Top 5 – Fórmula 3 em 2023

10 09 2023

Sempre foi tarefa quase impossível entender o alinhamento das forças de qualquer temporada de Fórmula 3 que se avizinha, mas em anos recentes há certos padrões que se desenharam: ser estreante, desde que numa das grandes estruturas, não é nenhum impedimento para triunfar; quem tenta uma segunda temporada na categoria tem que aniquilar a concorrência ou ver-se escurraçado para a obscuridade do automobilismo.

Assim, qualquer um dos pilotos da Prema (Zak O’Sullivan, Dino Beganovic e Paul Aron) pode estar satisfeito com o seu ano, enquanto que a avaliação nas outras equipas é mais mista.

Na Trident, o campeão Gabriel Bortoleto “secou” o terreno à sua volta, deixando Oliver Goethe e Leonardo Fornaroli em maus lençóis, e colocou as várias academias em competição para ver quem o consegue prender para 2024. Já a ART viu aquele que deveria ter sido o seu ponta de lança (Grégoire Saucy) voltar a falhar no seu segundo ano, culminando num 8º lugar no campeonato de equipas.

Quem assumiu esse 3º posto foi a MP, que fez de Franco Colapinto o seu líder (ainda que tenha havido alguma inconstância) e viu o estreante Mari Boya e o regressado Jonny Edgar ganharem ímpeto ao longo do ano. Já na Hitech Gabriele Minì está mesmo a pedir para ser integrado novamente para uma segunda tentativa no campeonato, já que 2 vitórias provaram a sua velocidade mas faltou consistência a um nível elementar.

Mais atrás os destaques foram Pepe Martí e Taylor Barnard que arrastaram, respetivamente, a Campos e a Jenzer para terrenos em que quase não andaram em anos recentes, com direito a vitórias e, no caso de Martí, andar imiscuído na luta pelo título.

A nova Charouz, agora sob gestão PHM, conseguiu evitar o último lugar do campeonato (cortesia de um 7º lugar de Sophia Flörsch) às custas de uma Carlin que precisa mesmo de dar ímpeto verdadeiro à sua operação de F3 que não consegue, nem pouco mais ou menos, o ritmo da sua “irmã” de F2.

1 – Gabriel Bortoleto

Pode parecer uma simples formalidade colocar o campeão de final de ano como o mais completo piloto do ano, mas a verdade é que Gabriel Bortoleto esteve vários patamares acima da concorrência.

Campeão brasileiro de karts e vice-campeão mundial também, o brasileiro esteve nos dois últimos anos a deambular por categorias de promoção na Europa, tendo-se estreado na Fórmula 3 este ano. O seu cartão de visita foi ter vencido as duas primeiras corridas feature do ano com direito a pole position na segunda. Depois, enquanto os rivais tropeçaram uns nos outros e em adversidades várias, Bortoleto pontuou com regularidade (15 em 18 possíveis, com 13 delas consecutivas).

Não houve caminho para mais vitórias durante o ano mas 4 pódios adicionais foram sendo somados ao longo do ano, com o piloto igualmente forte em sprints e features para surpresa de muitos. O título acabou por chegar na última qualificação do ano, mas havia no ar uma certa inevitabilidade desde meio do ano.

Mais impressionante ainda foi ter conseguido tudo sem pertencer a uma academia de equipas de F1.

2 – Pepe Martí

Espanhol que fala inglês com um sotaque incrivelmente britânico, Pepe Martí não estaria debaixo dos holofotes de todos quando a temporada começou. 3º na F4 Espanhola em 2021 e vice-campeão de Fórmula Regional Ásia em 2022, o piloto tinha já competido pela Campos na F3 em 2022, com apenas 2 pontos. Tendo em conta que se mantinha na diminuta equipa para 2023, não se esperavam grandes resultados.

Mas Martí tinha outros planos. Logo no primeiro sprint do ano veio a vitória. Nas primeiras 12 corridas do ano só falhou os pontos numa única. Nova vitória no sprint do Mónaco. Depois, a consagração, com a primeira vitória em feature com volta mais rápida e pole position (e ainda por cima, em território caseiro em Barcelona). Quando Martí terminou 3º na feature de Silverstone, já só estava a 36 pontos de Bortoleto, como rival mais próximo.

Mais significativamente, eclipsava os colegas da Campos, sendo responsável por 60% dos pontos da estrutura.

Só o final do campeonato deixou a desejar. Em 6 provas, apenas conseguiu um 6º e um 9º, com 3 abandonos. Um deles foi na Bélgica, quando voltou para a pista de forma perigosa e terminou a sua prova e a de um rival sem culpa.

Mas demonstrou o suficiente para ser integrado agora na academia de jovens da Red Bull, o que lhe liberta o caminho para ascender à Fórmula 2.

3 – Taylor Barnard

É difícil de definir quão impressionante foi Taylor Barnard durante este ano, mesmo que ter terminado em 10º lugar no campeonato pareça distante. Só que o britânico estava ao serviço da Jenzer, equipa suíça que tem sofrido para se destacar no meio da tabela da F2, tendo em 2023 realizado a sua melhor temporada de sempre com 108 pontos (dois terços dos quais foram de Barnard).

Com vários títulos nacionais de karts, Barnard tornou-se um dos protegidos de Nico Rosberg, depois de ter guiado dois anos para o campeão de F1 na sua equipa do europeu de karting (com um vice-campeonato). Seguiram-se vice-campeonatos de F4 Alemã e Fórmula Regional Médio Oriente, antes de estrear este ano na F3.

Pela diminuta Jenzer, Barnard pontuou pela primeira vez em Melbourne e conseguiu não sair dos pontos durante 5 provas. Após um interregno, o britânico fez uma sequência diabólica no fim do ano, com 3 pódios em 4 provas, incluíndo a sua primeira vitória numa prova caótica na feature de Spa-Francorchamps, quando a Jenzer colocou os seus 3 carros entre os 4 primeiros.

Com um upgrade de carro para 2024, tem sérias possibilidades de conseguir fazer um ataque ao título e de conseguir atrair uma academia F1 para apoiar a sua carreira.

4 – Zak O’Sullivan

Após a última prova do campeonato em Monza, Zak O’Sullivan deverá certamente ter-se perguntado onde teria falhado a sua caça ao título. Acabado de entrar na academia Williams em 2023, O’Sullivan tinha como missão, na sua segunda temporada de F3, de vencer o título até por pertencer à poderosa Prema. Mas não foi possível, tendo que se contentar com o vice-campeonato.

Há muito que admirar no ano do britânico, tendo obtido 4 vitórias ao longo da sua temporada (2 em sprint, 2 em feature) e lançado as bases para um ano bastante impressionante. Só que, tal como Martí, pareceu ter-se encolhido na Hora H que foram as 8 corridas finais do ano. Foram 6 provas fora do Top 10 nesse período, com a consolação a serem duas features em que esteve brilhante: no Hungaroring fez pole, volta mais rápida e venceu; em Monza, quando tinha tudo em jogo, terminou 2º, sempre ao ataque pela vitória.

A presença de James Vowles nos festejos do piloto na prova final mostram que a fé da Williams não foi de todo abalada pelo ano realizado, sendo agora com grande expectativa que se aguarda ver onde será integrado na F2 de 2024.

5 – Franco Colapinto

Tendo estreado na F3 com um currículo que incluía Le Mans Series Europeia e um título de F4 Espanhola, Franco Colapinto tinha feito suficiente para vencer com um Van Amersfoort e ser incluído na academia Williams. O que se poderia esperar numa segunda temporada com um MP mais competitivo? Aparentemente, nada de radicalmente diferente.

Não que se possa ser demasiado crítico. O argentino foi o primeiro piloto da equipa neerlandesa e venceu por duas vezes, mas, crucialmente, foram sprints. Dos 5 pódios deste ano, 4 foram em sprint. Mas também pontuou em 14 das 18 provas e teve diversas provas em que esteve em excelente nível. Este entre os mais impressionantes do ano, só lhe pareceu mesmo ter dado o derradeiro passo em frente que Victor Martins conseguiu dar em 2022, por exemplo.

Ter abandonado a última corrida do ano por contacto quando ainda discutia o vice-campeonato não foi ideal.

O 4º lugar no campeonato deixa-o claramente com todas as condições para avançar para a F2, restando ver como será a sua adaptação quando comparada com a que O’Sullivan será capaz de fazer.





Força Ferrari não impede recorde de Verstappen – GP Itália 2023

3 09 2023

Depois do regresso do circo da Fórmula 1 após a pausa de Verão na semana passada, foi agora a vez de Monza ter o seu momento anual sob os holofotes. A pista de Monza acolheu todas as edições do GP de Itália com exceção da de 1980 (Imola) e, mesmo com diferentes versões do traçado localizado num parque florestal, o caráter veloz do circuito esteve sempre presente.

Com longas retas e travagens fortes, Monza castiga os carros que não tenham travões fiáveis e os que possuam má velocidade de ponta. Já velocidade em curva parece ser apenas um extra, muitas vezes.

Agora que a oval já não é usada há várias décadas, o circuito em si possui escapatórias amplas e corretores que desencorajam as saídas de pista, sendo um dos autódromos mais intocáveis do calendário. Construído no pós-Primeira Guerra Mundial com o objetivo de testar os carros das marcas italianas para que estas triunfassem em provas internacionais, o autódromo de Monza teve as suas obras interrompidas logo após o seu início devido a preocupações sobre o número de árvores a abater no parque de Monza.

O traçado atual tem proporcionado vários vencedores inesperados em anos recentes, além de que com piso molhado se transforma num dos mais desafiantes do calendário.

Ronda 14 – Grande Prémio de Itália 2023

De pintura especial no seu fim-de-semana caseiro, a Ferrari saiu da qualificação de sábado com sorrisos de orelha a orelha. O monolugar esteve em bom nível em todas as sessões e Carlos Sainz conseguiu roubar ao imbatível Max Verstappen da Red Bull a pole position por uma centésima de segundo. O outro carro italiano chegou em 3º.

George Russell pareceu mais surpreso que o público por chegar em 4º na frente de Sergio Pérez, enquanto que Alexander Albon voltou a brilhar ao chegar ao Q3 com o seu Williams e Liam Lawson chegou em 12º logo atrás do colega mais experiente. Destaque negativo para a Alpine (que não saiu do Q1 com nenhum dos dois carros) e para Lance Stroll (último).

Depois, no domingo após uma inspirada representação do hino italiano, foi o regresso da normalidade para o paddock, com Sainz a aguentar umas valentes 15 voltas até o inevitável acontecer e Verstappen passar para a frente. Daí em diante a vitória só tinha um dono, com o neerlandês a vencer a sua 10ª vitória consecutiva (um recorde moderadamente celebrado para os lados de Milton Keynes).

Após a passagem do Red Bull, a corrida de Sainz passou a ser gerir os pneus para conseguir manter-se na frente do colega de equipa, com a Ferrari a dar liberdade aos seus pilotos para lutarem. Ambos foram até aos seus limites e conseguiram dar um grande espetáculo aos fãs (e atrapalharam fortemente Sergio Pérez no seu caminho de recuperação até 2º para completar a dobradinha Red Bull).

