos que ainda não haviam parado. O líder era Max Verstappen, que partira atrás do pole position Carlos Sainz mas passara à liderança quando George Russell o eliminou de corrida logo na primeira curva (com direito a 5 segundos de penalização), seguido de Charles Leclerc. Leclerc qualificou-se em 2º mas perdeu 10 lugares por troca de componentes de motor. Com o SC, o Ferrari teve uma oportunidade de ouro para se imiscuir na luta pelo pódio.

Sorte idêntica tivera também Sebastian Vettel, que beneficiou do ritmo forte do seu Aston Martin e dessa paragem para subir a 5º lugar, mesmo na frente do colega Lance Stroll. Teria sido um bom resultado conjunto para a equipa, mas no recomeço Stroll defendeu-se de maneira perigosamente tardia dos ataques do futuro colega Fernando Alonso e um acidente aparatoso ocorreu no qual abandonou.

Alonso, vá-se lá saber como, escapou a danos terminais (quando chegou a fazer um cavalinho e foi contra a barreira) e usou um novo SC para parar sem perder demasiado tempo. Vettel e Alonso lançaram-se depois em excelentes provas. O primeiro teve uma paragem nas boxes desastrosa que quase deitou a sua prova por terra, mas recuperou de 13º a 8º com ultrapassagens brilhantes que lhe valeram piloto do dia (incluindo uma na última volta sobre Kevin Magnussen). O segundo teve uma recuperação igualmente boa até ao 7º lugar final, aproximando-se da pontuação do colega Ocon.

De volta à luta pela vitória, esta ficou entre Verstappen, Leclerc e o Mercedes de Lewis Hamilton. O último foi o primeiro a arriscar uma segunda paragem nas boxes para pneus duros, forçando Verstappen a ter que responder. Só que a pistola de um dos pneus da frente deu problemas, atirando o holandês para trás dos dois rivais. Hamilton procurou fugir na frente, aproveitando uma luta de várias voltas entre Leclerc e Verstappen, mas antes do final da corrida a inevitável velocidade de ponta da Honda deixou o piloto da Red Bull com o triunfo final que, em conjunto com o 4º lugar de Sergio Pérez, entregou o título de construtores à equipa austríaca.

Lando Norris terminou como melhor dos restantes, depois de um sprint final em grande nível, Kevin Magnussen esticou o seu stint final de pneus médios para dar valiosos pontos à Haas na sua corrida caseira, e Yuki Tsunoda soube sobrepor-se a Guanyu Zhou e a Alexander Albon para garantir um ponto final para a AlphaTauri.

ATUALIZAÇÃO 29/10: A Haas protestou os comissários não terem penalizado Alonso e Pérez por conduzirem com estragos. Pérez não foi penalizado mas Alonso foi e perdeu os pontos. A Alpine argumentou que o protesto foi fora de tempo e alguns dias depois, a FIA deu razão à Alpine, resgatando os resultados originais.

—–

Qualificação: 1. Sainz \ 2. Verstappen \ 3. Hamilton \ 4. Russell \ 5. Stroll (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Leclerc \ 4. Pérez \ 5. Russell \ 6. Norris \ 7. Alonso \ 8. Vettel \ 9. Magnussen \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (391) \ 2. Leclerc (267) \ 3. Pérez (265) \ 4. Russell (218) \ 5. Sainz (202) —– 1. Red Bull (656) \ 2. Ferrari (469) \ 3. Mercedes (416) \ 4. Alpine (149) \ 5. McLaren (136)

—–

Corrida anterior: GP Japão 2022
Corrida seguinte: GP México 2022

—–

GP EUA anterior: 2021

Fontes:
Marca \ de la Rosa na Aston Martin
O Jogo \ Eduardo Freitas fora da direção de prova
Racing News 365 \ Red Bull quebra tecto orçamental
Sapo Desporto \ Sargeant na Williams em 2023 (se fizer pontos suficientes)
The Race \ MoneyGram com a Haas





A segunda de Pérez – GP Singapura 2022

2 10 2022

Numa temporada com 4 provas diferentes realizadas debaixo dos holofotes, pode parecer estranho recordar que a prática não tem muitos anos de existência e que começou com o GP de Singapura 2008. A estreia do circuito no calendário foi acompanhada de testes extensivos do sistema de iluminação, uma vez que havia um medo generalizado do que sucederia caso os pilotos fossem encadeados pelas luzes.

