Trio Jaguar limpa pódio – ePrix São Paulo 2023

26 03 2023

Continuando esta sequência de vários países estreantes no calendário, o Brasil recebeu pela primeira vez uma ronda da Fórmula E, num processo que vinha sendo adiado ao longo dos últimos anos. O local escolhido, depois de se ter ponderado um projeto de um circuito mais permanente, foi nas ruas de São Paulo. Especificamente, no mesmo local que já recebera entre 2010 e 2013 a IndyCar.

Não existe muito em comum entre os dois projetos, para além de ambos usarem secções do Sambódromo (que confere a possibilidade de ter à partida 30 mil lugares sentados) e da Reta de Marte (na direção oposta). Isto não é necessariamente mau, uma vez que problemas de aderência caracterizaram a passagem da IndyCar por terras brasileiras, apesar das várias tentativas de o atenuar com pequenas modificações.

A nova pista da categoria elétrica terá (para os padrões da FE) longas retas que permitirão deixar as novas unidades motrizes atingirem as suas velocidades máximas, e ainda diversas chicanes para criar pontos de ultrapassagem e de regeneração de energia.

Esta foi a primeira de 5 provas contratadas, com a possibilidade de uma extensão de 5 anos adicionais se tudo correr pelo melhor.

Ronda 6 – ePrix de São Paulo 2023

As longas retas da meta de São Paulo até proporcionaram momentos de ultrapassagem ao longo da corrida, mas também significaram ter de ver algo que poucos terão apreciado: um jogo constante de não querer liderar até aos momentos finais.

Aniversariante e pole position de São Paulo, o campeão em título, Stoffel Vandoorne, acabou por ser o grande sacrificado, com muito maior consumo de energia que os rivais (apesar de várias tentativas de se deixar ficar para trás na reta da meta, em que os rivais também desaceleraram). Isto ajuda a explicar a perda de 5 posições do piloto da DS Penske, até atrás do colega de equipa (Jean-Éric Vergne) que tinha começado em 7º.

O 2º classificado da qualificação não teve muito melhor sorte. António Félix da Costa estava com um excelente ritmo ao longo de todo o dia, mas acabou por não conseguir maximizar um dia de azar para os rivais do campeonato devido a um erro próprio nas voltas finais que o fez perder tempo valioso para um eventual ataque aos líderes. Ainda assim, conseguiu uma pequena aproximação ao topo do campeonato (o colega da Porsche, Pascal Wehrlein).

Nenhum destes maus dias se compara aos da Maserati e Nissan. Os primeiros tinham conseguido colocar ambos os carros no Top 10 da qualificação, mas viram Edoardo Mortara envolver-se no caos do início de prova (com direito a Safety Car) e viram Maximilian Günther ser o seu “eu” mais errático a caminho de 0 pontos no Brasil. Já Nissan viu a sua dupla abandonar logo nas voltas iniciais.

A quem o dia correu muitíssimo bem foi a quem tinha unidades motrizes da Jaguar nos seus monolugares. Não só os dois carros Jaguar se colocaram no Top 5, como também Mitch Evans e Sam Bird souberam gerir da melhor forma os seus ritmos ao longo da prova. O primeiro triunfou ao segurar um ataque feroz de Nick Cassidy (da Envision, também com motores Jaguar), o segundo passou as derradeiras voltas a atacar Cassidy, garantindo o 3º posto.

Destaque ainda para o ponto somado por Sébastien Buemi, a continuação do trabalho competente da McLaren no seu primeiro ano na categoria, e para o regresso ao ativo dos monolugares operados pela Mahindra, depois do susto da não-participação na Cidade do Cabo.

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Qualificação: 1. Vandoorne \ 2. Félix da Costa \ 3. Evans \ 4. Mortara \ 5. Bird (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Evans \ 2. Cassidy \ 3. Bird \ 4. Félix da Costa \ 5. Vergne \ 6. Vandoorne \ 7. Wehrlein \ 8. Hughes \ 9. Rast \ 10. Buemi (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (86) \ 2. Dennis (62) \ 3. Cassidy (61) \ 4. Vergne (60) \ 5. Félix da Costa (58) —– 1. Porsche (144) \ 2. Envision (103) \ 3. Jaguar (83) \ 4. DS Penske (82) \ 5. Andretti (80)

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Corrida anterior: ePrix Cidade do Cabo 2023
Corrida seguinte: ePrix Berlim 2023

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Fontes:
Racing Circuits \ São Paulo





Pérez segura Verstappen em busca da liderança do campeonato – GP Arábia Saudita 2023

20 03 2023

Tem sido notória a subida de tom das propostas que os fundos estatais da Arábia Saudita têm feito para a aquisição de uma variedade de categorias desportivas de renome, e a Fórmula 1 está longe de ser uma exceção. Com a desculpa de necessitar desesperadamente de financiamento durante a período mais agudo da pandemia, a FOM abriu as portas para avultados investimentos vindos do Médio Oriente para balancear as contas.

Os resultados foram o investimento da Aramco como patrocinador oficial da F1 (e posteriormente da Aston Martin), a estreia do GP da Arábia Saudita em 2021 em Jeddah e a construção de um complexo em Qiddiyah (que os organizadores já deram a entender gostar que fosse uma segunda prova em território saudita…).

A atual pista de Jeddah faz questão de publicitar o título de mais rápido circuito citadino do mundo, com 27 curvas na sua maioria de alta velocidade e com muros bem próximos. Tal como em 2022 o circuito vai mais uma vez proceder a alterações para evitar os perigos que têm sido enfrentados pelos pilotos. Não que todos os perigos venham só do traçado.

O ataque terrorista de uma estrutura industrial a poucos quilómetros do paddock na última visita foi motivo de reunião dos pilotos durante 4 horas, tendo-se chegado a ponderar se existiria possibilidade de greve no ar (e também de que a saída ordeira dos membros das equipas do país poderia estar em causa caso houvesse greve).

É o preço a pagar pela categoria pelos seus negócios sauditas.

Ronda 2 – Grande Prémio da Arábia Saudita 2023

Com os treinos livres a indicarem uma distância entre Red Bull e o resto do grid semelhante à de duas semanas antes, nada se poderia atravessar no caminho de Max Verstappen que não a própria equipa. E assim foi. Uma falha de driveshaft em pleno Q2 deixou o holandês a começar a prova de domingo da 15ª posição, deixando a luta pela vitória imprevisível.

Coube a Sergio Pérez defender a honra da Red Bull contra uns implacáveis Charles Leclerc e Fernando Alonso, apesar de Leclerc já contar com a desvantagem de 10 lugares de penalização por troca de componentes de motor. Já Alonso apostava tudo num melhor ritmo de corrida que de qualificação.