George Russell foi a primeira vítima do inevitável trajeto de Pérez na corrida, mas soube aguentar-se para terminar 5º na frente de Lewis Hamilton, que teve uma prova bem mais interessante. Hamilton fez uma estratégia inversa à de vários rivais (indo de pneus duros para médios) e teve que trabalhar para chegar até 6º (incluíndo contacto com Oscar Piastri, pelo qual foi penalizado).

Entre os pilotos que lutavam pelos lugares mais baixos dos pontos, os grandes destaques foram Albon a confirmar o seu ótimo ritmo de Williams e Valtteri Bottas a arrastar um Alfa Romeo pouco cooperante até 10º lugar.

Os Alpine continuaram o seu terrível fim-de-semana, enquanto que Yuki Tsunoda terminou a prova antes de sequer a começar, com uma falha mecânica na volta de formação que obrigou a 20 minutos de atraso na hora de partida.

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Qualificação: 1. Sainz \ 2. Verstappen \ 3. Leclerc \ 4. Russell \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Russell \ 6. Hamilton \ 7. Albon \ 8. Norris \ 9. Alonso \ 10. Bottas (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (364) \ 2. Pérez (219) \ 3. Alonso (170) \ 4. Hamilton (164) \ 5. Sainz (117) —– 1. Red Bull (583) \ 2. Mercedes (273) \ 3. Ferrari (228) \ 4. Aston Martin (217) \ 5. McLaren (115)

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Corrida anterior: GP Países Baixos 2023
Corrida seguinte: GP Singapura 2023

GP Itália anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 23-24) \ Pourchaire com cautela aproxima-se do título

De forma algo previsível, o fim-de-semana de Monza trouxe alguma desordem tonta em qualificação e foi a F2 que a providenciou. Nos minutos finais os pilotos da grelha estavam tão próximos uns dos outros que essencialmente nenhum conseguiu sequer começar uma volta. Quase nenhum. Ralph Boschung não quis saber, lançou-se sem preocupações de cones de ar e foi recompensado com o 10º lugar de pole inversa.

Foi Sol de pouca dura. O suíço viu Richard Verschoor e Frederik Vesti ladearem-no na aceleração até à primeira curva, onde Boschung queimou a travagem e foi em frente. Vesti acabou por se tornar o líder e não voltou a largá-la até ao fim. Victor Martins acabou por recuperar boas posições até ao fim, terminando colado a Vesti e seguido por Verschoor. Em 4º chegou Théo Pourchaire, que tinha sido o verdadeiro pole da qualificação.

Houve dois Safety Car: Amaury Cordeel provocou o primeiro, Roy Nissany o segundo (contacto com Juan Manuel Correa).

Ainda nem tinha começado como deve ser o sprint e já havia controvérsia: Roman Staněk deu um encosto a Frederik Vesti, fazendo-o ir contra o muro. Um candidato fora, o que eram boas notícias para o pole Pourchaire. Mas ao mesmo tempo não, dado que o francês teria agora que lidar com rivais que sabiam que ele não poderia arriscar nada. De cautela em cautela, Pourchaire acabou em 3º, passado por Oliver Bearman (vencedor) e Ayumu Iwasa.

Haveria ainda tempo para mais dois SC, com Arthur Leclerc a perder o carro no final da reta para o primeiro, e Kush Maini a bater forte no recomeço que se lhe seguiu.

Pourchaire deu assim um passo importante para finalmente vencer o título da categoria.

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Qualificação: 1. Pourchaire \ 2. Bearman \ 3. Staněk \ … \ 8. Vesti \ 9. Verschoor \ 10. Boschung

Resultado (Sprint): 1. Vesti \ 2. Martins \ 3. Verschoor \ 4. Pourchaire \ 5. Maini \ 6. Bearman \ 7. Leclerc \ 8. Staněk (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bearman \ 2. Iwasa \ 3. Pourchaire \ 4. Fittipaldi \ 5. Hauger \ 6. Doohan \ 7. Daruvala \ 8. Cordeel \ 9. Boschung \ 10. Staněk (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (190) \ 2. Vesti (166) \ 3. Iwasa (152) \ 4. Doohan (138) \ 5. Martins (131) —– 1. ART (321) \ 2. Prema (296) \ 3. Rodin Carlin (212) \ 4. DAMS (193) \ 5. MP (161)

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Corrida anterior: Países Baixos 2023 \ Rondas 21-22
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Fórmula 3 (Rondas 17-18) \ Bortoleto: campeão em qualificação

Com um título extremamente provável em jogo, Gabriel Bortoleto tratou de o despachar logo em qualificação. Sem nenhum rival com hipóteses matemáticas de o bater na pole position, Bortoleto nem precisou de pole para festejar a sua estreia triunfante no campeonato de F3.

Uma vez chegado o dia de sprint, a primeira volta trouxe um certo nível de caos. Um pequeno contacto de um rival no pneu de Paul Aron levou o piloto da Prema a sofrer um furo que o impediu de travar de forma própria para a primeira curva, eliminando diversos pilotos. Na confusão o pole inverso, Franco Colapinto, perdeu a liderança mas recuperou-a até ao final da prova a Martí Boya (que ainda perdeu mais uma posição para o campeão Gabriel Bortoleto).

Para o feature foi o dia de tristeza para o pole Oliver Goethe, que teve que abandonar no final da volta de formação. A segunda volta de formação viu Kaylen Frederick ficar sem motor. Mesm a partida foi atribulada, com Franco Colapinto a terminar a sua tentativa de atacar o vice-campeonato no muro. Quando Paul Aron foi à gravilha e caiu, tornou-se claro que o caminho de Zak O’Sullivan se estava a tornar facilitado. O britânico foi ganhando posições até ao final, quando se teve que defender com unhas e dentes de Taylor Barnard. Isto porque Jonny Edgar, uma vez na liderança, não deu hipóteses a ninguém.

Pepe Martí foi outro rival que não terminou a corrida, uma desilusão para o espanhol depois de ter sido anunciado no programa de jovens da Red Bull.

A Prema recebeu o prémio de consolação que é o título de equipas.

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Qualificação: 1. Goethe \ 2. Collet \ 3. Aron \ … \ 10. Saucy \ 11. Boya \ 12. Colapinto

Resultado (Sprint): 1. Colapinto \ 2. Bortoleto \ 3. Boya \ 4. Barnard \ 5. Goethe \ 6. Minì \ 7. Mansell \ 8. Fornaroli \ 9. Tsolov \ 10. Villagómez (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Edgar \ 2. O’Sullivan \ 3. Barnard \ 4. Collet \ 5. Bortoleto \ 6. Boya \ 7. Aron \ 8. Mansell \ 9. Beganovic \ 10. Villagómez (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (164) \ 2. O’Sullivan (119) \ 3. Aron (112) \ 4. Colapinto (110) \ 5. Martí (105) —– 1. Prema (327) \ 2. Trident (306) \ 3. MP (194) \ 4. Campos (179) \ 5. Hitech (170)

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Corrida anterior: Bélgica 2023 \ Rondas 16-17
Corrida seguinte: Bahrain 2024 \ Rondas 1-2





Vitória do recorde para a Red Bull – GP Hungria 2023

23 07 2023

A parte mais estranha da chegada do paddock a território húngaro será, sem dúvida, que ninguém poderá desejar umas boas férias a ninguém. Tradicionalmente última prova antes da interrupção de Verão, a Hungria é apenas a primeira metade de uma ronda dupla que verá a Bélgica ser a localização dessa derradeira etapa antes das férias. Tudo em nome de conjugar um calendário cada vez mais extenso.

Com um perfil apertado e de velocidades mais reduzidas, o Hungaroring é uma pista que está no seu melhor quando a chuva decide abater-se nos arredores de Budapeste. Em 2021 foi precisamente esse o grande ingrediente animador da corrida, fazendo os candidatos ao título abandonar e Esteban Ocon a triunfar pela primeira vez graças à ajuda do colega de equipa que segurou um rival mais rápido (a tal pista apertada a entrar na equação). Já 2022 viu erros crassos da Ferrari em estratégia a entregarem a vitória final à Red Bull.

A presença do país da Europa Central acaba por se dever, em tempos recentes, ao estatuto cada vez mais histórico de uma prova que não falha uma presença desde 1986 (“Mónaco sem os muros”, como costuma ser chamada), uma vez que o motivo original da sua presença já nem tem relevância: foi fruto de um desejo de Bernie Ecclestone em ter uma corrida da categoria do outro lado da Cortina de Ferro.

Dado que há vários meses que Helmut Marko vinha fazendo ameaças cada vez mais claras sobre a fraca performance de Nyck de Vries, não foi inteiramente chocante descobrir que não se vai voltar a ver o neerlandês, que será substituído até ao fim de 2023 por Daniel Ricciardo. Desesperado por se provar depois do fracasso da aventura na McLaren, Ricciardo tem agora a oportunidade de voltar a mostrar serviço com vista a obter um lugar na Red Bull para os próximos anos.

Ronda 11 – Grande Prémio da Hungria 2023

Com a pausa de Verão da Fórmula 1 a aproximar-se, o Hungaroring foi palco de uma experiência de novas regras de qualificação que pareceu cair no goto da maior parte do paddock. Ao invés de terem escolha livre de pneus para a qualificação, os pilotos tinham que usar pneus duros no Q1, médios no Q2 e macios no Q3 (procurando evitar a poupança de pneus que as equipas da frente têm no Q1).

Misturando esta alteração com um traçado inteiramente diferente do de Silverstone e alguns updates aos carros, tivemos uma ordem muito mais próxima e com diferenças significantes. Para começar pela maior: a pole position não pertenceu a Max Verstappen, mas sim, pela primeira vez desde o GP Arábia Saudita 2021, a Lewis Hamilton. O inglês venceu por apenas 3 milésimas de segundo sobre Verstappen. Ambos foram seguidos dos dois McLaren, provando que as atualizações recentes surtem efeito independentemente da pista.

Outra surpresa foi a má forma da Ferrari que se viu batida por uma incrível Alfa Romeo. A Alfa colocou ambos os carros no Q3, com Guanyu Zhou a impressionar em 5º. Já a Ferrari viu Carlos Sainz ficar pelo Q2 (com Charles Leclerc a chegar a comentar que não deviam entrar em pânico “mas vá lá, pessoal”…). O outro carro de motor Ferrari, o Haas, voltou a ver-se no Top 10 (mais uma vez com Nico Hülkenberg).

O regresso de Daniel Ricciardo foi bastante positivo, com o australiano a ficar na frente do colega Yuki Tsunoda, enquanto que na Alpine (ambos quedaram-se pelo Q2) e na Williams (neste caso, Q1) foi um dia difícil.