Claro que não foi essa a recordação que ficou para a história. Aquilo que parecia uma vitória fantástica de Fernando Alonso de 15º na grelha revelou-se uma completa farsa 12 meses depois, quando surgiu a informação de que a Renault tinha orquestrado um acidente propositado de Nelson Piquet Jr para a obter. As reverberações do escândalo Crashgate fizeram-se sentir na categoria.

Ainda assim, a prova de Marina Bay já teve tempo de se estabelcer como uma das provas padrão da F1, fisicamente extenuante com as suas quase 2 horas de calor equatorial e curvas constantes. Sebastian Vettel tem feito da pista o seu reduto pessoal, com 5 vitórias (incluíndo a mais recente em 2019, antes das interrupções pandémicas), mas vale a pena recordar que Lewis Hamilton não lhe fica muito atrás (com 4).

Alexander Albon teve complicações médicas após a sua apendicite mas felizmente já estava apto para regressar em Singapura, enquanto que Guanyu Zhou e Yuki Tsunoda renovaram com Alfa Romeo e AlphaTauri, respetivamente. Já Nicholas Latifi anunciou que terminará o seu vínculo com a Williams no final do ano e Felipe Drugovich foi confirmado como piloto de testes da Aston Martin. Entretanto, a Alpine terá feito um teste privado com Antonio Giovinazzi, Nyck de Vries e Jack Doohan.

Já a F1 confirmou a realização de 6 corridas sprint em 2023, algo que já tentara para este ano.

Ronda 17 – Grande Prémio de Singapura 2022

Com a chuva a abater-se em força sobre a pista do pequeno país asiático, as probabilidades de resultados improváveis avolumaram-se. Só que, seguindo a tendência de anos recentes, os comissários esperaram tanto tempo para começar a corrida que até já dava para começar com pneus intermédios.

Ainda assim, foi um dia de erros dos dois mais recentes campeões do mundo. Max Verstappen recebeu várias perguntas sobre a possibilidade de ser campeão em Singapura, mas viu-se em 8º na grelha (depois de ter que abortar uma ótima volta de qualificação por causa da equipa não lhe ter colocado combustível suficiente), perdeu posições na partida e calculou muito mal uma ultrapassagem no final, o que o atirou para trás. Já Lewis Hamilton tinha boas hipóteses de pódio mas também falhou uma travagem sem grande pressão e partiu a asa dianteira, para além de ter cometido um erro quando perseguia Sebastian Vettel para 7º.

Vettel e o colega Lance Stroll tinham sido dois pilotos a arriscar mal os pneus secos em qualificação, mas foram dos maiores beneficiados pelo Safety Car de Yuki Tsunoda que lhes permitiu trocar intermédios por secos e chegar ao final nos lugares pontuáveis. Situação semelhante experimentou Daniel Ricciardo que se viu catapultado para 5º apesar da evidente falta de ritmo face a Lando Norris, que esteve em tal nível que quase tratou de roubar o pódio de Carlos Sainz.

Sainz pareceu sempre incapaz de acompanhar Sergio Pérez e Charles Leclerc, enquanto aguentava a pressão de Hamilton nas voltas iniciais. Já Leclerc atacou Pérez a prova inteira, depois de ter saído de pole e perder no arranque para o mexicano da Red Bull, mas foi incapaz de colocar o seu Ferrari na liderança apesar das esperanças da Scuderia numa penalização a Pérez (por ter deixado demasiada distância para o SC). Assim, o mexicano venceu pela segunda vez este ano.

Foi um dia terrível para a Alpine, que viu ambos os seus carros abandonarem com problemas de motor, sendo passada pela McLaren na disputa do 4º lugar. Ambos os AlphaTauri também estiveram em bom nível mas mais em qualificação (ambos foram ao Q3). Já em corrida, o combativo Pierre Gasly conseguiu o ponto final, enquanto que Yuki Tsunoda destruiu a frente do carro depois de montar os pneus de piso seco.