Mais atrás a Alpine colocou ambos os carros no Q3, enquanto que a McLaren se via com sortes distintas (Lando Norris caiu no Q1 e Oscar Piastri conseguiu chegar ao Q3).

No início da corrida a equipa britânica viu-se mais uma vez atirada para o fundo da tabela: Norris por já lá estar, Piastri por perder parte da asa dianteira num contacto com Esteban Ocon. Continua a ser uma incógnita qual o verdadeiro ritmo do MCL60, ainda que Norris deva ter tomado devida nota do excelente ritmo de Piastri comparado com o seu.

Mais à frente, Pérez sucumbiu na partida perante Alonso mas não demorou muito a passar e fugir do espanhol. Daí em diante foi tudo relativamente simples até ao Safety Car (por avaria de Lance Stroll), quando o timing do SC beneficiou (e de que maneira) a recuperação de um veloz Verstappen. Quando finalmente o campeão em título tinha chegado ao 2º posto já Pérez levava 5 segundos de avanço, que o mexicano conseguiu manter estáveis até ao final.

Logo atrás foi uma prova levemente atribulada para Alonso, que recebeu uma penalização por estar fora (lateralmente) do lugar de partida e, ao servi-la na primeira paragem nas boxes, viu um mecânico tocar no carro antes de tempo e recebeu uma penalização extra de 10 segundos. Felizmente, um apelo da Aston devolveu-lhe aquele que foi o 100º pódio da sua carreira. Logo atrás, chegaram os dois Mercedes.

Foi mais um dia mau para a Ferrari, que foi caindo na classificação por um misto de falta de ritmo e de erros de comunicação (foi constrangedor ver o engenheiro de pista de Leclerc não o avisar da necessidade de cobrir a saída das boxes de Hamilton durante o SC). Já a Alpine continuou a acumular pontos, enquanto que Kevin Magnussen completou uma perseguição de uma prova inteira a Yuki Tsunoda com uma ultrapassagem nas voltas finais que deu à Haas o primeiro ponto do ano.

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Qualificação: 1. Pérez \ 2. Alonso \ 3. Russell \ 4. Sainz \ 5. Stroll (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Pérez \ 2. Verstappen \ 3. Alonso \ 4. Russell \ 5. Hamilton \ 6. Sainz \ 7. Leclerc \ 8. Ocon \ 9. Gasly \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (44) \ 2. Pérez (43) \ 3. Alonso (30) \ 4. Russell (20) \ 5. Hamilton (20) —– 1. Red Bull (87) \ 2. Aston Martin (38) \ 3. Mercedes (38) \ 4. Ferrari (26) \ 5. Alpine (8)

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Corrida anterior: GP Bahrain 2023
Corrida seguinte: GP Austrália 2023

GP Arábia Saudita anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 3-4) \ Vesti e Iwasa lançam as suas candidaturas ao título

A primeira das duas provas de Jeddah até viu Jak Crawford começar na liderança, mas o americano acabaria por não durar muito na frente da corrida. O grande beneficiado foi Ayumu Iwasa, que fez várias ótimas ultrapassagens sobre os adversários e defendeu-se com unhas e dentes dos avanços dos rivais. Logo atrás chegou alguém ainda mais impressionante: Victor Martins, que não só fez pole position como ainda fez uma grande recuperação no sprint até ao 2º lugar final. Jehan Daruvala completou o pódio.

Ralph Boschung terminou logo na frente do colega de equipa na Campos e, com um abandono tonto de Théo Pourchaire (que arriscou demasiado com Oliver Bearman), assumiu a liderança provisória do campeonato.

O azar não abandonou Bearman por completo no domingo de feature. O inglês partiu muito bem e ultrapassou o pole Victor Martins, tendo passado a maior parte da corrida num duelo de faca nos dentes com o francês. Enquanto ambos se entretinham, o Prema de Frederik Vesti, vindo de 7º na partida, aproximava-se da disputa pela vitória. Com os dois primeiros a fazerem piões em pista sozinhos, Vesti acabou com passadeira vermelha estendida para triunfar.

O dinamarquês da Mercedes foi seguido no pódio por Jack Doohan e (novamente) Daruvala, o que o catapultou de imediato para a luta pelo título, encabeçada por Boschung e Pourchaire, seguidos também de muito perto por Iwasa.

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Qualificação: 1. Martins \ 2. Bearman \ 3. Pourchaire \ … \ 8. Maini \ 9. Boschung \ 10. Crawford

Resultado (Sprint): 1. Iwasa \ 2. Martins \ 3. Daruvala \ 4. Boschung \ 5. Maini \ 6. Vesti \ 7. Doohan \ 8. Hauger (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Vesti \ 2. Doohan \ 3. Daruvala \ 4. Iwasa \ 5. Hauger \ 6. Verschoor \ 7. Fittipaldi \ 8. Leclerc \ 9. Hadjar \ 10. Bearman (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Boschung (33) \ 2. Pourchaire (32) \ 3. Iwasa (31) \ 4. Vesti (28) \ 5. Daruvala (24) —– 1. Campos (51) \ 2. ART (49) \ 3. DAMS (44) \ 4. MP (43) \ 5. Prema (29)

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Corrida anterior: Bahrain 2023 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Austrália 2023 \ Rondas 5-6





Muito tempo de espera

11 03 2023

É notório o abatimento de Lando Norris a cada entrevista de pré-temporada que o britânico tem que fazer. Não é caso para menos. A McLaren acumulou o menor número de quilómetros da pré-temporada e apresentou-se no Bahrain com uma fiabilidade terrível, aliada a uma certa falta de velocidade.

Postas de lado as más notícias, vêm as boas: a equipa há alguns meses atrás já identificara que estava a prosseguir um caminho de desenvolvimento errado e corrigiu. Só que esta inversão demora muito tempo, razão pela qual será necessário esperar por Baku no final de Abril para ver a versão B do MCL60 e se esta produzirá os efeitos desejados.

A probabilidade de a paciência de Norris se esgotar se este pacote não tiver um efeito drástico nos resultados da McLaren. Ou talvez não, uma vez que o destino que até aqui tinha sido apontado como o mais provável em caso de saída, a Mercedes, está num imbróglio próprio.

Sem ter encurtado a distância para a Red Bull e Ferrari, e com a cliente Aston Martin a ter mesmo ultrapassado o seu ritmo, a Mercedes viu a sua obstinada insistência no seu conceito de carro provar ter severas limitações mais uma vez. A frustração dos pilotos foi óbvia após o GP do Bahrain (Lewis Hamilton voltou a questionar a insistência e George Russell já disse publicamente que espera ver a Red Bull vencer todas as provas deste ano) e a cúpula pareceu ter compreendido que uma séria reavaliação terá que ocorrer.

