Na Alemanha só vencem neozelandeses – ePrix Berlim 2023

23 04 2023

O Aeroporto de Tempelhof já tem um lugar reservado na História do mundo, como palco da famosa ponte aérea que os norte-americanos estabeleceram em Berlim durante a Guerra Fria, mas nos últimos anos tem-se transformado num dos mais conhecidos palcos da Fórmula E, com direito a decisões de título, provas caóticas e um traçado desafiante.

Utilizado pela primeira vez em 2015, o circuito foi alterado substancialmente a partir da sua segunda edição para a configuração atual (que até já foi corrida em sentido inverso). No seu total são 2,250 km de extensão e 10 curvas que os pilotos têm que negociar, com a vantagem de que têm os muros substancialmente mais longe do que nas outras provas da FE. As desvantagens são a falta de aderência e elevado consumo de pneus do traçado abrasivo.

Como ronda dupla novamente, Berlim surge no calendário como primeira prova europeia do ano e um mês após o ePrix de São Paulo (devido a alguns cancelamentos de última hora). Antes das provas de 2023, 3 pilotos partilhavam o maior número de vitórias (2): Sébastien Buemi, Lucas di Grassi e António Félix da Costa.

Ronda 7 – ePrix de Berlim (1) 2023

A qualificação para a primeira prova alemã trouxe duas caras bem familiares para o duelo final: Sébastien Buemi e Sam Bird competiram para no final ser Buemi quem levou a melhor (tornando-se o recordista absoluto da Fórmula E).

Na partida para a corrida, no entanto, foi Dan Ticktum quem surpreendeu toda a gente ao partir de 4º cheio de vontade, passando Buemi por fora na longa primeira curva para colocar a NIO na frente. Com a sucessão de Attack Modes acabaria por perder essa liderança, mas quando a prova ia a meio ainda estava em competição. Até que se esqueceu de verificar o exterior de uma curva onde Stoffel Vandoorne já se encontrava. O resultado foi que ambos terminaram aí os seus dias, ficando a discutir acesamente na berma da estrada.

Isto gerou um período de Safety Car, que viu os dois Jaguar e Buemi disputarem a vitória após o recomeço. Buemi, que também utilizava propulsores da Jaguar, ainda continuou a fazer o seu melhor para segurar um potencial primeiro triunfo com a Envision, mas acabou por sucumbir a um ataque bem temporizado de Mitch Evans. A última volta não ajudou: Sam Bird roubou o 2º posto de forma limpa e Maximilian Günther roubou de forma aparatosa o 3º.

O resultado final foi uma dobradinha bem saborosa para a Jaguar e um primeiro pódio para a Maserati, que deve ter deixado a antiga Venturi bem aliviada (até porque Edoardo Mortara também pontuou). Pascal Wehrlein ainda conseguiu limitar os estragos, enquanto que Nick Cassidy chegou em 5º, para mais um bom resultado conjunto da Envision em 2023.

António Félix da Costa partiu de 19º mas, a 8 voltas do fim, já tinha recuperado até ao 4º posto quando uma travagem completamente falhada por Jake Dennis atirou o homem da Andretti em cheio contra o Porsche do português e lhe terminou a prova.

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Qualificação: 1. Buemi \ 2. Bird \ 3. Vandoorne \ 4. Ticktum \ 5. Dennis (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Evans \ 2. Bird \ 3. Günther \ 4. Buemi \ 5. Cassidy \ 6. Wehrlein \ 7. Vergne \ 8. Lotterer \ 9. Mortara \ 10. Rowland (Ver melhores momentos)

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Ronda 8 – ePrix de Berlim (2) 2023

Com piso molhado até ao final de qualificação, a segunda prova de Berlim trouxe como surpresa o facto de a ABT ter conseguido fechar a primeira linha da grelha para o ePrix, com o experiente Robin Frijns a vencer o colega de equipa Nico Müller na final. O tempo seco, no entanto, acabou por significar que os monolugares alemães começaram a cair ao longo da prova até que apenas Müller conseguiu pontos em 9º.

Fazendo uso do ritmo do seu Envision, acabou por ser Nick Cassidy quem conseguiu vencer em Berlim, depois de reclamações bem sonoras no rádio contra Buemi durante a qualificação. O neozelandês (mais uma triunfar na Alemanha em 2023) terminou na frente de alguém que precisava de compensar a sua terrível primeira prova: Jake Dennis.

A completar o pódio chegou Jean-Éric Vergne da DS Penske, que parece estar a ganhar embalo para o seu ritmo dos anos recentes Techeetah. Evans voltou a somar pontos importantes para se aproximar da luta pelo título, enquanto que os Porsche voltaram a fazer uma pontuação dupla em território caseiro.

A Maserati conseguiu pontuar pela segunda prova seguida, cortesia de Günther, enquanto que Ticktum compensou um pouco o disparate de sábado ao amealhar o último lugar pontuável de domingo.

De destacar ainda a interrupção momentânea da partida devido a protestantes que entraram em pista e tentaram interromper os procedimentos, apesar de terem sido corridos do traçado com alguma rapidez pelos seguranças. Os protestantes pelo clima conseguiram a proeza de interromper um evento de veículos elétricos que se orgulha do seu estatuto carbon neutral

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Qualificação: 1. Frijns \ 2. Müller \ 3. Buemi \ 4. Vergne \ 5. Evans (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Cassidy \ 2. Dennis \ 3. Vergne \ 4. Evans \ 5. Félix da Costa \ 6. Günther \ 7. Wehrlein \ 8. Vandoorne \ 9. Müller \ 10. Ticktum (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (100) \ 2. Cassidy (96) \ 3. Vergne (81) \ 4. Dennis (80) \ 5. Evans (76) —– 1. Porsche (168) \ 2. Envision (153) \ 3. Jaguar (138) \ 4. DS Penske (107) \ 5. Andretti (103)

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Corrida anterior: ePrix São Paulo 2023
Corrida seguinte: ePrix Mónaco 2023

ePrix Berlim anterior: 2022





Os imparáveis Dennis e Wehrlein – ePrix Diriyah 2023

28 01 2023

Fora da etapa de abertura do campeonato pela primeira vez em dois anos, não foi necessário esperar muito após a primeira ronda para que a etapa saudita da época fizesse a sua aparição como ronda dupla. Localizada em Diriyah, nas redondezas da capital Riade, a pista foi a primeira prova noturna da história da FE a partir de 2021, conferindo-lhe um talismã de atração.

Circuito desafiante e com amplas possibilidades de ultrapassagem, Diriyah tem sido utilizado pela Arábia Saudita como parte da sua estratégia de limpeza de imagem internacional através do desporto. Aliás, também presente na grelha de partida a partir desta temporada está a McLaren com o patrocínio da Neom (projeto turístico saudita), como prova deste investimento.

Em termos de ação em pista, esta processa-se num circuito com 2,5 km e 21 curvas, que atravessa uma área com património mundial da UNESCO e que por isso contou com cuidados especiais na idealização do projeto. Alterações adicionais foram introduzidas em 2018.

Sam Bird permanece como o maior vencedor da história deste ePrix (com duas), sendo que os mais recentes vencedores antes da prova eram Nyck de Vries e Edoardo Mortara. Kelvin van der Linde assumiu o lugar de Robin Frijns na ABT Cupra, uma vez que o holandês ainda está a recuperar do seu pulso partido da primeira ronda.

Ronda 2 – ePrix de Diriyah (1) 2023

Numa sexta-feira, e logo com grandes dificuldades para os fãs e assistir ao vivo, verificou-se mais uma vez uma performance absolutamente genial dos carros equipados com motores da Porsche. Jake Dennis (Andretti) e Pascal Wehrlein (Porsche) não chegaram aos quartos de final da qualificação por uma mistura de fatores, mas a maneira incrível como foram ultrapassando a concorrência durante a prova significou que ambos voltaram a terminar entre os dois primeiros (mas agora por ordem inversa, com Wehrlein a triunfar).

O outro Porsche de António Félix da Costa acabou por ser uma das vítimas inocentes de uma travagem brusca de Mitch Evans, ficando sem a asa dianteira e tendo que parar nas boxes.

O pole Sébastien Buemi conseguiu puxar o seu Envision até ao topo da qualificação, mas acabou por não conseguir deixar escapar à justa o pódio, perdendo o 3º lugar para o Jaguar de Sam Bird. Jake Hughes, que Buemi derrotou na final, caiu ainda mais baixo para 8º (atrás do colega McLaren René Rast em 5º).