Se a Mercedes se entuasiasmou com esta qualificação, a verdade é que também deprimiu rapidamente em corrida. Hamilton já era 4º no final da primeira volta, e Verstappen e ambos os McLaren já estavam a distanciar-se ao fim de mais algumas voltas. Particularmente Verstappen. O neerlandês teve uma corrida em que a sua concorrência mais direta era Norris, o que significou ganhar tempo confortavelmente dado o ritmo ainda insuficiente da McLaren. Ritmo que mesmo assim foi mais do que suficiente para Norris repetir o 2º posto de Silverstone, atrás do Red Bull que estabeleceu um novo recorde de vitórias consecutivas (12) na história da F1. Com direito a troféu destruído acidentalmente por Norris no pódio…

O último lugar do pódio foi bastante disputado. Piastri pareceu o candidato mais sério durante a maioria da prova, até sucumbir perante os ritmos superiores de Hamilton e de Pérez (que recuperou de 9º a 3º). Russell também foi outro a fazer uma boa recuperação, indo de 18º até 6º.

Foi mais um dia para esquecer para a Alpine, ainda que sem culpa própria. Foram ambos eliminados na primeira volta por toque de Ricciardo, que por sua vez foi tocado por Zhou (que partiu horrivelmente e depois queimou a travagem). O único outro abandono foi de Logan Sargeant, que até estava a recuperar posições quando perdeu o controlo a 2 voltas do fim.

A queda completa da Alfa Romeo poupou à Ferrari uma segunda vergonha. A primeira foi a performance péssima, que nem uma boa primeira volta conseguiu disfarçar (mas que uma penalização por excesso de velocidade voltou a relembrar Leclerc). Já para a Aston Martin coube o papel de colher os pontos finais.

Acabou por ser uma prova marcado pela quase ausência de ultrapassagens e pelo contínuo deprimir do paddock perante o domínio sem paralelo de Verstappen e Red Bull.

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Qualificação: 1. Hamilton \ 2. Verstappen \ 3. Norris \ 4. Piastri \ 5. Zhou (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Pérez \ 4. Hamilton \ 5. Piastri \ 6. Russell \ 7. Leclerc \ 8. Sainz \ 9. Alonso \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (281) \ 2. Pérez (171) \ 3. Alonso (139) \ 4. Hamilton (133) \ 5. Russell (90) —– 1. Red Bull (452) \ 2. Mercedes (223) \ 3. Aston Martin (184) \ 4. Ferrari (167) \ 5. McLaren (87)

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Corrida anterior: GP Reino Unido 2023
Corrida seguinte: GP Bélgica 2023

GP Hungria anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 17-18) \ A primeira do ano para Doohan

Saíndo pela primeira vez do primeiro lugar da grelha, Kush Maini começou o sprint do Hungaroring com o pé esquerdo: perdeu imediatamente a liderança para Dennis Hauger e depois 2 posições adicionais. Hauger teve grandes facilidades em abrir uma margem de segurança para Ayumu Iwasa, à medida que ambos fugiam do pelotão. Já Maini foi perdendo ritmo com pneus demasiado desgastados até terminar em 6º.

Na luta pelo último lugar do pódio, Théo Pourchaire e Oliver Bearman tiveram um duelo privado ao longo de toda a corrida. Primeiro foi Pourchaire a aproveitar o fim do Safety Car Virtual de Boschung para apanhar Bearman desprevenido, depois Bearman devolveu o ataque numa manobra espetacular (ficando com o 3º posto).

Já na prova feature os procedimentos foram bem mais calmos do que geralmente são, com Jack Doohan a largar na frente com toda a tranquilidade e a liderar a extensão total da prova, com a verdadeira novidade a ser a maneira como Frederik Vesti e Victor Martins andaram em luta constante, trocando de lugares face à partida. O resultado permitiu a Vesti aumentar um pouco a sua vantagem no campeonato.

O 4º posto e consistência de Ayumu Iwasa mantém o japonês na luta do título, ainda que um dos outros candidatos, Pourchaire, tenha ficado algo frustrado com apenas o 6º posto.

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Qualificação: 1. Doohan \ 2. Martins \ 3. Vesti \ … \ 8. Daruvala \ 9. Hauger \ 10. Maini

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Iwasa \ 3. Bearman \ 4. Pourchaire \ 5. Daruvala \ 6. Maini \ 7. Martins \ 8. Hadjar (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Doohan \ 2. Vesti \ 3. Martins \ 4. Iwasa \ 5. Hadjar \ 6. Pourchaire \ 7. Hauger \ 8. Fittipaldi \ 9. Correa \ 10. Verschoor (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vesti (153) \ 2. Pourchaire (142) \ 3. Iwasa (132) \ 4. Martins (105) \ 5. Doohan (100) —– 1. Prema (247) \ 2. ART (247) \ 3. DAMS (171) \ 4. Rodin Carlin (138) \ 5. MP (129)

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Corrida anterior: Reino Unido 2023 \ Rondas 15-16
Corrida seguinte: Bélgica 2023 \ Rondas 19-20

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Fórmula 3 (Rondas 13-14) \ O’Sullivan salta para 2º no campeonato

Com Gabriele Minì sob investigação ainda antes da prova sequer começar, a prova sprint da F3 contou com uma ordem um pouco diferente do usual devido à chuva que complicou a vida dos pilotos em qualificação.

Na primeira prova, Nikita Bedrin assumiu a liderança a partir do 2º lugar, enquanto que Gabriel Bortoleto passou para 3º depois de passar Christian Mansell (que passou a prova inteira em luta com Paul Aron). O pole da feature, Zak O’Sullivan, até estava a ter uma boa recuperação até aos pontos, mas acabou eliminado por Nikola Tsolov num contacto evitável.

Um Safety Car teve que entrar em pista, depois de Sebastián Montoya parar no traçado. No recomeço, Aron fez uma brilhante ultrapassagem sobre Mansell, que ainda o espremeu agressivamente. A vitória coube a Minì (que reconquistou a liderança de Bedrin).

Sem qualquer chuva ou sequer incidente na primeira curva, a feature de domingo acabou por ser mais calma do que seria expectável, mas a verdade é que o pole O’Sullivan esteve praticamente intocável, o que levou o britânico da academia da Williams a imiscuir-se decisivamente na luta do título ao aproveitar um fim-de-semana menos regular de Bortoleto.

Beganovic e Colapinto completaram o pódio, o que significou que candidatos ao título como Martí ou Aron tiveram que se contentar com ficar entre os 6 primeiros. Com apenas 4 provas em falta, terão que fazer mais para conseguir apanhar o Trident de Bortoleto.

Tirando inspiração na Charouz, a nova PHM Charouz cumpriu a tradição dos checos de trocar constantemente os seus pilotos de F3: depois de McKenzy Cresswell ter guiado dois fins-de-semana, coube agora dar espaço a Woohyun Shin.

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Qualificação: 1. O’Sullivan \ 2. Beganovic \ 3. Fornaroli \ … \ 10. Mansell \ 11. Bedrin \ 12. Minì

Resultado (Sprint): 1. Minì \ 2. Bortoleto \ 3. Bedrin \ 4. Aron \ 5. Goethe \ 6. Maini \ 7. Colapinto \ 8. Edgar \ 9. Saucy \ 10. Beganovic (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. O’Sullivan \ 2. Beganovic \ 3. Colapinto \ 4. Goethe \ 5. Aron \ 6. Martí \ 7. Bortoleto \ 8. Edgar \ 9. Fornaroli \ 10. Boya (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (144) \ 2. O’Sullivan (101) \ 3. Martí (100) \ 4. Aron (94) \ 5. Beganovic (94) —– 1. Prema (289) \ 2. Trident (274) \ 3. Hitech (154) \ 4. Campos (143) \ 5. MP (129)

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Corrida anterior: Reino Unido 2023 \ Rondas 11-12
Corrida seguinte: Bélgica 2023 \ Rondas 15-16

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Fontes:
F3 \ PHM Charouz anuncia Shin
The Race \ AlphaTauri substitui de Vries por Ricciardo até final do ano





Demonstração de força – GP Áustria 2023

2 07 2023

Se há país que tem beneficiado de um reforço extraordinário de importância no contexto da Fórmula 1, esse país é a Áustria. Com dois campeões do mundo de F1, o pequeno país da Europa Central viu-se arredado do calendário no final de 2003, altura em que a pista de Spielberg procurou fazer obras de grande expressão, mas viu-se durante anos sem um complexo de boxes ativo. Era o fim do automobilismo no país alpino.

Só que foi precisamente nesta altura que surgiu em cena Dietrich Mateschitz. O fundador austríaco da marca Red Bull estava há muito interessado em desportos radicais e estabeleceu a equipa dos atuais campeões do mundo em 2005. À medida que o sucesso dos carros da marca aumentava, também as possibilidades de um regresso do circuito austríaco aumentavam, até que o inevitável aconteceu: Mateschitz adquiriu o traçado, terminou-lhe as obras, renomeou-o para Red Bull Ring e começou a falar com a FOM para a sua reintegração.

Em 2014 deu-se o regresso e, 9 anos depois, com países como a Alemanha e a França de fora (apesar da presença de Mercedes e Alpine na grelha), a Áustria é das sedes mais seguras do calendário. O falecimento de Mateschitz em 2022 marcou a edição deste ano.

Relativamente curto e com um traçado de alta velocidade e grandes ondulações, o RB Ring tem sempre questões relativas a limites de pista a serem levantadas (as curvas de alta velocidade e escapatórias lisas são tentadoras) e tornou-se um dos principais redutos dos holandeses para torcerem pelo campeão Max Verstappen (e o seu Red Bull, claro…).

Dias antes da prova, a Alpine finalizou uma venda de 24% da sua equipa a um consórcio de investidores norte-americanos da Otro Capital e RedBird Capital Partners, com a presença de Ryan Reynolds e Rob McElhenney (que já investiram antes no clube de futebol Wrexham). A Alpine angariou assim 200 milhões de euros para investir na equipa.

Ronda 9 – Grande Prémio da Áustria 2023

Para não variar muito, qualquer uma das qualificações austríacas foi um festival de limites de pista, com os comissários a terem que estar em vigilância permanente.

Na qualificação para o sprint, gerir os riscos com a chuva que caiu em Spielberg foi fulcral. Houve direito a surpresas, como a eliminação de Lewis Hamilton no Q1 ou o incrível 4º lugar de Nico Hülkenberg.

Já no sprint em si houve mais ação. Max Verstappen e Sergio Pérez foram particularmente agressivos um com o outro mas sem consequências, enquanto que o McLaren de Lando Norris caiu na classificação e passou o resto da prova em lutas com Charles Leclerc (mas fora dos pontos).

Hülkenberg brilhou com o Haas, chegando a assumir o 2º posto antes de começar a cair na classificação com os intermédios. A decisão de trocar para pneus de piso seco levou-o a recuperar posições até ao 6º lugar. George Russell fez o mesmo e conseguiu um ponto, mas no geral quem trocou de pneus acabou por não conseguir recuperar o tempo perdido com a paragem.

Destaque ainda para o bom resultado conjunto da Aston Martin.

Na principal qualificação, os destaques acabaram por ser mais pela negativa: Nyck de Vries, sob grande pressão na Red Bull, viu-se eliminado em último no Q1, George Russell voltou a falhar um Q3 e Pérez também (mas com mais gravidade, já que não só tem um Red Bull, como ainda falhou as 3 tentativas no Q2 por exceder os limites em todas).