Nicholas Latifi esqueceu-se de verificar os espelhos e terminou com a sua prova e a de Guanyu Zhou, enquanto que George Russell não só se ficou pelo Q2 como ainda andou em guerra tosca contra Mick Schumacher ao longo da prova.

—–

Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Pérez \ 3. Hamilton \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Pérez \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Norris \ 5. Ricciardo \ 6. Stroll \ 7. Verstappen \ 8. Vettel \ 9. Hamilton \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (341) \ 2. Leclerc (237) \ 3. Pérez (235) \ 4. Russell (203) \ 5. Sainz (202) —– 1. Red Bull (576) \ 2. Ferrari (439) \ 3. Mercedes (373) \ 4. McLaren (129) \ 5. Alpine (125)

—–

Corrida anterior: GP Itália 2022
Corrida seguinte: GP Japão 2022

—–

Fontes:
Aston Martin \ Drugovich confirmado
Joe Saward \ Teste Alpine
Motorsport \ Zhou confirmado na Alfa Romeo 2023
Racing Circuits \ Marina Bay
Sky Sports \ 6 Sprints em 2023
Sports Net \ Albon recupera
Zero Zero \ Tsunoda confirmado na AlphaTauri 2023





À espera da consagração – GP Holanda 2022

5 09 2022

No meio das dunas e próximo à costa do Mar do Norte encontra-se um dos poucos circuitos com Grau 1 da FIA que tem presença quase garantida no calendário de Fórmula 1, num futuro próximo. A Holanda pode até não ter uma tradição automobilística tão forte quanto a britânica, mas a presença de Max Verstappen na categoria máxima tem levado uma quantidade desproporcionada de fãs a acorrer às provas georgraficamente mais próximas.

O regresso do GP da Holanda em 2021 foi uma inevitabilidade, mas também um grande sucesso. A prova foi vencida pelo herói da casa, a caminho do título mundial, e o entusiasmo visível nas bancadas era evidente. Nada mal para uma prova que não estava no calendário desde 1985…

Zandvoort, cuja reta da meta foi construída durante a Segunda Guerra Mundial e que posteriormente recebeu um conjunto de secções sinuosas, regressou com grandes obras de requalificação. Ainda assim, foram obras que procuraram não desvirtuar as caraterísticas originais. E já não tinham sido as primeiras que o circuito teve que enfrentar para acompanhar o ciclo de modernizações necessárias (com os devidos cuidados, dadas as queixas de residentes locais por barilho excessivo).

A grande atração antes do GP era a reunião da Comissão de Reconhecimento de Contratos (CRB na sua sigla inglesa) sobre a situação de Oscar Piastri. O resultado foi uma decisão unânime a favor da McLaren, que anunciou o australiano para 2023. A Alpine aceitou a decisão, acreditando-se que estará no processo de contratar Pierre Gasly à Red Bull (dependendo de uma potencial contratação de Colton Herta pela AlphaTauri, por sua vez dependendo da FIA sobre o processo de superlicença…).

Mais simples é a situação de Mick Schumacher: está fora da Academia Ferrari, o que o deixa em maus lençóis para a renovação com a Haas.

Ronda 15 – Grande Prémio da Holanda 2022

Num estado de performances brilhantes em permanência, até a suposta facilidade que a Ferrari contaria ter em Zandvoort não parecia retirar do ar a impressão de que Max Verstappen continuaria a ser quase impossível de bater, até por estar perante o seu “exército laranja” nas bancadas holandesas. E a verdade é que foi precisamente isso que sucedeu.

Tendo feito pole position pela margem mínima na frente dos dois Ferrari, Verstappen conseguiu segurar a liderança e controlá-la até à primeira paragem nas boxes. Nesse momento a estratégia alternativa dos Mercedes parecia estar a complicar um pouco as coisas, mas uma passagem rápida por George Russell e um SC Virtual devido a Yuki Tsunoda deixaram o piloto numa ótima posição. Um período de verdadeiro Safety Car ainda o colocou em pneus mais rápidos e apenas com Lewis Hamilton para passar, o que fez com maestria no recomeço. Daí para a frente sobrou apenas a consagração.