Já Dan Ticktum, que brilhou nos treinos e qualificação, acabou por não conseguir manter o seu NIO 333 nos pontos, suspeitando-se que a performance de longo curso dos chineses ainda deixa muito a desejar.

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Qualificação: 1. Buemi \ 2. Hughes \ 3. Bird \ 4. Ticktum \ 5. Rast (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Wehrlein \ 2. Dennis \ 3. Bird \ 4. Buemi \ 5. Rast \ 6. Cassidy \ 7. Vergne \ 8. Hughes \ 9. Lotterer \ 10. Evans (Ver melhores momentos)

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Ronda 3 – ePrix de Diriyah (2) 2023

Se a primeira prova de Diriyah tinha trazido uma recuperação de grande nível de Wehrlein e Dennis, a segunda trouxe precisamente a mesmíssima coisa. As unidades motrizes da Porsche somam assim três dobradinhas consecutivas e os dois pilotos prosseguem o seu distanciamento face aos rivais na luta pelo título.

Sam Bird quase que repetiu o pódio de sexta-feira, mas acabou por se quedar por 4º, logo atrás do primeiro pódio da McLaren cortesia de Rast. Já o outro McLaren teve um dia bem mais interessante: Hughes colocou o seu carro em 1º lugar na qualificação, acabando por perder a liderança face à concorrência ao longo da prova antes de perder energia a caminho da reta, perdendo algumas posições extra e inadvertidamente atrasando o Jaguar de Evans (literalmente, preso atrás dele).

Buemi prosseguiu a sua melhoria de forma de 2023, acabando com o seu Envision / Jaguar mesmo na frente do Jaguar de Evans e do Nissan (a sua antiga equipa) de Sasha Fenestraz.

A Maserati conseguiu abrir a sua conta de 2023 finalmente, através de Edoardo Mortara e a NIO 333 fez o mesmo com Dan Ticktum. Já Félix da Costa qualificou-se em 17º e ainda recuperou 6 posições, terminando mesmo à beira de pontos.

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Qualificação: 1. Hughes \ 2. Evans \ 3. Rast \ 4. Buemi \ 5. Wehrlein (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Wehrlein \ 2. Dennis \ 3. Rast \ 4. Bird \ 5. Hughes \ 6. Buemi \ 7. Evans \ 8. Fenestraz \ 9. Mortara \ 10. Ticktum (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (68) \ 2. Dennis (62) \ 3. Buemi (31) \ 4. Bird (28) \ 5. Hughes (27) —– 1. Andretti (76) \ 2. Porsche (74) \ 3. McLaren (53) \ 4. Envision (41) \ 5. Jaguar (39)

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Corrida anterior: ePrix Cidade do México 2023
Corrida seguinte: ePrix Hiderabade 2023

ePrix Diriyah anterior: 2022





Muitas incógnitas na Gen 3 da Fórmula E

7 01 2023

Já são três temporadas consecutivas em que as temporadas de Fórmula E, que deveriam incluir dois anos do calendário, incluem apenas um único ano. A pandemia provocou o caos na logística da categoria elétrica e os estragos ainda se notam na idealização do calendário. Ainda não foi este ano que se viu a temporada 2022/23. O que deve ter sido motivo para grandes festejos, dado o nascimento difícil dos novos carros de FE, os Gen 3.

Uma sessão de pré-temporada em Valência nem sempre revela demasiado, uma vez que se trata de um tipo de circuito que os monolugares raramente enfrentam durante a temporada. Desta vez, no entanto, serviu para dar um alerta geral às equipas: a fiabilidade dos novos modelos está pelas ruas da amargura…

Para além das preocupações gerais com quantos carros conseguirão de facto chegar ao fim da prova da Cidade do México, os pilotos têm reportado que a potência extra e menor peso não se estão a traduzir em ganhos significativos de performance (para já) e, mais grave, já ocorreram alguns incidentes em pista de impactos fortes (para grande irritação de pilotos como Sébastien Buemi).

Nem tudo são más notícias. Estruturas novas entrarão em ação este ano, com apoios oficiais de construtoras automóveis, as credenciais verdes da categoria não param de subir, há duplas de pilotos extremamente interessantes, e uma margem de progressão potencialmente grande no que toca a desbloquear o potencial dos novos monolugares (e dos novos pneus Hankook).

A Mercedes saiu e agora?

Costuma ser incomum ver um piloto de automobilismo abandonar a categoria no ano a seguir a conquistar o título, mas ainda mais incomum é que uma equipa inteira abandone a competição como bicampeã em título.

A estrutura da equipa alemã não saiu propriamente por vontade própria, tendo que ceder o seu espaço na grelha por vontade da casa-mãe de Estugarda. Os seus dois pilotos sumiram-se (o campeão de 2022, Vandoorne, para a DS Penske e o campeão de 2021, de Vries, para a F1), mas Ian James, o chefe da equipa, pareceu decidido a não ter o mesmo fim que a Audi na FE. Negociando com a McLaren e o projeto Neom (da Arábia Saudita), James conseguiu transformar-se numa equipa cliente (os propuslores foram contratados à Nissan) e conseguiu os serviços de pilotos como René Rast e Jake Hughes para solidificar o projeto.

A recompensa por estes esforços é que a McLaren se apresentou como uma das equipas que mais impressionaram na curta sessão de testes de Valência, andando pelos lugares da frente e com uma quilometragem de fazer inveja às outras equipas. Resta ver como lidarão com não terem a vantagem das melhores unidades de potência ao seu serviço.

Como se comportarão os dragões, tridentes e estreantes?

Não é só a McLaren a aparecer de cara lavada em 2023.

Aparecendo como equipa privada que incomoda as de fábrica ao longo dos últimos anos, foram poucas as pessoas que não tenham ficado com uma forte expectativa de ver o que a antiga Venturi conseguiria fazer nesta transformação para estrutura oficial da Maserati (grupo Stellantis). A avaliar pelos testes de Dezembro, há razões de sobra para as rivais se preocuparem. Os italianos não só contaram com o sempre excepcional Edoardo Mortara no seu nível habitual, como ainda viram Maximilian Günther a mostrar que a sua forma no ano passado na Nissan não era motivo para preocupação.

Outra estrutura que parece não ter perdido nada com as mudanças foi a “vizinha” da Stellantis, a DS. Campeã durante 2 anos com a Techeetah, a marca francesa mudou-se para a Dragon Penske do fundo da grelha para a formar uma DS Penske que conseguiu atrair dois campeões de Fórmula E: Jean-Éric Vergne e o atual campeão, Stoffel Vandoorne. Quase nada da antiga equipa americana parece sobrar, resultando numa pré-temporada bem conseguida.

Finalmente, depois de um ano fora de competição, a ABT decidiu regressar à categoria elétrica do zero. Habituada a ser a estrutura oficial da Audi, a equipa alemã teve de se contentar desta vez em ser uma mera cliente da Mahindra, ainda que até neste ponto já tenham os olhos no futuro: a Cupra (Seat) será patrocinadora e possivelmente uma eventual fornecedora de motores. Aos comandos dos ABT andarão o consistente Robin Frijns e a incógnita Nico Müller.

Jaguar e Porsche tentam o salto definitivo

Não deixa de ser curioso que a Jaguar continue a vários níveis com a imagem de ainda não se ter juntado ao grupo das grandes estruturas da Fórmula E, quando já são alguns anos consecutivos a vencer provas na categoria e dois em que tem lutado pelo título. Das poucas equipas que não alteraram quase nada na sua estrutura para 2023, a marca britânica espera dar o passo final. Para isso conta com o piloto com mais vitórias de 2022, Mitch Evans, e espera contar com o Sam Bird confiante que esteve desaparecido nos últimos doze meses.

Pela primeira vez contarão com uma equipa cliente nas suas fileiras, tendo assinado com a Envision (depois de um longo relacionamento destes com a Audi). A Envision tem perdido algum do seu brilho de equipa da frente em anos recentes, assim como a sua ótima dupla Bird-Frijns. Mas nem tudo são más notícias: Nick Cassidy continua na equipa com que triunfou no ano passado, e o campeão Sébastien Buemi mudou de ares para recuperar a sua forma.

Já os motivos pelos quais a Porsche ainda não foi considerada uma equipa da frente não são difíceis de descortinar. Habituada a entrar numa competição e não demorar quase tempo nenhum até vencer, a Porsche apenas venceu pela primeira vez em 2022 e depois caiu de forma. Com os novos regulamentos deste ano, os alemães contam ajudar Pascal Wehrlein e o novo recruta António Félix da Costa a lutar pelos lugares cimeiros.