Felizes ficaram a Ferrari e a McLaren. Ambas as equipas trouxeram atualizações importantes e ambas viram resultados muito positivos: os italianos encurtaram significativamente a distância para Max Verstappen, os britânicos destacaram-se face à Aston Martin no carro de Lando Norris (único com os updates). Nico Hülkenberg também voltou a marcar presença de forma surpreendente com o Haas.

No dia de corrida não houve espaço para grandes surpresas. Verstappen fugiu na liderança, ainda foi vagamente incomodado por um Safety Car Virtual em que não parou (forçando-o a passar Leclerc em pista), mas estava confortável o suficiente para parar a 2 voltas do fim e montar pneus macios para conseguir a volta mais rápida da corrida (contra a vontade da equipa, que teria vivido bem sem a demonstração de força). O Red Bull teve tanto ritmo que Pérez recuperou de 15º a 3º (e provavelmente teria conseguido 2º, se Sainz não se tivesse defendido agressivamente durante tantas voltas).

Nem tudo foi mau para os rivais. A Ferrari evidenciou um ritmo muito melhor do que em qualquer outro ponto do ano e viu-se como melhor dos restantes, para enorme frustração de um Hamilton que pareceu estar genuinamente zangado com a falta de ritmo do seu Mercedes no Red Bull Ring. A tal ponto que os carros oficiais da Mercedes acabaram atrás de duas clientes: Norris (num McLaren com upgrades que pareceram funcionar em cheio) e Alonso (que arrumou Stroll a um canto em ritmo de corrida).

Para as restantes estruturas sobraram pequenos restos. Pierre Gasly garantiu dois pontos para a Alpine. E foi tudo.

A boa qualificação da Haas voltou a valer nada em prova, os pilotos da AlphaTauri andaram completamente perdidos e Albon andou bem perto dos pontos.

ATUALIZAÇÃO 03/07: Após a corrida, foram aplicadas 12 penalizações a 8 pilotos diferentes (Sainz, Hamilton, Gasly, Albon, Ocon, Sargeant, de Vries e Tsunoda) por exceder limites de pista. O protesto que as originou veio da Aston Martin, que ganhou posições desta forma.

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Quali Sprint: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Norris \ 4. Hülkenberg \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Stroll \ 5. Alonso \ 6. Hülkenberg \ 7. Ocon \ 8. Russell (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Norris \ 5. Hamilton (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Pérez \ 4. Norris \ 5. Alonso \ 6. Sainz \ 7. Russell \ 8. Hamilton \ 9. Stroll \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (229) \ 2. Pérez (148) \ 3. Alonso (131) \ 4. Hamilton (106) \ 5. Sainz (82) —– 1. Red Bull (377) \ 2. Mercedes (178) \ 3. Aston Martin (175) \ 4. Ferrari (154) \ 5. Alpine (47)

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Corrida anterior: GP Canadá 2023
Corrida seguinte: GP Reino Unido 2023

GP Áustria anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 13-14) \ Safety Car gera luta entre diferentes pneus no final da feature

Pareceu, olhando somente para as estatísticas, que Jak Crawford teve um sprint tranquilo ao sair de 1º e acabar em 1º, mas a verdade é que o americano teve uma tarefa bastante dificultada pelo piso extremamente húmido e pelos Safety Car que afetaram a prova. O primeiro em particular viu vários pilotos desistirem dos intermédios e passarem aos pneus de piso seco.

Quem mais impressionou, no entanto, foi Victor Martins, que não só fez pole para a prova feature como ainda recuperou de 10º no sprint até ao 2º posto final, na frente do compatriota Isack Hadjar.

Já na feature, nada correu de feição a Martins. O francês ainda estava na segunda volta e já tinha perdido 4 posições, acabando por terminar mesma no fundo dos lugares pontuáveis. Quem beneficiou foi Frederik Vesti, que assumiu a liderança e manteve-a durante grande parte da prova. Apenas um SC no final da prova (depois de Arthur Leclerc perder um pneu) tramou quem já tinha parado nas boxes, deixando o dinamarquês sem armas para se defender dos aproveitadores Richard Verschoor (vencedor) e Ayumu Iwasa. Ainda assim, foi um bom pódio para o piloto da Prema se manter na frente do campeonato.

Jack Doohan foi outro que também sofreu com os pneus usados, enquanto que Oliver Bearman e Enzo Fittipaldi aproveitaram a borracha nova para recuperar posições. Dennis Hauger pisou a linha na entrada das boxes e foi penalizado, enquanto que Kush Maini teve um dia para esquecer com uma penalização por limites de pista e um abandono por problemas mecânicos.

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Qualificação: 1. Martins \ 2. Vesti \ 3. Pourchaire \ … \ 8. Leclerc \ 9. Daruvala \ 10. Crawford

Resultado (Sprint): 1. Crawford \ 2. Martins \ 3. Hadjar \ 4. Correa \ 5. Staněk \ 6. Hauger \ 7. Doohan \ 8. Bearman (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Verschoor \ 2. Iwasa \ 3. Vesti \ 4. Doohan \ 5. Bearman \ 6. Fittipaldi \ 7. Pourchaire \ 8. Crawford \ 9. Martins \ 10. Daruvala (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vesti (125) \ 2. Pourchaire (105) \ 3. Iwasa (101) \ 4. Bearman (81) \ 5. Verschoor (75) —– 1. Prema (206) \ 2. ART (161) \ 3. DAMS (137) \ 4. Rodin Carlin (105) \ 5. MP (101)

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Corrida anterior: Espanha 2023 \ Rondas 11-12
Corrida seguinte: Reino Unido 2023 \ Rondas 15-16

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Fórmula 3 (Rondas 9-10) \ O’Sullivan bate Bortoleto na feature

Com um horário bastante congestionado devido ao sprint da F1, a Fórmula 3 viu o seu próprio sprint correr sob chuva bastante forte, apesar de ter realizado na mesma uma partida normal. O pole inverso, Pepe Martí acabou por não conseguir segurar durante muito tempo a liderança, enquanto que Paul Aron recebeu uma recompensa pelo desaire da qualificação do dia anterior com uma vitória merecida (o estónio tinha feito pole e festejou pelo rádio, só que perdeu-a por limites de pista excedidos).

Atrás dele chegou Gabriele Minì e um esforçado Caio Collet no seu Van Amersfoort. Mais atrás, Gabriel Bortoleto teve uma prova de lutas intensas que o viu conseguir assegurar o último lugar pontuável da corrida.

O início da corrida feature acabou por ser marcado por lutas bastante emocionantes pela liderança pelo trio Beganovic, Aron e Saucy. Saucy acabaria por se ver afastado da luta com um furo, mas mais pilotos juntaram-se: primeiro Bortoleto e O’Sullivan, depois Collet e Colapinto. Bortoleto assumiu a liderança e tentou afastar-se mas foi O’Sullivan quem se foi aproximando até assumir o 1º posto, onde acabou a corrida.

Collet completou o pódio, seguido de Colapinto e Beganovic. Este resultado continua a deixar Bortoleto destacado na liderança mas os rivais ainda estão a uma distância respeitável.

Destque ainda para a substituição de Piotr Wisnicki por McKenzy Cresswell na PHM Charouz.

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Qualificação: 1. Saucy \ 2. Beganovic \ 3. Bortoleto \ … \ 10. Mansell \ 11. Minì \ 12. Martí

Resultado (Sprint): 1. Aron \ 2. Minì \ 3. Collet \ 4. O’Sullivan \ 5. Edgar \ 6. Martí \ 7. Frederick \ 8. Beganovic \ 9. Montoya \ 10. Bortoleto (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. O’Sullivan \ 2. Bortoleto \ 3. Collet \ 4. Colapinto \ 5. Beganovic \ 6. Edgar \ 7. Mansell \ 8. Barter \ 9. Martí \ 10. Fornaroli (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (111) \ 2. Martí (75) \ 3. Beganovic (75) \ 4. O’Sullivan (73) \ 5. Minì (65) —– 1. Prema (213) \ 2. Trident (171) \ 3. Hitech (128) \ 4. Campos (90) \ 5. MP (88)

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Corrida anterior: Espanha 2023 \ Rondas 7-8
Corrida seguinte: Reino Unido 2023 \ Rondas 11-12

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Fontes:
F3 \ Cresswell anunciado na PHM Charouz
Reuters \ Alpine vende 24% a investidores americanos





Red Bull sem rivais – GP Espanha 2023

4 06 2023

Foram várias as décadas de ver o Grande Prémio de Espanha ser seguido pelo do Mónaco, pelo que 2023 a trazer uma inversão dessa ordem foi de difícil habituação para o paddock. A alteração teve a ver com a acomodação do maior calendário da história da categoria, e a chegada a Barcelona este ano também trouxe um regresso: a eliminação da muito odiada chicane final, regressando à configuração de curva rápida.

Apenas esta alteração já foi uma excelente notícia para um traçado que geralmente recebe os testes de pré-temporada (ainda que não o tenha feito este ano), mas combinado com o novo perfil da La Caixa isto tornou o circuito novamente um dos mais fluídos do calendário. E é também um dos mais representativos do desempenho da temporada: quem faz boa figura em Barcelona, faz boa figura na maioria dos locais.

A F1 e o MotoGP têm utilizado a pista sem interrupção desde os anos 90, beneficiando enormemente da competitividade dos espanhóis nessas categorias. Se Marc Márquez e Jorge Lorenzo fazem o seu papel no MotoGP, na F1 foi a Alonso-mania dos 2000’s e 2010’s que sustentou a presença do GP de Espanha. Com Sainz na Ferrari e Alonso em grande forma, sabia-se que esta edição não seria exceção.

Ronda 7 – Grande Prémio de Espanha 2023

As suspeitas eram fortes de que Max Verstappen sairia de Barcelona com mais 25 pontos. Não foi isso que aconteceu. O holandês saiu com 26 pontos, a vitória, a pole position, a volta mais rápida e a liderança de todas as voltas. Posto isto de parte, atrás dele o fim-de-semana teve uma dinâmica extremamente interessante.

A Ferrari e a McLaren tiveram um excelente nível de qualificação (com Carlos Sainz em 2º e Lando Norris em 3º) mas caíram a pique em ritmo de prova. Sainz fez o possível para chegar em 5º, enquanto que Norris fez um erro grosseiro na partida que o atirou para os últimos lugares.

Já a Mercedes, apesar de um desentendimento entre os seus pilotos durante a qualificação, terá gostado de ver o que as suas atualizações lhe deram em performance. Lewis Hamilton foi o mais direto perseguidor de Verstappen (ainda que a 21 segundos) e George Russell recuperou de 11º a 3º para o primeiro pódio do ano (e arrastando consigo Sergio Pérez, que voltou a não ir ao Q3 e parece cada vez mais longe de lutar pelo título).