Atrás dele chegou o Mercedes de Russell, que, apesar de ter andado uns furos abaixo do colega de equipa, beneficiou de uma decisão impulsiva do piloto para montar pneus macios no final para saltar Hamilton. Tendo passado a prova inteira na luta pelo triunfo, Hamilton ficou furioso com a equipa no momento, apesar de ter posteriormente acalmado. A verdade é que o ritmo inesperadamente veloz dos Flechas de Prata com os compostos duros da Pirelli deram grandes dores de cabeça aos rivais.

Especialmente à Ferrari. Cotada como favorita, a equipa viu Charles Leclerc incapaz de acompanhar o ritmo do rival ao título durante toda a corrida. Restou-lhe o lugar mais baixo do pódio. Já Carlos Sainz teve que engolir uma variedade de más notícias ao longo da corrida: uma paragem nas boxes sem um dos pneus prontos, ultrapassagem sobre um Alpine sob bandeiras amarelas e um unsafe release nas boxes. Entre penalizações e atrasos, o espanhol acabou apenas em 8º e levando comentadores como Nico Rosberg a queixarem-se dos níveis de equipa de F3 dos mecânicos da Scuderia…

Os dois abandonos da prova foram cortesia de Yuki Tsunoda e Valtteri Bottas. Bottas voltou a não ter sorte, sofrendo uma falha mecânica. Já Tsunoda parou em pista por alegadamente ter pneus mal montados. A equipa disse que não, o piloto parou nas boxes para repôr os cintos que entretanto tinha parcialmente retirado (o que lhe vale 10 lugares de penalização para Monza) e acabou a voltar a parar em pista (por ter descoberto que o problema era do diferencial).

McLaren e Alpine continuaram a sua guerra mais ou menos declarada, com os primeiros a apenas terem Lando Norris em jogo contra os dois pilotos da Alpine (Daniel Ricciardo teve mais um fim-de-semana longe de pontos). Fernando Alonso em particular parece estar muito motivado para a luta com a McLaren, sendo que ambos os Alpine fizeram a mesma estratégia que a Mercedes ao montar os pneus duros.

Lance Stroll, mesmo com os timings terríveis dos períodos de SC fez um fim-de-semana notável, conseguindo entrar no Q3 no sábado e mantendo-se dentro do Top 10 no domingo. Alexander Albon também brilhou ao chegar em 12º, perto dos pontos (e tendo ido também ao Q3). Mick Schumacher poderia ter tido um bom fim-de-semana (outro que entrou no Q3) mas acabou por cair demasiadas posições durante a corrida. O outro Haas terminou as suas aspirações logo na primeira volta com uma saída de pista.

De destacar ainda a “guerra” declarada pelos organizadores do Grande Prémio aos flares laranjas dos fãs, tendo colocado avisos para serem entregues à entrada. Não tendo resolvido o problema (alguém chegou a interromper o Q2 ao lançar um para a pista), viu-se uma diminuição drástico dos objetos nas bancadas.

—–

Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Hamilton \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Leclerc \ 4. Hamilton \ 5. Pérez \ 6. Alonso \ 7. Norris \ 8. Sainz \ 9. Ocon \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (310) \ 2. Leclerc (201) \ 3. Pérez (201) \ 4. Russell (188) \ 5. Sainz (175) —– 1. Red Bull (511) \ 2. Ferrari (376) \ 3. Mercedes (346) \ 4. Alpine (125) \ 5. McLaren (101)

—–

Corrida anterior: GP Bélgica 2022
Corrida seguinte: GP Itália 2022

GP Holanda anterior: 2021

—–

Fórmula 2 (Rondas 23-24) \ Drugovich volta às vitórias e o título está a um passo

No final do sábado, muitos se interrogaram sobre o porquê de uma corrida feature tão calma. A primeira das duas corridas da Fórmula 2 na Holanda terminara com um número bem próxima de zero no tocante a ultrapassagens, e pouco mexera face ao grid inverso. A grande exceção foi a ultrapassagem de Marcus Armstrong sobre Clément Novalak (que valeu a vitória ao primeiro). Ainda assim, o facto de os comentadores terem chegado a conversar sobre os pombos na pista diz muito sobre a qualidade.