André Lotterer, que tinha até ao ano passado integrado a equipa, optou por se juntar a Jake Dennis na Andretti (fornecida agora pela Porsche). Os americanos têm conseguido lidar bem com a passagem de equipa oficial para equipa cliente, de tal forma que provaram a sua mais-valia para a Porsche. O que deixa no ar a ideia, conseguirão eles assumir o papel de estragar a festa à equipa principal (à semelhança da Venturi com a Mercedes).

A fugir ao fundo

Sendo verdade que as performances das novas unidades motrizes da Nissan não poderão ser questionadas, uma vez que a McLaren tem feito boa figura nos testes, perduram muitas dúvidas quanto à estrutura da equipa principal dos japoneses (principalmente desde que a DAMS abandonou os comandos ao grupo Renault). Quebrando por completo com o caminho que vinha a ser trilhado desde o início, a equipa apostou numa dupla completamente diferente para 2023, com Norman Nato (que já mostrou flashes de velocidade na categoria) e Sacha Fenestraz (que se estreará a tempo inteiro na FE, depois de ter mostrado muito valor nas categorias de promoção japonesas).

As capacidades de ambos os pilotos não estão em questão para este ano, já a habilidade de ambos para fazer ressuscitar o projeto Nissan na Fórmula E poderá ser mais complexo.

Quem não deverá contar com preocupações neste quesito é a Mahindra, que assinou com o campeão Lucas di Grassi no seu ataque às novas regras (onde se juntará à contratação do ano passado, Oliver Rowland). A equipa indiana tem procurado (com ocasional sucesso) ser produtora dos seus próprios motores de forma a ameaçar as grandes construtoras e tem vindo a aumentar as suas aspirações (como se vê pelo fornecimento à ABT). Resta ver se terão orçamento para aguentar estes desejos.

Tendo em conta tudo isto, parece difícil que não seja a NIO 333 a mais séria candidata ao fundo da grelha. A “prata da casa” que era Oliver Turvey não continuou a sua presença, mantendo-se antes Dan Ticktum (que terá internamente somado alguns pontos ao longo de 2022) com a adição de Sérgio Sette Câmara. Apesar de a qualidade de ambos não ser questionável, no contexto da Fórmula E não mostraram ainda o suficiente para poderem ser considerados pilotos de topo. Juntando a isto os baixos quilómetros acumulados em Dezembro, parece difícil que a equipa ambicione muito mais do que tem vindo a conseguir.

A nova cara da Fórmula E

Já é tradição que uma temporada de Fórmula E só esteja verdadeiramente definida quando a última corrida se avizinha, e 2023 traz mais do mesmo. As adições da Cidade do Cabo e Hiderabade tiveram os seus traçados oficiais por oficializar até menos de um mês de se realizarem as suas provas. As diversas tentativas de realizar provas em território chinês continuam a redundar em fracasso devido às políticas Covid do Governo do país. As provas de Nova Ioque tiveram que ser substituídas por uma ronda em Toronto devido a expansões nos terminais do ferry.

O resultado é um calendário com 16 em vez de 18 corridas como originalmente projetado, mas com ainda mais rondas duplas que as que idealmente gostariam.

Restando ainda ver os efeitos práticos dos novos monolugares na primeira prova do ano, sabemos já a nova imagem da Fórmula E num sentido literal, com o novo logotipo apresentado no final de 2022, que simboliza muitas das mudanças que a categoria tem feito para se legitimar (e cujo principal expoente é o fim do Fan Boost).

Para 2023, as incógnitas são muitas. Veremos quem sairá por cima na próxima semana na Cidade do México.





Top 10 da Fórmula E 2022

20 08 2022

Havia muito que a Fórmula E tinha para compensar este ano, dadas as circunstâncias caóticas de dois anos de perturbações pandémicas, qualificações aleatórias e abandono de marcas automóveis. As boas notícias para a categoria é que o ano de 2022 saldou-se num sucesso tremendo.

Em primeiro lugar o novo sistema de qualificação com fases a eliminar foi do agrado de pilotos, equipas e fãs, ajudando a tornar a luta pelo título uma disputa mais ordeira e com uma história mais clara. Depois, em resposta a indefinições de calendário, a categoria conseguiu substituir corridas em falta com rapidez (nomeadamente a saída de Vancouver por Marraquexe). Por último, conseguiu atrair Maserati e McLaren para compensar a saída da Mercedes.

Mercedes e Jaguar pareceram desde o início serem as estruturas mais bem preparadas para um ataque ao título de 2022, com a DS Techeetah um passo atrás do que habitualmente faz e a Venturi a aproveitar todas as oportunidades para ser uma “privada” com grandes performances (impressionantemente acabando no vice-campeonato).

A Porsche foi das maiores decepções da temporada, perdendo por completo o comboio do desenvolvimento e piorando os seus resultados (ainda que corra o rumor de que foi por se terem focado em 2023 bem cedo). Já a Andretti provou que sabe operar com sucesso mesmo sem o apoio de fábrica da BMW.

Entre as últimas equipas, Antonio Giovinazzi teve uma adaptação absolutamente terrível à Fórmula E e não deverá voltar, tendo a sua Dragon Penske passado a última força do campeonato (passada pela NIO 333). Sam Bird e Maximilian Günther foram dois outros enormes desapontamentos, com os vencedores de e-Prix a deixarem-se bater facilmente pelos colegas de equipa.

Foi uma temporada em que os estreantes tiveram menos espaço (normal, dada a estabilidade das regras face a 2021), mas Oliver Askew e Dan Ticktum até mostraram potencial. Foi também um ano de despedida de Alexander Sims à FE, e para muitas mudanças de equipa assim que a última corrida terminou (por exemplo, a saída de Sébastien Buemi da estrutura e.dams onde andava desde a Temporada 1 em 2014/15).

1 – Stoffel Vandoorne

Com um colega de equipa campeão no carro ao lado do seu, Stoffel Vandoorne deve ter ficado bem preocupado quando ficou em 2º atrás de Nyck de Vries na primeira prova do ano. Só que afinal não tinha motivos para se preocupar. O outro Mercedes foi incrivelmente inconstante durante o resto do ano, capaz do melhor e do pior. Já Vandoorne optou por uma dinâmica mais estável: indo do bom ao muito bom.

Os rivais do belga ao assalto ao título foram muito mais claros em 2022, o que lhe dificultou a tarefa, mas Vandoorne parecia sempre (mesmo quando não estava na liderança) que acabaria por ir ter o título parar-lhe ao colo pela simples competência que exibia em todas as provas. Evitou incidentes durante os e-Prix e pontuou em todas as provas excepto uma (e-Prix da Cidade do México), com pódios em metade delas.

A única vitória do ano foi no e-Prix do Mónaco, onde se defendeu com garra de todos os rivais e venceu pela primeira vez desde os tempos de GP2. Nem sequer devendo o seu título a ajudas do colega da Mercedes, Vandoorne entregou aos alemães um triunfo na despedida. O que fará na aventura que se segue (provavelmente na DS Dragon) deverá preocupar os adversários, sendo a segunda vez seguida no topo da lista Top 10 deste blog.

2 – Jake Dennis

Tendo sido a grande surpresa da temporada de 2021, a ausência de apoio de uma marca de fábrica na Andretti deixava Jake Dennis com uma tarefa bem mais complicada para 2022, até pelas novas funções de líder de equipa a que foi promovido com a troca de Maximilian Günther pelo estreante Oliver Askew do outro lado da garagem.

Um 3º lugar na primeira prova do ano até deu alguma esperança sobre qual seria o rendimento da Andretti durante o resto do ano, só que foi Sol de pouca dura. Em 5º na segunda prova de Diriyah, Dennis passou as 10 corridas seguintes sem entrar no Top 5. Mas foi capaz de pontuar na esmagadora maioria dessas provas, contribuindo para a quase totalidade dos pontos da equipa americana.

Quando a Andretti acertou em cheio com o acerto de carro para o e-Prix de Londres, a corrida caseira do britânico, Dennis não perdoou: fez pole position nas duas provas, venceu convincentemente a primeira e andou em luta acirrada com Lucas di Grassi pela segunda (terminando em 2º).

Com unidades motrizes Porsche no seu Andretti para 2023, Dennis é um sério candidato a ser um dos grandes pilotos da Fórmula E num futuro próximo.

3 – Mitch Evans

A contratação de Sam Bird para a Jaguar em 2021 poderia ter significado uma falta de fé da equipa em Mitch Evans, ou poderia ser uma maneira de motivar o neo-zelandês. Independentemente das intenções, ocorreu a segunda hipótese. Pelo segundo ano consecutivo, e com ainda maior gravidade que no primeiro, Evans aniquilou por completo Bird (que tinha vencido provas em todos os anos de FE até este).

