Depois de já ter colocado os fãs a ver uma corrida no sábado, com os sprints e com o próprio GP de Las Vegas em 2023, a Fórmula 1, de forma a conseguir adaptar o seu calendário a 24 corridas, teve que começar mais cedo que o usual, pelo que os GPs do Bahrain e Arábia Saudita tiveram que conseguir a proeza de serem realizados cedo e não colidir com o Ramadão. O resultado foi a antecipação de todas as sessões em um dia.
No caso específico do Bahrain, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de pilotos, o país começou a construção do autódromo de Sakhir em 2002, sediando o primeiro Grande Prémio do Bahrain em 2004 vencido por Michael Schumacher. A pista, como era usual na época, foi projetada por Hermann Tilke e ficou conhecida pelas enormes escapatórias que tinham a vantagem de manter a areia do deserto fora do traçado.
Com a ação em pista a processar-se agora sob holofotes (desde 2014) em vez do Sol escaldante, o circuito de Sakhir possui boas infraestruturas, retas amplas e pontos de ultrapassagem claros, curvas desafiantes e muitos outros ingredientes que tornam esta uma das paragens favoritas do paddock, mesmo com o “peso extra” que provas da zona costumam atrair.
A notícia da ilibação de Christian Horner do caso de assédio foi Sol de pouca dura: menos de 24 horas depois alguém enviou a todos os jornalistas, chefes de equipa, FOM e FIA um link para um Drive com, alegadamente, as mensagens investigadas, tornando quase insustentável a posição do líder da Red Bull. Ainda para mais com comentários laterais de Mohammed ben Sulayem e Jos Verstappen que insinuam fortemente que deveria dar lugar a outra pessoa.
Ronda 1 – Grande Prémio do Bahrain 2024
A cada nova sessão de treinos livres que ocorria no Bahrain, mais interessantes se tornavam as expectativas para a primeira sessão de qualificação do ano. A ausência de um Red Bull na frente em qualquer um dos treinos ainda podia ser atribuído a uma eventual poupança dos austríacos, mas a verdade é que pelo menos em ritmo de qualificação tornou-se claro que os rivais não estavam tão longe quanto o temido.
No Q1 apenas um segundo separava a primeira e última linhas da grelha, sendo que a última linha era inteiramente composta pela Alpine. Os franceses viram os seus piores medos em relação ao seu novo conceito de monolugar confirmarem-se, ainda que Esteban Ocon tenha mostrado o seu lado mais compreensivo e tenha tentado dar ânimo pela rádio à sua equipa.
A natureza próxima da luta pela pole position significou que vários pilotos, como Lando Norris (McLaren) se queixaram de ter estado perto da primeira linha. Ainda assim, só Charles Leclerc (Ferrari) se poderá queixar com razão, uma vez que tinha feito um tempo no Q2 que lhe teria dado a pole. Como não conseguiu, viu Max Verstappen (Red Bull) ficar com o 1º lugar da grelha, sendo seguido pelo Mercedes de George Russell.
A Kick Sauber juntou-se à Alpine como eliminada no Q1, ao passo que Nico Hülkenberg mostrou que a Haas não perdeu o seu ritmo de qualificação ao chegar ao Q3 (e que as previsões mais pessimistas de ritmo não se confirmaram) às custas do Aston Martin de Lance Stroll.
Para o sábado de corrida havia no ar a esperança de que o pole, tal como na F2 e F3, não partisse bem ou, se partisse bem, não tivesse ritmo de corrida exagerado. Nenhuma das duas sucedeu. Verstappen segurou a liderança e não saiu dela uma única volta, acabando confortavelmente na frente de uma corrida que até atrás de si pareceu sempre ter pouca história.
Pérez acabou por concluir uma dobradinha previsível, enquanto que os Ferrari e Russell lutaram pelo derradeiro lugar do pódio, prevalecendo Sainz com uma agressividade notável que lhe valeu a distinção de Piloto do Dia, contra um Leclerc a cometer vários erros e um Russell que não conseguiu evitar mostrar que ainda falta algo à Mercedes.
A McLaren somou pontos confortavelmente, intercalada por Hamilton e na frente dos dois Aston Martin, numa representação perfeitamente clara das forças da categoria (ainda para mais quando, pela primeira vez na história, todos os pilotos terminaram a primeira corrida do ano). A Kick Sauber foi quem mais se aproximou dos pontos (com um 11º lugar), mas o caos foi mesmo com os RB: Yuki Tsunoda detestou dar posição no final a Daniel Ricciardo e até quase bateram na volta de desaceleração devido a uma infantilidade do japonês.