Um SC no final (despiste de Tatiana Calderón) ainda abriu as portas a um mini sprint de uma volta, no qual Ayumu Iwasa passou Richard Verschoor para 6º.

Já na feature tudo foi diferente. Logan Sargeant complementou esta sua segunda metade de temporada menos conseguida com um despiste na primeira volta que provocou um SC. Nesse SC um toque entre David Beckmann e Roy Nissany (que os viu penalizados e Nissany suspenso) levou a instaurar a bandeira vermelha.

A luta pela vitória ficou entre o pole e líder do campeonato, Felipe Drugovich, contra Richard Verschoor e Jack Doohan. Interessados em livrarem-se cedo dos pneus macios, todos foram parando volta após volta. Verschoor ainda passou brevemente Doohan nas boxes, mas o Virtuosi fez uma ótima ultrapassagem por fora na terceira curva.

Um SC devido a um pneu mal posto no carro de Marino Sato viu caos no seu recomeço. O líder Liam Lawson recomeçou só na reta, e vários pilotos calcularam mal os seus recomeços. Verschoor danificou o nariz numa manobra que viu Doohan abandonar, enquanto que Novalak e Calderón também terminaram as suas corridas mais cedo. Um novo SC viu a prova terminar por tempo e não por voltas.

A confusão foi suficiente que até Amaury Cordeel fez os seus primeiros pontos do ano pela Van Amersfoort. Já Théo Pourchaire foi ao muro em qualificação, o que o comprometeu para o resto do fim-de-semana, deixando Drugovich (vencedor final) com um caminho relativamente fácil para ser campeão daqui a uma semana.

—–

Qualificação: 1. Drugovich \ 2. Doohan \ 3. Sargeant \ … \ 8. Vips \ 9. Armstrong \ 10. Novalak

Resultado (Sprint): 1. Armstrong \ 2. Novalak \ 3. Hauger \ 4. Lawson \ 5. Vips \ 6. Iwasa \ 7. Verschoor \ 8. Sargeant (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Drugovich \ 2. Verschoor \ 3. Iwasa \ 4. Hauger \ 5. Fittipaldi \ 6. Cordeel \ 7. Vips \ 8. Caldwell \ 9. Pourchaire \ 10. Daruvala (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (233) \ 2. Pourchaire (164) \ 3. Sargeant (130) \ 4. Doohan (121) \ 5. Lawson (119) —– 1. MP (269) \ 2. ART (255) \ 3. Carlin (249) \ 4. Hitech (190) \ 5. Prema (180)

—–

Corrida anterior: Bélgica 2022 \ Rondas 21-22
Corrida seguinte: Itália 2022 \ Rondas 25-26

—–

Fórmula 3 (Rondas 15-16) \ Martins recupera a dianteira, Maloney ganha gosto às vitórias

Com o campeonato de F3 a aproximar-se da sua reta final, Victor Martins conseguiu a proeza de recuperar a liderança do campeonato com um par de corridas muito bem conseguidas. No sprint não se deixou levar a loucuras para passar Isack Hadjar (num fim-de-semana mais apagado) e no feature foi agressivo na partida para passar o pole Zane Maloney. Apesar de ter terminado a última corrida em 2º, conseguiu colocar-se 5 pontos na frente de Hadjar para o final de época em Monza.

Maloney foi extremamente impressionante ao recompôr-se de ser ultrapassado para fazer uma ótima manobra de recuperação da liderança a meio do feature, sabendo gerir os recomeços de SC. Outro jovem a impressionar foi Sebastián Montoya que se estreou pela Campos, com dois 8º lugares bem conseguidos.

A primeira corrida viu a história feel good de Juan Manuel Correa de regresso a um pódio, onde foi acompanhado pelo vencedor Caio Collet e por Zak O’Sullivan. Tendo sido tramados por uma bandeira vermelha no final da qualificação, Arthur Leclerc e Oliver Bearman podem bem ter sido afastados do título (não conseguiram recuperar até pontos em nenhuma das provas).