Se esta se confirmar, a equipa alemã poderá essencialmente dar 2023 como perdido, uma vez que teria que iniciar um processo a McLaren já começou há vários meses.

Qualquer que seja a maneira que se olhe para a questão, resta ainda muito tempo de espera para a McLaren e a Mercedes neste temporada.





Pódio de Alonso em início morno de campeonato – GP Bahrain 2023

6 03 2023

dário em 2011 devido a um ambiente quase revolucionário que correu o país durante a Primavera Árabe, tempo suficiente para que, ao contrário de futuras provas árabes, o Grande Prémio se tornasse um moderno clássico (ao invés de um exemplo de sportswashing como a vizinha Arábia Saudita).

O circuito foi palco de uma brilhante luta pela vitória entre Charles Leclerc e Max Verstappen em 2022, do progresso de Sergio Pérez de último a 1º em 2020, do acidente aterrorizante de Romain Grosjean no mesmo ano e do duelo Fernando Alonso / Michael Schumacher em 2006. Em suma, uma enormidade de momentos históricos já associados ao pequeno emirado.

Com poucas curvas lentas e algumas secções de média-alta velocidade bem ao gosto dos pilotos, o circuito de Sakhir tem sido a abertura de todos os anos pós-pandemia e desde 2014 que mudou o seu horário para o noturno (de modo fazer uso de fogo de artifício nas celebrações e também para melhorar um pouco o horário face aos europeus).

Ronda 1 – Grande Prémio do Bahrain 2023

Com medos generalizados do paddock sobre os níveis de domínio a que se poderia assistir neste fim-de-semana, acabou por se ter um meio-termo: longe de ser tão terrível quanto se poderia esperar, o domínio da Red Bull ainda assim viu-se mais expressado por faltar um rival claro para o combater.

Max Verstappen andou no seu melhor nível e soube colocar-se na frente de Sergio Pérez com uma naturalidade cada vez maior, e quando a Ferrari e a Mercedes permanecem incapazes de oferecer resistência o seu caminho fica ainda mais facilitado. E foi aí que entrou a Aston Martin na equação.

A Aston chegou a Sakhir com um Fernando Alonso bem motivado e um Lance Stroll ainda a recuperar de uma mão partida. Os resultados oscilaram entre o que se esperava e o que se temia: Stroll retirava várias vezes as mãos do volante durante os treinos (devido às dores) e quase eliminou o colega na primeira volta, enquanto que Alonso fazia magia com o AMR23. Alonso fez brilharetes constantes e soube fazer uma excelente ultrapassagem a Lewis Hamilton para garantir o pódio, enquanto que o Aston foi bom o suficiente que até Stroll terminou à frente de um dos Mercedes.

Mercedes e Ferrari andaram bem abaixo do esperado. Os primeiros continuam claramente uns furos abaixo da Red Bull e Ferrari, com um carro que até se viu batido pela equipa cliente, ao passo que os segundos não conseguiram ameaçar nem um pouco a Red Bull, e ainda para mais continuam sem fiabilidade para evitar ver um Charles Leclerc de ar sombrio na beira da estrada.

Melhor dos restantes foi um papel que coube a Valtteri Bottas, seguido de um Pierre Gasly que se qualificou mal mas soube fazer uso do seu Alpine para subir (ao contrário do outro lado da garagem, com Esteban Ocon a perder o fio à meada com sucessivas penalizações por cumprir mal as penalizações…) e um Alexander Albon que soube segurar os concorrentes em 10º.

Desastre completo foi a McLaren, que abandonou com problemas mecânicos Oscar Piastri e que viu Lando Norris sofrer a bom sofrer com o MCL60.

Destaque ainda para o excelente ritmo de qualificação da Haas que degenerou em corrida e para um competente Logan Sargeant, que igualou o tempo de Norris em qualificação e em corrida andou a rondar os pontos.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Alonso \ 4. Sainz \ 5. Hamilton \ 6. Stroll \ 7. Russell \ 8. Bottas \ 9. Gasly \ 10. Albon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (25) \ 2. Pérez (18) \ 3. Alonso (15) \ 4. Sainz (12) \ 5. Hamilton (10) —– 1. Red Bull (43) \ 2. Aston Martin (23) \ 3. Mercedes (16) \ 4. Ferrari (12) \ 5. Alfa Romeo (4)

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Corrida anterior: GP Abu Dhabi 2022
Corrida seguinte: GP Arábia Saudita 2023

GP Bahrain anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 1-2) \ Domínio Pourchaire, com os Campos por perto

Já se esperava ver Théo Pourchaire em grande nível no início do ano, mas dificilmente alguém estaria à espera de ver o francês com os níveis de domínio que exibiu. O francês fez pole por uns expressivos 7 décimos em qualificação, recuperou posição atrás de posição até ao 5º lugar no sprint, e controlou à vontade toda a feature.

As sobras para os rivais resumiram-se a um Ralph Boschung em bom nível (vencendo o sprint e acabando a prova principal em 2º), um bom resultado para Victor Martins em sprint e uma excelente estreia de F2 para Zane Maloney no feature. Para ajudar Boschung a completar um bom resultado Campos, Kush Maini fez uma boa estreia na categoria (ainda que pedir para não ser atacado por Boschung à equipa tenha sido um pedido tolo de se fazer).

Arthur Leclerc poderia ter feito muito mais no seu final de semana, mas fez três saídas de pista diferentes no feature, que lhe valeram um pódio perdido. Longe de um desastre total, que coube a Richard Verschoor, eliminado por Frederik Vesti (num incidente em que Roman Staněk acabou fora também).

O resultado foi uma liderança esperada de Pourchaire, mas ainda com um pelotão não muito definido atrás de si.

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Qualificação: 1. Pourchaire \ 2. Martins \ 3. Verschoor \ … \ 8. Leclerc \ 9. Staněk \ 10. Boschung

Resultado (Sprint): 1. Boschung \ 2. Hauger \ 3. Martins \ 4. Iwasa \ 5. Pourchaire \ 6. Daruvala \ 7. Maini \ 8. Fittipaldi (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Pourchaire \ 2. Boschung \ 3. Maloney \ 4. Maini \ 5. Verschoor \ 6. Leclerc \ 7. Hadjar \ 8. Iwasa \ 9. Fittipaldi \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (32) \ 2. Boschung (28) \ 3. Maloney (15) \ 4. Maini (14) \ 5. Verschoor (11) —– 1. Campos (42) \ 2. ART (38) \ 3. Rodin Carlin (18) \ 4. DAMS (17) \ 5. Van Amersfoort (12)

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Corrida anterior: Abu Dhabi 2022 \ Rondas 27-28
Corrida seguinte: Arábia Saudita 2020 \ Rondas 3-4

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Fórmula 3 (Rondas 1-2) \ Minì sofre rude derrota

A primeira prova de Fórmula 3 de 2023 iniciou-se com dois estreantes a qualificarem-se nas duas primeiras posições. Gabriele Minì e Gabriel Bortoleto arrecadaram a primeira linha, seguidos do líder dos testes de pré-temporada (Grégoire Saucy).