A Aston Martin pareceu ter um ritmo mais fraco que nas outras pistas do ano, ainda que Lance Stroll tenha finalmente mostrado o seu talento, conseguindo lutar dentro dos lugares pontuáveis. Fernando Alonso teve uma incursão na gravilha em qualificação e danificou o fundo do AMR23, obrigando-o a partir mais abaixo do usual e a ter que lutar até 7º. O ritmo do espanhol de certeza que o poderia ter feito passar Stroll, mas ele fez questão de dizer à equipa que não o faria, estando já a acenar à multidão na volta final. De certa forma, humilhou o colega mais que se o tivesse ultrapassado…

Yuki Tsunoda voltou a mostrar excelente ritmo, sendo que uma penalização estranhamente severa o tenha atirado para fora dos pontos com 5 segundos de penalizações. Os beneficiados foram Guanyu Zhou (que eclipsou por completo o colega de equipa) e os dois Alpine, que depois de se qualificarem bem foram caindo durante a prova (com direito a uma defesa demasiado agressiva de Esteban Ocon a Alonso e a duas penalizações diferentes a Pierre Gasly por bloquear rivais em qualificação).

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Sainz \ 3. Norris \ 4. Hamilton \ 5. Stroll (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Russell \ 4. Pérez \ 5. Sainz \ 6. Stroll \ 7. Alonso \ 8. Ocon \ 9. Zhou \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (170) \ 2. Pérez (117) \ 3. Alonso (99) \ 4. Hamilton (87) \ 5. Russell (65) —– 1. Red Bull (287) \ 2. Mercedes (152) \ 3. Aston Martin (134) \ 4. Ferrari (100) \ 5. Alpine (40)

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Corrida anterior: GP Mónaco 2023
Corrida seguinte: GP Canadá 2023

GP Espanha anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 11-12) \ Bearman entra na luta do título

Sensivelmente chegados à fase do ano em que os estreantes conseguem assumir um papel mais preponderante na temporada, Oliver Bearman mostrou aquilo de que é feito com uma pole e a vitória na feature, sendo que nem está assim tão longe ainda do líder Frederik Vesti no campeonato.

Vesti tem estado em grande forma nas últimas provas e tem demonstrado uma qualidade ainda mais importante: saber quando empregar agressividade. O dinamarquês partiu de 3º para o sprint e acabou como vencedor, e na feature começou com os compostos mais duros e conseguiu fazer uso dos macios no final para ultrapassar vários carros e chegar em 5º. O principal rival ao título (Théo Pourchaire) teve um fim-de-semana parecido, acumulando onde podia.

Victor Martins colocou-se no pódio em ambas as provas depois de uma temporada que tem sido difícil, enquanto que Enzo Fittipaldi converteu a sua boa qualificação num pódio. Já Amaury Cordeel, mesmo conseguindo pole inversa, não conseguiu fazer um único ponto em Barcelona.

De destacar ainda que o sprint deixou o caos devido à chuva com que começou, levando as equipas a terem que julgar o melhor possível o ponto de transição. Só que o Safety Car de Juan Manuel Correa acabou por facilitar.

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Qualificação: 1. Bearman \ 2. Fittipaldi \ 3. Doohan \ … \ 8. Vesti \ 9. Crawford \ 10. Cordeel

Resultado (Sprint): 1. Vesti \ 2. Pourchaire \ 3. Martins \ 4. Hauger \ 5. Doohan \ 6. Verschoor \ 7. Bearman \ 8. Iwasa (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bearman \ 2. Fittipaldi \ 3. Martins \ 4. Iwasa \ 5. Vesti \ 6. Doohan \ 7. Pourchaire \ 8. Hauger \ 9. Leclerc \ 10. Verschoor (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Vesti (110) \ 2. Pourchaire (99) \ 3. Iwasa (82) \ 4. Bearman (70) \ 5. Hauger (57) —– 1. Prema (180) \ 2. ART (144) \ 3. DAMS (118) \ 4. MP (97) \ 5. Rodin Carlin (97)

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Corrida anterior: Mónaco 2023 \ Rondas 9-10
Corrida seguinte: Áustria 2023 \ Rondas 13-14

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Fórmula 3 (Rondas 7-8) \ Martí catapulta-se para luta do título

Com sotaque britânico, mas nacionalidade espanhola, o piloto da Campos esteve no seu elemento durante todo o fim-de-semana, fazendo pole e obtendo uma vitória imperiosa na feature. Mesmo na sprint já fez bem em conseguir recuperar 4 posições e pontuar. Tudo isto significou que é agora o mais direto perseguidor de Gabriel Bortoleto, que conseguiu dois 4º lugares que o deixam com 24 pontos de vantagem (uma almofada generosa no mundo da F3).

No sprint a vitória coube a Zak O’Sullivan, que liderou uma dobradinha de jovens Williams ao segurar os ataques de Luke Browning. Mas nem tudo foi tão simples, com vários incidentes a ditarem a entrada de vários Safety Car (como por exemplo o furo de Sebastián Montoya ou Christian Mansell depois de contacto com Gabriele Minì).

Minì, em grande nível no Mónaco, acabou por ter que penar em Barcelona por se ter qualificado em 18º. Outros pilotos em destaque, pela positivo, foram Paul Aron, muito regular e Franco Colapinto que conseguiu assumir maior consistência depois de uma temporada que nem sempre tem sido consistente.

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Qualificação: 1. Martí \ 2. Barnard \ 3. Colapinto \ … \ 10. Saucy \ 11. Browning \ 12. O’Sullivan

Resultado (Sprint): 1. O’Sullivan \ 2. Browning \ 3. Fornaroli \ 4. Bortoleto \ 5. Aron \ 6. Colapinto \ 7. Boya \ 8. Martí \ 9. Barnard \ 10. Bedrin (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Martí \ 2. Colapinto \ 3. Beganovic \ 4. Bortoleto \ 5. Aron \ 6. Boya \ 7. Montoya \ 8. O’Sullivan \ 9. Barnard \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (92) \ 2. Martí (68) \ 3. Beganovic (61) \ 4. Minì (56) \ 5. Aron (54) —– 1. Prema (156) \ 2. Trident (151) \ 3. Hitech (117) \ 4. Campos (73) \ 5. MP (62)

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Corrida anterior: Mónaco 2023 \ Rondas 5-6
Corrida seguinte: Áustria 2023 \ Rondas 9-10





Hitech acaba na frente – Testes F3

15 04 2023

Depois de um início de campeonato ao nível habitual da Fórmula 3, a categoria júnior juntou-se nesta pausa de 4 semanas entre provas para fazer uma sessão de testes em Barcelona (a que se seguirá na próxima semana uma nova sessão em Imola).

Fórmula 3 – Dia 1

O primeiro dos dois dias de ação em Barcelona viu um dos grandes destaques da temporada liderar as sessões da manhã e da tarde. Gabriel Bortoleto, ao volante do seu Trident, conseguiu colocar uns confortáveis (para os padrões F3) 2 décimos de segundo sobre o segundo classificado (o competente Grégoire Saucy).

A um par de centésimas de Saucy chegou Dino Beganovic, que procura deixar a sua marca na F3 deste ano. O Top 5 foi completado por Taylor Barnard em 4º e por Zak O’Sullivan em 5º. Todos os Prema mantiveram-se no Top 10, a única equipa a consegui-lo. Vale a pena destacar que Barnard foi o ponta de lança da Jenzer (com os outros dois carros em 22º e 25º).

Os dois Campos acabaram por avariar no final da reta da meta durante o período da manhã, enquanto que Roberto Faria encontrou-se com as barreiras da última curva, o que o deixou na condição de piloto com menor número de voltas completadas.

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Resultado: 1. Bortoleto (1m27s221) \ 2. Saucy (1m27s424) \ 3. Beganovic (1m27s447) \ 4. Barnard (1m27s560) \ 5. O’Sullivan (1m27s597)

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Fórmula 3 – Dia 2

Foi um ótimo segundo dia de testes para a Hitech, que viu Gabriele Minì chegar à frente da tabela classificatória com um excelente tempo durante a manhã. A equipa britânica também foi a líder de quilometragem de Barcelona, sendo a única a passar a marca das 500 voltas. Os líderes do dia anterior, a Trident, até ficaram todos no Top 5 da tarde mas os tempos já estavam bem mais altos, o que os deixou afastados na classificação geral.

Barnard até avariou logo no início da sessão mas soube recuperar bem, terminando com o seu Jenzer na 2º posição, seguido do ART de Saucy. A completar o Top 5 chegaram Paul Aron e Pepe Martí.

A ART e a Jenzer seguiram a Hitech a nível de voltas totais de ambos os dias, assim como também a nível de tempos. Similarmente, a PHM Charouz ficou em último em ambos os indicadores.

Dentro de uma semana voltará a haver ação em pista de testes de F3, desta vez em Imola.

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Resultado: 1. Minì (1m26s319) \ 2. Barnard (1m26s382) \ 3. Saucy (1m26s522) \ 4. Aron (1m26s551) \ 5. Martí (1m26s638)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1Hitech1m26s319Minì506
2Jenzer1m26s382Barnard495
3ART1m26s522Saucy497
4Prema1m26s551Aron455
5Campos1m26s638Martí434
6MP1m26s743Boya369
7Van Amersfoort1m26s893Collet458
8Trident1m27s221Bortoleto391
9Rodin Carlin1m27s250Yeany478
10PHM Charouz1m27s812Flörsch307
Barcelona \ 13-14 Abril 2023




Mesmo com caos, Verstappen vence – GP Austrália 2023

3 04 2023

Quando há um ano a Fórmula 1 visitou a Austrália Charles Leclerc tornou-se vencedor do Grande Prémio, esticando a sua liderança de campeonato para 38 pontos sobre George Russell e vendo o campeão em título (Max Verstappen) abandonar pela segunda vez em três provas, com a correspondente preocupação com a fiabilidade da Red Bull. O resto de 2022 tratou de eliminar esta impressão, com um segundo título facilitado para Verstappen.

Com uma expectativa de algo de diferente para a prova de 2023, o Albert Park recebeu mais uma vez o circo mundial da F1 para a prova australiano, depois de ter realizado há um ano obras bastante extensivas para aumentar as possibilidades de ultrapassagem. O circuito semi-citadino tem sido a casa australiano da categoria desde 1996, quando substituiu outro circuito de características semelhantes, o de Adelaide.

Em 2023, trouxe uma novidade: contará também com corridas de Fórmula 2 e Fórmula 3, o que proporcionou a Jack Doohan a possibilidade de correr em casa. Quem também correu em casa foi Oscar Piastri na F1, apesar das dúvidas gerais sobre que género de receção receberia, tendo em conta que foi o “responsável” por correr com o popular Daniel Ricciardo da categoria.

Entre provas, chegou a notícia de um enorme reshuffle da estrutura técnica da McLaren, que retirou James Key das funções de diretor técnico.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2023

Não é costume o GP da Austrália providenciar grandes confusões da maneira como o fez em 2023. Os treinos livres, com direito a chuva na sexta-feira à tarde, deram logo o mote. Foram múltiplas as saídas de pista que se observaram e o principal ponto de interesse acabou por chegar no sábado, quando Sergio Pérez saiu largo e ficou preso na gravilha no Q1, condenando-o a partir de último enquanto o colega de equipa, Max Verstappen, fazia pole position pela primeira vez na Austrália.