Brad Benavides teve um fim-de-semana intenso, abalroado por Rafael Villagoméz no sprint e sendo quem eliminou William Alatalo no feature. Bearman andou bem agressivo nas suas ultrapassagens mas não conseguiu resultados condizentes.

Destaque ainda para Franco Colapinto, 3º no feature, e para Roman Staněk, que tem vindo a acumular Top 5 ao longo do ano em quantidade suficiente para não estar nada longe da disputa do título.

—–

Qualificação: 1. Maloney \ 2. Martins \ 3. Crawford \ … \ 10. O’Sullivan \ 11. Saucy \ 12. Correa

Resultado (Sprint): 1. Collet \ 2. Correa \ 3. O’Sullivan \ 4. Edgar \ 5. Saucy \ 6. Hadjar \ 7. Martins \ 8. Montoya \ 9. Crawford \ 10. Staněk (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Maloney \ 2. Martins \ 3. Colapinto \ 4. Staněk \ 5. Hadjar \ 6. Crawford \ 7. Collet \ 8. Montoya \ 9. Edgar \ 10. Smolyar (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Martins (126) \ 2. Hadjar (121) \ 3. Staněk (109) \ 4. Bearman (106) \ 5. Maloney (102) —– 1. Prema (297) \ 2. Trident (250) \ 3. ART (190) \ 4. MP (185) \ 5. Hitech (148)

—–

Corrida anterior: Bélgica 2022 \ Rondas 13-14
Corrida seguinte: Itália 2022 \ Rondas 17-18

—–

Fontes:
F1 \ Piastri na McLaren
Motorsport \ Academia Ferrari retira Mick Schumacher





Ferrari cai em desgraça – GP Azerbaijão 2022

13 06 2022

Palco de um dos momentos mais marcantes da temporada de 2021 da Fórmula 1, com o abandono do eventual campeão Max Verstappen por furo nas voltas finais quando liderava e pela falha de travagem do rival Lewis Hamilton, o GP do Azerbaijão tem conseguido a proeza de ter recebido a afeição dos fãs de F1 mesmo sem se tratar de um país com tradição automobilística.

Situado nas margens do Mar Cáspio, o circuito citadino de Baku levantou o sobrolho coletivo do paddock quando surgiram imagens do complexo de curvas do castelo antes da estreia, íngreme e apertado de uma maneira pouco usual para a categoria. Uma reta da meta com quase dois quilómetros até levou a muitos gracejos, mas a verdade é que nunca é excessivamente difícil ultrapassar em Baku.

Provas de imprevisibilidade em 2017, 2018 e 2021 também contribuíram para cimentar a reputação do GP como um dos mais antecipados do ano, que vale ao pequeno país da Ásia Central (Europa de Leste?) um lugar quase permanente num calendário onde a Alemanha não tem espaço. Os milhões do Governo azeri de Ilham Aliyev (no poder desde 2003) também não estarão a piorar as hipóteses de manutenção.

No mundo real de F1 ficou-se a saber que Sergio Pérez renovou contrato com a Red Bull até 2024, fechando as portas da equipa a Pierre Gasly; enquanto que no mundo fictício de F1, contaremos com um filme Apple protagonizado por Brad Pitt sobre a categoria depois deste chegar a acordo com os dirigentes da categoria (com Lewis Hamilton no papel de produtor).

Já num mundo em que apenas Mohammed ben Sulayem vive, o presidente da FIA deu uma entrevista em que estabelece um paralelo entre o facto de pilotos de outras épocas como Lauda e Prost serem “apenas focados em F1”, ao passo que pilotos como Hamilton estão “com paixão na luta sobre direitos humanos”, Norris fala sobre o “saúde mental” e que Vettel “guia uma bicicleta arco-íris”. Houve ainda um pedido para que “se decida se devemos impôr as nossas crenças pessoais por cima do desporto constantemente”.