Já para o sprint a pole inversa coube a Franco Colapinto, ladeado por Pepe Martí. Com ambos a lutarem ao longo da prova inteira pelo triunfo, acabou por ser Martí fez uma ótima ultrapassagem a Colapinto no final da corrida, segurando depois a pressão do argentino.

Mais atrás houve direito a dois Safety Car, primeiro para o pião de Luke Browning (na confusão da partida) e para o incidente entre Bortoleto e Rafael Villagómez, e ainda outro para a confusão do outro recomeço. Na disputa do 4º lugar, os Prema de Dino Beganovic e Paul Aron tiveram que suar para conseguir segurar os ataques de Oliver Goethe da Trident.

No dia da feature a sorte não sorriu ao homem da pole, com uma penalização de 5 segundos que tramou por completo Minì devido a um SC nas voltas finais, que o atirou para fora de uma liderança pela qual tivera que lutar com unhas e dentes. Isto entregou a vitória final a Bortoleto. Oliver Goethe chegou em segundo e Dino Beganovic completou o pódio.

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Qualificação: 1. Minì \ 2. Bortoleto \ 3. Saucy \ … \ 10. Collet \ 11. Martí \ 12. Colapinto

Resultado (Sprint): 1. Martí \ 2. Colapinto \ 3. Collet \ 4. Beganovic \ 5. Aron \ 6. Goethe \ 7. Saucy \ 8. Fornaroli \ 9. Edgar \ 10. Montoya (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bortoleto \ 2. Goethe \ 3. Beganovic \ 4. Saucy \ 5. Browning \ 6. Martí \ 7. Frederick \ 8.Minì \ 9. Montoya \ 10. Colapinto (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (26) \ 2. Goethe (23) \ 3. Beganovic (22) \ 4. Martí (19) \ 5. Saucy (16) —– 1. Trident (52) \ 2. Prema (28) \ 3. ART (22) \ 4. Campos (19) \ 5. Hitech (19)

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Corrida anterior: Itália 2022 \ Rondas 17-18
Corrida seguinte: Austrália 2023 \ Rondas 3-4





Red Bull na frente nos testes, mas essa é a única certeza

28 02 2023

2022 tinha prometido muito, mas a verdade é que uma temporada na qual apenas uma equipa fora do Top 3 consegue um único pódio dificilmente pode ser classificada como uma época entusiasmante. Para este ano as expectativas serão de uma aproximação das rivais aos eternos líderes, mas será essa uma expectativa razoável?

A temporada chega numa altura em que Mohammed ben Sulayem dá um passo atrás no seu envolvimento (excessivo) na categoria, e em que a FIA procura atingir um novo equilíbrio no seu relacionamento com a FOM.

Falando da FIA, esta criou várias alterações nos regulamentos desportivos, com testagem de novos pneus de chuva a partir de Imola, menos restrições de rádio, modificações a circuitos e zonas de DRS, ajustes no teto orçamental e acesso facilitado para auditorias da FIA.

Mudanças na Ferrari terão sido no timing certo?

A única coisa mais impressionante do que a maneira como a Ferrari abriu 2022 com uma sequência de ótimos resultados foi seguida de uma ainda mais impressionante hecatombe de resultados, em que vitórias desperdiçadas por motivos de estratégia deram lugar a vitórias desperdiçadas por entretanto o carro italiano já não ser o mais competitivo do pelotão.

Há mérito da Red Bull neste quesito, com uma eficiência diabólica, mas a sensação geral de oportunidade desperdiçada (e recusa em assumir erros) fez Frédéric Vasseur assumir os comandos da Scuderia. A retirada de um líder italiano pela entrada de um francês é notória e acarreta consigo a possibilidade de um começo de fresco. Mas, mesmo não sendo particularmente justo, Vasseur não conseguirá segurar o lugar se o trabalho que até Dezembro era de Mattia Binotto não der resultados concretos…

E no meio de tudo está uma Mercedes desejosa de conseguir voltar a assumir o protagonismo no campeonato.

Os testes de pré-temporada, para já, pintam um quadro bem risonho para a Red Bull. A AMuS noticia o motivo desta vantagem como a capacidade do RB19 em conseguir correr bem mais perto do chão que as rivais, o que deixa Max Verstappen numa posição bem confortável para tentar chegar a um tricampeonato (Sergio Pérez deverá manter-se como plano de contingência, com Daniel Ricciardo a observar tudo bem de perto no seu papel de piloto de testes).

Para a Mercedes vê-se uma performance bem mais consistente que a de 2022, ainda que com bem menores problemas de porpoising. Só que crê-se que o verdadeiro potencial do carro só será descoberto com atualizações em Baku nos monolugares de Lewis Hamilton e George Russell. Já a Ferrari pareceu difícil de localizar, com alguns acertos de setup a serem necessários para conseguir estabelecer a performance de um carro que parece fiável e rápido, mas uns furos abaixo do Red Bull.

Trabalho difícil para Charles Leclerc e Carlos Sainz, portanto.

Harmonia difícil na Alpine

Já é piada recorrente do paddock referir que a estrutura da Alpine corre já em vários planos de 5 anos. Apesar de se ter integrado em 2016 com promessas de competitividade em 5 anos, a Renault avisou logo que o primeiro ano não contava (o projeto era pouco mais que um fraco Lotus). Depois chegou Daniel Ricciardo e o tal plano começaria aí (2019). Ricciardo saiu, Fernando Alonso entrou e o nome mudou para a Alpine, e os franceses insistiram que queriam ser tratados como nova equipa e novo projeto de 5 anos (em 2021).

Agora, com a saída de Alonso, a conversa parece ter feito um novo reset. Contas feitas, a Alpine está no 8º ano de projeto como equipa de fábrica, mas a insistir que é uma jovem equipa promissora.

As trapalhadas com a situação contratual de Oscar Piastri, de facto, pareceram de novatos. Sabe-se lá como, Otmar Szafnauer conseguiu manter o seu posto na liderança da equipa. Nem tudo foi um desastre na verdade: o 4º lugar à frente da McLaren nunca pareceu excessivamente em perigo e Pierre Gasly é um ótimo prémio de consolação para substituir Alonso (com Esteban Ocon no outro lado da garagem). Até os abandonos de 2022 têm um ponto positivo, dado que as restrições de alterações à unidade de potência não se aplicam a motivos de fiabilidade.