O início de corrida viu outro piloto terminar na gravilha: Charles Leclerc, num mero incidente de corrida com Lance Stroll, viu o seu mau início de campeonato conhecer o segundo abandono em três provas. O Safety Car entrou em ação e acabaria por ter de regressar algumas voltas depois para o despiste de Alexander Albon (quando o Williams circulava confortavelmente nos lugares pontuáveis), que deixou gravilha em farta no asfalto.

Acabou por se gerar uma bandeira vermelha, que travou as aspirações de George Russel (que tinha saltado para a liderança no arranque, seguido do colega de equipa) e de Carlos Sainz, devido a ambos terem parado durante o SC e terem sido apanhados desprevenidos pela paragem da prova.

Não demorou muito para, após o recomeço, Verstappen passar Lewis Hamilton, ainda que o britânico tenha feito uma prova muito competente, deixando a Mercedes com confiança no seu desempenho nas próximas corridas (mas dúvidas no que toca a fiabilidade, dada a expiração estrondosa do motor no carro de Russell).

Mais atrás lutas interessantes multiplicavam-se, com os McLaren a compensarem a sua menor performance de qualificação com o envolvimento em lutas com Yuki Tsunoda e Esteban Ocon pelos lugares pontuáveis finais, ao mesmo tempo que Carlos Sainz e Pierre Gasly se equiparavam na luta por 5º e Pérez prosseguia com implacabilidade a sua recuperação desde o último lugar.

Foi aí que chegou o incidente de Kevin Magnussen com a barreira, que fez perder um pneu e parar num sítio perigoso a muito poucas voltas do fim. Isto levou os comissários a iniciarem uma bandeira vermelha e a programarem uma nova partida para um sprint de 3 voltas. E foi aí que chegou o caos atrás dos 2 primeiros.

Sainz acertou em Alonso e atirou-o para o fim; Gasly travou tarde e no regresso à pista acabou por colidir com Ocon, acabando com o que estava a ser uma ótima prova de ambos os Alpine; Stroll saiu para a gravilha mais adiante; Logan Sargeant bloqueou os travões e eliminou-se a si e a Nyck de Vries de prova.

Nova bandeira vermelha viu grandes discussões gerarem-se entre as equipas e os comissários, com Alonso a liderar os protestos por querer uma reversão para a ordem antes da partida por ainda não ter sido completados metros suficientes até à interrupção. E assim foi. Todos os carros (menos os Alpine, de Vries e Sargeant) fizeram uma volta final atrás de SC e terminaram. Com a penalização de Sainz (com que o espanhol ficou inconformado), a ordem final ficou definida.

Verstappen venceu num dia em que Pérez limitou os estragos em 5º, Hamilton e Alonso completaram o pódio seguidos de Stroll, enquanto que a McLaren pontuou pela primeira vez no ano e conseguiu ascender a 5º no campeonato por ambos os pilotos terem pontuado. Hülkenberg fez uma sólida prova para chegar em 7º (ainda que a Haas tenha chegado a protestar a decisão de reverter a ordem, porque isso poderia ter-lhe dado 3º), enquanto que Zhou e Tsunoda pontuaram pela primeira vez no ano em 9º e 10º, respetivamente.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Hamilton \ 4. Alonso \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Alonso \ 4. Stroll \ 5. Pérez \ 6. Norris \ 7. Hülkenberg \ 8. Piastri \ 9. Zhou \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (69) \ 2. Pérez (54) \ 3. Alonso (45) \ 4. Hamilton (38) \ 5. Sainz (20) —– 1. Red Bull (123) \ 2. Aston Martin (65) \ 3. Mercedes (56) \ 4. Ferrari (26) \ 5. McLaren (12)

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Corrida anterior: GP Arábia Saudita 2023
Corrida seguinte: GP Azerbaijão 2023

GP Austrália anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Poles seguram liderança em provas mexidas

A primeira prova australiana da F2 viu a famosa imprevisibilidade da categoria ser colocada em destaque nas duas corridas deste fim-de-semana. Pole inverso, Dennis Hauger apenas teve que se defender de um único ataque de Jak Crawford no sprint porque daí em diante apenas teve que controlar a distância para o americano. Já Kush Maini teve um caminho bem mais difícil para o pódio, tendo que lutar com unhas e dentes contra Arthur Leclerc para o conseguir.

Pingos de chuva no final da etapa complicaram a vida de quem arriscou parar para pneus de chuva, como Roman Staněk e Théo Pourchaire, mas foram vários os outros que saíram de pista. Houve ainda espaço para um SC devido a um pião do homem da casa, Jack Doohan.

Já no domingo de manhã foi a vez de outro pole rumar para a vitória: Ayumu Iwasa segurou as investidas de Pourchaire para vencer a feature e assumir a liderança do campeonato. Leclerc, por sua vez, compensou a sua perda do pódio do dia anterior com um na feature. Todos estes fizeram uso de um SC Virtual para saltar mudar de pneus (VSC criado para retirar o carro preso de Crawford, após incidente com Doohan).

Devido a acidente de Roy Nissany, o SC voltaria. O que provocou o caos de pilotos que pararam e não conseguiram evitar despistes devido a temperaturas muito baixas (com destaque para o violento embate de Enzo Fittipaldi e o despiste no recomeço de Hauger). O uso de pneus macios permitiu a Frederik Vesti passar Zane Maloney para 4º, enquanto que Juan Manuel Correa pontuou no seu ano de regresso à F2.

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Qualificação: 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Martins \ … \ 8. Maini \ 9. Crawford \ 10. Hauger

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Crawford \ 3. Maini \ 4. Leclerc \ 5. Maloney \ 6. Hadjar \ 7. Bearman \ 8. Vesti (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Leclerc \ 4. Vesti \ 5. Maloney \ 6. Daruvala \ 7. Verschoor \ 8. Doohan \ 9. Maini \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Iwasa (58) \ 2. Pourchaire (50) \ 3. Vesti (42) \ 4. Boschung (33) \ 5. Leclerc (33) —– 1. DAMS (91) \ 2. ART (67) \ 3. MP (62) \ 4. Campos (59) \ 5. Prema (45)

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Corrida anterior: Arábia Saudita 2023 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Azerbaijão 2023 \ Rondas 7-8

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Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Bortoleto estica-se na liderança

De manhã na Austrália, e, portanto, a horas impróprias para quase todo o mundo, a F3 começou o seu caminho na Austrália.

A primeira prova, com Sebastián Montoya em pole inversa, começou com relativa calma (apesar de uma saída de pista de Oliver Goethe). Não demorou muito até que Franco Colapinto acabasse por passar o rival, altura em que o acidente de Ido Cohen ativou o SC. Depois disso, houve direito a uma excelente ultrapassagem de Zak O’Sullivan sobre Montoya para 2º.

Esta passagem acabaria por valer-lhe a vitória após a prova porque Colapinto acabou desclassificado por questões técnicas, enquanto que na Prema dois pilotos se desentendiam em pista (Dino Beganovic e Paul Aron).

No dia seguinte, o excelente Gabriel Bortoleto foi segurando diferentes níveis de pressão da parte de Grégoire Saucy para garantir uma vitória em que teve que lidar com vários reinícios atrás de SC (a maior parte devido a desatenções atrás de SC, como com Kaylen Frederick). Gabriele Minì completou o pódio, numa dia em que o vencedor da prova ampliou a sua vantagem no campeonato.

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Qualificação: 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ … \ 10. Collet \ 11. Goethe \ 12. Montoya

Resultado (Sprint): 1. O’Sullivan \ 2. Montoya \ 3. Aron \ 4. Minì \ 5. Beganovic \ 6. Bortoleto \ 7. Fornaroli \ 8. Saucy \ 9. Mansell \ 10. Frederick (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ 4. Fornaroli \ 5. O’Sullivan \ 6. Aron \ 7. Martí \ 8. Browning \ 9. Barnard \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (58) \ 2. Saucy (38) \ 3. Beganovic (28) \ 4. Minì (28) \ 5. Martí (25) —– 1. Trident (100) \ 2. Prema (70) \ 3. Hitech (54) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (29)

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Corrida anterior: Bahrain 2023 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Mónaco 2023 \ Rondas 5-6





Red Bull na frente nos testes, mas essa é a única certeza

28 02 2023

2022 tinha prometido muito, mas a verdade é que uma temporada na qual apenas uma equipa fora do Top 3 consegue um único pódio dificilmente pode ser classificada como uma época entusiasmante. Para este ano as expectativas serão de uma aproximação das rivais aos eternos líderes, mas será essa uma expectativa razoável?

A temporada chega numa altura em que Mohammed ben Sulayem dá um passo atrás no seu envolvimento (excessivo) na categoria, e em que a FIA procura atingir um novo equilíbrio no seu relacionamento com a FOM.

Falando da FIA, esta criou várias alterações nos regulamentos desportivos, com testagem de novos pneus de chuva a partir de Imola, menos restrições de rádio, modificações a circuitos e zonas de DRS, ajustes no teto orçamental e acesso facilitado para auditorias da FIA.

Mudanças na Ferrari terão sido no timing certo?

A única coisa mais impressionante do que a maneira como a Ferrari abriu 2022 com uma sequência de ótimos resultados foi seguida de uma ainda mais impressionante hecatombe de resultados, em que vitórias desperdiçadas por motivos de estratégia deram lugar a vitórias desperdiçadas por entretanto o carro italiano já não ser o mais competitivo do pelotão.

Há mérito da Red Bull neste quesito, com uma eficiência diabólica, mas a sensação geral de oportunidade desperdiçada (e recusa em assumir erros) fez Frédéric Vasseur assumir os comandos da Scuderia. A retirada de um líder italiano pela entrada de um francês é notória e acarreta consigo a possibilidade de um começo de fresco. Mas, mesmo não sendo particularmente justo, Vasseur não conseguirá segurar o lugar se o trabalho que até Dezembro era de Mattia Binotto não der resultados concretos…

E no meio de tudo está uma Mercedes desejosa de conseguir voltar a assumir o protagonismo no campeonato.

Os testes de pré-temporada, para já, pintam um quadro bem risonho para a Red Bull. A AMuS noticia o motivo desta vantagem como a capacidade do RB19 em conseguir correr bem mais perto do chão que as rivais, o que deixa Max Verstappen numa posição bem confortável para tentar chegar a um tricampeonato (Sergio Pérez deverá manter-se como plano de contingência, com Daniel Ricciardo a observar tudo bem de perto no seu papel de piloto de testes).

Para a Mercedes vê-se uma performance bem mais consistente que a de 2022, ainda que com bem menores problemas de porpoising. Só que crê-se que o verdadeiro potencial do carro só será descoberto com atualizações em Baku nos monolugares de Lewis Hamilton e George Russell. Já a Ferrari pareceu difícil de localizar, com alguns acertos de setup a serem necessários para conseguir estabelecer a performance de um carro que parece fiável e rápido, mas uns furos abaixo do Red Bull.