Alguns pontos sobre estas declarções: Lauda foi um dos líderes da greve de pilotos F1 em 1982 e Prost foi um dos maiores exemplos de pilotos que se manobravam na política da FIA na história da F1; Hamilton tem promovido programas de diversidade importantes no automobilismo, Norris tem mostrado coragem em não fugir aos seus problemas com a depressão e Vettel tem-se assumido como um excelente porta-voz para a F1 (com participações no Question Time britânico e aparecendo na capa da revista LGBTQ+ Attitude); Ben Sulayem, desde que assumiu o seu mandato, garantiu condições de segurança a um GP em Jeddah com bombas próximas ao circuito e tem estado em pé de guerra com os pilotos por causa das regras sobre acessórios e piercings.

Ronda 8 – Grande Prémio do Azerbaijão 2022

Há poucas formas mais abonatórias de classificar o fim-de-semana da Ferrari no Azerbaijão de outra forma que não de desastre completo. 6 dos 4 carros fornecidos de motores dos italianos viram-se a abandonar com problemas mecânicos, incluíndo os dois da equipa principal (um dos quais liderava a corrida). Não há nenhum spin ou explicação que justifique uma catástrofe desta dimensão para a equipa.

Quem beneficiou, como de costume, foi a Red Bull, que conquistou a terceira dobradinha da temporada e a sua quinta vitória consecutiva no campeonato. Tendo falhado a pole position, a equipa sabia ter melhor ritmo de corrida (e velocidade de ponta na reta de 2 km…) e fez uso pleno dele. Sergio Pérez saltou de 2º (voltando a qualificar-se na frente do colega de equipa) para a liderança e acabou por receber uma ordem de equipa para não se defender de Max Verstappen. Daí para a frente Verstappen foi sempre a abrir a margem para o colega, num resultado bastante tranquilo para a equipa austríaca.

Os Mercedes marcaram posição como melhores dos restantes, ainda que com permanentes queixas sobre o porpoising observado. No circuito citadino, foi particularmente notório. George Russell passou mais um GP quase sempre na frente do experiente colega de equipa. Já Lewis Hamilton até recuperou bem ao longo da prova até 4º, ainda que tenha saído do carro agarrado às costas (depois de se ter queixado ao longo da corrida).

Aqui tem-se jogado um jogo de bastidores interessantes. Toto Wolff e outros chefes de equipas que têm sofrido com o porpoising queixaram-se de que a FIA devia arranjar uma solução, mas não têm tido acolhimento de equipas sem o problema (como a Red Bull, que diz que no lugar deles também estaria a mandar os pilotos lamuriarem-se o mais possível). Alguns elementos anónimos inclusive deram a entender não estarem abertos a uma solução FIA, dizendo que a Mercedes e outras queixosas deveriam simplesmente subir a altura dos carros (que soluciona mas reduz drasticamente performance)…

Os AlphaTauri correram bem em Baku, com Pierre Gasly a brilhar em 5º e Yuki Tsunoda a andar bem até a asa traseira se partir. Sebastian Vettel arrastou o seu Aston Martin até às estonteantes alturas de 6º, com Lance Stroll a ter um fim-de-semana para esquecer, e a Alpine acumulou com pontos (numa prova em que teve consistentemente as melhores velocidades de ponta). Já na McLaren quase houve chatice, com a equipa a ter que segurar a posição com os dois pilotos em diferentes fases da prova.

Por último vale a pena destacar pela negativa a Williams. Além da falta de ritmo, a equipa mexeu no carro de Nicholas Latifi dentro dos 5 minutos antes da partida, o que lhe valeu um stop & go. Depois foi o piloto que não respeitou bandeiras azuis (com uma justificação atabalhoada) e apanhou 5 segundos extra de penalização. Tudo numa altura em que foram multados por não entregarem um comprovativo sobre o cumprimento do tecto orçamental no prazo estipulado…

—–

Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Pérez \ 3. Verstappen \ 4. Sainz \ 5. Russell (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Russell \ 4. Hamilton \ 5. Gasly \ 6. Vettel \ 7. Alonso \ 8. Ricciardo \ 9. Norris \ 10. Ocon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (150) \ 2. Pérez (129) \ 3. Leclerc (116) \ 4. Russell (99) \ 5. Sainz (83) —– 1. Red Bull (279) \ 2. Ferrari (199) \ 3. Mercedes (161) \ 4. McLaren (65) \ 5. Alpine (47)

