Cassidy ganha balanço, Félix da Costa volta a vencer – ePrix Berlim 2024

12 05 2024

O Aeroporto de Tempelhof já tem um lugar reservado na História do mundo, como palco da famosa ponte aérea que os norte-americanos estabeleceram em Berlim durante a Guerra Fria, mas nos últimos anos tem-se transformado num dos mais conhecidos palcos da Fórmula E, com direito a decisões de título, provas caóticas e um traçado desafiante.

Desde 2017, a pista utiliza um traçado de 2,250 km de extensão e 10 curvas (que em 2020 e 2021 chegou a ser utilizado no sentido inverso). Por estar a ser realizado num aeroporto, o traçado não é particularmente aderente e gera uma grande quantidade de degradação. Possui também um túnel e é bastante largo para os padrões da FE.

Terceira prova europeia do ano, depois de Misano e Mónaco, Berlim procurará dar um novo interessante capítulo à temporada de 2024 e particularmente à Porsche, mais uma vez envolvida a fundo na luta pelo título.

Devido a uma coincidência de calendário entre o WEC e a Fórmula E, que poderia ter sido perfeitamente evitada uma vez que a FIA chancela ambas as categorias, a Envision e a Mahindra tiveram que recorrer a trocas de pilotos. Na Mahindra, Nyck de Vries deu lugar a Jordan King (estreia). Já a Envision teve que trocar ambos os carros, com Sébastien Buemi e Robin Frijns a darem lugar a Paul Aron (estreante) e Joel Eriksson (que já fez o final de época 2021 pela Dragon Penske). Na McLaren Taylor Barnard continuou a cobrir o lesionado Sam Bird.

Destaque ainda para a renovação de contrato da Andretti com a Porsche por mais dois anos.

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Ronda 9 – ePrix de Berlim (1) 2024

Com um dia de céu azul sobre Berlim, a qualificação para a primeira prova trouxe os primeiros pontos do ano para a equipa oficial da Mahindra com uma improvável pole position de Edoardo Mortara contra o DS Penske de Stoffel Vandoorne na final. Estas improváveis presenças (assim como o ERT de Sérgio Sette Câmara) no Top 5 já seriam condição suficiente para uma prova interessante, mas ainda mais interessante ficaria com vários pilotos rápidos a terem uma má qualificação.

Em prova as ultrapassagens multiplicaram-se, até porque os pilotos optaram por diferentes estratégias de ativação de Attack Mode. Os Safety Cars que marcaram presença, claro, também contribuíram para isso.

Duas equipas que andaram a tentar ao longo da prova fazer jogo de equipa foram a Jaguar e a Porsche, mas de forma significativamente diferente. Enquanto a Jaguar tem ambos os pilotos na luta pelo título e portanto pôde dar rédea solta aos dois para lutar por posição, o que se traduziu numa vitória de Nick Cassidy e um 4º lugar para Mitch Evans; a Porsche tem Pascal Wehrlein numa muito melhor posição de campeonato que António Félix da Costa, o que numa prova em que o português parecia mais eficaz que o alemão significou que Félix da Costa precisou de cobrir a retaguarda de Wehrlein (e o resultado conjunto ficou-se pelos 5º e 6º lugares).

Vandoorne e Mortara foram caindo nos lugares pontuáveis até 7º e 8º, mas Jean-Éric Vergne ainda conseguiu colocar o seu DS Penske na luta pela vitória até às voltas finais, seguido sempre de perto pelo último homem do pódio (Oliver Rowland da Nissan), que saltou de 15º a 3º. O outro Nissan chegou em 9º, seguido do McLaren de um impressionante Taylor Barnard (que já tinha impressionado na estreia em Monte-Carlo).

Já os substitutos da Envision sofreram para se adaptar.

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Qualificação: 1. Mortara \ 2. Vandoorne \ 3. Vergne \ 4. Sette Câmara \ 5. Günther (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Cassidy \ 2. Vergne \ 3. Rowland \ 4. Evans \ 5. Wehrlein \ 6. Félix da Costa \ 7. Vandoorne \ 8. Mortara \ 9. Fenestraz \ 10. Barnard (Ver melhores momentos)

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Ronda 10 – ePrix de Berlim (2) 2024

No domingo assistiu-se a uma das melhores provas do ano da Fórmula E, e em que a Jaguar e Porsche voltaram a destacar-se dos seus concorrentes.

A qualificação correu significativamente melhor à Andretti que no dia anterior, com Jake Dennis a fazer pole position e Norman Nato a chegar até às meias-finais. Ambos os Jaguar ocuparam os lugares pares da frente da grelha de partida, com os seus rivais da Porsche um pouco mais para trás. Rowland foi novamente 15º.

Em corrida não demorou muito a que os 4 primeiros lugares estivessem ocupados pelos 4 pilotos Jaguar e Porsche. Wehrlein e Félix da Costa chegaram-se à frente e desta vez o português envolveu-se “a sério” na luta pela vitória. Houve espaço para um rápido SC para Maximilian Günther (Maserati), que bateu num rival e depois no muro.

Entretanto, Wehrlein e Dennis em 5º e 6º começaram a ter uma disputa privada que foi envolvendo mais e mais toques e manobras feias até ao ponto de no final da prova ser quase ao nível de carrinhos de choque. Pior mesmo só Nato, que eliminou Sacha Fenestraz (Nissan) de prova (com o último a ter razão quando aplaudio o compatriota sarcasticamente) e trouxe o segundo SC do dia. Stoffel Vandoorne (DS Penske) também destruiu o seu carro contra um Nissan.

Os sucessivos SC foram dando trabalho a Félix da Costa, que em ambas as ocasiões liderava e viu a sua vantagem evaporada. Ainda assim, era claro que o homem da Porsche parecia ter a prova sob controlo, afastando-se à sua vontade dos outros. Neste novo recomeço até chegou a ser ultrapassado por Evans, mas com o neozelandês a ainda ter que ir ativar o AM e até a ser repassado pelo português.

Vitória final (esperemos um pouco mais para ter a certeza) para Félix da Costa, seguido de um Cassidy zangado (por não ter gostado da gestão de prova da sua equipa) e um Rowland impressionante com nova recuperação de 15º a 3º. Wehrlein, Dennis e Evans seguiram-se.

Nos derradeiros lugares pontuáveis, algumas boas performances: Jehan Daruvala (Maserati) em 7º e a ganhar balanço na sua temporada de estreante; Barnard a brilhar com mais pontos para a McLaren (e a ser mais eficaz que Jake Hughes); Joel Eriksson a salvar um pouco a honra da Envision neste período difícil; e Vergne a somar o derradeiro ponto de uma DS Penske a quem parece faltar muito ritmo de corrida.

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Qualificação: 1. Dennis \ 2. Cassidy \ 3. Nato \ 4. Evans \ 5. Günther (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Félix da Costa \ 2. Cassidy \ 3. Rowland \ 4. Wehrlein \ 5. Dennis \ 6. Evans \ 7. Daruvala \ 8. Barnard \ 9. Eriksson \ 10. Vergne (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Cassidy (140) \ 2. Wehrlein (124) \ 3. Rowland (118) \ 4. Dennis (102) \ 5. Evans (97) —– 1. Jaguar (237) \ 2. Porsche (183) \ 3. Nissan (144) \ 4. DS Penske (127) \ 5. Andretti (126)

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Corrida anterior: ePrix Mónaco 2024
Corrida seguinte: ePrix Shanghai 2024

ePrix Berlim anterior: 2023

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Fontes:
Autosport PT \ Andretti renova com a Porsche
GP Blog \ Trocas de pilotos





Pelo segundo ano, dobradinha neozelandesa – ePrix Mónaco 2024

27 04 2024

Quando a Fórmula E passou a utilizar em 2021 a versão longa do circuito de Monte-Carlo, estaria longe ainda de perceber o verdadeiro impacto que isto teria. Com um índice de ultrapassagens extremamente baixo em todas as categorias que por ali passavam, Mónaco provou não ter de todo este problema na categoria elétrica, com a primeira prova de 2021 a ter um número enorme de passagens e a vitória a ser decidida por uma manobra na última volta.

Tendo-se popularizado como a jóia da coroa da F1, a pista do Mónaco é dos raros exemplos de circuitos que quase não sofreram alterações às suas curvas desde o início em 1929 (com a evidente exceção das barreiras muito mais seguras que ladeiam a pista, em oposição a fardos de feno). Ainda assim, o Grade 1 de segurança FIA é considerado pouco credível, dado que a maioria das pistas modernas possuem infraestruturas francamente melhores.

Localizado nas ruas que circundam os casinos e porto da cidade, o circuito é um dos pouquíssimos sobreviventes das pistas que proliferavam nos calendários de F1 dos anos 50. É notório este caráter quando se tem em conta o quão apertado é o espaço de circulação, os desníveis e um certo nível de segurança mais reduzido que aquele a que provas modernos nos habituaram. Justamente por isso, vencer uma prova em Monte-Carlo continua a ser um dos maiores feitos da carreira de qualquer piloto que o consiga.

Com uma mão partida no primeiro treino livre, Sam Bird (McLaren) teve que ser substituído pelo estreante Taylor Barnard para o resto do evento, ao passo que a Jaguar, dias antes da corrida, confirmou a sua inscrição para a Geração 4 de monolugares da categoria elétrica.

Ronda 8 – ePrix do Mónaco 2024

Para a ronda que marcou o meio da temporada, a Fórmula E assistiu a mais um capítulo daquilo que tem sido um duelo privado Jaguar-Porsche com participações ocasionais da Nissan e da DS Penske. Stoffel Vandoorne (DS Penske) e Pascal Wehrlein (Porsche) encontraram-se na final, onde o segundo foi quem conseguiu arrancar a pole position, sendo que ambos derrotaram os dois Jaguar nas suas meias-finais.

Foi impossível a Taylor Barnard (McLaren) fazer melhor do que o último lugar da grelha de partida, ao passo que Jehan Daruvala (Maserati) nunca esteve tão perto do seu colega de equipa (e dos quartos-de-final de qualificação) e António Félix da Costa (Porsche) conseguiu atingir os quartos-de-final pela primeira vez em 2024.

Na corrida, não ocorreram grandes surpresas na partida, com os carros a manterem na sua grande maioria as posições, pelo menos até começarem a desenrolar-se os momentos de Attack Mode. Pelo menos, até Sérgio Sette Câmara (ERT) decidir arriscar e colocar-se no interior de Sébastien Buemi (Envision) em Casino Square, atirando com o suíço contra o muro. No processo, Félix da Costa ficou brevemente preso atrás do Envision (caindo quase até último).

Algumas voltas depois, Edoardo Mortara (Mahindra) perdeu o controlo na chicane rápida do porto e terminou na barreira de pneus, criando um Safety Car. Na travagem dos vários pilotos para o ritmo mais lento ainda houve tempo e trapalhice suficientes para que Jake Hughes (McLaren) perdesse a sua asa da frente.