2023 tem que ser o ano em que a mais fraca das equipas de fábrica consegue bem melhor do que fazer apenas um terço dos pontos da Mercedes. Os testes não conseguiram revelar quase nada. O carro esteve sempre entre os mais lentos das sessões, ainda que se acredite que terão sido das equipas que mais escondeu o jogo.

Os britânicos

Duas das maiores construtoras britânicas, mas que na F1 compram os seus motores à Mercedes, têm um problema muito semelhante: a estagnação dos seus resultados e como invertê-la.

As escalas são diferentes, claro. A McLaren terminou em 3º lugar m 2020, 4º em 2021 e 5º em 2022. O único pódio fora das 3 primeiras equipas até pertenceu aos britânicos, mas a tendência decrescente é difícil de disputar. Pelo segundo ano seguido, queixam-se de o projeto inicial ainda não estar bem ao gosto da estrutura, uma falha que já tem solução à vista para o próximo ano, quando o túnel de vento novo estará finalmente em ação.

O facto de Zak Brown já ter vindo a púlico referir que o MCL60 está abaixo dos indicadores de performance desejados pela própria equipa parecem indicar que será um início de ano doloroso para Woking. Uma situação que deverá frustrar Lando Norris e aliviar Oscar Piastri (ao colocar menos pressão por cima dos seus ombros).

Já a Aston Martin começou 2022 com um ritmo absolutamente catastrófico, mas ganhou muitos pontos de consideração da parte dos rivais pela maneira como a equipa técnica de Dan Fallows soube encurtar a distância para os lugares pontuáveis em tão curto espaço de tempo. A verdade é que já foram 2 dos 5 anos da estreia dos britânicos, e dois 7º lugares em 10 equipas são o saldo da estrutura. O facto de esta queda ocorrer com Lance Stroll blindado a um dos monolugares não tem passado despercebido.

Mas a verdade é que o lado da garagem de onde se espera o melhor em pista é no de Fernando Alonso, que provocou o caos na Alpine para fazer uma derradeira e arriscada manobra de bastidores, em busca do seu 3º título mundial. A gestão emocional do piloto dará grandes dores de cabeça à equipa, mas a boa forma contínua dele será uma boa compensação.

Sem ninguém contar com isso, a Aston foi um dos grandes destaques dos testes. Isto tanto pelo facto de Felipe Drugovich ter tido que substituir Lance Stroll (lesão), como pelo facto de o AMR23 ter mostrado um ritmo muito interessante, que até leva alguns analistas a considerá-los ao nível dos Mercedes.

Quem nada tem a perder

Com uma temporada bem difícil para a pequena estrutura italiana, a AlphaTauri saiu bem feliz dos 3 dias de testes. Sem a grande referência de Gasly, caberá ao conjunto de Yuki Tsunoda e Nyck de Vries conseguirem fazer uso de um AT04 mais competitivo e que terminou o seu tempo no Bahrain como o que mais quilómetros acumulou. Isto numa altura em que a Red Bull tem estado a ponderar vender a equipa ou relocalizá-la.

Tsunoda e de Vries terão boas oportunidades para mostrar serviço em 2023, oportunidades essas que precisarão de concretizar de modo a afastarem a ameaça da intromissão da enorme quantidade de jovens Red Bull que desponta na F2.

Quem não tem quase nada a provar é a dupla da Haas. Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen já abandonaram a categoria antes e não estarão excessivamente preocupados em voltar a fazê-lo se a equipa americana lhes criar problemas. Como dupla competente que aparenta ser vista de fora, esta estará sempre dependente do nível de desenvolvimento ao longo do ano que o VF-23 será capaz de demonstrar.

A outra cliente Ferrari, a Alfa Romeo, está num momento de transição bem curioso: a Alfa em si abandonará no final do ano e não possui nenhum poder de decisão, para passar posteriormente a controlo Audi. Isto significa que Valtteri Bottas e Guanyu Zhou terão que mostrar serviço de forma bem evidente para provar ao novo chefe, Andreas Seidl, que merecem continuar ao volante quando os manda-chuvas passarem para o lado alemão.

As boas notícias são que a performance do mais recente produto de Hinwill chegou a liderar um dos dias de testes (com várias condicionantes, claro) e que pareceu disposta a permitir aos seus pilotos puxar por ele.

Isto deixa apenas a Williams, que despediu a sua chefia nos meses iniciais deste ano depois de ter voltado a terminar em última no campeonato, tendo agora de se ver que género de chefia será a de James Vowles (chegado da Mercedes), que conta com um competente Alexander Albon e uma incógnita ligeira Logan Sargeant (que terá que provar que a antiga chefia acertou em algo, com a sua escolha).

F2 – Pourchaire permanece, mas não terá vida fácil

2023 chega para a Fórmula 2 com um piloto que tem mais do que o favoritismo, tem também a obrigação de ser campeão. Théo Pourchaire foi capaz de ótimas performances em 2022 mas foi errático em diversos momentos e terminou num vice-campeonato manifestamente insuficiente para obter um assento de F1 na Alfa Romeo. A decisão de mais uma temporada de F2 poderá ser arriscada, até se se vir batido por um estreante à semelhança de Robert Shwartzmann em 2021.

Ao lado de Pourchaire está o campeão de F3 de 2022, Victor Martins, o que confere à ART possivelmente a melhor dupla da grelha deste ano.

Ainda assim, existe espaço para surpresas nas restantes estruturas. Hitech e Carlin apostam em duplas inteiramente pertencentes à Red Bull (que está representada por uns estonteantes 6 pilotos na F2), que poderão estar em grande nível (com especial destaque para um Isack Hadjar deserto de poder vingar o título de F3 perdido).

Apesar de apenas se ter estreado em 2022 apenas, a Van Amersfoort surpreendeu durante os testes deste ano com Richard Verschoor a liderar a tabela de tempos. Já a contratação, mais sentimental que racional, de Juan Manuel Correa poderá não trazer os frutos esperados. Já a permanência do bem-cotado Jack Doohan na Virtuosi percebe-se por um lado, ainda que provavelmente seja demasiado piloto para a estrutura em que está (e definitivamente muito mais do que o novo colega Amaury Cordeel conseguirá lidar…).

F3 – Testes deixam Saucy como favorito

Com a tradicional saída de mais de metade da grelha ao final do ano (quer para F2 ou para a obscuridade), a Fórmula 3 mais uma vez contou com a renovação das suas fileiras com alguns dos mais promissores jovens talentos das categorias de base. Falamos de pilotos cujas performances deverão impressionar, como Dino Beganovic da academia Ferrari, Nikola Tsolov da academia Alpine ou Sebastián Montoya da academia Red Bull.

Mas não se pense que o “perigo” não poderá vir dos pilotos que andam no seu segundo ano de categoria. Grégoire Saucy que o diga, tendo dominado os testes de pré-temporada de Fevereiro no seu ART, depois de um falso arranque na temporada de 2022. Franco Colapinto, que melhorou da estreante Van Amersfoort para a competente MP, também terá uma palavra a dizer agora que integra a academia Williams (tal como Zak O’Sullivan).