Trabalho difícil para Charles Leclerc e Carlos Sainz, portanto.

Harmonia difícil na Alpine

Já é piada recorrente do paddock referir que a estrutura da Alpine corre já em vários planos de 5 anos. Apesar de se ter integrado em 2016 com promessas de competitividade em 5 anos, a Renault avisou logo que o primeiro ano não contava (o projeto era pouco mais que um fraco Lotus). Depois chegou Daniel Ricciardo e o tal plano começaria aí (2019). Ricciardo saiu, Fernando Alonso entrou e o nome mudou para a Alpine, e os franceses insistiram que queriam ser tratados como nova equipa e novo projeto de 5 anos (em 2021).

Agora, com a saída de Alonso, a conversa parece ter feito um novo reset. Contas feitas, a Alpine está no 8º ano de projeto como equipa de fábrica, mas a insistir que é uma jovem equipa promissora.

As trapalhadas com a situação contratual de Oscar Piastri, de facto, pareceram de novatos. Sabe-se lá como, Otmar Szafnauer conseguiu manter o seu posto na liderança da equipa. Nem tudo foi um desastre na verdade: o 4º lugar à frente da McLaren nunca pareceu excessivamente em perigo e Pierre Gasly é um ótimo prémio de consolação para substituir Alonso (com Esteban Ocon no outro lado da garagem). Até os abandonos de 2022 têm um ponto positivo, dado que as restrições de alterações à unidade de potência não se aplicam a motivos de fiabilidade.

2023 tem que ser o ano em que a mais fraca das equipas de fábrica consegue bem melhor do que fazer apenas um terço dos pontos da Mercedes. Os testes não conseguiram revelar quase nada. O carro esteve sempre entre os mais lentos das sessões, ainda que se acredite que terão sido das equipas que mais escondeu o jogo.

Os britânicos

Duas das maiores construtoras britânicas, mas que na F1 compram os seus motores à Mercedes, têm um problema muito semelhante: a estagnação dos seus resultados e como invertê-la.

As escalas são diferentes, claro. A McLaren terminou em 3º lugar m 2020, 4º em 2021 e 5º em 2022. O único pódio fora das 3 primeiras equipas até pertenceu aos britânicos, mas a tendência decrescente é difícil de disputar. Pelo segundo ano seguido, queixam-se de o projeto inicial ainda não estar bem ao gosto da estrutura, uma falha que já tem solução à vista para o próximo ano, quando o túnel de vento novo estará finalmente em ação.

O facto de Zak Brown já ter vindo a púlico referir que o MCL60 está abaixo dos indicadores de performance desejados pela própria equipa parecem indicar que será um início de ano doloroso para Woking. Uma situação que deverá frustrar Lando Norris e aliviar Oscar Piastri (ao colocar menos pressão por cima dos seus ombros).

Já a Aston Martin começou 2022 com um ritmo absolutamente catastrófico, mas ganhou muitos pontos de consideração da parte dos rivais pela maneira como a equipa técnica de Dan Fallows soube encurtar a distância para os lugares pontuáveis em tão curto espaço de tempo. A verdade é que já foram 2 dos 5 anos da estreia dos britânicos, e dois 7º lugares em 10 equipas são o saldo da estrutura. O facto de esta queda ocorrer com Lance Stroll blindado a um dos monolugares não tem passado despercebido.

Mas a verdade é que o lado da garagem de onde se espera o melhor em pista é no de Fernando Alonso, que provocou o caos na Alpine para fazer uma derradeira e arriscada manobra de bastidores, em busca do seu 3º título mundial. A gestão emocional do piloto dará grandes dores de cabeça à equipa, mas a boa forma contínua dele será uma boa compensação.

Sem ninguém contar com isso, a Aston foi um dos grandes destaques dos testes. Isto tanto pelo facto de Felipe Drugovich ter tido que substituir Lance Stroll (lesão), como pelo facto de o AMR23 ter mostrado um ritmo muito interessante, que até leva alguns analistas a considerá-los ao nível dos Mercedes.

Quem nada tem a perder

Com uma temporada bem difícil para a pequena estrutura italiana, a AlphaTauri saiu bem feliz dos 3 dias de testes. Sem a grande referência de Gasly, caberá ao conjunto de Yuki Tsunoda e Nyck de Vries conseguirem fazer uso de um AT04 mais competitivo e que terminou o seu tempo no Bahrain como o que mais quilómetros acumulou. Isto numa altura em que a Red Bull tem estado a ponderar vender a equipa ou relocalizá-la.

Tsunoda e de Vries terão boas oportunidades para mostrar serviço em 2023, oportunidades essas que precisarão de concretizar de modo a afastarem a ameaça da intromissão da enorme quantidade de jovens Red Bull que desponta na F2.

Quem não tem quase nada a provar é a dupla da Haas. Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen já abandonaram a categoria antes e não estarão excessivamente preocupados em voltar a fazê-lo se a equipa americana lhes criar problemas. Como dupla competente que aparenta ser vista de fora, esta estará sempre dependente do nível de desenvolvimento ao longo do ano que o VF-23 será capaz de demonstrar.

A outra cliente Ferrari, a Alfa Romeo, está num momento de transição bem curioso: a Alfa em si abandonará no final do ano e não possui nenhum poder de decisão, para passar posteriormente a controlo Audi. Isto significa que Valtteri Bottas e Guanyu Zhou terão que mostrar serviço de forma bem evidente para provar ao novo chefe, Andreas Seidl, que merecem continuar ao volante quando os manda-chuvas passarem para o lado alemão.

As boas notícias são que a performance do mais recente produto de Hinwill chegou a liderar um dos dias de testes (com várias condicionantes, claro) e que pareceu disposta a permitir aos seus pilotos puxar por ele.

Isto deixa apenas a Williams, que despediu a sua chefia nos meses iniciais deste ano depois de ter voltado a terminar em última no campeonato, tendo agora de se ver que género de chefia será a de James Vowles (chegado da Mercedes), que conta com um competente Alexander Albon e uma incógnita ligeira Logan Sargeant (que terá que provar que a antiga chefia acertou em algo, com a sua escolha).

F2 – Pourchaire permanece, mas não terá vida fácil

2023 chega para a Fórmula 2 com um piloto que tem mais do que o favoritismo, tem também a obrigação de ser campeão. Théo Pourchaire foi capaz de ótimas performances em 2022 mas foi errático em diversos momentos e terminou num vice-campeonato manifestamente insuficiente para obter um assento de F1 na Alfa Romeo. A decisão de mais uma temporada de F2 poderá ser arriscada, até se se vir batido por um estreante à semelhança de Robert Shwartzmann em 2021.

Ao lado de Pourchaire está o campeão de F3 de 2022, Victor Martins, o que confere à ART possivelmente a melhor dupla da grelha deste ano.

Ainda assim, existe espaço para surpresas nas restantes estruturas. Hitech e Carlin apostam em duplas inteiramente pertencentes à Red Bull (que está representada por uns estonteantes 6 pilotos na F2), que poderão estar em grande nível (com especial destaque para um Isack Hadjar deserto de poder vingar o título de F3 perdido).

Apesar de apenas se ter estreado em 2022 apenas, a Van Amersfoort surpreendeu durante os testes deste ano com Richard Verschoor a liderar a tabela de tempos. Já a contratação, mais sentimental que racional, de Juan Manuel Correa poderá não trazer os frutos esperados. Já a permanência do bem-cotado Jack Doohan na Virtuosi percebe-se por um lado, ainda que provavelmente seja demasiado piloto para a estrutura em que está (e definitivamente muito mais do que o novo colega Amaury Cordeel conseguirá lidar…).

F3 – Testes deixam Saucy como favorito

Com a tradicional saída de mais de metade da grelha ao final do ano (quer para F2 ou para a obscuridade), a Fórmula 3 mais uma vez contou com a renovação das suas fileiras com alguns dos mais promissores jovens talentos das categorias de base. Falamos de pilotos cujas performances deverão impressionar, como Dino Beganovic da academia Ferrari, Nikola Tsolov da academia Alpine ou Sebastián Montoya da academia Red Bull.

Mas não se pense que o “perigo” não poderá vir dos pilotos que andam no seu segundo ano de categoria. Grégoire Saucy que o diga, tendo dominado os testes de pré-temporada de Fevereiro no seu ART, depois de um falso arranque na temporada de 2022. Franco Colapinto, que melhorou da estreante Van Amersfoort para a competente MP, também terá uma palavra a dizer agora que integra a academia Williams (tal como Zak O’Sullivan).

Para pilotos nas equipas do fundo da grelha, o objetivo é simples: mostrar serviço para que as Prema e Trident da vida os contratem para 2024. Neste quesito vale a pena manter a atenção em homens como Roberto Faria, Oliver Gray ou Taylor Barnard.





Saucy deixa aviso na F3 e Verschoor é a surpresa na F2 – Testes F2/F3

17 02 2023

Com uma semana de antecipação em relação à Fórmula 1, as suas duas categorias de promoção (Fórmulas 2 e 3) realizaram ao longo dos últimos três dias a sua própria temporada no Bahrain. Apesar de os monolugares não mudarem, havia uma grande expectativa para saber quem poderia assumir-se como favorito para a primeira ronda do ano.

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Fórmula 2 – Dia 1

Até certo ponto era expectável que coubesse a Théo Pourchaire a honra de liderar a primeira sessão do ano. O francês vem de duas temporadas nos lugares cimeiros da Fórmula 2 e esteve por ligeiramente acima de uma décima na frente do segundo classificado, com 54 voltas acumuladas.

A concorrência terá que fazer pela vida. Para já Richard Verschoor no seu novo Van Amersfoort e Arthur Leclerc pela DAMS foram quem mais se aproximou. A DAMS poderá assim ter em mãos uma dupla vencedora, já que Ayumu Iwasa também conseguiu ficar no Top 5, ensanduichando o eterno piloto de F2, Ralph Boschung (também eternamente na Campos).

A antiga dupla da Prema e agora da MP (Jehan Daruvala e Dennis Hauger) conseguiram permanecer no Top 10, enquanto que os dois Charouz preocupantemente ficaram nos três últimos lugares. Entre eles ficou o causador da bandeira vermelha do dia, Frederik Vesti.

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Resultado: 1. Pourchaire (1m42s165) \ 2. Verschoor (1m42s293) \ 3. Leclerc (1m42s293) \ 4. Boschung (1m42s569) \ 5. Iwasa (1m42s669)

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Fórmula 2 – Dia 2

Com alguns dos líderes do dia anterior em sequências de longo curso, coube a protagonistas um pouco diferentes a tarefa de despontarem entre os lugares cimeiros da tabela de tempos na quarta-feira. Victor Martins e Arthur Leclerc mostraram o seu ritmo diabólico de F3 na categoria imediatamente superior, colocando-se em 2º e 4º respetivamente.