Daí para a frente, pela liderança, foi uma prova de jogo de equipa. Os dois Jaguar descobriram-se na frente, após Vandoorne ativar o AM, e protegeram-se mutuamente para tratarem dos seus próprios AM. Se se temia uma luta dos dois pilotos rapidamente se percebeu não haver motivo para preocupações: Nick Cassidy (Jaguar) pediu uma clarificação da situação e avisou que não tinha problemas de seguir em formação até ao fim.

E assim foi, com a vitória a ficar no colo de Evans seguido do colega Cassidy (quando em 2023 tinha sido exatamente pela ordem inversa) e de Vandoorne (primeiro pódio do belga desde que se sagrou campeão em 2022). O vencedor de hoje já acumulava 2º lugares no Principado, tendo merecido a honra.

Jean-Éric Vergne (DS Penske) ficou em 4º lugar, seguido de um desiludido Wehrlein. O outro Porsche de Félix da Costa fez uma boa recuperação de 19º até ao 7º lugar final, finalmente colocando o português no Top 10 do campeonato.

Falando em recuperações, vale a pena destacar o 6º e 8º lugares dos pilotos da Nissan (que partiram de 15º e 14º), Maximilian Günther (Maserati) a voltar a ser um par de mãos seguras em 9º, assim como o pontuador final: Norman Nato, que saltou de 19º à partida no seu Andretti até 10º.

Foi este o resultado da corrida, desde que os comissários não descubram uma vírgula fora de sítio em algum formulário sem qualquer relevância para a performance do carro. Que valeria desclassificação direta, como sabemos…

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Qualificação: 1. Wehrlein \ 2. Vandoorne \ 3. Cassidy \ 4. Evans \ 5. Vergne (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Evans \ 2. Cassidy \ 3. Vandoorne \ 4. Vergne \ 5. Wehrlein \ 6. Rowland \ 7. Félix da Costa \ 8. Fenestraz \ 9. Günther \ 10. Nato (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (102) \ 2. Cassidy (95) \ 3. Dennis (89) \ 4. Rowland (88) \ 5. Evans (77) —– 1. Jaguar (172) \ 2. Porsche (128) \ 3. Andretti (113) \ 4. Nissan (112) \ 5. DS Penske (102)

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Corrida anterior: ePrix Misano 2024
Corrida seguinte: ePrix Berlim 2024

ePrix Mónaco anterior: 2023

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Fontes:
FE \ Bird substituído por Barnard
FIA \ Jaguar confirma inscrição para Geração 4





Porsche com [quase] vitória dupla – ePrix Misano 2024

14 04 2024

Depois de um acidente em cadeia na prova do ano anterior e de críticas de anos recentes, a Fórmula E viu-se mesmo colocada na posição de ter que deixar cair uma das suas provas mais populares em Roma. Enquanto os organizadores tentam descobrir uma alternativa em território romano, a categoria optou por não perder a ligação a Itália e organizou em conjunto com o circuito de Misano um ePrix alternativo.

Palco habitual do GP de San Marino do MotoGP, Misano dificilmente recolheu grande entusiasmo ao ser anunciado. Território extremamente plano, traçado sinuoso e descrito como não particularmente inspirador de conduzir, o circuito ainda tinha a desvantagem de ser uma adição de circuito permanente a uma categoria que pretendia definir-se como casa de circuitos citadinos.

Fundado em 1972, foram as motas que desde cedo deram proeminência a Misano e que o forçaram a realizar alterações quando foi alongado para cumprir a distância mínima obrigatória do mundial de motas (1993). Pequenas modificações adicionais foram sendo realizadas durante os anos seguintes, desde melhorias dos complexos de boxes até apertar a segunda curva.

Ronda 6 – ePrix de Misano (1) 2024

Com um vencedor diferente em cada uma das provas iniciais, havia a expectativa de saber, a continuar a tendência, quem seria o “estreante” seguinte para a lista.

Mitch Evans (Jaguar) bateu Jean-Éric Vergne (DS Penske) na final de qualificação, com a surpresa principal a ser a intrusão do ABT de Nico Müller nas meias-finais. António Félix da Costa (Porsche) em 13º e Jake Dennis (Andretti) em 18º foram os pilotos do pelotão da frente mais deslocados, e que teriam enormes provas pela frente.

Desde o primeiro momento que Misano provou ser uma prova de caos completo, até mesmo pelos padrões da Fórmula E. Uma pista mais larga que o usual e a tentação dos vários pilotos em segurar posição para não liderar significaram que a mobilidade de posições era de uma enormidade gritante. Oliver Rowland (Nissan) provou isto ao navegar quase livremente entre 12º e 1º ao longo da corrida.

O contacto entre pilotos, até por padrões FE, foi elevado, com Vergne a terminar a sua prova em 7º com uma asa dianteira torta e um dos apêndices traseiros em falta. E houve outros pilotos que terminaram a sua prova mais cedo com o mesmo problema (como Nick Cassidy da Jaguar).

No geral, os líderes sucederam-se mas os grandes destaques foram Félix da Costa, Rowland e Dennis. Os três, juntamente com Vergne, começaram a escapar-se ao pelotão de trás até que Vergne serviu de tampão a Dennis nas voltas finais e Félix da Costa começou a gastar a energia extra armazenada que tinha para segurar o ataque final de Rowland. Um emocionado português festejou efusivamente, naquilo que foi um relançar do seu campeonato. Ou seria, não tivesse sido desclassificado várias horas após o fim da corrida e quando a própria categoria já tinha igualmente efusivamente partilhado fotos do piloto a festejar…

A causa foi uma peça do acelerador de Félix da Costa não estar em conformidade com os regulamentos e promoveu Rowland à sua primeira vitória do ano com a Nissan. Dan Ticktum brilhou com o seu ERT (quando tinha começado 16º), acabando logo atrás de Maximilian Günther (Maserati). Melhor sorte que Sette Câmara que foi penalizado em 50 segundos por consumo excessivo.

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Qualificação: 1. Evans \ 2. Vergne \ 3. Wehrlein \ 4. Müller \ 5. Rowland (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Rowland \ 2. Dennis \ 3. Günther \ 4. Ticktum \ 5. Evans \ 6. Vergne \ 7. Nato \ 8. Vandoorne \ 9. Fenestraz \ 10. di Grassi (Ver melhores momentos)

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Ronda 7 – ePrix de Misano (2) 2024

Ainda de ressaca da eliminação da prova anterior e com a Porsche a defender o seu piloto da desclassificação, a marca alemã chegou ao domingo desertinha de vingar-se da derrota na secretaria que lhe fora imposta. Mas para isto não pôde contar com Félix da Costa, que viu a sua melhor tentativa de qualificação ser eliminada, partindo de último, recuperando até 11º, e acabando por perder a asa da frente na confusão e terminando em último…

Assim, coube a Wehrlein representar a marca de Estugarda numa luta pela vitória que novamente se quedou principalmente com o Andretti de Dennis, com participação especial do Jaguar de Cassidy. Wehrlein segurou os rivais para vencer em Misano, enquanto que Rowland (que andou nos lugares da frente novamente) se viu sem energia na penúltima volta e abdicou da possibilidade de sair líder destacado de Itália.

Assim, quem conseguiu terminar em 4º lugar foi Nico Müller, que ao contrário de no sábado conseguiu segurar rivais com equipamento consideravelmente melhor para dar pontos preciosos à ABT. Sacha Fenestraz desta vez conseguiu estar uns furos mais próximo do ritmo do seu líder de equipa Nissan (Rowland), seguido de perto de Sérgio Sette Câmara que completou um fim-de-semana positivo para a ERT.

A McLaren voltou a provar que simplesmente não tem ritmo de corrida comparável ao seu de qualificação, com destaque para o facto de Jake Hughes ter caído de pole até 8º lugar, seguido de um Jehan Daruvala a pontuar pela primeira vez este ano e do colega de equipa Sam Bird.

O campeonato permanece mais interessante que nunca, ainda que dificilmente a reputação da categoria tenha evitado um golpe depois de mais uma desclassificação de um piloto vitorioso por motivos supérfluos.

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Qualificação: 1. Hughes \ 2. Vergne \ 3. Wehrlein \ 4. Müller \ 5. Bird (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Wehrlein \ 2. Dennis \ 3. Cassidy \ 4. Müller \ 5. Fenestraz \ 6. Sette Câmara \ 7. Vergne \ 8. Hughes \ 9. Daruvala \ 10. Bird (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (89) \ 2. Dennis (89) \ 3. Rowland (80) \ 4. Cassidy (76) \ 5. Günther (63) —– 1. Jaguar (128) \ 2. Andretti (112) \ 3. Porsche (109) \ 4. Nissan (100) \ 5. DS Penske (75)

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Uma vitória para cada – ePrix Diriyah 2024

29 01 2024

Tendo perdido no ano passado a condição de prova inaugural para o México, a Arábia Saudita não deverá ter grandes razões de queixa com o seu tratamento no automobilismo mundial. A apostar forte e feio em investimentos desportivos para melhorar a sua imagem mundial (execuções públicas dificilmente espelham modernidade…), o país do Médio Oriente até já é presença recorrente na Fórmula E desde 2018 e tem prova noturna desde 2021 nas ruas de Diriyah.

A pista citadina de Diriyah fica próxima da capital do país, Riade, e tem 2,5 km e 21 curvas. Atravessando a zona histórica, o traçado foi melhorado para cumprir os critérios da FIA para a qualidade do asfalto em colaboração com a UNESCO, por a área se tratar de Património Mundial. Pequenas alterações no perfil de várias curvas foram feitas após a primeira corrida de 2018.

3 pilotos já venceram em território saudita antes deste ano, com Sam Bird, Nyck de Vries e Pascal Wehrlein a serem os que venceram mais vezes (2), com a particularidade de que Wehrlein o fez nas duas provas de 2023 naquilo que parecia um início fulgurante do piloto da Porsche.

Ronda 2 – ePrix de Diriyah (1) 2024

Com um novo intruso na luta privada da Porsche e Jaguar (a DS), a qualificação da primeira corrida de Diriyah trouxe um Jean-Éric Vergne em grande nível, que se conseguiu sobrepor aos rivais mas que em corrida, nas suas próprias palavras, sofreu a bom sofrer com a incapacidade de acompanhar o ritmo de prova de Jake Dennis e o seu Andretti.

Dennis, aliás, conseguiu a primeira vitória da sua defesa de título em grande parte com a ajuda de Vergne, cujo ritmo mais reduzido misturado com uma aguerrida defesa de posição lhe valeu ter tapado o avanço dos dois Jaguar. Mitch Evans era o ponta de lança, atacando com alguma intensidade, mas Nick Cassidy já começou a mostrar ao que vem, fazendo questão de ir pedindo à equipa ajuda do colega com os Attack Mode. No final, não precisou dessa ajuda, porque Evans lançou um ataque final mal medido que o viu cair para 5º.