A rapidez do homem da Jaguar foi francamente impressionante ao longo da temporada, levando-o a triunfar nas 2 corridas do fim-de-semana de Roma com autoridade, por exemplo. Em Seul, quando a esperança do título já era baixa, também foi capaz de vencer com categoria.

No total foram 4 vitórias e 7 pódios contra 1 única vtória do rival Vandoorne, o que espelha bem o grande calcanhar de Aquiles da equipa britânica: consistência. 4 corridas fora dos pontos contra apenas 1 de Vandoorne fizeram-no perder o comboio do título tal como no ano anterior.

A presença da Jaguar logo atrás da Mercedes é, no entanto, encorajadora. E as capacidades de Evans a liderar a estrutura também auguram um bom futuro.

4 – Edoardo Mortara

Há muito que se tinha compreendido que Edoardo Mortara estava a merecer uma promoção a uma equipa de topo. O mais improvável era que fosse a Venturi a tornar-se essa equipa de topo. Leal à equipa monegasca desde o seu início na categoria, Mortara viu a sua fé recompensada com a velocidade do seu carro de 2022, fazendo uso pleno dos motores Mercedes (e com o anúncio de que a Maserati tomará conta da equipa a partir do próximo ano).

Nesta temporada Mortara fez brilharetes constantes e venceu o novo colega de equipa, o campeão Lucas di Grassi, algo que nem os mais otimistas estariam à espera. A maneira como entre Berlim e Jakarta o piloto da Suíça não saiu do pódio uma única vez merece aplausos de todo o paddock.

De Nova Iorque em diante, no entanto, foi incrível a maneira como a temporada do piloto se desfez. Más qualificações, acidentes ou simples erros (seus e da Venturi) tomaram conta dos destinos e impediram que Mortara levasse um título improvável. Até a maneira como foi penalizado por se defender erraticamente em Seul se pode imputar a uma enormidade de nervos ao volante.

Terá de fazer melhor em 2023 para se certificar de que não vai tudo por água abaixo novamente.

5 – Jean-Éric Vergne

Com um DS Techeetah bem longe do nível dos monolugares que o levaram a dois títulos consecutivos, Jean-Éric Vergne teve que puxar muito pelo seu carro para conseguir fazer um desafio ao título ser possível em 2022.

A consistência foi a palavra-chave do ano, com uma acumulação incrível de 5 pódios nas primeiras 9 corridas (não falhando os pontos em nenhuma delas). Só que por detrás desta fantástica forma, frustrações acumulavam-se. A cada novo 2º lugar por margem mínima, Vergne mostrava cada vez mais irritação pelo rádio com a ausência de triunfos.

Pode ter sido isso ou não a levá-lo a um conjunto de incidentes e falhas mecânicas em Nova Iorque e Londres que o deixaram com 0 pontos em ambos os fins-de-semana. Aí o título foi-se, o colega de equipa aproximou-se muito e a posição nesta lista caiu.

De pedra e cal no universo DS, Vergne deverá integrar a equipa DS Dragon para 2023, um prémio merecido (ainda que com uma estrutura possivelmente mais débil que a da Techeetah).

6 – Lucas di Grassi

Em 2022, Lucas di Grassi tornou-se o primeiro piloto a atingir 1000 pontos na Fórmula E mas nem tudo foram rosas para o brasileiro. Pela primeira vez fora do universo da Audi ABT, di Grassi sempre pareceu a prazo na Venturi mas isso não diminuía a necessidade de ter uma boa temporada para se mostrar a outras equipas.

As coisas até começaram bem, com um pódio na companhia do colega Mortara, só que passou a maioria do ano meio perdido em corridas em que Mortara terminava com frequência entre os 3 primeiros. Dificilmente um bom cartão de visita.

Mas de Nova Iorque em diante, tudo mudou. Chegou o segundo pódio do ano e depois chegou a primeira vitória do ano, mesmo quando o outro lado da garagem enfrentava o seu período mais difícil do ano.

A boa forma do final de temporada removeu as dúvidas que brevemente poderiam ter passado pelo paddock sobre as capacidades de di Grassi.

7 – António Félix da Costa

Já é tradição que António Félix da Costa não comece bem os seus campeonatos. O piloto da DS Techeetah demorou muito tempo a encontrar-se na temporada de 2022, acabando a ronda dupla de Diriyah a zeros e acumulando pontos de 4º para baixo nas provas em que finalmente terminou. No entretanto, Vergne comandava a equipa a seu bel-prazer.

Na segunda metade do ano as coisas começaram-se a compôr, possivelmente potenciadas pela segurança de saber que tinha um lugar garantido na Porsche para 2023. Começou com um sólido 4º lugar em Jakarta, seguido do primeiro pódio do ano em Marraquexe. Na corrida seguinte em Nova Iorque chegou a primeira vitória da DS neste ano, e foi de Félix da Costa com confiança total.

Daí até ao final do ano foram só lugares pontuáveis, apesar de o português ter deixado algo a desejar em Seul (quando chocou com Dennis numa disputa pelo 2º lugar). Se tivesse tido pontos “a sério” poderia ter acabado o ano na frente de Vergne (no que seria a 3ª vez em 3 anos).

Limpar a primeira metade do ano será a sua primeira prioridade na Porsche. De resto, já provou que não se deixa intimidar por chegar à equipa onde um piloto rival está já bem estabelecido.

8 – Robin Frijns

De várias maneiras pode-se considerar a temporada de Robin Frijns como o oposto da de Félix da Costa. Frijns teve que cumprir novamente o papel de ponta de lança da privada Envision, uma equipa que fazia questão de dizer no início do ano (talvez para se assegurar a si mesma) que a ausência da equipa de fábrica da Audi não lhes traria problemas como clientes. A verdade é que os britânicos começaram a perder rendimento a olhos vistos depois de um início em cheio.

Início esse protagonizado principalmente por Frijns. O holandês fez 3 pódios nas primeiras 5 corridas do ano. Aproveitando distrações alheias em Diriyah para ascender a posições elevadas, podendo ter triunfado no México se tivesse mais um bocadinho de sorte e arreliando concorrentes bem melhor equipados no México: foi assim que o piloto se imiscuiu entre os líderes.

Por tudo isto dever-lhe-á ter sido bem difícil de digerir que, quando a vitória chegou para a Envision, tenha sido o colega de equipa a obtê-la. Ainda por cima numa corrida em que Cassidy a recebeu, depois de uma bandeira vermelha em que caso a prova tivesse recomeçado Frijns estaria na liderança.

Ainda assim acabou o campeonato na frente do duelo interno, indo abandonar a estrutura para parte incerta ainda. Com alguma sorte, conseguirá entrar numa estrutura com melhores meios que os que a Envision / Virgin lhe soube dar em anos recentes.

9 – Nyck de Vries

Com o mundo a seus pés após o título mundial de 2021, Nyck de Vries passou a maior parte do seu tempo após a conclusão da temporada a agir algo defensivamente sobre aqueles que sugerissem que a sorte de Valência o beneficiara. Isto não parecia ir influenciar a sua defesa de campeonato, que começou com uma vitória em Diriyah.

Só que nas 6 provas seguintes só chegaram 10 pontos para de Vries, o que acabou por terminar quaisquer aspirações que o holandês pudesse vir a ter para a revalidação do titúlo. Depois chegou uma vitória em Berlim, com confiança, mas logo de seguida vieram 4 provas sem nada melhor que um 6º lugar e aí ficou cimentado o papel de segundo piloto da Mercedes.

Neste papel acabou por deixar algo a desejar, recusando-se a ceder a posição a Vandoorne em Londres.

Mesmo com uma inconsistência muito clara e alguma falta de fairplay com o seu colega de equipa, de Vries também mostrou alguns flashes de enorme velocidade que o levam a ainda estar no radar para a Fórmula 1 (ou para uma eventual continuação na Fórmula E com uma equipa de fábrica).

10 – Nick Cassidy

Tendo feito parte de um rol de rookies de 2021, Nick Cassidy teve alguma dificuldade em destacar-se face à concorrência de outros pilotos como Jake Dennis ou o colega de equipa Robin Frijns. Apesar disso, tinha deixado o seu cartão de visita, com 2 poles e 2 pódios. Numa Envision a usar propulsores Audi, quando os alemães já estavam fora de combate, em 2022 seria mais difícil de aparecer com destaque.