Para pilotos nas equipas do fundo da grelha, o objetivo é simples: mostrar serviço para que as Prema e Trident da vida os contratem para 2024. Neste quesito vale a pena manter a atenção em homens como Roberto Faria, Oliver Gray ou Taylor Barnard.





No meio do caos, dá Félix da Costa – ePrix Cidade do Cabo 2023

27 02 2023

Já há algum tempo que as categorias do automobilismo têm compreendido a incongruência de se apelidarem de campeonatos mundiais sem que passem pelo continente africano. Como país com melhores índices económicos e de desenvolvimento humano em África, a África do Sul é geralmente a responsável pela organização destes eventos, só que tanto a nível de F1 como de FE tem demorado a conseguir oficializar um acordo. Acordo que a torna a sucessora de Marrocos como prova africana da categoria.

A estreia do país na Fórmula E foi feita num circuito citadino na Cidade do Cabo, que passará pelos distritos de Green Point e Waterfront a velocidades que o tornaram um dos circuitos com maior média de velocidade na temporada (e uma das melhores oportunidades para os novos monolugares “esticarem as pernas”).

Com a Montanha da Mesa a fazer de fundo para a ação, os pilotos iriam competir ao longo dos 2,74 km e 12 curvas para ver quem conseguiria triunfar num traçado com menos chicanes que o usual para os padrões da Fórmula E.

Ronda 5 – ePrix da Cidade do Cabo 2023

Quando aparece qualquer classificação de uma corrida em que apenas terminam 13 dos 22 carros inscritos, compreende-se que o caos foi garantido.

O primeiro percalço foi logo antes do início das sessões oficiais, com a Mahindra a anunciar que tinha detetado uma flexão pouco natural e muito perigosa na suspensão traseira dos 4 carros (os oficiais e os ABT), o que forçou a equipa a terminar precocemente a sua participação no fim-de-semana (e a fazer Lucas di Grassi pela primeira vez faltar a uma prova).

Juntando a isto incidentes vários ao longo da prova, que começou logo na primeira volta a provocar estragos, e percebe-se um pouco melhor como António Félix da Costa conseguiu ascender do seu 11º lugar na partida até à vitória final. Não totalmente por motivos alheios, uma vez que o português fez uso pleno da boa forma do seu Porsche para ir passando adversários um a um, culminando numa excelente ultrapassagem sobre o antigo colega de equipa da DS (Jean-Éric Vergne).

Com Pascal Wehrlein e Jake Dennis mais uma vez em sarilhos, isto significou que Félix da Costa e Vergne se aproximaram dos outros dois como os mais diretos perseguidores na corrida do título.

Nick Cassidy e Sébastien Buemi terminaram em 3º e 5º, respetivamente, para provar que as unidades da Jaguar são competitivas apesar das dificuldades da equipa oficial, e a McLaren fez o mesmo em relação à Nissan (que apesar de ter feito uma inesperada pole position com Sacha Fenestraz acabou por sair da Cidade do Cabo com apenas 4 pontos.

Melhor, ainda assim, que a Maserati, que viu Maximilian Günther desperdiçar uma oportunidade de ouro para bons pontos com uma cambada de erros pouco vistosos que o levaram a partir a direção do carro contra o muro. A equipa italiana permanece com apenas 3 pontos neste campeonato.

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Qualificação: 1. Fenestraz \ 2. Günther \ 3. Cassidy \ 4. Evans \ 5. Vergne (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Félix da Costa \ 2. Vergne \ 3. Cassidy \ 4. Rast \ 5. Buemi \ 6. Ticktum \ 7. Vandoorne \ 8. Nato \ 9. Lotterer \ 10. Hughes (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (80) \ 2. Dennis (62) \ 3. Vergne (50) \ 4. Félix da Costa (46) \ 5. Cassidy (43) —– 1. Porsche (126) \ 2. Venturi (84) \ 3. Andretti (80) \ 4. McLaren (66) \ 5. DS Penske (61)

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Corrida anterior: ePrix Hiderabade 2023
Corrida seguinte: ePrix São Paulo 2023

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Fontes:
The Race \ Mahindra retira carros





Red Bull lança alerta para as rivais – Pré-Época 2023

25 02 2023

Foi com grande expectativa que a Fórmula 1 chegou ao Bahrain em 2023 para conseguir estabelecer melhor o equilíbrio de forças na sua nova temporada. Com tempo seco e vento pouco forte, o país do Médio Oriente é sempre um dos melhores testes para a performance geral da grelha de partida da F1.

Dia 1

Se se pensava que o primeiro dia de testes iria trazer para mais perto a concorrência à Red Bull, os primeiros quilómetros da temporada de 2023 parecem ter feito muitos reavaliar essa ideia. Os austríacos foram a única equipa a correr só com um piloto todo o dia (Max Verstappen) e os que mais distância acumularam. Foram também os mais rápidos, conseguindo tempos de volta consistentemente velozes, que deixaram os rivais preocupados.

Surpreendente foi ver Fernando Alonso tão próximo na sua estreia pela Aston Martin. Se é certo que a altura em que o tempo foi estabelecido foi já com menos temperatura, a verdade é que alguns rivais viram potencial nos britânicos, a única equipa que conseguiu igualar os seus tempos de qualificação de 2022 (mesmo com uma avaria de Felipe Drugovich nos primeiros momentos, quando ele substituía o lesionado Lance Stroll).

A Ferrari estava um pequeno passo atrás, seguida do McLaren de Lando Norris (apesar de os especialistas verem algumas dificuldades em certas curvas, que podem indicar problemas). Os Alpine pareceram ter dificuldade em contornar as curvas, enquanto que os Mercedes pareceram quase não saltitar.

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Resultado: 1. Verstappen (157) \ 2. Alonso (60) \ 3. Sainz (72) \ 4. Leclerc (64) \ 5. Norris (40) \ 6. Hamilton (83) \ 7. Albon (74) \ 8. Zhou (67) \ 9. Russell (69) \ 10. Sargeant (75) [número de voltas entre parênteses]

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Dia 2

Tivesse o dia acabado uma hora mais cedo e teríamos uma repetição do domínio de Verstappen nos testes, mas da maneira que foi coube a um surpreendente Guanyu Zhou montar os pneus C5 (mais macios) e bater por 4 centésimas o anterior líder da Red Bull com os C3. À partida pouco se poderá retirar da volta de Zhou, ainda que ele tenha estado longe de ser o único a tentar uma glory run (Nico Hülkenberg e Logan Sargeant fizeram o mesmo).