Sam Bird andou bem próximo da sua antiga equipa, ajudando a McLaren neste início de ano, ao mesmo tempo que faz os possíveis por mostrar que o ano terrível de 2023 foi apenas uma pequena anomalia no seu palmarés de resto irrepreensível. Norman Nato ainda não atingiu o nível do colega mais experiente, mas conseguiu compor o resultado conjunto da Andretti com o seu 6º posto.

Mais para trás, a Porsche viu a cliente brilhar enquanto voltou a estar em posições mais diminutas (com Pascal Wehrlein em 8º e António Félix da Costa redondamente fora dos pontos), o que pode provocar novos medos dos alemães de que a corrida de desenvolvimento possa voltar a correr mal. Já Maximilian Günther deu mais um balão de oxigénio a uma Maserati que tem visto Jehan Daruvala num nível francamente inferior ao esperado.

Robin Frijns salvou o ponto final para a Envision, enquanto que Sérgio Sette Câmara arrastou o diminuto ERT até a um impressionante 4º lugar em qualificação, tendo também minimizado as suas perdas em prova com um sólido 9º lugar, rodeado de carros mais rápidos.

Destaque ainda para a ausência de incidentes, com zero intervenções do Safety Car ou de Full Course Yellow.

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Qualificação: 1. Vergne \ 2. Evans \ 3. Dennis \ 4. Sette Câmara \ 5. Nato (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Dennis \ 2. Vergne \ 3. Cassidy \ 4. Bird \ 5. Evans \ 6. Nato \ 7. Günther \ 8. Wehrlein \ 9. Sette Câmara \ 10. Frijns (Ver melhores momentos)

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Ronda 2 – ePrix de Diriyah (2) 2024

A segunda corrida mostrou um padrão a começar a emergir na categoria elétrica, com um carro sem motorização Porsche ou Jaguar a fazer pole position, mas a ficar sem ritmo de corrida suficiente para vencer na prova em si. O feliz contemplado pela pole foi Oliver Rowland, num dia em que todos os monolugares da Nissan (incluíndo a McLaren) mostraram velocidade. Rowland foi passado na partida por Robin Frijns mas conseguiu o seu primeiro pódio no regresso aos japoneses.

Frijns assumiu a liderança e protagonizou uma luta mano-a-mano com Nick Cassidy a prova inteira, mas acabou por perder devido a um Attack Mode muito bem temporizado de Cassidy. A Envision perdeu assim para a sua fornecedora de motores e para o seu piloto do ano anterior, mas terá ficado bem feliz pela maneira como conseguiu minimizar os estragos num dia em que Sébastien Buemi não partiu por se ter acidentado em qualificação.

Cassidy, após a sua primeira vitória Jaguar, fez questão de avisar que tem os pés bem assentes no chão, gracejando que está à espera do dia em que as coisas comecem a correr pior para lidar com isso. Para já, é um ótimo início de ano que o vê na liderança do campeonato.

Jake Hughes fez o seu melhor resultado na categoria com um 4º lugar, mesmo na frente de Stoffel Vandoorne e Sacha Fenestraz. Os candidatos ao título tiveram qualificações para esquecer, especialmente Mitch Evans, Jake Dennis e Pascal Wehrlein que andaram na luta nos últimos lugares pontuáveis.

Jehan Daruvala teve uma boa qualificação que infelizmente terminou fora de prova, com problemas mecânicos, enquanto que António Félix da Costa voltou a ter uma ronda para esquecer.

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Qualificação: 1. Rowland \ 2. Frijns \ 3. Cassidy \ 4. Vandoorne \ 5. Daruvala (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Cassidy \ 2. Frijns \ 3. Rowland \ 4. Hughes \ 5. Vandoorne \ 6. Fenestraz \ 7. Wehrlein \ 8. Vergne \ 9. Günther \ 10. Evans (Ver melhores momentos)

Campeonato1. Cassidy (57) \ 2. Wehrlein (38) \ 3. Vergne (33) \ 4. Dennis (28) \ 5. Evans (21) —– 1. Jaguar (78) \ 2. DS Penske (47) \ 3. Porsche (38) \ 4. Andretti (37) \ 5. Envision (37)

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ePrix Diriyah anterior: 2022

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Fontes:





O décimo round da Fórmula E

7 01 2024

A décima temporada da história da Fórmula E começa dentro de uma semana e é seguro dizer que desde a primeira temporada que não se questionava de forma tão aberta o caminho que a categoria tem vindo a seguir.

A remoção de Roma do calendário por troca com um circuito permanente como Misano foi comunicada como uma ótima novidade, mas recebida com consternação. Sendo normal haverem substituições temporárias nas pistas, não escapou a ninguém que Portland está a começar a ter um ar permanente quando deveria ser um mero substituto provisório de Nova Iorque. Cidade do Cabo, Hiderabade e Jakarta caíram do ano passado para este. A China, palco da primeira corrida da categoria, está de regresso no circuito permanente de Shanghai.

Algumas das estruturas já fizeram saber que não apreciam que das 10 localizações do próximo ano tenhamos 4 em circuitos regulares em vez de citadinos. Quando a FE se tem conseguido destacar positivamente pela presença massiva de construtoras automóveis (depois do susto da saída de Audi e Mercedes), fariam bem em perceber as queixas. Dois dias de testes de pré-temporada interrompidos por um estranho incêndio de garagem também causaram estranheza.

Nem tudo são más notícias. O título mundial de Jake Dennis foi popular dentro do paddock e conseguido apenas na última ronda dupla, por uma equipa privada, reanimando os ânimos de que é possível a quase qualquer estrutura (com o orçamento e capacidade técnica certos, claro) conseguir ser bem-sucedida na categoria elétrica.

E corridas de pelotão à parte, houve momentos altos da ação em pista dos novos Fórmula E de 3ª geração em 2023. O segundo ano promete mais.

Que vida para os protagonistas de 2023?

Se haviam dúvidas sobre como Porsche e Jaguar lidariam com verem as suas clientes (Andretti e Envision, respetivamente) baterem-nas, a resposta parece ter sido simples: consolidação. A Porsche manteve a sua dupla de Pascal Wehrlein e António Félix da Costa, tentando saber manter o ritmo de desenvolvimento do seu motor elétrico. A Jaguar segurou Mitch Evans e foi “roubar” Nick Cassidy à sua cliente, procurando ter dois pilotos fortes no seu seio.

A julgar pelos testes, em que ficaram com o Top 3 da classificação em Valência, promete dar certo a sua aposta. Para Andretti e Envision, trata-se agora de uma questão de conseguir não perder o “comboio” que têm vindo a utilizar desde o início do ano passado (e até um pouco antes).

A Andretti tem como trunfo o campeão em título (Jake Dennis) e foi buscar Norman Nato à Nissan, de forma substituir o errático André Lotterer. Nos testes a aclimatização não foi inteiramente ideal, com um 9º e 12º lugares. Já a Envision perdeu o seu melhor trunfo, mas manteve um rejuvenescido Sébastien Buemi e foi buscar um ex-piloto sob a forma de Robin Frijns. Ambos colocaram-se no Top 10 de Valência.

O meio da tabela

Atrás destas 4 equipas ficaram duas estruturas do grupo Stellantis, que apostam em continuidade. A DS teve um primeiro ano moderadamente positivio com a Penske e a dupla de campeões manter-se-á em 2024 (Jean-Éric Vergne e Stoffel Vandoorne) à espera de melhores oportunidades.

Já a colega Maserati, também em primeira ano de parceria (com a Venturi) teve que proceder a alterações inesperadas. Edoardo Mortara, de pedra e cal há vários anos, teve que sair por uma completa incapacidade em obter resultados relevantes (será substituído pelo estreante Jehan Daruvala) e Maximilian Günther apanhou todo o paddock de surpresa com um brilhante ano (recompensado pela sua manutenção).

Os testes foram inconclusivos para ambas.

Já a Nissan e a sua cliente McLaren chegam com ambições mistas para 2024. A Nissan fez uma cópia da Envision, por assim dizer: perdeu o seu piloto principal (Nato) e segurou a prata da casa (Sacha Fenestraz), indo buscar um ex-piloto da sua casa que já viu melhores dias (Oliver Rowland, que regressa amassado da sua experiência na Mahindra).

A McLaren, a usar motores dos japoneses, até tinha começado bem 2023 (ou não fosse a “reencarnação” da estrutura oficial da Mercedes) mas foi perdendo ritmo ao longo do ano. Começar bem 2024 é prioritário, sendo por isso que foram buscar um experiente Sam Bird para acompanhar um Jake Hughes que fez boa figura na sua estreia de laranja no ano passado.

Rowland foi o único a conseguir colocar-se no Top 10 nos testes, mas os sinais não foram maus.

Quem precisa de reformular tudo

Assim, sobra quem teve anos terríveis em 2023. Ou, pelo menos, continuações de períodos de performances pouco impressionantes.

A grande derrotada foi mesmo a Mahindra, que percebeu que seriam necessárias alterações enormes. A primeira preocupação é garantir que não volta a suceder nada com a gravidade da falha do sistema de suspensão da Cidade do Cabo, ainda que as regras de homologação de monolugar lhes possa dificultar a vida. Não foi por acaso que perderam ambos os pilotos, com Lucas di Grassi a terminar o seu contrato antes de tempo.

Para 2024 apostaram numa dupla de pilotos que ao longo do último ano deixaram bastante a desejar em 2023 mas que quer voltar a mostrar serviço: Edoardo Mortara, que se perdeu na Maserati, e Nyck de Vries, que nunca se encontrou na F1 com a AlphaTauri. O talento dos dois é mais que suficiente, no entanto resta ver como se recuperam. O Top 10 nos testes de Mortara é um sinal positivo.

Já a ABT deve estar arrependido de se ter “atrelado” à Mahindra no seu regresso à FE, contudo manteve os préstimos de Nico Müller e foi buscar o experiente campeão Lucas di Grassi para relançar-se com novo fôlego para 2024.

A NIO, que passou a ERT, manteve a sua dupla (Dan Ticktum e Sérgio Sette Câmara) e procurará fazer de um 2023 em que voltou a pontuar com mais frequência uma base para almejar regressar a uma posição mais forte em 2024.





Tempo misto com vencedor único – GP Bélgica 2023

31 07 2023

O presente ano marca uma das primeiras vezes que a Fórmula 1 chega a Spa-Francorchamps com relativa tranquilidade quanto ao futuro do GP da Bélgica. A pista, situada no meio da floresta das Ardenas, tem problemas crónicos de mobilidade dos fãs (irónico, dado que o pequeno país eliminou a estação de comboios que antes servia a localização) e tem perdido importância estratégica para a FOM. Só que os rumores de substituição pela África do Sul têm começado a perder força e o entendimento do paddock é que Spa estará relativamente seguro.