Sofrendo um pouco mais com o azar ao longo do ano que Frijns, mas com ambos a sofrerem com a inconsistência da sua equipa em igual medida, Cassidy foi acumulando pontos quando possível até ao e-Prix de Nova Iorque. Nesse e-Prix, o neo-zelandês esteve simplesmente intocável e fez pole positions em ambas as provas (a última retirada por motivos extra-desportivos), culminando com a sua primeira vitória na categoria ao segurar pressão de candidatos ao título (beneficiando de uma bandeira vermelha após um acidente dos 5 primeiros, ele incluído).

A boa forma não se ficou por aí, tendo continuado para mais um pódio em Londres numa inversão de boa forma quase completa em comparação com Frijns.

Em 2023 contará com Sébastien Buemi ao seu lado, e motores da Jaguar, o que lhe dará mais pressão mas também mais oportunidades.





A consagração de Vandoorne – e-Prix Seul 2022

14 08 2022

Com uma indústria automóvel em franco desenvolvimento, a Coreia do Sul há muito que tem sido um destino de grande interesse para as categorias de automobilismo mundial, sem nunca se ter tornado possível conseguir o desenvolvimento eficaz de uma prova digna do seu nome. Houve uma primeira tentativa com a construção da pista de Yeongam na F1 há vários anos, mas quanto menos for dito sobre a experiência melhor.

Para a Fórmula E a experiência teria que ser diferente. Assim, Alejandro Agag assinou em 2018 um acordo para a realização de uma prova na capital do país. A escolha recaiu para o complexo de Jamsil, através do Estádio Olímpico com 19 curvas no total. Fazendo uso de uma pista temporária já explorada para a pista da Race of Champions, o circuito teria uma mistura de curvas apertadas e fortes travagens no interior do estádio.

A estreia original durante a temporada de 2021 foi adiada perante as necessidades de manter a categoria em território europeu, para fazer face às dificuldades provocadas pela pandemia, o que levou o circuito a fazer a sua estreia na FE este ano (e logo como ronda final do campeonato).

Para a prova coreana foram anunciadas duas mudanças de pilotos: a substituição de Sam Bird por Norman Nato na Jaguar, fruto da mão partida do britânico; e a contratação de Lucas di Grassi para 2023 na Mahindra ao lado de Oliver Rowland.

Ronda 15 – e-Prix de Seul (1) 2022

Com hipóteses bem reduzidas de título, a única hipótese de Mitch Evans para pelo menos atrasar a decisão até à derradeira prova era conseguir triunfar nesta primeira corrida coreana. E foi precisamente isso que conseguiu. Apesar de não ter conseguido pole position (perdeu a meia-final), Evans fez o seu Jaguar partir melhor que os da primeira fila da grelha, passando primeiro Oliver Rowland e depois Lucas di Grassi para assumir uma liderança que não voltou a largar.

Esta tarefa foi dificultada por uma carga de água que se abateu sobre Seul e levou a que 6 carros fossem violentamente contra o muro na primeira volta (com direito a Nyck de Vries ficar preso debaixo de um carro). Nick Cassidy e Norman Nato ainda conseguiram regressar à pista depois destes incidentes (que provocaram a bandeira vermelha) mas os restantes não.

Nestas condições já tinha Rowland conseguido horas antes a pole. Apesar de não ter conseguido segurar Evans, o britânico fez um ótimo trabalho para garantir um pódio Mahindra. Só não foi uma pontuação dupla porque Alexander Sims, que vinha a recuperar de 22º até 9º, acidentou-se nas derradeiras voltas.

Ficaram apenas a sobrar dois candidatos ao título após esta prova porque Edoardo Mortara teve um sábado para esquecer, sendo penalizado por movimentos excessivos na sua defesa de posição, e Jean-Éric Vergne não conseguiu pontos suficientes para evitar ver as suas chances caírem por água abaixo.

Destaque ainda para mais uma prova sólida de Jake Dennis pela Andretti em 4º e para Vandoorne não arriscar em demasia e chegar em 5º.

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Qualificação: 1. Rowland \ 2. di Grassi \ 3. Evans \ 4. Wehrlein \ 5. Dennis (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Evans \ 2. Rowland \ 3. di Grassi \ 4. Dennis \ 5. Vandoorne \ 6. Vergne \ 7. Wehrlein \ 8. Frijns \ 9. Félix da Costa \ 10. Cassidy (Ver melhores momentos)

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Ronda 16 – e-Prix de Seul (2) 2022

Não era preciso quase nada para Vandoorne ser consagrado como campeão do mundo, mas a não-qualificação de Evans para os quartos-de-final praticamente assegurou o resultado antes da prova sequer começar. Vandoorne fez uma prova segura, sem nunca arriscar e terminou em 2º. Já Evans teve que fazer uma recuperação até 7º, insuficiente para evitar um merecido título duplo pelo segundo ano seguido para a equipa Mercedes.

A corrida em si foi vencida por Edoardo Mortara com autoridade. O suíço passou o pole Félix da Costa nas primeiras voltas e nunca mais foi verdadeiramente ameaçado pelos rivais atrás de si, dando à Venturi uma vitória na sua última corrida como marca (será substituída pela Maserati na próxima temporada). Dennis foi quem se seguiu em pista mas terminou apenas em 3º, devido a uma penalização de 5 segundos pelo incidente com Félix da Costa (que atirou o português para fora dos pontos, donde recuperou até 10º).

Para completar um ótimo final de temporada, Oliver Askew conseguiu um Top 5 bastante celebrado por si, que o poderá levar a ser mantido na estrutura Andretti (que mostrou grande competência neste ano sem apoio oficial da BMW). Atrás dele chegou Vergne, demonstrando a falta de algo de especial da Techeetah para caçar o título deste ano.

Nick Cassidy e Sébastien Buemi serão colegas de equipa na Envision em 2023, e terminaram em 8º e 9º respetivamente. Destaue ainda para a substituição de Antonio Giovinazzi por Sacha Fenestraz na Dragon Penske por lesão do primeiro na primeira prova.

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Qualificação: 1. Félix da Costa \ 2. Mortara \ 3. Dennis \ 4. Vandoorne \ 5. Frijns (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Mortara \ 2. Vandoorne \ 3. Dennis \ 4. Frijns \ 5. Askew \ 6. Vergne \ 7. Evans \ 8. Cassidy \ 9. Buemi \ 10. Félix da Costa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vandoorne (213) \ 2. Evans (180) \ 3. Mortara (169) \ 4. Vergne (144) \ 5. di Grassi (126) —– 1. Mercedes (319) \ 2. Venturi (295) \ 3. DS Techeetah (266) \ 4. Jaguar (231) \ 5. Envision (194)

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Corrida anterior: e-Prix Londres 2022
Corrida seguinte: ePrix Cidade do México 2023

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Fontes:
Autosport \ Mahindra assina di Grassi
FE \ Nato substitui Bird
Racing Circuits \ Seul
The Race \ Giovinazzi fora da última corrida





di Grassi demolidor – e-Prix Londres 2022

1 08 2022

Com um desenho único, que envolvia ter metade da pista debaixo de holofotes de um pavilhão de exposições londrino e a outra metade ao ar livre ao redor do mesmo pavilhão, o regresso do e-Prix de Londres em 2021 foi muito bem-sucedido para a Fórmula E, particularmente com dois pilotos britânicos a triunfarem nas duas corridas.

O pavilhão em questão é o ExCel, próximo ao Rio Tamisa e com uma ótima localização em termos de acesso ao aeroporto e aos transportes públicos. Certamente uma melhoria face à anterior experiência da categoria na cidade, no parque de Battersea, que foi aniquilada pela oposição da população local e por uma pista de qualidade inferior (ainda que também tenha trazido um dos momentos mais entusiasmantes na luta pelo título da segunda temporada, entre Sébastien Buemi e Lucas di Grassi).

Com Jake Dennis numa maquinaria inferior, Alex Lynn fora da FE e o sistema de qualificação menos aleatório, esperava-se que a prova de 2022 trouxesse novos vencedores no seu traçado misto.

Na semana antes da prova também foi anunciado que a regressada equipa ABT contará com unidades de potência da Mahindra para 2023.

Ronda 13 – e-Prix de Londres (1) 2022

A primeira das duas provas decisivas de Londres acabou por não ser um festival de ultrapassagens, pelo menos não para os carros da frente. Jake Dennis, bem habituado a puxar os carros da Andretti até posições que não merecem, cumpriu a sua tradição e fez a primeira pole position do ano em Londres. A vitória na final de qualificação foi conseguida às custas de Stoffel Vandoorne e o mesmo repetiu-se na corrida, com o britânico a segurar o belga durante a totalidade da prova para triunfar.