Mas a grande história do dia acabou mesmo por ser a bandeira vermelha provocado pela paragem em pista do Mercedes de George Russell, que proporcionou imagens da cúpula da Mercedes em conversas preocupadas. A falha hidráulica será agora analisada até à exaustão nos bastidores da estrutura.

Alonso voltou a deixar uma boa imagem da Aston Martin, que, estando ainda longe da Red Bull, poderá estar num nível bem superior ao das rivais da luta pelos lugares pontuáveis. No outro lado da garagem, Drugovich continuará o programa destinado a Stroll, dado que as possibilidades de uma eventual substituição na primeira corrida do ano não são assim tão improváveis.

Os alarmes continuam a soar na McLaren, com Zak Brown a procurar diminuir as expectativas e a referir que a equipa falhou alguns alvos de performance internos.

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Resultado: 1. Zhou (133) \ 2. Verstappen (47) \ 3. Alonso (130) \ 4. de Vries (74) \ 5. Hülkenberg (68) \ 6. Sainz (70) \ 7. Sargeant (154) \ 8. Leclerc (68) \ 9. Piastri (74) \ 10. Gasly (59) [número de voltas entre parênteses]

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Dia 3

Se restavam dúvidas de que a Red Bull estava na mó de cima nos testes de pré-temporada, Sergio Pérez tratou de os desfazer com uma acumulação incrível de voltas e um tempo confortavelmente na frente do da rival Mercedes, representada por Lewis Hamilton.

Leclerc e Sainz continuaram no Top 5, bem juntos, tal como em essencialmente todos os dias. Alonso voltou a fazer tempos bem interessantes com os pneus C3, enquanto que a Alfa Romeo ascendeu bem alto nos tempos finais, mas cortesia de voltas em C5 de Valtteri Bottas.

A AlphaTauri acabou as sessões de testes na frente nos quilómetros acumulados e no meio da tabela de tempos, o que só por si parece indicar que o AT04 é mais bem-nascido que o seu antecessor. A Williams ficou em 2º nos quilómetros acumulados, apesar de o carro ter estado entre os mais lentos no geral. Mas nada que se compare com a Alpine e a McLaren que acumularam as proezas de estar no fundo das voltas e tempos.

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Resultado: 1. Pérez (133) \ 2. Hamilton (65) \ 3. Bottas (131) \ 4. Leclerc (67) \ 5. Sainz (76) \ 6. Tsunoda (79) \ 7. Magnussen (95) \ 8. Russell (83) \ 9. Alonso (80) \ 10. Drugovich (77) [número de voltas entre parênteses]

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Progresso Total

#EquipaVoltasTempo
1Red Bull4391m30s305
2Mercedes3931m30s664
3Alfa Romeo3671m30s827
4Ferrari3581m31s024
5AlphaTauri3471m31s261
6Haas3081m31s381
7Aston Martin2961m31s450
8McLaren2641m32s160
9Williams1751m32s549
10Alpine1601m32s762
Bahrain \ 23-25 Fevereiro 2023




Saucy deixa aviso na F3 e Verschoor é a surpresa na F2 – Testes F2/F3

17 02 2023

Com uma semana de antecipação em relação à Fórmula 1, as suas duas categorias de promoção (Fórmulas 2 e 3) realizaram ao longo dos últimos três dias a sua própria temporada no Bahrain. Apesar de os monolugares não mudarem, havia uma grande expectativa para saber quem poderia assumir-se como favorito para a primeira ronda do ano.

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Fórmula 2 – Dia 1

Até certo ponto era expectável que coubesse a Théo Pourchaire a honra de liderar a primeira sessão do ano. O francês vem de duas temporadas nos lugares cimeiros da Fórmula 2 e esteve por ligeiramente acima de uma décima na frente do segundo classificado, com 54 voltas acumuladas.

A concorrência terá que fazer pela vida. Para já Richard Verschoor no seu novo Van Amersfoort e Arthur Leclerc pela DAMS foram quem mais se aproximou. A DAMS poderá assim ter em mãos uma dupla vencedora, já que Ayumu Iwasa também conseguiu ficar no Top 5, ensanduichando o eterno piloto de F2, Ralph Boschung (também eternamente na Campos).

A antiga dupla da Prema e agora da MP (Jehan Daruvala e Dennis Hauger) conseguiram permanecer no Top 10, enquanto que os dois Charouz preocupantemente ficaram nos três últimos lugares. Entre eles ficou o causador da bandeira vermelha do dia, Frederik Vesti.

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Resultado: 1. Pourchaire (1m42s165) \ 2. Verschoor (1m42s293) \ 3. Leclerc (1m42s293) \ 4. Boschung (1m42s569) \ 5. Iwasa (1m42s669)

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Fórmula 2 – Dia 2

Com alguns dos líderes do dia anterior em sequências de longo curso, coube a protagonistas um pouco diferentes a tarefa de despontarem entre os lugares cimeiros da tabela de tempos na quarta-feira. Victor Martins e Arthur Leclerc mostraram o seu ritmo diabólico de F3 na categoria imediatamente superior, colocando-se em 2º e 4º respetivamente.

Verschoor brilhou novamente para conseguir o topo da tabela (levando a crer que a Van Amersfoort poderá ter em mãos em 2023 um desnível entre pilotos semelhante ao da também holandesa MP de 2022), enquanto que Boschung manteve o seu elevado ritmo, fruto da sua experiência. A campeã em título, a MP, viu a sua equipa subir algumas posições, cortesia de Dennis Hauger.

Já as doses de bandeiras vermelhas foram 3: Pourchaire e Staněk ao longo do dia, e Clément Novalak mesmo nos instantes finais.

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Resultado: 1. Verschoor (1m42s140) \ 2. Martins (1m42s148) \ 3. Hauger (1m42s378) \ 4. Leclerc (1m42s473) \ 5. Boschung (1m42s489)

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Fórmula 2 – Dia 3

O derradeiro dia de ação em pista trouxe uma classificação algo aleatória, à medida que os pilotos faziam programas de competição completamente distintos. A liderança coube a Kush Maini no seu Campos, seguido de Pourchaire e de um pouco usual Roy Nissany.

Enzo Fittipaldi fez o primeiro Top 5 dos 3 dias, seguido de perto por Hauger. As duas bandeiras vermelhas do dia couberam a Staněk e Leclerc.

A liderança improvável dos 3 dias coube à Van Amersfoort, enquanto que a DAMS beneficiou da sua nova dupla de pilotos, que lhes conferiu uma classificação superior à do seu resultado no mundial de equipas de 2022. A Trident ficou com a cauda da tabela de tempos, depois de a PHM Charouz ter conseguido ultrapassar os italianos no último dia.