—–

Corrida anterior: GP Mónaco 2022
Corrida seguinte: GP Canadá 2022

GP Azerbaijão anterior: 2021
GP Azerbaijão seguinte: 2023

—–

Fórmula 2 (Rondas 11-12) \ Vesti brilha, Vips desespera

Já com Ralph Boschung de regresso às pistas, a Fórmula 2 viu 3 jovens Red Bull colocarem-se nas 3 primeiras posições da grelha em qualificação. Com o sprint a utilizar essas posições invertidas, coube a Jake Hughes liderar o pelotão, tal como em Mónaco. Ao contrário de Mónaco, o britânico até nem ficou parado na grelha mas começou a cair que nem uma pedra na classificação.

O grande beneficiado foi Jehan Daruvala, que passou todos. Depois Frederik Vesti fez uma passagem audaz sobre Hughes e lançou-se na caça ao líder. Dennis Hauger tentou uma ultrapassagem no mesmo sítio mais tarde e deixou o rival Théo Pourchaire muito pouco impressionado: Hauger travou tarde demais, encontrou o muro e trouxe o Safety Car. E logo a seguir veio outro SC. No segundo, Vesti conseguiu apanhar Daruvala distraído e começou a fugir.

O pelotão compacto viu Richard Verschoor encontrar também o muro, com novo SC. Uma volta final de corrida ainda deu para ocorrer mas com uma carambolada mais para trás: Boschung espremeu Calan Williams, que acabou colhido por outros dois carros. No final, primeira vitória na F2 para Vesti e bons pontos amealhados pelos candidatos ao título (Felipe Drugovich e Théo Pourchaire).

No feature foi a vez de Jüri Vips brilhar a partir de pole, tendo feito a maior parte da prova em controlo absoluto do pelotão, até se acidentar na zona do castelo e abandonar da liderança (pela segunda vez este ano). Com um provável lugar aberto na AlphaTauri para 2023, deixar escapar a vitória para o outro júnior Red Bull (Dennis Hauger) não terá sido uma grande ideia.

Drugovich aproveitou para dosear muito bem quando ser e não ser agressivo ao longo da corrida, conseguindo mais um pódio e ampliando a vantagem no campeonato.

Enquanto que Roy Nissany ficou a dizer cobras e lagartos sobre Cem Bölükbaşı depois do acidente entre ambos, Frederik Vesti teve uma prova de grandes extremos: falhou a partida inicial e caiu para último mas fez uma ótima prova de recuperação para acabr num bom 7º lugar.

ATUALIZAÇÃO 13/06 – Bölükbaşı foi multado em 5000€ devido a comportamentos agressivos do pai, que foi confrontar Nissany na box da DAMS; Amaury Cordeel, envolvido em incidentes de Baku, chegou aos 12 pontos de suspensão na licença e não participará no fim-de-semana de Silverstone por suspensão.

—–

Qualificação: 1. Vips \ 2. Lawson \ 3. Hauger \ … \ 8. Daruvala \ 9. Vesti \ 10. Hughes

Resultado (Sprint): 1. Vesti \ 2. Daruvala \ 3. Lawson \ 4. Armstrong \ 5. Drugovich \ 6. Sargeant \ 7. Pourchaire \ 8. Iwasa (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Hauger \ 2. Sargeant \ 3. Drugovich \ 4. Daruvala \ 5. Verschoor \ 6. Fittipaldi \ 7. Vesti \ 8. Sato \ 9. Boschung \ 10. Hughes (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (132) \ 2. Pourchaire (83) \ 3. Daruvala (73) \ 4. Sargeant (59) \ 5. Hauger (55) —– 1. MP (154) \ 2. Prema (128) \ 3. ART (124) \ 4. Hitech (106) \ 5. Carlin (103)

—–

Corrida anterior: Mónaco 2022 \ Rondas 9-10
Corrida seguinte: Reino Unido 2020 \ Rondas 13-14

—–

Fontes:
Attitude \ Sebastian Vettel
F1 \ Multa Williams
Give Me Sport \ Declarações ben Sulayem
Público \ Renovação Pérez – Red Bull
Top Gear \ Brad Pitt e o filme F1