Com a maior extensão de traçado de todos os do calendário, Spa é uma das pistas clássicas da F1 e uma das favoritas dos pilotos do grid. Com alterações de modernização levadas a cabo recentemente (por exemplo, o muito necessário alargamento da escapatória da curva Eau Rouge), o circuito tem procurado remover argumentos aos seus críticos enquanto providencia entretenimentos vários nas suas provas (desde as imprevisíveis chuvas da região, passando por algumas curvas famosamente desafiantes e por fazer uso da enorme popularidade de Max Verstappen para atrair grandes quantidades de holandeses à região).

Raramente fora do calendário, Spa foi inicialmente intercalado enquanto anfitrião belga com Zolder e Nivelles até passar a definitivo. O circuito assumiu a função de palco do “regresso às aulas” da F1 após a pausa mensal de Verão nas últimas décadas, mas a expansão contínua do calendário antecipou-o para prova final antes do Verão em 2023.

Foi uma semana plena de novidades na Alpine. Depois de anunciar a saída de Laurent Rossi como CEO, a marca francesa anunciou também as saídas de Otmar Szafnauer e Alan Permane dos postos de Diretor Técnico e Diretor Desportivo, respetivamente. Bruno Famin e Julian Rouse desempanharão as tarefas interinamente. Szafnauer pareceu inconformado com o pouco tempo que lhe foi dado (pouco mais de um ano), comparando as exigências da Alpine a uma metáfora envolvendo achar que engravidar 9 mulheres ao mesmo tempo poderia dar um nascimento ao fim de um mês…

A Williams viu o seu posto vago de CTO assumido por Pat Fry, saído também da Alpine. O caso Alonso-Piastri misturado com um magro 6º lugar nos construtores parece continuar a provocar explosões na equipa de Enstone…

Ronda 12 – Grande Prémio da Bélgica 2023

De novo a ter que contar com um fim-de-semana de sprint, a F1 acabou por contar com chuva quase constante ao longo das suas sessões, que pareceram estar ou em processo de secagem ou de crescente chuva em todos os momentos.

O sprint em si começou atrás do Safety Car devido ao traçado encharcado mas, quando Max Verstappen se lançou para a primeira volta, Oscar Piastri (que se qualificou de forma brilhante em 2º por escassas milésimas) e metade da grelha foram às boxes trocar de pneus de chuva intensa para intermédios. O australiano da McLaren conseguiu assim a liderança depois de Verstappen parar, mas foi Sol de pouca dura, com o neerlandês a fazer uso da velocidade de ponta do seu Red Bull para passar confortavelmente.

Mesmo após a prova, Verstappen encolheu os ombros quando questionado sobre se parar uma volta depois de Piastri fora boa ideia e disse simplesmente que “sabemos que somos rápidos”, como se nem importassem más estratégias, tal o ritmo do RB19.

Pierre Gasly foi outro que parou no momento certo, completando o trio da frente, enquanto que Lewis Hamilton foi penalizado por bater em Sergio Pérez (que perdeu a lateral do carro e abandonou).

A qualificação da “verdadeira” corrida acabou por contar também com chuva, ainda que com a ligeira vantagem de o usual vencedor, Verstappen, perder 5 lugares por troca de caixa de velocidades. Verstappen fez pole na mesma e caiu para sexta, cabendo a Charles Leclerc liderar a primeira volta no domingo seguido de Pérez.

Finalmente de piso seco, o circuito belga no domingo viu uma corrida em que os pneus de chuva não marcaram presença apesar de uns chuviscos a meio da prova. Verstappen ultrapassou os rivais um a um para vencer como de costume (8ª vez seguida), sendo que o seu verdadeiro rival na Bélgica foi o próprio engenheiro de pista, Gianpiero Lambiase, com ambos a trocarem “galhardetes” sarcásticos ao longo da prova (tendo começado com uma queixa de Verstappen em relação à estratégia na qualificação).

Pérez passou Leclerc mas não liderou muito tempo depois de Verstappen chegar atrás de si, com o trio a completar o pódio. Hamilton chegou em 4º com a volta mais rápida (parou na última volta para montar pneus novos), sendo também beneficiado pelo incidente de primeira curva entre Piastri e Carlos Sainz. Fernando Alonso também agradeceu, chegando em 5º num fim-de-semana que parece confirmar a queda de forma da Aston Martin. O outro Mercedes chegou logo atrás (destacando-se que George Russell atrapalhou Hamilton em qualificação sem necessidade).

Lando Norris, que chegou a cair para último nas voltas iniciais, chegou em 7º na frente de Esteban Ocon e Lance Stroll, com Yuki Tsunoda a brilhar com o terrível AlphaTauri para somar um precioso ponto em 10º.

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Quali Sprint: 1. Verstappen \ 2. Piastri \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Norris (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Verstappen \ 2. Piastri \ 3. Gasly \ 4. Sainz \ 5. Leclerc \ 6. Norris \ 7. Hamilton \ 8. Russell (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Pérez \ 3. Hamilton \ 4. Sainz \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Hamilton \ 5. Alonso \ 6. Russell \ 7. Norris \ 8. Ocon \ 9. Stroll \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (314) \ 2. Pérez (189) \ 3. Alonso (149) \ 4. Hamilton (148) \ 5. Leclerc (99) —– 1. Red Bull (503) \ 2. Mercedes (247) \ 3. Aston Martin (196) \ 4. Ferrari (191) \ 5. McLaren (103)

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Corrida anterior: GP Hungria 2023
Corrida seguinte: GP Holanda 2023

GP Bélgica anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 19-20) \ Doohan brilha em dia de novo líder no campeonato

Com um novo piloto ao volante de um PHM Charouz (Joshua Mason), a Fórmula 2 conseguiu a proeza de ser a única das categorias sem chuva em nenhuma das provas.

Jehan Daruvala teve a honra de partir de pole inversa mas acabou por se ver eliminado de prova por algo fora do seu controlo: o encosto de cabeça da sua cabeça simplesmente deixou de estar preso, forçando o abandono do piloto da MP. Isto deixou Richard Verschoor na liderança da prova, até que na penúltima volta Enzo Fittipaldi o passou e garantiu a primeira vitória de F2.

Ayumu Iwasa conseguiu recuperar lugares suficientes para garantir alguns pontos, enquanto que Victor Martins e Frederik Vesti tiveram uma luta aguerrida mas leal que viu o francês levar a melhor.

Na feature a ação começou antes do início oficial da ação. O líder do campeonato (e 2º em qualificação), Frederik Vesti acidentou-se na volta de reconhecimento e nem partiu, deixando os rivais com uma oportunidade de ouro. Oliver Bearman aproveitou para partir sem rival ao lado mas viria a ter que se defender com unhas e dentes dos ataques de Théo Pourchaire (acabando por perder mesmo posição).

Enquanto isto sucedia, Jack Doohan, a partir de 11º, vinha a recuperar bem lugares até uma prenda lhe cair no colo: o Safety Car de Jak Crawford foi mesmo no timing ideal para o australiano parar sem perder tempo quase nenhum e levou-o a ascender a 2º. Com pneus mais frescos, Doohan caçou Pourchaire e passou-o para voltar a vencer uma feature.

Fittipaldi completou o pódio, apesar de um incidente com o colega da Rodin Carlin (Zane Maloney), enquanto que Martins completou o Top 5.

Pourchaire é o novo líder de um campeonato que está cada vez mais próximo.

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Qualificação: 1. Bearman \ 2. Vesti \ 3. Martins \ … \ 8. Fittipaldi \ 9. Verschoor \ 10. Daruvala

Resultado (Sprint): 1. Fittipaldi \ 2. Pourchaire \ 3. Hauger \ 4. Martins \ 5. Doohan \ 6. Vesti \ 7. Iwasa \ 8. Boschung (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Doohan \ 2. Pourchaire \ 3. Fittipaldi \ 4. Maloney \ 5. Martins \ 6. Verschoor \ 7. Bearman \ 8. Maini \ 9. Staněk \ 10. Boschung (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (168) \ 2. Vesti (156) \ 3. Iwasa (134) \ 4. Doohan (130) \ 5. Martins (120) —– 1. ART (288) \ 2. Prema (258) \ 3. Rodin Carlin (176) \ 4. DAMS (173) \ 5. MP (135)

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Corrida anterior: Hungria 2023 \ Rondas 17-18
Corrida seguinte: Holanda 2023 \ Rondas 21-22

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Fórmula 3 (Rondas 15-16) \ Bortoleto quase lá em dia excelente para Jenzer

De piso algo molhado, sempre este fim-de-semana, mas com pneus de seco a F3 viu uma prova extremamente interessante desenrolar-se no seu sprint, com Hugh Barter a não aguentar a pressão de pole inversa e a perder diversas posições, enquanto que Caio Collet se lançou na disputa pela vitória. Mais atrás, Sebastián Montoya acabou eliminado por Rafael Villagómez.

Quem deixou o título esfumar-se foi Pepe Martí. O espanhol envolveu-se num despiste com Gabriele Minì, até conseguiu manter o carro a funcionar, mas regressou ao circuito de forma atabalhoada e eliminou-se a si e a um inocente Ido Cohen no processo (pedindo imediatamente desculpa ao israelita).

Problemas mecânicos ditaram o fim da corrida de Gabriel Bortoleto e a aparição de um Safety Car que permaneceu até ao final. Assim, Collet venceu seguido de Taylor Barnard e Paul Aron.

No domingo os pilotos pareceram indecisos entre pneus de seco e de molhado. Rapidamente se tornou claro que os de piso molhado eram os certo, com quem não os pôs a cair que nem pedras. Isto, misturado com algumas paragens (erradas) para pneus de seco durante o SC de Oliver Goethe (despiste na Eau Rouge), permitiram a protagonistas pouco usuais tomarem a liderança.

Os Jenzer foram quem mais lucrou, com 4 carros nos 3 primeiros e a vitória de Barnard (de 10º a 1º), com destaque ainda para a pontuação de Sophia Flörsch com a última classificada (a PHM Charouz).

Bortoleto a sair de 15º chegou em 11º, falhando um ponto que lhe poderia ter dado o título. Ainda assim, faltam apenas as provas de Monza e é improvável que lhe escape o triunfo.