A outra história da qualificação coube a Lucas di Grassi, que foi acusado de bloquear um adversário (di Grassi protestou veementemente, ironicamente referindo que o rival tinha feito setores roxos) e caiu para a parte de trás da grelha. Ainda assim, foi um dos que recuperaram várias posições até ao 9º posto final.

Outros que também recuperaram de posições menos avançadas foram Mitch Evans (de 14º a 5º), Pascal Wehrlein (de 18º a 10º) e António Félix da Costa (de 11º a 7º).

Nyck de Vries tinha completado originalmente o pódio da corrida, mas foi penalizado por contacto com Nick Cassidy, deixando o último com esse posto.

Destaque ainda para uma excelente qualificação de Sérgio Sette Câmara que terminou em abandono, e para Oliver Askew, que evitou essa armadilha e manteve-se em 4º (um ótimo resultado conjunto com Dennis para a Andretti).

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Qualificação: 1. Dennis \ 2. Vandoorne \ 3. de Vries \ 4. Sette Câmara \ 5. Askew (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Dennis \ 2. Vandoorne \ 3. Cassidy \ 4. Askew \ 5. Evans \ 6. de Vries \ 7. Félix da Costa \ 8. Günther \ 9. di Grassi \ 10. Wehrlein (Ver melhores momentos)

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Ronda 14 – e-Prix de Londres (2) 2022

No domingo, novas dificuldades para os candidatos ao título. Depois de Vergne ter falhado os quartos-de-final no sábado, o dia seguinte viu Edoardo Mortara novamente em dificuldades, Stoffel Vandoorne de fora e Mitch Evans.

Tudo isto viu Lucas di Grassi colocar-se, sem sombra de dúvidas, na final atrás do vencedor de sábado (Jake Dennis), enquanto que Antonio Giovinazzi fez a sua primeira boa qualificação do ano e chegou às meias-finais com a Dragon Penske (ainda que um drive through por excesso de utilização de energia o tenha atirado para trás na prova).

O duelo a dois entre di Grassi e Dennis aqueceu a corrida e jogou-se principalmente entre zonas de Attack Mode. No final, foi di Grassi quem alcançou a liderança da corrida e a vitória final, redimindo-se da sua penalização de sábado. De Vries voltou a completar o pódio, desta vez legitimamente mas não sem controvérsia (recusando-se a perder mais de 7 segundos para deixar passar o colega Vandoorne para as contas do título).

Não que Vandoorne tenha ficado demasiado preocupado com o assunto. Com 58 pontos disponíveis na ronda final de Seul, o belga da Mercedes vai com 36 de vantagem e apenas um milagre para Mitch Evans, Edoardo Mortara ou Jean-Éric Vergne (que abandonou esta prova quando circulava em 4º nas voltas finais) poderam impedi-lo de ser o novo campeão do mundo.

Félix da Costa estagnou para 5º num fim-de-semana em que a DS Techeetah esteve abaixo do seu nível habitual, enquanto que Buemi garantiu que foi um fim-de-semana de pontos a dobrar para a Nissan. Destaque ainda para os primeiros pontos do ano para a Dragon Penske, cortesia de Sette Câmara.

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Qualificação: 1. Dennis \ 2. di Grassi \ 3. Giovinazzi \ 4. Félix da Costa \ 5. de Vries (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. di Grassi \ 2. Dennis \ 3. de Vries \ 4. Vandoorne \ 5. Félix da Costa \ 6. Buemi \ 7. Frijns \ 8. Bird \ 9. Sette Câmara \ 10. Wehrlein (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vandoorne (185) \ 2. Evans (149) \ 3. Mortara (144) \ 4. Vergne (128) \ 5. Félix da Costa (116) —– 1. Mercedes (291) \ 2. Venturi (255) \ 3. DS Techeetah (244) \ 4. Jaguar (200) \ 5. Envision (172)

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Corrida anterior: e-Prix Nova Iorque 2022
Corrida seguinte: e-Prix Seul 2022

e-Prix Londres anterior: 2021

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Fontes:
Motoring World \ ABT e Mahindra chegam a acordo





Mortara segura os Techeetah e lidera o campeonato – e-Prix Marraquexe 2022

2 07 2022

Depois de mais uma série de dificuldades organizacionais no Canadá (que já tinham ditado o fim da anterior corrida em Montreal), Vancouver foi forçada a atrasar a sua estreia no calendário da Fórmula E para 2023. Quando o cenário mais provável parecia o encurtamento da época para 15 rondas, a FE anunciou o regresso do e-Prix de Marraquexe para o espaço aberto.

Geralmente organizado mais cedo no ano, a prova regressa assim à categoria depois de um ano de ausência. Localizado no distrito Agdal da cidade, o Circuito Internacional Moulay El Hassan (príncipe herdeiro do país) é semi-permanente com estruturas de boxes permanentes e com alterações significativas a terem sido feitas em 2016 (depois da abertura em 2009).

A pista utilizada pela Fórmula E é mais pequena (a anterior passava pela zona de hóteis e era rapidíssima até à chegada a chicanes lentas), de modo a permitir a sua utilização frequente por amadores ao longo do ano. Neste traçado a Mahindra tem sido feliz ao longo dos anos, com 2 vitórias em 2018 e 2019, assim como Sébastien Buemi e António Félix da Costa (que triunfaram lá nos anos em que foram campeões da categoria).

Uma grande expectativa antes da realização da prova era ver como pilotos e carros lideriam com o calor abrasivo, uma vez que o e-Prix costumava ser mais cedo no ano.

Ronda 10 – e-Prix de Marraquexe 2022

Com um Sol de Julho abrasador, o e-Prix de Marraquexe acabou por trazer uma ordem das equipas bastante usual quando comparada com o resto da temporada.

Isto incluiu pilotos como Edoardo Mortara e Mitch Evans a impôrem um ritmo demolidor sobre os seus colegas de equipa e rivais diretos. Num dia em que Stoffel Vandoorne enfrentou problemas em qualificação que o obrigaram a partir da última linha da grelha, Mortara e Evans precisavam de acumular uma boa quantia de pontos e foi isso que fizeram.

Para isso contaram com a resistência acirrada da Techeetah. Geralmente uns furos abaixo das rivais, a equipa chinesa pareceu ter um ritmo mais próximo em terras marroquinas, com António Félix da Costa a fazer pole position sobre Mortara. Félix da Costa e Mortara usaram os seus Attack Modes relativamente cedo na corrida, com o último a levar a melhor em termos de estratégia e passando à liderança.

A partir daí, a Techeetah parecia ter como plano simplesmente inverter as posições dos seus dois pilotos, o que fez. Só que Mortara parecia fugir aos poucos, e Félix da Costa recebeu permissão para voltar ao 2º lugar, de onde se lançou à caça do Venturi. O português ainda se aproximou até estar a menos de um segundo mas o suíço segurou a sua liderança da corrida, para assumir a liderança do campeonato. Infelizmente para Vergne, a ausência do “escudo” do colega de equipa foi sentida: perdeu o último lugar do pódio para Evans.

O outro Venturi de Lucas di Grassi ultrapassou Nyck de Vries na última volta para ser o melhor dos restantes no 5º lugar, enquanto que Jake Dennis voltou a assumir a liderança da Andretti para somar mais alguns pontos para a equipa americana. Já o anterior líder do campeonato, Vandoorne, passou carro após carro para pontuar 4 preciosos pontos em 8º, seguido de Sam Bird (que voltou a estar a milhas do outro Jaguar) e Oliver Rowland (com um ponto valioso na luta da Mahindra contra a Nissan).

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Qualificação: 1. Félix da Costa \ 2. Mortara \ 3. Vergne \ 4. Wehrlein \ 5. Dennis (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Mortara \ 2. Félix da Costa \ 3. Evans \ 4. Vergne \ 5. di Grassi \ 6. de Vries \ 7. Dennis \ 8. Vandoorne \ 9. Bird \ 10. Rowland (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Mortara (139) \ 2. Vergne (128) \ 3. Vandoorne (125) \ 4. Evans (124) \ 5. Frijns (81) —– 1. Venturi (205) \ 2. DS Techeetah (203) \ 3. Mercedes (198) \ 4. Jaguar (156) \ 5. Porsche (114)

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Corrida anterior: e-Prix Jakarta 2022
Corrida seguinte: e-Prix Nova Iorque 2022





Evans aproxima-se dos 3 primeiros – e-Prix Jakarta 2022

5 06 2022

Parte integrante do esforço da Fórmula E por recuperar uma boa dose de internacionalização (especificamente com a expansão para o continente asiático), Jakarta era um desejo de longo curso do fundador Alejandro Agag mas foi preciso esperar pelo menos dois anos para que a prova pudesse de facto ocorrer.