Valtteri Bottas quase teve que abandonar com dificuldades na mudança de pneu e Logan Sargeant pareceu ter um problema no novo volante da Williams, que quase o levou a ficar sem travões por completo.
No geral, observámos uma simples repetição de 2023: gira o disco e toca o mesmo.
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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Russell \ 4. Sainz \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)
Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Russell \ 6. Norris \ 7. Hamilton \ 8. Piastri \ 9. Alonso \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)
Campeonato: 1. Verstappen (26) \ 2. Pérez (18) \ 3. Sainz (15) \ 4. Leclerc (12) \ 5. Russell (10) —– 1. Red Bull (44) \ 2. Ferrari (27) \ 3. Mercedes (16) \ 4. McLaren (12) \ 5. Aston Martin (3)
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Corrida anterior: GP Abu Dhabi 2023
Corrida seguinte: GP Arábia Saudita 2024
GP Bahrain anterior: 2023
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Fórmula 2 (Rondas 1-2) \ Dupla vitória para Maloney
Neste princípio de ano para a Fórmula 2, até a sessão de qualificação atraiu mais interesse do que o usual. A penúltima tentativa dos vários pilotos acabou por garantir melhores voltas que a última, sendo nesta que Kush Maini e Gabriel Bortoleto bloquearam a primeira linha da grelha de partida. Isto transformou-se numa pole de Bortoleto quando Maini foi desqualificado por ter um dos elementos exteriores do chão do carro abaixo do mínimo exigido.
Nas contas da pole inversa, Taylor Barnard (PHM) foi a grande figura. O britânico foi dos únicos a melhorar na derradeira tentativa, e logo para 10º que lhe garantia partir primeiro para o sprint. A posterior retirada de Maini deixou-o antes em 2º e “salvou” Jak Crawford (DAMS) do seu 11º posto original.
No início do sprint, estes dois pilotos tiveram sortes bem distintas. Barnard abandonou logo no princípio, enquanto que Crawford, apesar de não ter garantido o triunfo, garantiu um importante 2º lugar. A vitória pertenceu Zane Maloney (Rodin), que saiu de 8º e foi um autêntico furacão a abrir caminho entre os seus rivais até chegar ao 1º posto (fazendo caminho inverso ao de Zak O’Sullivan da ART que perdeu posições).
A Campos fez boa figura com os seus dois jovens Red Bull, ao passo que Joshua Dürksen (PHM) não conseguiu partir e Amaury Cordeel (Hitech) abandonou logo no início devido a toque de Rafael Villagómez (Van Amersfoort), causando um Safety Car Virtual.
Já na feature, promovido a líder, Bortoleto perdeu duas posições até à primeira curva e depois cometeu um erro primário ao eliminar Isack Hadjar (Campos) de prova, o que lhe valeram 10 segundos de penaliação (que ainda assim, lhe permitiram terminar 5º). Maloney partiu muito bem de 3º, assumiu a dianteira e venceu a corrida (aproveitamento total na primeira ronda dupla do ano).
Depois do Safety Car para o incidente Bortoleto-Hadjar (que ainda envolveu Fittipaldi), houve ainda espaço a uma prova bem interessante, com um pequeno desentendimento a entrar nas boxes para Cordeel e Bearman, Ritomo Miyata (Rodin) a mostrar serviço na estreia e para Crawford a perder o motor nas boxes brevemente.
Um segundo SC (para falha eletrónica de Victor Martins) trouxe no seu recomeço oportunidades para vários pilotos: para Paul Aron (Hitech) realizar várias ultrapassagens; para Maini fazer meia dúzia de importantes pontos; e para Andrea Kimi Antonelli conseguir mostrar garra num fim-de-semana para esquecer da Prema.