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Qualificação: 1. Martí \ 2. Fornaroli \ 3. Minì \ … \ 10. Barnard \ 11. Aron \ 12. Barter

Resultado (Sprint): 1. Collet \ 2. Barnard \ 3. Aron \ 4. Edgar \ 5. Colapinto \ 6. Barter \ 7. Tsolov \ 8. Browning \ 9. Fornaroli \ 10. Saucy (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Barnard \ 2. Mansell \ 3. Bedrin \ 4. García \ 5. Collet \ 6. Montoya \ 7. Flörsch \ 8. Aron \ 9. Martí \ 10. Colapinto (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (144) \ 2. Aron (106) \ 3. Martí (105) \ 4. O’Sullivan (101) \ 5. Colapinto (100) —– 1. Prema (301) \ 2. Trident (276) \ 3. Campos (171) \ 4. Hitech (165) \ 5. MP (143)

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Corrida anterior: Hungria 2023 \ Rondas 13-14
Corrida seguinte: Itália 2023 \ Rondas 17-18

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Fontes:
BBC \ Alpine anuncia saída de Szafnauer e Permane
F1 \ Alpine anuncia saída de Rossi
Motorsport \ Williams anuncia entrada de Pat Fry





Pole Ferrari não trava dobradinha Red Bull – GP Azerbaijão 2023

1 05 2023

Com a ausência do GP da Rússia do calendário, o Azerbaijão conseguiu transformar-se numa das mais importantes provas de ligação do continente europeu ao asiático na lista de países que sediam um Grande Prémio. Com um forte apoio dos fãs, devido à imprevisibilidade das provas do circuito citadino de Baku, apesar da falta de tradição automobilística, o país do Cáucaso tem conseguido trilhar de forma bem-sucedida um caminho no coração dos fãs.

A famosa secção sinuosa próxima ao castelo, as duas curvas de alta velocidade cegas no final da volta, os Safety Car quase constantes, uma reta da meta que quase chega aos 2 km, os vários milhões de dólares que o petróleo permite ao Governo do pequeno país depositar na conta bancária da FOM: tudo conspira para tornar o GP um dos locais com futuro na gestão de Stefano Domenicalli na F1 (apesar de ter sido, inicialmente, uma das escolhas mais bizarras do “reinado” de Bernie Ecclestone).

Oficialmente a Red Bull chegou a Baku como a equipa que mais vezes triunfou no país, mas tecnicamente a Mercedes também tem um número similar (a primeira edição, ganha pelos alemães, tecnicamente foi um GP da Europa). Entre os pilotos, uma particularidade: ninguém venceu mais do que uma vez ainda.

Se as 3 semanas até este GP foram tranquilas, a semana final foi plena em notícias. Em primeiro lugar, o anúncio da saída de Franz Tost de Diretor Técnico da AlphaTauri para dar lugar a Laurent Mekies (atual Ferrari). Em segundo lugar, a entrada de Luke Browning no programa de jovens pilotos da Williams. Em terceiro lugar, a renovação de Baku no calendário até 2026. E por último, a confirmação do formato dos sprint para este ano à última da hora.

As alterações diziam respeito ao sprint deixar de definir a grelha de partida de domingo, passando a ser um evento mais sozinho (com direito a uma mini-qualificação própria), deixando a descoberto o quanto a FOM nunca quis “revolucionar a qualificação” mas simplesmente uma maneira simples de obter mais um evento competitivo no fim-de-semana.

Ronda 4 – Grande Prémio do Azerbaijão 2023

Com um mês de inatividade e apenas uma sessão de treinos livres num circuito citadino de alta velocidade, era inevitável que existissem focos de tensão ou atrapalhação dos pilotos no Azerbaijão, e assim foi.

Pierre Gasly perdeu mesmo o seu treino livre devido a um problema de motor, e depois fez à Alpine o favor de partir a suspensão no Q1, acabando com as suas aspirações do fim-de-semana. Nyck de Vries foi outro que nunca se pareceu encontrar em Baku, com outro acidente no Q1 e um chega para lá destrutivo em Yuki Tsunoda (o seu colega AlphaTauri) no sprint.

Ainda assim a surpresa da qualificação (de ambas, na verdade) foi que os updates da Ferrari deixaram a Scuderia com a pole position. Apesar de ainda estarem a perder em reta para a Red Bull, os italianos viram Charles Leclerc vencer nos mini-sectores com curvas. Já Carlos Sainz viu-se a uns pouco impressionantes 6 décimos de segundo do colega de equipa.

Também a McLaren viu as suas muito aguardadas atualizações deixarem ambos os carros no Q3, enquanto que a Mercedes sofreu a bom sofrer para encontrar ritmo em Baku (tal como a Alpine).

No dia do sprint, a especulação de Leclerc sobre a falta de ritmo de corrida do seu carro confirmou-se, mas apenas em parte: Sergio Pérez passou-o, mas o monegasco conseguiu evitar deixá-lo fugir em demasia. E ainda roubou pontos a Max Verstappen, que ficou com um buraco na lateral do carro devido a um toque com George Russell na partida (e que os levou a trocarem palavras azedas no final). Os resmungos de Verstappen sobre os rivais não se deverem atirar com tanto risco foram irónicos para todos menos para o piloto da Red Bull…

Destaque para a maneira como Fernando Alonso, depois de ter estado sem DRS em qualificação, conseguiu adiantar-se a Lewis Hamilton e para o outro Aston Martin de Lance Stroll (que fez uma arrojada ultrapassagem sobre Alexander Albon para obter o último ponto da prova).

Já o dia de corrida foi bem mais calminho. Tal como Leclerc previu, a Ferrari não tinha nem pouco mais ou menos ritmo para conseguir segurar os dois Red Bull nas voltas iniciais, e Verstappen e Pérez passaram. Quando um Safety Car foi acionado para retirar de Vries (suspensão partida) do circuito, Verstappen já tinha parado, o que deu a vantagem de uma paragem “gratuita” a Pérez, que assumiu a liderança. O mexicano conseguiu no recomeço que o colega estivesse fora de zona de DRS daí em diante, apesar da distância entre os dois nunca ter sido maior que 3 segundos.

Segunda vitória do ano para Pérez, que se voltou a colar no campeonato a Verstappen, mais uma dobradinha Red Bull e primeiro pódio do ano sem Alonso (que mesmo assim ainda acabou a prova colado a Leclerc). Sainz e Hamilton em 5º e 6º também estiveram bem próximos um do outro, seguidos de Stroll e Russell, com os pontos finais a terem estado em disputa até aos momentos finais.

Ocon e Hülkenberg, a partirem das boxes, ainda arriscaram não parar durante várias voltas, o que os fez segurar um comboio de carros durante a maior parte do tempo. Só que, com as voltas a esgotarem, ambos tiveram que parar nos momentos finais, dando 9º e 10º a Lando Norris e Yuki Tsunoda, respetivamente.

No momento da paragem de Ocon, na última volta, houve um susto de segurança, com os comissários a estarem já a fechar o pitlane para a chegada dos primeiros, o que quase levou a um atropelamento. Não foi a primeira vez que a FIA cometeu um erro grosseiro destes, esperando-se que seja a última.

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Quali Sprint: 1. Leclerc \ 2. Pérez \ 3. Verstappen \ 4. Russell \ 5. Hamilton (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Pérez \ 2. Leclerc \ 3. Verstappen \ 4. Russell \ 5. Sainz \ 6. Alonso \ 7. Hamilton \ 8. Stroll (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Verstappen \ 3. Pérez \ 4. Sainz \ 5. Hamilton (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Pérez \ 2. Verstappen \ 3. Leclerc \ 4. Alonso \ 5. Sainz \ 6. Hamilton \ 7. Stroll \ 8. Russell \ 9. Norris \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (93) \ 2. Pérez (87) \ 3. Alonso (60) \ 4. Hamilton (48) \ 5. Sainz (34) —– 1. Red Bull (180) \ 2. Aston Martin (87) \ 3. Mercedes (76) \ 4. Ferrari (62) \ 5. McLaren (14)

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Corrida anterior: GP Austrália 2023
Corrida seguinte: GP Miami 2023

GP Azerbaijão anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 7-8) \ Caos no sprint, domínio na feature: Domínio Bearman

Acabou por ser um brilhante fim-de-semana para Oliver Bearman, que nem tinha estado assim tão bem nas provas iniciais. Em Baku, o britânico venceu ambas as provas, ainda que de maneiras bem diferentes. Se na feature foi vitória após pole, no sprint o piloto tinha partido do fundo do Top 10 e beneficiou do caos.

Esse caos começou logo na partida, quando Zane Maloney e Richard Verschoor se eliminaram um ao outro logo no início (com um pequeno contacto adicional em Victor Martins). O grande beneficiado foi Dennis Hauger, que saltou de 6º a 1º, seguido de Martins.

O primeiro SC para Ralph Boschung até nem teve grandes consequências, mas o segundo para Roy Nissany foi pleno de catástrofe para os dois primeiros. Ambos os pilotos travaram demasiado tarde e encontraram o muro, com Martins a ser colhido por um surpreso Jehan Daruvala (salvo pelo halo de ferimentos) e por Théo Pourchaire e Arthur Leclerc. Isto deixou os dois Prema na frente durante os segundos antes da ativação do terceiro SC, tempo suficiente para Bearman ultrapassar Frederik Vesti e vencer.

Já o feature foi mais pacato, com Pourchaire a passar a prova inteira em luta com Enzo Fittipaldi pelo 2º lugar (com o último a sair-se melhor), enquanto que Vesti conseguiu chegar em 4º para ascender a 2º na luta pelo título (atrás de Pourchaire).

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Qualificação: 1. Bearman \ 2. Fittipaldi \ 3. Pourchaire \ … \ 8. Martins \ 9. Maloney \ 10. Verschoor

Resultado (Sprint): 1. Bearman \ 2. Vesti \ 3. Crawford \ 4. Maini \ 5. Fittipaldi \ 6. Correa \ 7. Novalak \ 8. Staněk (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bearman \ 2. Fittipaldi \ 3. Pourchaire \ 4. Vesti \ 5. Maini \ 6. Hauger \ 7. Hadjar \ 8. Verschoor \ 9. Crawford \ 10. Leclerc (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (65) \ 2. Vesti (62) \ 3. Iwasa (58) \ 4. Bearman (41) \ 5. Maini (41) —– 1. Prema (103) \ 2. DAMS (92) \ 3. ART (82) \ 4. Campos (74) \ 5. MP (70)

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Corrida anterior: Austrália 2023 \ Rondas 5-6
Corrida seguinte: Mónaco 2023 \ Rondas 9-10

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Fontes:
AP News \ Azerbaijão renova até 2026
F1 \ Alterações Sprint
Joe Saward \ Mekies no lugar de Tost na AlphaTauri
Motorsport \ Browning na Williams





Pós-temporada traz estreantes – Testes F2

26 11 2022

Depois de tudo ter sido decidido no fim-de-semana final em Abu Dhabi, as equipas de Fórmula 2 permaneceram no Médio Oriente para 3 dias de testes. Alguns dos pilotos estavam já anunciados, enquanto que outras equipas estão ainda a avaliar as suas opções (a julgar pela dupla Nissany – Benavides, a Charouz parece estar a avaliar mal).

Entre os pilotos que já testaram pelas suas equipas de 2023 incluíram-se: Dennis Hauger na MP, Enzo Fittipaldi na Carlin, Arthur Leclerc na DAMS, Clément Novalak na Trident, Oliver Bearman e Frederik Vesti na Prema, Ralph Boschung e Kush Maini na Campos.