Um circuito ao redor do Monumento Nacional foi o primeiro esboço, mas nunca deu para conseguir as permissões necessárias e foi necessário voltar a escolher uma localização. 5 locais foram indicados ao redor de Jakarta até que finalmente a escolha recaiu sobre a zoa de Ancol.

A pista potencial até nem segue os ângulos retos geralmente usados por outras pistas, caraterizada por uma longa reta da meta e secções mais sinuosas, como a das curvas 9-12 e 15, 16 e 17. Será também a última prova individual de 2022, devido ao cancelamento (adiamento?) do e-Prix de Vancouver, com todas as outras corridas a serem duplas.

Ronda 9 – e-Prix de Jakarta 2022

A nova pista acabou por trazer o mesmo entusiasmo de sempre nas eliminatórias de qualificação, uma das grandes descobertas da Fórmula E em 2022. André Lotterer, pela primeira vez este ano, não conseguiu passar até aos quartos-de-final mas, paradoxalmente, a DS Techeetah pareceu estar a encontrar-se cada vez mais nestas qualificações, colocando os dois carros na final. Nesta, coube a Jean-Éric Vergne impôr-se ao colega de equipa António Félix da Costa, que escorregou logo no início da volta (tal como o seu adversário das meias-finais, Edoardo Mortara já fizera).

Só que, tal como já sucedeu com frequência nesta temporada, os Techeetah mostraram-se incapazes de fugir ao pelotão na corrida da mesma forma que o fazem em qualificação. Félix da Costa acabou a perder algumas posições, apesar de um bom uso de Fan Boost lhe ter permitido segurar o Mercedes de Stoffel Vandoorne, e Vergne esteve sempre em disputa pela vitória mas acabou batido por Mitch Evans.

O britânico da Jaguar tornou-se o primeiro piloto a chegar às 3 vitórias em 2022, com mais uma excelente corrida sempre ao ataque, e aproximou-se bastante dos seus outros três rivais no campeonato: Vergne, Mortara e Vandoorne. Mortara foi o melhor dos carros com unidades motrizes Mercedes, continuando a arrastar a cliente Venturi até posições bem ambiciosas, enquanto que Vandoorne teve uma qualificação menos conseguido e limitou os estragos para sair de Jakarta ainda na liderança do campeonato.

O colega Mercedes, Nyck de Vries, estava em boa posição para terminar ainda com alguns pontos quando foi visto a entrar nas boxes para abandonar. Não se tratava de um abandono “a solo”, porque pouco depois surgiu a mensagem de que Lotterer seria penalizado por contacto com o holandês…

Sébastien Buemi tinha conseguido a proeza de terminar em 7º após o fim da qualificação mas em corrida chegou a cair para 13º até um pitada de sorte no final da prova o colocar no limite dos pontos, tal era a falta de ritmo crónica do Nissan (não admirando ninguém que esteja de saída para a Envision em 2022/23). Também Jake Dennis arrastou um carro inferior até onde não merecia, com o seu Andretti. Por último, Sam Bird continua algo decepcionante em 2022: enquanto o colega triunfou, o inglês apenas conseguiu pôr o Jaguar em 9º; e a Envision teve um fim-de-semana horrível que tramou por completo ambos os seus pilotos.

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Qualificação: 1. Vergne \ 2. Félix da Costa \ 3. Evans \ 4. Mortara \ 5. Dennis (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Evans \ 2. Vergne \ 3. Mortara \ 4. Félix da Costa \ 5. Vandoorne \ 6. Dennis \ 7. di Grassi \ 8. Wehrlein \ 9. Bird \ 10. Buemi (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vandoorne (121) \ 2. Vergne (116) \ 3. Mortara (114) \ 4. Evans (109) \ 5. Frijns (81) —– 1. Mercedes (186) \ 2. DS Techeetah (170) \ 3. Venturi (169) \ 4. Jaguar (139) \ 5. Porsche (114)

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Corrida anterior: e-Prix Berlim 2022
Corrida seguinte: e-Prix Marraquexe 2022

ePrix Jakarta seguinte: 2023

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Fonte:
The Race \ Buemi na Envision





Protagonistas mais claros – e-Prix Berlim 2022

15 05 2022

É seguro dizer que haverá poucas pistas de Fórmula E que os pilotos conheçam neste momento melhor que a do Aeroporto de Tempelhof na capital alemã de Berlim. Tendo-se estreado originalmente em 2015, o circuito acabaria por ser usado para 6 provas consecutivas no final de 2020 para compensar o cancelamento pandémico de várias provas dessa temporada. Mesmo em 2021, foi palco de 2, com o campeão Nyck de Vries a conseguir o seu título mundial nele.

Desde 2017, a pista utiliza um traçado de 2,250 km de extensão e 10 curvas (que em 2020 e 2021 chegou a ser utilizado no sentido inverso). Por estar a ser realizado num aeroporto, mais especificamente o mesmo aeroporto que os exércitos dos Aliados usaram para fazer a ponte aérea de Berlim após a Segunda Guerra Mundial quando a URSS bloqueou o acesso terrestre à cidade, o traçado não é particularmente aderente e gera uma grande quantidade de degradação. Possui também um túnel e é bastante largo para os padrões da FE.

Com os únicos vencedores múltiplos da prova a serem Sébastien Buemi e António Félix da Costa, o e-Prix de Berlim chega este ano sem um dos vencedores do ano passado na grelha e com o outro numa equipa diferente.

Dias antes do e-Prix a Fórmula E aproveitou para anunciar a substituição do cancelado e-Prix de Vancouver deste ano por uma prova no circuito citadino de Marraquexe em Marrocos.

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Ronda 7 – e-Prix de Berlim (1) 2022

Havia alguma preocupação em relação à Venturi para este fim-de-semana depois de uma troca bem azeda de palavras entre ambos na imprensa pós-e-Prix do Mónaco, quando se acidentaram, mas não havia motivos para preocupação: em nenhum momento de sábado pareceu haver um único momento em que Edoardo Mortara não parecesse ter a corrida sob controlo. O suíço fez pole position e só perdeu a liderança em certos momentos de Attack Mode, por ter atrasado o seu.

Atrás dele chegou Jean-Éric Vergne, que ainda tentou um ataque nas voltas finais mas este falhou e depois precisou de se defender com unhas e dentes de um comboio de carros. O francês falhou a final da qualificação quando fizera o mesmo tempo à milésima do outro semi-finalista e mostrou-se frustrado com isso, só que em prova esperou até ao meio para começar a atacar, passando o colega de equipa e outros opositores. Sem vitórias, continua a brilhar aos comandos do DS Techeetah.

No último lugar do pódio chegou Stoffel Vandoorne, que tem continuado a arrumar a um canto o colega campeão do mundo (Nyck de Vries), em recuperação constante de ter partido mais para baixo. Outro que o acompanhou (com um pouco menos de velocidade) foi Mitch Evans, que continua a despontar como candidato ao título no seu Jaguar.

António Félix da Costa tinha-se qualificado em 3º mas acabou por ir caindo até 5º, quando um saco de plástico lhe entrou nos radiadores e o fez cair abruptamente para 8º, passado por Evans, Pascal Wehrlein e Sam Bird. Alexander Sims também foi outro que tinha brilhado em qualificação, quase fazendo pole para a Mahindra, mas que teve que lutar com unhas e dentes para dar dois pontos à equipa indiana.

Destaque ainda para André Lotterer em 2022, que tem vindo a demonstrar toda a regularidade que lhe faltou em 2021; para Sergio Sette Câmara que levou a única equipa sem pontos de 2022 (Dragon Penske) aos quartos-de-final da qualificação; e para Sébastien Buemi, que deu um ar da sua graça em qualificação (apesar da volta ter sido anulado devido aos timings de saída das boxes).

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Qualificação: 1. Mortara \ 2. Sims \ 3. Félix da Costa \ 4. Vergne \ 5. Lotterer (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Mortara \ 2. Vergne \ 3. Vandoorne \ 4. Lotterer \ 5. Evans \ 6. Wehrlein \ 7. Bird \ 8. Félix da Costa \ 9. Sims \ 10. de Vries (Ver melhores momentos)

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Ronda 8 – e-Prix de Berlim (2) 2022

O segundo dia de ação em Berlim trouxe Mortara mais uma vez em grande forma e com outra pole position, ainda que desta vez não tenha contado com uma corrida sem dificuldades. O piloto da Venturi viu-se batido por um Nyck de Vries em muito melhor forma, que lhe roubou a liderança e nunca mais a largou para dar algum balanço à sua temporada, com o triunfo final.