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Qualificação: 1. Bortoleto \ 2. Hadjar \ 3. Maloney \ … \ 8. Martins \ 9. Barnard \ 10. Crawford
Resultado (Sprint): 1. Maloney \ 2. Crawford \ 3. Martí \ 4. Hadjar \ 5. Aron \ 6. Bortoleto \ 7. O’Sullivan \ 8. Hauger (Ver melhores momentos)
Resultado (Feature): 1. Maloney \ 2. Martí \ 3. Aron \ 4. O’Sullivan \ 5. Bortoleto \ 6. Colapinto \ 7. Maini \ 8. Hauger \ 9. Miyata \ 10. Antonelli (Ver melhores momentos)
Campeonato: 1. Maloney (36) \ 2. Martí (24) \ 3. Aron (19) \ 4. Bortoleto (15) \ 5. O’Sullivan (14) —– 1. Rodin (38) \ 2. Campos (29) \ 3. Invicta (21) \ 4. Hitech (19) \ 5. ART (14)
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Corrida anterior: Abu Dhabi 2023 \ Rondas 25-26
Corrida seguinte: Arábia Saudita 2024 \ Rondas 3-4
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Fórmula 3 (Rondas 1-2) \ Browning vence a primeira feature do ano
Com uma grande expectativa relativamente ao que os pilotos da Prema seriam capazes neste campeonato, o ano começou sem desiludir. Dino Beganovic e Gabriele Minì lutaram pela pole position com o “intruso” Luke Browning (Hitech), saindo Beganovic como vencedor deste duelo particular. Para o sprint, a grelha inversa trouxe uma primeira linha ART, com Laurens van Hopen seguido de Nikola Tsolov.
Na partido do sprint, Tsolov passou o colega van Hoepen e a partir daí uma luta morna começou a desenvolver-se (com a equipa ART a avisar para van Hoepen ser inteligente quando este acusou o colega de o empurrar). Max Esterson (Jenzer) procurou não perder o contacto com os líderes mas acabou inevitavelmente ultrapassado por Arvid Lindblad (Prema) e Leonardo Fornaroli (Trident), que se juntaram aos dois líderes numa disputa pela vitória.
De forma limpa, Lindblad assumiu a liderança e fugiu dos ataques de DRS, deixando van Hopen, Fornaroli e Tsolov para se entenderem sozinhos. O resultado foi uma vitória do jovem da Red Bull, seguido por van Hoepen e Fornaroli. Já Esterson acabou a prova a defender-se com coragem dos ataques de um inteligente Minì (por 4 milésimas na linha).
Beganovic furou logo nas voltas iniciais, acabando a sua prova, enquanto que Tommy Smith (Van Amersfoort) arriscou demasiado e arruinou a sua prova e a de Matías Zagazeta (Jenzer).
Na feature, já com os olhos de mais espectadores em cima, Beganovic não conseguiu partir bem, levando a que fosse Browning a assumir a liderança. A partir daí o britânico até segurou a vitória até ao fim (assumindo a liderança do campeonato), mas não sem um grande susto devido ao barulho de motor estranho que começou a escapar do seu monolugar (uma peça ligeiramente solta no escape, mas sem gravidade).
Assim, não foi possível nem a Christian Mansell (ART) nem a Tim Tramnitz (MP) ameaçarem verdadeiramente a sua vitória, contentando-se com completar o pódio. Destaque ainda para Oliver Goethe (Campos), que conseguiu subir de 17º até ao posto pontuável final.
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Qualificação: 1. Beganovic \ 2. Browning \ 3. Minì \ … \ 10. Esterson \ 11. Tsolov \ 12. van Hoepen
Resultado (Sprint): 1. Lindblad \ 2. van Hoepen \ 3. Fornaroli \ 4. Tsolov \ 5. Tramnitz \ 6. Esterson \ 7. Minì \ 8. Boya \ 9. Goethe \ 10. Meguetounif (Ver melhores momentos)
Resultado (Feature): 1. Browning \ 2. Mansell \ 3. Tramnitz \ 4. Meguetounif \ 5. Ramos \ 6. Minì \ 7. Fornaroli \ 8. Lindblad \ 9. Dunne \ 10. Goethe (Ver melhores momentos)
Campeonato: 1. Browning (25) \ 2. Tramnitz (21) \ 3. Mansell (18) \ 4. Fornaroli (15) \ 5. Lindblad (14) —– 1. Trident (38) \ 2. ART (35) \ 3. Prema (28) \ 4. Hitech (25) \ 5. MP (23)
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Corrida anterior: Itália 2023 Rondas 17-18
Corrida seguinte: Austrália 2024 \ Rondas 1-2
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Fontes:
– The Times \ Horner ilibado em investigação