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Dia 1

Perturbada ao longo do dia por várias bandeiras vermelhas por despistes, a primeira de 3 sessões nos Emirados viu-se liderada por um piloto numa nova estrutura: Richard Verschoor trocou Trident por Van Amersfoort e fez o tempo mais rápido, mesmo na frente de um Frederik Vesti a testar pela Prema depois de dois anos (um na F2 e outra na F3) pela ART por 3 milésimas de segundo.

Logo atrás deles ficou o melhor dos recém-promovidos da F3 de 2022, Oliver Bearman, que se manteve com a Prema, num resultado conjunto ótimo dos italianos. Ao volante dos campeões em título, Dennis Hauger ficou em 4º com a esperança de ser mais regular no próximo ano, enquanto que Ayumu Iwasa ficou com o 5º posto na estrutura DAMS, com a qual parece comprometido a continuar.

De destacar ainda Jack Doohan, ainda na Virtuosi, a acumular uma quantidade enorme e bem redonda de voltas (100) num respeitável 8º posto. Pela negativa, os dois Hitech acumularam poucas voltas e ficaram apenas em 20º e 22º.

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Resultado: 1. Verschoor (1m36s395) \ 2. Vesti (1m36s398) \ 3. Bearman (1m36s558) \ 4. Hauger (1m36s574) \ 5. Iwasa (1m36s773)

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Dia 2

Tendo acumulado a maior quilometragem do primeiro dia, Doohan fez uso da experiência acumulada para atingir o topo da tabela de tempos do segundo (desta vez com 69 voltas completadas. O australiano conseguiu ficar com à volta de 1 segundo de vantagem sobre o colega Amaury Cordeel, levando a crer que se o belga for a escolha da Virtuosi não deverá contar com grande ajuda dele.

O experiente Jehan Daruvala ficou a décima e meia de distância, com o sempre presente e impressionante Iwasa logo a seguir. A Campos mostrou ritmo, com o suíço Ralph Boschung em 4º e o estreante confirmado Kush Maini em 6º.

Enzo Fittipaldi completou o Top 5 num dia em que os pilotos não sentiram grandes dificuldades em acumular grandes quantidades de voltas de andamento. Os recordistas, com 103 voltas, foram Théo Pourchaire e Juan Manuel Correa (que assumiu o segundo Van Amersfoort depois de não ter participado no primeiro dia). A Hitech foi a única equipa a ainda não descer do segundo 37.

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Resultado: 1. Doohan (1m35s990) \ 2. Daruvala (1m36s160) \ 3. Iwasa (1m36s165) \ 4. Boschung (1m36s311) \ 5. Fittipaldi (1m36s335)

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Dia 3

Definitivamente a ganhar balanço no seu Virtuosi, Doohan fez um tempo na mesma décima de segundo que o do dia anterior mas que desta vez acabou por lhe valer apenas o 2º lugar, uma vez que a equipa ART colocou os seus dois carros no Top 3. Victor Martins liderou o dia por algumas milésimas sobre Doohan e sobre o colega de equipa Théo Pourchaire.

Roy Nissany conseguiu elevar-se até ao 4º posto, na frente do DAMS de Arthur Leclerc (a ganhar ritmo na sua nova equipa). De destacar ainda o facto de a Hitech finalmente ter mostrado um pouco as suas “garras” com Isack Hadjar.

A Van Amersfoort acabou por ser a equipa com mais voltas completadas ao longo dos 3 dias, apesar de ter sido apenas a 9ª em ritmo puro. A ART fez a proeza diametralmente oposta, restando agora ver de onde virão as confirmações de mais pilotos para a grelha de 2023, sendo que apenas testarão novamente para Fevereiro do próximo ano.

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Resultado: 1. Martins (1m35s908) \ 2. Doohan (1m35s935) \ 3. Pourchaire (1m35s968) \ 4. Nissany (1m35s978) \ 5. Leclerc (1m36s014)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1ART1m35s908Martins469
2Virtuosi1m35s935Doohan526
3Charouz1m35s978Nissany427
4DAMS1m36s014Leclerc516
5Campos1m36s041Maini473
6Carlin1m36s114Fittipaldi502
7MP1m36s160Daruvala476
8Hitech1m36s207Hadjar503
9Van Amersfoort1m36s395Verschoor542
10Prema1m36s398Vesti518
11Trident1m36s595Novalak423

Abu Dhabi \ 23-25 Novembro 2022





É só esperar – GP Itália 2022

11 09 2022

Há poucas provas capazes de evocar a história da Fórmula 1 tão bem quanto o GP de Itália em Monza. O “templo da velocidade” continua a fazer jus ao seu nome, sem que tenha tido de sacrificar a sua natureza com as inevitáveis mudanças por segurança (pese embora já não haver qualquer utilização da oval que atravessa a floresta, cuja estrutura apenas serve agora como atração turística).

Composta por grandes retas intercaladas por sequências de travagens a fundo para curvas lentas, Monza está no seu nível de dificuldade mais elevado quando está em piso molhado (que o diga Sebastian Vettel, que venceu pela primeira vez nessas condições em 2008) mas tem sido em piso seco que se tem assistido à consagração de pilotos da Ferrari no terreno caseiro da equipa. Schumacher, Alonso e Leclerc são alguns dos exemplos.

Esta trata-se da segunda prova do ano em território italiano, agora que o circuito de Imola também desponta no calendário (com a curiosidade que a única vez em que o GP de Itália não foi em Monza foi justamente em Imola) como GP da Emilia Romagna. Com a Ferrari em alta, as expectativas dos fãs da casa seria para uma vitória Ferrari, ainda que as caraterísticas da pista devessem beneficiar os rivais Red Bull.

Algumas semanas antes do Grande Prémio ficou-se a saber que Antonio Giovinazzi, afastado há um ano da F1, regressaria com uma sessão de treinos livres em Monza pela Haas (e outra em Austin). Esta notícia reavivou os rumores de que o italiano poderá estar nas contas da Haas para substituir Mick Schumacher em 2023 como piloto oficial. Também Nyck de Vries competiu no primeiro treino livre pela Aston Martin, antes de ir para a qualificação com a Williams (Alexander Albon teve uma apendicite).

Destaque ainda para o anúncio da Red Bull e Porsche sobre não terem conseguido chegar a acordo para 2026, abandonando negociações. A equipa austríaca não aceitou a ideia dos alemães de controlarem 50% da estrutura, ficando agora no ar a ideia de um eventual acordo para o regresso da Honda (enquanto que para a Porsche resta tentar acordos com outra equipa ou com uma entrada nova, em aliança com a Andretti).

Yuki Tsunoda partiu para Monza sabendo que iria perder 10 lugares na grelha devido à situação de remoção indevida de cintos em Zandvoort. Mas não estava sozinho. Lewis Hamilton e Valtteri Bottas acompanharam-no no fim, para além de penalizações múltiplas para os Haas e Carlos Sainz, além de 10 lugares para Sergio Pérez e 5 para Max Verstappen.

Ronda 16 – Grande Prémio de Itália 2022

Com a Ferrari a apresentar-se em casa com uma nova pintura de celebração de 75 anos, os tiffosi estavam muito esperançados numa vitória caseira para complementar a celebração e a equipa deu o seu melhor para corresponder.

Em qualificação sabiam ter a vantagem de ambos os Red Bull irem ser penalizados, mas havia o desejo de os bater em pista. E foi isso que Charles Leclerc conseguiu, por umas décimas de segundo e depois de ter visto Carlos Sainz à sua frente a maior parte do fim-de-semana. A Mercedes, ameaçadora nas corridas anteriores, deu um recuo a olhos vistos em Monza.

A chuva de penalizações pós-qualificação levou a que se passassem horas sem que as equipas ou pilotos soubessem de onde partiriam. Quando os resultados finalmente saíram via-se o caos total: George Russell que se qualificara em 6º acompanharia Leclerc na primeira linha, seguidos dos dois McLaren, Pierre Gasly e Fernando Alonso.

Vale a pena destacar a performance do estreante Nyck de Vries, primeiro piloto a guiar por duas equipas num GP desde Harald Ertl no GP de Itália 1978, que bateu um cada vez mais apertado colega de equipa Nicholas Latifi. Com as mudanças na grelha, garantiu um 8º lugar.

Se isto parecia estar a alinhar as coisas para uma corrida promissora, a verdade é que até acabou por se desenrolar sem grande ação. Com uma certa inevitabilidade, Verstappen não demorou nada a despachar os carros mais lentos e a colocar-se diretamente atrás de Leclerc. A Ferrari procurou aproveitar um SC Virtual provocado por Sebastian Vettel a ficar sem travões para parar, mas ele terminou antes do fim do pitstop e deixou Leclerc preso a uma estratégia de duas paragens (que provou ser a errada).

Verstappen cruzou a linha em 1º lugar pela quinta vez seguida, ainda sob SC devido ao abandono de Daniel Ricciardo. O australiano vinha a fazer uma corrida competente até o motor morrer e deixar os comissários com a estranha decisão de não declarar bandeira vermelha para ainda haverem algumas voltas de corrida. Hamilton, Wolff e companhia agradeceram a oportunidade para lamber as feridas de Abu Dhabi…

A Mercedes viu Russell terminar bem mais longe dos dois primeiros que na corrida anterior, mas Hamilton também conseguiu recuperar bem posições, na frente de um Sergio Pérez que teve que gerir os seus travões estarem com vontade de pegar fogo.

Alonso teria minimizado os estragos para uma McLaren em boa forma mas abandonou com um problema eletrónico. Já Pierre Gasly soube acompanhar o ritmo de Norris de perto, mesmo na frente de Nyck de Vries. O holandês foi votado piloto do dia e ficou cheio de dores nos ombros, mas deve ter acabado de garantir a consideração da Williams para o lugar de Latifi em 2023 ao segurar um comboio de carros encabeçado por Zhou para o melhor resultado do ano para a equipa.

Agora sobra a Verstappen esperar para quando poderá acumular o segundo título. Pode ser já em Singapura (improvável) mas não deverá passar do Japão, daqui a um mês. Entretanto, faltam 6 corridas e com apenas mais 2 vitórias o piloto igualará o recorde de vitórias numa só temporada que pertence a Michael Schumacher (2004) e Sebastian Vettel (2013).

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Russell \ 3. Norris \ 4. Ricciardo \ 5. Gasly (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Russell \ 4. Sainz \ 5. Hamilton \ 6. Pérez \ 7. Norris \ 8. Gasly \ 9. de Vries \ 10. Zhou (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (335) \ 2. Leclerc (219) \ 3. Pérez (210) \ 4. Russell (203) \ 5. Sainz (187) —– 1. Red Bull (545) \ 2. Ferrari (406) \ 3. Mercedes (371) \ 4. Alpine (125) \ 5. McLaren (107)

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Corrida anterior: GP Holanda 2022
Corrida seguinte: GP Singapura 2022

GP Itália anterior: 2021
GP Itália seguinte: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 25-26) \ Nada pára o título de Drugovich

Sem um piloto suspenso, a DAMS anunciou o regresso do experiente Luca Ghiotto à F2 para Monza, enquanto os olhos de todos se focavam na possibilidade de Felipe Drugovich despachar o campeonato logo no sprint. Sem dúvida que tudo conspirava nesse sentido. Ayumu Iwasa perdeu o controlo na Parabolica e terminou a qualificação mais cedo para todos, o que foi ótimo para Drugovich (já que Théo Pourchaire estava fora do Top 10).