Os colegas de equipa de ambos terminaram logo atrás deles, o que significou que os quatro carros com propulsores Mercedes terminaram nas quatro primeiras posições.

Robin Frijns desta vez qualificou-se muito melhor e acabou no 5º posto, de modo a conseguir obter alguns importantes pontos para o seu campeonato, enquanto que os dois DS Techeetah caíram um lugar em relação aos seus postos de qualificação.

Oliver Rowland conseguiu uma boa quantia de pontos para a Mahindra, que mais que duplica os seus pontos do ano até aqui; enquanto que André Lotterer voltou a ser o mais eficaz dos Porsche para pontuar mais uma vez.

Nas disputas do título parecem haver protagonistas mais claros que nunca, com Vandoorne a assumir a liderança por margem pequena. Atrás dele vem Vergne, que mesmo sem vitórias se mantém à luta, e Mortara, que faz grande uso do seu Venturi privado.

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Qualificação: 1. Mortara \ 2. Frijns \ 3. de Vries \ 4. Lotterer \ 5. Félix da Costa (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. de Vries \ 2. Mortara \ 3. Vandoorne \ 4. di Grassi \ 5. Frijns \ 6. Félix da Costa \ 7. Rowland \ 8. Lotterer \ 9. Vergne \ 10. Evans (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vandoorne (111) \ 2. Mortara (99) \ 3. Vergne (95) \ 4. Evans (83) \ 5. Frijns (81) —– 1. Mercedes (176) \ 2. Venturi (148) \ 3. Techeetah (137) \ 4. Jaguar (111) \ 5. Porsche (110)

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Corrida anterior: e-Prix Mónaco 2022
Corrida seguinte: e-Prix Jakarta 2022

e-Prix Berlim anterior: 2021
e-Prix Berlim seguinte: 2023





Evans com tudo – e-Prix Roma 2022

11 04 2022

O cancelamento das provas de Março da Fórmula E criou um espaço de quase dois meses entre ePrix, finalmente terminado com a corrida de Roma (que passou a dupla ronda para manter o número de ePrix total da temporada).

A primeira ronda europeia do ano é bastante popular entre os pilotos e mudou bastante as zonas da cidade por onde passa em 2021, de modo a poder perturbar menos o trânsito local (e com o espaço ao público a não ser tão importante como na estreia de 2018). O Obelisco di Marconi é um dos elementos centrais à volta dos quais o circuito corre com ondulações, elevações e superfícies diferentes.

As provas italianas chegaram numa altura em que o campeonato permanece tão imprevisível como sempre, com 3 vencedores diferentes em 3 e-Prix diferentes. Os vencedores de 2021, Stoffel Vandoorne e Jean-Éric Vergne, chegaram a território italiano sem terem ainda triunfado em 2022.

Mesmo antes do primeiro dos e-Prix surgiu também a notícia de acordo firmado entre Venturi e Maserati, para que a primeira passe a ser a equipa de fábrica dos italianos a partir de 2023. Integrante do grupo Stellantis, a Maserati assegura o seu futuro tal como a outra marca do grupo, a DS. Esta parece pouco disposta a continuar com a Techeetah e um acordo com a Dragon Penske foi alcançado.

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Ronda 4 – e-Prix de Roma (1) 2022

Os quase dois meses de paragem fizeram bem à Jaguar. A equipa britânica não tinha começado o campeonato deste ano exatamente com o pé direito, por isso quando ambos os carros falharam à justa a entrada nas eliminatórias de qualificação parecia uma continuação disso.

Nada mais longe da verdade. Mitch Evans partiu de 9º e passou a sua corrida entretido a fazer ultrapassagem atrás de ultrapassagem, culminando com uma manobra em Attack Mode em que atingiu a liderança e nunca mais a largou. Terminou com mais de 5 segundos de avanço sobre o pelotão e com mais 2% de energia restante que quase todos. Imparável. Até o colega de equipa Sam Bird se safou, fazendo um caminho semelhante de 13º a 5º.

A Mercedes quase ocupara a primeira linha da grelha, mas acabou com uma fraca consolação, com o abandono do campeão em título Nyck de Vries e com o pole position Stoffel Vandoorne sempre imiscuído na disputa da frente, mas sem nada melhor no final que o lugar mais baixo do pódio. Entre Vandoorne e Evans ficou o Envision de Robin Frijns, que passou o dia a arreliar os pilotos à sua volta, que possuíam material bem melhor.

Os DS Techeetah pareceram andar perto mas com falta de uma pitada de performance extra. A meio da corrida Jean-Éric Vergne e António Félix da Costa começaram a afundar (o último com a ajuda de toques agressivos como o de Jake Dennis, que foi penalizado), mas acabariam por recuperar posições suficientes para um resultado conjunto aceitável de 4º e 6º.

Destaque ainda para os preciosos pontos somados por Edoardo Mortara e Pascal Wehrlein para os seus campeonatos, e para o engarrafamento provocado quando Oliver Rowland sofreu um toque e ficou parado em pista no início da prova (com direito a Safety Car).

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Qualificação: 1. Vandoorne \ 2. Frijns \ 3. de Vries \ 4. Félix da Costa \ 5. Vergne (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Evans \ 2. Frijns \ 3. Vandoorne \ 4. Vergne \ 5. Bird \ 6. Félix da Costa \ 7. Mortara \ 8. Wehrlein \ 9. Cassidy \ 10. Lotterer (Ver melhores momentos)

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Ronda 5 – e-Prix de Roma (2) 2022

Não foi precisa uma recuperação tão grande quanto a de sábado para que Mitch Evans terminasse mais um e-Prix de Roma com a vitória. O neo-zelandês, com apenas 1 ponto nas 3 provas anteriores, acumulou 50 na capital italiana. Evans arrastou até o mais tarde possível a utilização do seu Attack Mode (apenas um de 7 minutos nesta ronda) e quando finalmente o accionou fugiu com facilidade na liderança. Se a Jaguar conseguir manter este ritmo nas outras provas, poderá ser um dos favoritos.

O pole Vergne voltou a brilhar no segundo dia, com manobras bem calculadas e uma velocidade nata, apesar de se ter mostrado frustrado pela maneira como os SC estavam permanentemente a mudar a estratégia de energia “a cada curva”. A liderança do campeonato, sem ainda ter triunfado, parece uma boa recompensa. Foi seguido pelo sempre regular Frijns no pódio, que continua a provar que não são precisas vitórias na FE desde que se seja consistentemente rápido.

A Porsche fez uma pontuação dupla, que os ajuda a manterem a disputa pelo título aceso, mas foi a pontuação dupla da NIO que mais impressionou, por já não ocorrer desde 2016, e por incluir o estreante Dan Ticktum ao experiente Oliver Turvey.

Claro que foi possível graças à chuva de penalizações que ocorreram por uma variedade de incidentes, como por exemplo as penalizações de tempo de Nyck de Vries e António Félix da Costa, em manobras que foram claramente acima do que deviam.

Destaque ainda para a boa temporada de Vandoorne, sempre a postos para colher todas as oportunidades que lhe possam vir, para a maneira como Bird acabou com uma boa corrida de recuperação de Nick Cassidy, e para 2 pontos colhidos por Buemi para a Nissan.

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Qualificação: 1. Vergne \ 2. Dennis \ 3. Lotterer \ 4. Evans \ 5. Mortara (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Evans \ 2. Vergne \ 3. Frijns \ 4. Lotterer \ 5. Vandoorne \ 6. Wehrlein \ 7. Turvey \ 8. di Grassi \ 9. Buemi \ 10. Ticktum (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vergne (60) \ 2. Frijns (58) \ 3. Vandoorne (56) \ 4. Evans (51) \ 5. Mortara (49) —– 1. Mercedes (94) \ 2. Porsche (85) \ 3. DS Techeetah (80) \ 4. Venturi (78) \ 5. Jaguar (73)

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Corrida anterior: e-Prix Cidade do México 2022
Corrida seguinte: e-Prix Mónaco 2022

e-Prix Roma anterior: 2021

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Fontes:
EVO India \ Acordo Maserati-Venturi
Grande Prêmio \ Acordo DS-Dragon Penske