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Resultado: 1. Maini (1m42s623) \ 2. Pourchaire (1m42s905) \ 3. Nissany (1m42s905) \ 4. Fittipaldi (1m42s971) \ 5. Hauger (1m43s020)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1Van Amersfoort1m42s140Verschoor346
2ART1m42s148Martins399
3DAMS1m42s293Leclerc377
4MP1m42s378Hauger318
5Campos1m42s489Boschung354
6Virtuosi1m42s523Doohan332
7Prema1m42s640Bearman402
8Rodin Carlin1m42s659Fittipaldi331
9Hitech1m42s841Hadjar373
10PHM Charouz1m42s905Nissany348
11Trident1m43s071Novalak286
Bahrain \ 14-16 Fevereiro 2023

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Fórmula 3 – Dia 1

Partilhando pista com os mais potentes F2, a Fórmula 3 começou a sua pré-temporada com tempos em média 5 segundos mais lentos mas com uma grelha composta por jovens pilotos bem promissores.

Grégoire Saucy, depois de um 2022 que começou promissor e depois definhou um pouco, liderou a tabela de tempos com uma vantagem apreciável mas poucas voltas. Atrás dele estava o bem-cotado estreante da Prema (e da Mercedes) Paul Aron, o outro jovem que também conseguiu entrar no segundo 47.

Seria necessário esperar pelo 6º lugar para se ver outro estreante (Luke Browning, ainda sem lugar confirmado e que fez o maior número de voltas do dia), uma vez que os estreantes de 2022 tomaram os seus lugares de 3º a 5º (respetivamente, Pepe Martí da Campos, Kaylen Frederick da ART e Zak O’Sullivan da Prema).

Destaque ainda para Taylor Barnard a arrastar o Jenzer para dentro do Top 10 e para a terrível forma da PHM Charouz, que transcende categorias.

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Resultado: 1. Saucy (1m47s563) \ 2. Aron (1m47s889) \ 3. Martí (1m48s125) \ 4. Frederick (1m48s136) \ 5. O’Sullivan (1m48s162)

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Fórmula 3 – Dia 2

Se o primeiro dia tinha indicado uma vantagem confortável de Saucy sobre os rivais, o segundo domínio trouxe um domínio completo, com mais de meio segundo de vantagem sobre o segundo classificado.

O Top 5 viu uma maioria de rookies a compô-lo, com o bem cotado Dino Beganovic da Prema a ser o melhor dos seus representantes. Imediatamente a seguir ao sueco, chegaram os “Gabriéis” Minì e Bortoleto (especialmente notável no último, com um Trident). A completar estes lugares cimeiros chegou Franco Colapinto, a mostrar porque é agora um piloto da academia de jovens da Williams.

Browning e Barnard voltaram a saber manter-se no Top 10, enquanto que as bandeiras vermelhas foram agitadas por duas ocasiões diferentes. Tommy Smith acabou por ser o único piloto que melhorou o seu tempo à tarde (todos os outros andaram no seu mais rápido de manhã).

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Resultado: 1. Saucy (1m46s642) \ 2. Beganovic (1m47s121) \ 3. Minì (1m47s166) \ 4. Bortoleto (1m47s197) \ 5. Colapinto (1m47s266)

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Fórmula 3 – Dia 3

No terceiro dia de testes, as diferenças entre pilotos experientes e estreantes pareceram esbater por completo. Bortoleto conseguiu finalmente “roubar” o lugar cimeiro do dia a Saucy, mas o suíço não ficou nada longe (com um 3º posto a uma décima de segundo). Entre ambos ficou Minì, que já estivera em bom nível na quarta-feira.

Apesar disso os tempos foram mais lentos que até aqui, uma vez que todos os pilotos (sem exceção) estavam a fazer simulações de stints longos. Ainda assim, um padrão pareceu emergir, com o melhor tempo de todos os dias a pertencer a Saucy por mais de meio segundo, e com a Prema e Hitech a ser as concorrentes mais próximas.

Tudo isto são notícias terríveis para a Rodin Carlin e para a PHM Charouz, que nunca conseguiram sequer estar próximas da 8º classificada (Van Amersfoort).

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Resultado: 1. Bortoleto (1m47s417) \ 2. Minì (1m47s452) \ 3. Saucy (1m47s519) \ 4. Aron (1m47s641) \ 5. Barter (1m47s704)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1ART1m46s642Saucy482
2Prema1m47s121Beganovic506
3Hitech1m47s166Minì512
4Trident1m47s197Bortoleto406
5MP1m47s266Colapinto412
6Jenzer1m47s380Barnard445
7Campos1m47s419Martí466
8Van Amersfoort1m47s515Collet472
9Rodin Carlin1m48s107Gray435
10PHM Charouz1m48s322Flörsch361
Bahrain \ 14-16 Fevereiro 2023





Lançamentos 2023 – Alpine A523

16 02 2023

Era o último anúncio que faltava para completar o conjunto dos monolugares de 2023 e, às 20 horas, a Alpine satisfez a curiosidade dos fãs de F1 com Esteban Ocon e Pierre Gasly a apresentarem ao mundo a máquina com que os franceses esperam vir a encurtar a distância que os separa das 3 primeiras equipas da grelha.

Apesar dos rumores em relação ao contrário, a equipa continua a contar com a BWT como patrocinadora principal, permanecendo os flancos pintados de rosa (e, nas 3 primeiras provas do ano, o carro será totalmente adornado de rosa).

A equipa aparenta ter feito uso de canais de ar elevados ao estilo Mercedes, mas com flancos relativamente “gordos” à semelhança da Ferrari. Sem a pressão de bastidores de Alonso, mas também sem a velocidade natural do espanhol, resta ver como a Alpine lidará com o duelo interno da sua nova dupla de pilotos.

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Fonte:
F1 \ Apresentação Alpine





Lançamentos 2023 – Mercedes W14

15 02 2023

Talvez o carro mais antecipado de todos, o Mercedes W14 não desapontou na sua apresentação de hoje.

A mudança mais óbvia foi o regresso às cores pretas de 2020-21 (depois de um também regresso ao cinzento em 2022), mas não se trata de cosmética: Toto Wolff deixou bem claro que o peso excessivo do W13 tinha forçado a equipa a soluções radicais para este ano, com o “preto” a tratar-se na maior parte da superfície do W14 de fibra de carbono exposta.

Notória também foi a insistência nos sidepods de “tamanho zero”, apesar de terem sido levemente alargados (e com volumosos canais de ar à altura da cabeça dos pilotos), e a regressão do nariz para um tamanho bem mais reduzido.

Lewis Hamilton e George Russell (com o novo piloto de testes, Mick Schumacher, ao lado) deram a entender depositar esperanças de voltar a lutar pelo título com um carro que parece ter respondido a muitas das queixas que fizeram ao longo de 2022.

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Fonte:
F1 \ Apresentação Mercedes