Mesmo uma penalização de 5 lugares por ignorar bandeiras amarelas não afetava muito o líder do campeonato. O que afetou foi ter feito contacto com um Van Amersfoort logo na primeira volta, sendo eliminado de prova. Forçado a ver a corrida das boxes, Drugovich não precisava de se preocupar: Pourchaire não estava nos seus dias e acabou fora dos pontos. O título merecido caiu no colo do piloto brasileiro, que ainda não tem nada firmado para a F1.

A ultrapassagem de Jüri Vips ao pole position inverso, Frederik Vesti, provou ser fulcral para lhe assegurar o triunfo, enquanto que Jehan Daruvala conseguiu um pódio (ao qual não ia há algum tempo).

A prova feature, com pilotos já sem nada a perder, foi um caos total. Pourchaire foi eliminado por Boschung, com o inocente Ghiotto também apanhado. Já o pole position Jack Doohan partiu mal (depois de já quase não ter saído na volta de formação) e acabou envolvido num incidente terminal com Logan Sargeant. O SC veio à pista, enquanto que Hauger era penalizado por a Prema não lhe ter montado os pneus antes do aviso dos 3 minutos. Teria que voltar à pista para um despiste de Calan Williams.

O resto da prova viu alguns invulgares stop and go (para Vips por incidente com Lawson e para Armstrong por exceder a velocidade no pitlane), mas acabou por ser relativamente calmo, com a vitória a cair para Jehan Daruvala, acompanhado de Vesti e Iwasa no pódio. Na Van Amersfoort houve uma desobediência de ordens de equipa da parte de David Beckmann.

ATUALIZAÇÃO 12/09: Iwasa foi desclassificado por motivos técnicos.

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Qualificação: 1. Doohan \ 2. Lawson \ 3. Armstrong \ … \ 8. Vips \ 9. Sargeant \ 10. Vesti

Resultado (Sprint): 1. Vips \ 2. Vesti \ 3. Daruvala \ 4. Sargeant \ 5. Verschoor \ 6. Lawson \ 7. Doohan \ 8. Beckmann (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Daruvala \ 2. Vesti \ 3. Fittipaldi \ 4. Hauger \ 5. Beckmann \ 6. Drugovich \ 7. Cordeel \ 8. Novalak \ 9. Verschoor \ 10. Vips (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (241) \ 2. Pourchaire (164) \ 3. Sargeant (135) \ 4. Doohan (126) \ 5. Daruvala (126) —– 1. MP (281) \ 2. ART (281) \ 3. Carlin (258) \ 4. Prema (224) \ 5. Hitech (201)

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Corrida anterior: Holanda 2022 \ Rondas 23-24
Corrida seguinte: Abu Dhabi 2022 \ Rondas 27-28

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Fórmula 3 (Rondas 17-18) \ Corrida interrompida deixa campeão incerto durante largos minutos

Com a porta giratória do Charouz número 15 em pleno funcionamento (Alessandro Famularo assumiu os comandos para Monza), a Fórmula 3 só tinha olhos para a disputa pelo título que seria resolvida nestas últimas corridas. Muito cotado pelo paddock, Isack Hadjar implodiu por completo em qualificação, quando puxou demasiado e perdeu o controlo na Parabolica. O resultado foi partir de 16º e ficar arredado do título.

No sprint até parecia que Victor Martins confirmaria a sua liderança no campeonato, mas o francês envolveu-se num acidente com Arthur Leclerc na partida que deixou ambos nos lugares pontuáveis finais. Isto deixou Franco Colapinto na frente mas a ter que gerir muito bem as distâncias para um Oliver Bearman em grande forma.

Mas foi na corrida feature que as grandes atrações se viram. Desta vez Martins manteve a sua cabeça fria e o seu carro fora de incidentes. Zane Maloney despachou o pole position Alexander Smolyar no começo mas, após um período breve de Safety Car, recomeçou demasiado cedo e caiu para 3º. Martins aproveitou oara assumir a liderança. Só que Maloney reagiu e recuperou a liderança, sendo seguido de perto por Bearman. Em 3º, Martins ainda tinha o título, até porque William Alatalo em 4º estava a segurar o pelotão.

Um despiste de Kush Maini mudou a prova. Colhido pelo inocente Brad Benavides, ambos abandonaram e geraram um SC que se transformou em bandeira vermelha, que por sua vez se transformou numa prova terminada mais cedo. E depois chegou o anúncio de que Martins teria 5 segundos de penalização por exceder limites de pista. Reinava a tensão na ART, enquanto se esperavam confirmações de resultado (e título) durante largos minutos. Afinal, haviam mais pilotos penalizados, incluíndo Alatalo: Martins era na mesma 4º e portanto campeão de F3.

Maloney e Bearman fizeram excelentes finais de época que por pouco não lhes deram o título. Já Leclerc e Hadjar pareceram diminuir de forma nestas rondas finais. À Prema coube o título de equipas, que nuna pareceu estar em dúvida.

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Qualificação: 1. Smolyar \ 2. Maloney \ 3. Staněk \ … \ 10. Martí \ 11. Collet \ 12. Colapinto

Resultado (Sprint): 1. Colapinto \ 2. Bearman \ 3. Collet \ 4. Maloney \ 5. Edgar \ 6. Saucy \ 7. Crawford \ 8. Leclerc \ 9. Martí \ 10. Martins (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Maloney \ 2. Bearman \ 3. Crawford \ 4. Martins \ 5. Leclerc \ 6. Staněk \ 7. Alatalo \ 8. Edgar \ 9. Hadjar \ 10. Ushijima (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Martins (139) \ 2. Maloney (134) \ 3. Bearman (132) \ 4. Hadjar (123) \ 5. Staněk (117) —– 1. Prema (355) \ 2. Trident (301) \ 3. ART (208) \ 4. MP (195) \ 5. Hitech (150)

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Corrida anterior: Holanda 2022 \ Rondas 15-16
Corrida seguinte: Bahrain 2023 \ Rondas 1-2

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Fontes:
F1 \ Giovinazzi testa com Haas





Ferrari quase deita vitória fora, mas Sainz triunfa pela primeira vez – GP Reino Unido 2022

3 07 2022

Rápido, desafiante, histórico e, desde as suas remodelações de 2010-11, moderno, o circuito de Silverstone é um dos grandes fins-de-semana de Grande Prémio da Fórmula 1 em qualquer temporada. A proximidade das fábricas de várias equipas (a Aston Martin literalmente está a 15 minutos), um conjunto de fãs entusiásticos (especialmente desde o segundo título de Lewis Hamilton) e o palco original da primeira corrida oficial de F1: tudo ajuda.

Parte da longevidade de Silverstone deve-se à sua necessidade constante de reinvenção, fruto das pressões dos dirigentes da F1 que ao longo das décadas foram ameaçando o circuito das Midlands britânicas com a saída do calendário em detrimento de locais como Donington ou Brands Hatch. O melhor argumento de Silverstone sempre foi possuir melhores instalações, passando de simples aeródromo adaptado a circuito de categoria mundial no decorrer dos anos.

Com curvas tão conhecidas quanto o próprio nome (Copse, Becketts, Chapel, Abbey,…), a pista tem sido dominada em anos recentes por Lewis Hamilton, homem da casa, o que lhe valeu ter-se tornado o único piloto com uma secção de pista com o seu nome (a Reta Hamilton).

Nos últimos dois anos, os 3 GPs realizados foram de plenas emoções: em 2020, houve direito a uma vitória em 3 rodas para Hamilton e uma magistral para Max Verstappen; em 2021, com a disputa pelo título bem aceso, ambos os referidos chocaram na Copse, num dos momentos mais fortes do ano.

Os dias antes da corrida foram de múltiplas declarações de condenação de racismo depois de dois incidentes: em primeiro lugar, as declarações com conotação racista de Nelson Piquet a Lewis Hamilton num podcast de Novembro passado; em segundo lugar, as de Jüri Vips num livestream. No primeiro caso, Piquet pediu desculpas (mas ainda a defender não ter tido intenção) mas foi banido do paddock. No segundo caso, Vips foi expulso do programa da Red Bull mas manteve o lugar na Hitech na Fórmula 2 (ainda que a categoria pareça não ter ficado satisfeita com a decisão).

Ronda 10 – Grande Prémio do Reino Unido 2022

Com uma Mercedes confiante na eficácia das suas novas atualizações e resultados de treinos livres promissores, havia uma grande expectativa de ver se os alemães de facto haviam encurtado a distância para as duas equipas da frente. Em qualificação, pareceu ser o caso. Se bem que era difícil de ter a certeza: a chuva que se abateu sobre Silverstone tornou difícil fazer grandes leituras.

Não muito crente de que havia feito uma boa volta, Carlos Sainz ficou totalmente surpreso pela primeira pole position da carreira. A ajudá-lo estava um despiste ligeiro do colega de equipa Ferrari (Charles Leclerc) e de um Max Verstappen que não conseguiu evitar algumas perdas de controlo (e com o público britânico a brindá-lo com vaias e cânticos de “Lewis” devido à tensão do campeonato de 2021…).

A Mercedes acabou logo atrás, nem as grandes habilidades de chuva dos seus pilotos a evitarem ficar atrás dos 4 da frente. Quem aproveitou para brilhar no Q3 foram Guanyu Zhou, que vem numa sequência de 3 qualificações na frente do colega da Alfa Romeo, e Nicholas Latifi, que aproveitou o intensificar de chuva no Q2 para bater concorrência mais rápida (dando uma dor de cabeça à Williams, já que corria com o carro antigo e bateu colega no carro novo).

Haas e Aston Martin terminaram o seu sábado logo no Q1, para infelicidade de ambas.

Domingo já não trouxe chuva para os procedimentos, mas trouxe muitos abandonos. Tudo começou logo na partida, em que a única verdadeira ação em pista foi a ultrapassagem de Verstappen a Sainz porque a bandeira vermelha foi accionada quase imediatamente: Pierre Gasly foi espremido entre George Russell e Guanyu Zhou, mandando o primeiro contra o segundo que se virou ao contrário e foi de arrojo até à zona próxima ao público.

A preocupação com Zhou foi grande, mas felizmente o chinês não sofreu sequelas do seu acidente (tendo Russell saltado do seu carro, que poderia ainda ter continuado em pista, para verificar o estado do outro piloto). No entanto, as imagens da maneira como a tomada de ar acima da cabeça de Zhou cedeu (tendo sido, sempre ele, o halo a salvar a cabeça do piloto) são motivo de grande preocupação.