Verschoor brilhou novamente para conseguir o topo da tabela (levando a crer que a Van Amersfoort poderá ter em mãos em 2023 um desnível entre pilotos semelhante ao da também holandesa MP de 2022), enquanto que Boschung manteve o seu elevado ritmo, fruto da sua experiência. A campeã em título, a MP, viu a sua equipa subir algumas posições, cortesia de Dennis Hauger.

Já as doses de bandeiras vermelhas foram 3: Pourchaire e Staněk ao longo do dia, e Clément Novalak mesmo nos instantes finais.

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Resultado: 1. Verschoor (1m42s140) \ 2. Martins (1m42s148) \ 3. Hauger (1m42s378) \ 4. Leclerc (1m42s473) \ 5. Boschung (1m42s489)

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Fórmula 2 – Dia 3

O derradeiro dia de ação em pista trouxe uma classificação algo aleatória, à medida que os pilotos faziam programas de competição completamente distintos. A liderança coube a Kush Maini no seu Campos, seguido de Pourchaire e de um pouco usual Roy Nissany.

Enzo Fittipaldi fez o primeiro Top 5 dos 3 dias, seguido de perto por Hauger. As duas bandeiras vermelhas do dia couberam a Staněk e Leclerc.

A liderança improvável dos 3 dias coube à Van Amersfoort, enquanto que a DAMS beneficiou da sua nova dupla de pilotos, que lhes conferiu uma classificação superior à do seu resultado no mundial de equipas de 2022. A Trident ficou com a cauda da tabela de tempos, depois de a PHM Charouz ter conseguido ultrapassar os italianos no último dia.

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Resultado: 1. Maini (1m42s623) \ 2. Pourchaire (1m42s905) \ 3. Nissany (1m42s905) \ 4. Fittipaldi (1m42s971) \ 5. Hauger (1m43s020)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1Van Amersfoort1m42s140Verschoor346
2ART1m42s148Martins399
3DAMS1m42s293Leclerc377
4MP1m42s378Hauger318
5Campos1m42s489Boschung354
6Virtuosi1m42s523Doohan332
7Prema1m42s640Bearman402
8Rodin Carlin1m42s659Fittipaldi331
9Hitech1m42s841Hadjar373
10PHM Charouz1m42s905Nissany348
11Trident1m43s071Novalak286
Bahrain \ 14-16 Fevereiro 2023

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Fórmula 3 – Dia 1

Partilhando pista com os mais potentes F2, a Fórmula 3 começou a sua pré-temporada com tempos em média 5 segundos mais lentos mas com uma grelha composta por jovens pilotos bem promissores.

Grégoire Saucy, depois de um 2022 que começou promissor e depois definhou um pouco, liderou a tabela de tempos com uma vantagem apreciável mas poucas voltas. Atrás dele estava o bem-cotado estreante da Prema (e da Mercedes) Paul Aron, o outro jovem que também conseguiu entrar no segundo 47.

Seria necessário esperar pelo 6º lugar para se ver outro estreante (Luke Browning, ainda sem lugar confirmado e que fez o maior número de voltas do dia), uma vez que os estreantes de 2022 tomaram os seus lugares de 3º a 5º (respetivamente, Pepe Martí da Campos, Kaylen Frederick da ART e Zak O’Sullivan da Prema).

Destaque ainda para Taylor Barnard a arrastar o Jenzer para dentro do Top 10 e para a terrível forma da PHM Charouz, que transcende categorias.

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Resultado: 1. Saucy (1m47s563) \ 2. Aron (1m47s889) \ 3. Martí (1m48s125) \ 4. Frederick (1m48s136) \ 5. O’Sullivan (1m48s162)

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Fórmula 3 – Dia 2

Se o primeiro dia tinha indicado uma vantagem confortável de Saucy sobre os rivais, o segundo domínio trouxe um domínio completo, com mais de meio segundo de vantagem sobre o segundo classificado.

O Top 5 viu uma maioria de rookies a compô-lo, com o bem cotado Dino Beganovic da Prema a ser o melhor dos seus representantes. Imediatamente a seguir ao sueco, chegaram os “Gabriéis” Minì e Bortoleto (especialmente notável no último, com um Trident). A completar estes lugares cimeiros chegou Franco Colapinto, a mostrar porque é agora um piloto da academia de jovens da Williams.

Browning e Barnard voltaram a saber manter-se no Top 10, enquanto que as bandeiras vermelhas foram agitadas por duas ocasiões diferentes. Tommy Smith acabou por ser o único piloto que melhorou o seu tempo à tarde (todos os outros andaram no seu mais rápido de manhã).

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Resultado: 1. Saucy (1m46s642) \ 2. Beganovic (1m47s121) \ 3. Minì (1m47s166) \ 4. Bortoleto (1m47s197) \ 5. Colapinto (1m47s266)

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Fórmula 3 – Dia 3

No terceiro dia de testes, as diferenças entre pilotos experientes e estreantes pareceram esbater por completo. Bortoleto conseguiu finalmente “roubar” o lugar cimeiro do dia a Saucy, mas o suíço não ficou nada longe (com um 3º posto a uma décima de segundo). Entre ambos ficou Minì, que já estivera em bom nível na quarta-feira.

Apesar disso os tempos foram mais lentos que até aqui, uma vez que todos os pilotos (sem exceção) estavam a fazer simulações de stints longos. Ainda assim, um padrão pareceu emergir, com o melhor tempo de todos os dias a pertencer a Saucy por mais de meio segundo, e com a Prema e Hitech a ser as concorrentes mais próximas.

Tudo isto são notícias terríveis para a Rodin Carlin e para a PHM Charouz, que nunca conseguiram sequer estar próximas da 8º classificada (Van Amersfoort).

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Resultado: 1. Bortoleto (1m47s417) \ 2. Minì (1m47s452) \ 3. Saucy (1m47s519) \ 4. Aron (1m47s641) \ 5. Barter (1m47s704)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1ART1m46s642Saucy482
2Prema1m47s121Beganovic506
3Hitech1m47s166Minì512
4Trident1m47s197Bortoleto406
5MP1m47s266Colapinto412
6Jenzer1m47s380Barnard445
7Campos1m47s419Martí466
8Van Amersfoort1m47s515Collet472
9Rodin Carlin1m48s107Gray435
10PHM Charouz1m48s322Flörsch361
Bahrain \ 14-16 Fevereiro 2023





Estreantes em forma – Testes F3

23 09 2022

Com o fim da temporada de Fórmula 3 a ter sido realizado em Monza, é agora tempo de as equipas se começarem a preparar para escolher os seus pilotos novos. Como vários deles são provenientes de categorias logo a seguir aos karts, estas escolhas geralmente vêem o grid mudar a cara quase por completo, com promoções de equipas inferiores para as de topo e com novidades na quase totalidade das estruturas.

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Dia 1

Se era esperado que alguns dos pilotos que já tivessem completado uma temporada de F3 estivessem a liderar no primeiro dia, ninguém informou Gabriele Minì. A competir na Fórmula Regional, o italiano pegou num Hitech e liderou a sessão com 2 décimas de segundo sobre o americano Kaylen Frederick (que trocou a Hitech pela ART para este teste).

Algumas mudanças importantes de equipa ocorreram (pelo menos para os testes) com Zak O’Sullivan a chegar 4º com a Prema (depois de ter estado na Carlin), Reece Ushijima em 5º com a Hitech (anteriormente na Van Amersfoort), Jonny Edgar em 9º com a MP (depois de estar na Trident) e Franco Colapinto em 16º com a MP (anterior Van Amersfoort).

Pep Martí manteve-se com a Campos e ficou em 3º, enquanto que o rookie sensação do final do ano passado (Sebastián Montoya) aliou-se à Hitech para chegar dentro do Top 10. Frederick e Minì provocaram bandeiras vermelhas na manhã, enquanto que de tarde as honras couberam a Roberto Faria, Emerson Fittipaldi Jr e Alessandro Famularo.

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Resultado: 1. Minì (1m30s500) \ 2. Frederick (1m30s736) \ 3. Martí (1m30s957) \ 4. O’Sullivan (1m31s147) \ 5. Ushijima (1m31s182)

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Dia 2

Repetindo a situação do dia anterior, o comando da tabela de tempos foi assumido por um piloto estreante. Desta vez a honra coube a Gabriel Bortoleto a testar pela Trident, e também com alguma margem sobre os adversários (apesar de ter provocado uma bandeira vermelha quando saiu em frente na Curva 10).

Acompanhando-o no Top 5 chegaram, tal como no primeiro dia, Martí, Frederick e O’Sullivan. Martí destacou-se por alguma margem dos seus colegas da Campos, enquanto que Frederick parece querer confirmar o seu favoritismo na ART (depois de um ano em que andou longe daquilo que seria de esperar) e O’Sullivan confirmou a boa forma que dele se esperava com melhor equipamento.

Taylor Barnard arrastou o seu Jenzer até ao 10º posto mas também provocou mais de metade das bandeiras vermelhas do dia. Não por acaso, foi o piloto que menos voltas fez (38). Com mais voltas chegou Nicola Marinangeli (97). A Charouz, de Marinangeli, mudou 2 dos 3 lugares para manter a sua tradição da temporada 2022 de estar sempre a trocar pilotos (sendo acompanhada nas mudanças neste teste pela Carlin e Van Amersfoort).

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Resultado: 1. Bortoleto (1m29s554) \ 2. Martí (1m29s927) \ 3. O’Sullivan (1m30s025) \ 4. Frederick (1m30s040) \ 5. Goethe (1m30s046)

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Dia 3

Se é verdade que a manhã do terceiro dia até foi condicionada por constantes treinos de paragens nas boxes, a tarde compensou ao não ter uma única interrupção de bandeira vermelha. Tempo mais do que suficiente para Colapinto terminar na frente da tabela de tempos, seguido de bem perto por Goethe. Os outros suspeitos do costume (Bortoleto, Minì e Martí) acompanharam-nos no Top 5.

Barnard voltou a mostrar muito melhor ritmo que os colegas da Jenzer, ainda que mais uma vez com poucas voltas (a Jenzer acabou os três dias com um número consideravelmente mais pequeno de voltas que as rivais), e a Prema voltou a mostrar grande consistência no ritmo dos seus três carros.

O resultado final destas sessões é que a Trident e a MP terminaram como as mais rápidas estruturas (com a segunda a também ser a que mais voltas completou), seguidas de uma Campos bem dependente do ritmo de Martí e de uma Hitech em que Minì promete. No geral, as 6 primeiras equipas são as mesmas, com a Carlin e a Charouz com sérios problemas de ritmo.

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Resultado: 1. Colapinto (1m29s617) \ 2. Goethe (1m29s660) \ 3. Bortoleto (1m29s690) \ 4. Minì (1m29s930) \ 5. Martí (1m30s103)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1Trident1m29s554Bortoleto586
2MP1m29s617Colapinto732
3Campos1m29s927Martí639
4Hitech1m29s930Minì619
5Prema1m30s025O’Sullivan690
6ART1m30s040Frederick678
7Jenzer1m30s164Barnard496
8Van Amersfoort1m30s417Villagómez701
9Carlin1m30s647Granfors648
10Charouz1m30s946Famularo678
Jerez \ 21-23 Setembro 2022