Tudo isto permitiu evitar um potencial desastre mais à frente: protestantes que estavam a planear invadir a pista durante a prova fizeram-no, mas a prova já estava em ritmo reduzido por bandeira vermelha. Ainda assim, conseguiram chegar a colocar 4 membros deitados na pista, e Esteban Ocon (um dos que se arrastou até às boxes com danos) chegou a passar perto). A polícia alertara antes da prova para o risco, tendo sido incapaz de impedir os imbecis de fazerem a ação perigosa para a sua saúde e, mais importante, a dos pilotos.

Ocon juntou-se a Yuki Tsunoda (que mais tarde provocou o abandono do colega de equipa) e Sebastian Vettel à lista de pilotos que aproveitaram a bandeira vermelha para reparar estragos. Alexander Albon não conseguiu continuar, tendo ido (tal como Zhou) ao centro médico para verificações depois de vários embates em muros e outros pilotos (sem culpa e sem ferimentos).

Sem um único setor completo, o grid voltou à forma original e na segunda partida Sainz foi muito agressivo na sua defesa de posição, impedindo a passagem de Verstappen. Mais atrás Leclerc e Pérez ficaram com danos na asa da frente (Leclerc teve-os a corrida toda, Pérez mudou a asa), condicionando as suas provas. Sainz não durou mais que 10 voltas na frente, com um erro antes da reta do Hangar a deixá-lo em 2º. Foi aqui que começou o terrível dia de estratégia da Ferrari, que não percebeu que Sainz estava a atrasar Leclerc e deixou a situação arrastar-se de tal forma que Hamilton começou a apanhá-los no seu Mercedes.

A sorte dos italianos foi que Verstappen pisou detritos e danificou gravemente o carro, tendo tido que passar a prova a lutar com o próprio carro e a ter que se defender com unhas e dentes dos ataques de Mick Schumacher para terminar em 7º.

De volta à frente os Ferrari começavam a ter problemas em lidar com a velocidade de Hamilton e optaram por parar Sainz, que mais uma vez ficou a tapar o caminho a Leclerc (depois da paragem deste). Finalmente, a Scuderia exigiu a troca de posições, aceite por Sainz. Só que depois chegou o abandono de Ocon (problemas mecânicos) e o Safety Car. A equipa não parou Leclerc e parou Sainz. Todos os outros carros copiaram Sainz, deixando Leclerc quase indefeso na frente.

A Ferrari ainda tentou pedir a Sainz para segurar o pelotão para o colega, mas o espanhol entendeu que seria uma decisão desastrosa. Implorando ser-lhe permitido passar, Sainz levou a sua pela frente, passando o colega e fugindo na liderança para vencer um Grande Prémio pela primeira vez. Leclerc deu o seu melhor para fugir aos velozes Hamilton e Pérez, chegando a repassar o primeiro por fora na Copse. Mas não dava para segurar, e ambos acabaram à sua frente. Apesar do bom resultado para a época, Hamilton parecia desapontado de ter deixado fugir a vitória caseira (que teria sido a primeira do ano).

Fernando Alonso e Lando Norris fizeram provas de grande nível para ficar em 5º e 6º, enquanto que Vettel teve sorte no timing do SC para parar e manter a sua posição nos pontos (tendo partido de 17º), dividindo os dois Haas (bem felizes pelo resultado conjunto, especialmente Schumacher com os seus primeiros pontos de sempre na F1).

Destaque ainda para a tentativa valorosa de Nicholas Latifi em manter a Williams nos pontos, que no final provou não ser possível.

O campeonato ficou assim relançado, até certo ponto, com alguma recuperação dos rivais de Verstappen, enquanto que os dois pilotos da Ferrari ficaram o mais próximos que alguma vez estiveram nesta temporada (e dificultando a tarefa da Ferrari para impôr ordens de equipa).

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Qualificação: 1. Sainz \ 2. Verstappen \ 3. Leclerc \ 4. Pérez \ 5. Hamilton (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Sainz \ 2. Pérez \ 3. Hamilton \ 4. Leclerc \ 5. Alonso \ 6. Norris \ 7. Verstappen \ 8. Schumacher \ 9. Vettel \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (181) \ 2. Pérez (147) \ 3. Leclerc (138) \ 4. Sainz (127) \ 5. Russell (111) —– 1. Red Bull (328) \ 2. Ferrari (265) \ 3. Mercedes (204) \ 4. McLaren (73) \ 5. Alpine (67)

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Corrida anterior: GP Canadá 2022
Corrida seguinte: GP Áustria 2022

GP Reino Unido anterior: 2021
GP Reino Unido seguinte: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 13-14) \ Sem rival claro, Drugovich vai fugindo

Sem Cordeel por pontos de suspensão, a van Amersfoort acabou a substituir o belga por David Beckmann (que já fora substituto na Charouz este ano) para o regresso da F2 à ação em pista.

Tendo herdado a chuva com que a F1 também teve que lidar, a Fórmula 2 viu a sua pista de Silverstone secar aos poucos, dando grandes dores de cabeça aos pilotos para evitarem que as temperaturas dos seus pneus disparassem.

Os melhores na tarefa foram Ayumu Iwasa e Felipe Drugovich. Iwasa chegou com alguma rapidez até ao 2º lugar, atrás de Jack Doohan, quando optou por manter a margem de 3 segundos para o australiano, fazendo o ataque final nas derradeiras voltas (obrigando Doohan a uma vigorosa gestão do ritmo, para a primeira vitória de F2). Já Drugovich deixou-se passar e caiu para 9º até meio da prova, altura em que libertou o ritmo e ultrapassou vários carros até ao 5º lugar final.

No extremo havia Jehan Daruvala, que não conseguiu converter a pole inversa para nada melhor que o último lugar pontuável.

No domingo já foi dia de um género de luta diferente, com Frederick Vesti a partir mal e a deixar a luta contra o pole Logan Sargeant nas mãos do colega de equipa da ART, Théo Pourchaire. Com Carlin e ART em grande nível e os seus pilotos bem equiparados, foi o americano quem triunfou pela primeira vez numa prova de F2.

Liam Lawson completou o pódio, seguido de perto pelo sempre regular Drugovich (que despachou Vesti no final da prova).

O momento da corrida foi mais atrás quando Roy Nissany saiu de pista e espremou com pouco desportivismo Dennis Hauger no seu regresso à pista. Hauger foi parar à relva, incapaz de travar o avanço do seu carro até à curva final, onde o seu Prema levantou voo na lomba e acertou no halo de Nissany. Mais uma vez, foi o halo a salvar a vida de um piloto.

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Qualificação: 1. Sargeant \ 2. Vesti \ 3. Drugovich \ … \ 8. Vips \ 9. Fittipaldi \ 10. Daruvala

Resultado (Sprint): 1. Doohan \ 2. Iwasa \ 3. Fittipaldi \ 4. Pourchaire \ 5. Drugovich \ 6. Vesti \ 7. Sargeant \ 8. Daruvala (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Sargeant \ 2. Pourchaire \ 3. Lawson \ 4. Drugovich \ 5. Vesti \ 6. Vips \ 7. Daruvala \ 8. Armstrong \ 9. Doohan \ 10. Hughes (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (148) \ 2. Pourchaire (106) \ 3. Sargeant (88) \ 4. Daruvala (80) \ 5. Lawson (59) —– 1. MP (170) \ 2. ART (160) \ 3. Carlin (147) \ 4. Prema (135) \ 5. Hitech (118)

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Corrida anterior: Azerbaijão 2022 \ Rondas 11-12
Corrida seguinte: Áustria 2022 \ Rondas 15-16

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Fórmula 3 (Rondas 7-8) \ Hadjar e Leclerc caçam Martins

Depois de uma longa pausa que remontava ao GP de Espanha, a Fórmula 3 regressou em Silverstone com um pelotão alterado. Jonny Edgar estava de regresso à Trident, depois de uma ausência devido ao diagnóstico com doença de Crohn; enquanto que Alexander Smolyar teve problemas em conseguir o visto para a viagem, acabando substituído por Filip Ugran.

A sair de pole inversa para o sprint, Reece Ushijima viu a liderança desaparecer logo antes da primeira curva quando o “colega” da primeira linha da grelha, Victor Martins, o passou. Apesar da diferença de ritmo, Ushijima manteve o seu Van Amersfoort relativamente próximo do líder e apenas foi passado por um outro piloto, Isack Hadjar, o que lhe valeu o primeiro pódio de F3.

Hadjar esteve bem impressionante no seu Hitech, indo à caça do ART de Martins durante grande parte da prova, acabando por consumar a ultrapassagem nas voltas finais. Houve um alongar do protocolo de partida, devido a um problema de Brad Benavides, e um Safety Car para um incidente entre dois dos Charouz (László Tóth e Zdeněk Chovanec).

A sair da verdadeira pole para a feature, Zak O’Sullivan elevou o seu Carlin a posições pouco usuais em corrida. Apesar de nada ter conseguido fazer para segurar o Prema de Arthur Leclerc, o britânico defendeu-se com unhas e dentes de outro carro dos italianos (Oliver Bearman) com direito a uma saída de limites de pista para conseguir evitar contacto na chegada.

Leclerc recebeu um abraço do irmão e conseguiu com o seu triunfo (tendo que passar O’Sullivan duas vezes, devido à primeira ter sido no momento de ativação do Safety Car) aproximar-se de forma titânica do líder do campeonato, Martins, que teve um fim-de-semana menos bem conseguido (apesar da boa ultrapassagem sobre o regressado Edgar).

Mais para trás, Zane Maloney caiu na classificação devido ao contacto da primeira volta com um Prema, enquanto que os jovens da Red Bull, Hadjar e Crawford, levaram as suas lutas por posição para fora de pista.

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Qualificação: 1. O’Sullivan \ 2. Leclerc \ 3. Maloney \ … \ 10. Maini \ 11. Martins \ 12. Ushijima

Resultado (Sprint): 1. Hadjar \ 2. Martins \ 3. Ushijima \ 4. Maini \ 5. Frederick \ 6. Staněk \ 7. Maloney \ 8. Leclerc \ 9. Bearman \ 10. Crawford (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Leclerc \ 2. O’Sullivan \ 3. Bearman \ 4. Collet \ 5. Hadjar \ 6. Crawford \ 7. Martins \ 8. Edgar \ 9. Vidales \ 10. Ushijima (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Martins (77) \ 2. Leclerc (71) \ 3. Hadjar (68) \ 4. Staněk (61) \ 5. Crawford (60) —– 1. Prema (175) \ 2. ART (113) \ 3. Hitech (90) \ 4. Trident (88) \ 5. MP (75)

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Corrida anterior: Espanha 2022 \ Rondas 5-6
Corrida seguinte: Áustria 2022 \ Rondas 9-10

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Fontes:
Evening Standard \ Jüri Vips continua na Hitech
Formula Scout \ Smolyar de fora
Grande Prêmio \ Jonny Edgar de regresso
Record \ Comentários de Nelson Piquet