Cassidy ganha balanço, Félix da Costa volta a vencer – ePrix Berlim 2024

12 05 2024

O Aeroporto de Tempelhof já tem um lugar reservado na História do mundo, como palco da famosa ponte aérea que os norte-americanos estabeleceram em Berlim durante a Guerra Fria, mas nos últimos anos tem-se transformado num dos mais conhecidos palcos da Fórmula E, com direito a decisões de título, provas caóticas e um traçado desafiante.

Desde 2017, a pista utiliza um traçado de 2,250 km de extensão e 10 curvas (que em 2020 e 2021 chegou a ser utilizado no sentido inverso). Por estar a ser realizado num aeroporto, o traçado não é particularmente aderente e gera uma grande quantidade de degradação. Possui também um túnel e é bastante largo para os padrões da FE.

Terceira prova europeia do ano, depois de Misano e Mónaco, Berlim procurará dar um novo interessante capítulo à temporada de 2024 e particularmente à Porsche, mais uma vez envolvida a fundo na luta pelo título.

Devido a uma coincidência de calendário entre o WEC e a Fórmula E, que poderia ter sido perfeitamente evitada uma vez que a FIA chancela ambas as categorias, a Envision e a Mahindra tiveram que recorrer a trocas de pilotos. Na Mahindra, Nyck de Vries deu lugar a Jordan King (estreia). Já a Envision teve que trocar ambos os carros, com Sébastien Buemi e Robin Frijns a darem lugar a Paul Aron (estreante) e Joel Eriksson (que já fez o final de época 2021 pela Dragon Penske). Na McLaren Taylor Barnard continuou a cobrir o lesionado Sam Bird.

Destaque ainda para a renovação de contrato da Andretti com a Porsche por mais dois anos.

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Ronda 9 – ePrix de Berlim (1) 2024

Com um dia de céu azul sobre Berlim, a qualificação para a primeira prova trouxe os primeiros pontos do ano para a equipa oficial da Mahindra com uma improvável pole position de Edoardo Mortara contra o DS Penske de Stoffel Vandoorne na final. Estas improváveis presenças (assim como o ERT de Sérgio Sette Câmara) no Top 5 já seriam condição suficiente para uma prova interessante, mas ainda mais interessante ficaria com vários pilotos rápidos a terem uma má qualificação.

Em prova as ultrapassagens multiplicaram-se, até porque os pilotos optaram por diferentes estratégias de ativação de Attack Mode. Os Safety Cars que marcaram presença, claro, também contribuíram para isso.

Duas equipas que andaram a tentar ao longo da prova fazer jogo de equipa foram a Jaguar e a Porsche, mas de forma significativamente diferente. Enquanto a Jaguar tem ambos os pilotos na luta pelo título e portanto pôde dar rédea solta aos dois para lutar por posição, o que se traduziu numa vitória de Nick Cassidy e um 4º lugar para Mitch Evans; a Porsche tem Pascal Wehrlein numa muito melhor posição de campeonato que António Félix da Costa, o que numa prova em que o português parecia mais eficaz que o alemão significou que Félix da Costa precisou de cobrir a retaguarda de Wehrlein (e o resultado conjunto ficou-se pelos 5º e 6º lugares).

Vandoorne e Mortara foram caindo nos lugares pontuáveis até 7º e 8º, mas Jean-Éric Vergne ainda conseguiu colocar o seu DS Penske na luta pela vitória até às voltas finais, seguido sempre de perto pelo último homem do pódio (Oliver Rowland da Nissan), que saltou de 15º a 3º. O outro Nissan chegou em 9º, seguido do McLaren de um impressionante Taylor Barnard (que já tinha impressionado na estreia em Monte-Carlo).

Já os substitutos da Envision sofreram para se adaptar.

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Qualificação: 1. Mortara \ 2. Vandoorne \ 3. Vergne \ 4. Sette Câmara \ 5. Günther (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Cassidy \ 2. Vergne \ 3. Rowland \ 4. Evans \ 5. Wehrlein \ 6. Félix da Costa \ 7. Vandoorne \ 8. Mortara \ 9. Fenestraz \ 10. Barnard (Ver melhores momentos)

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Ronda 10 – ePrix de Berlim (2) 2024

No domingo assistiu-se a uma das melhores provas do ano da Fórmula E, e em que a Jaguar e Porsche voltaram a destacar-se dos seus concorrentes.

A qualificação correu significativamente melhor à Andretti que no dia anterior, com Jake Dennis a fazer pole position e Norman Nato a chegar até às meias-finais. Ambos os Jaguar ocuparam os lugares pares da frente da grelha de partida, com os seus rivais da Porsche um pouco mais para trás. Rowland foi novamente 15º.

Em corrida não demorou muito a que os 4 primeiros lugares estivessem ocupados pelos 4 pilotos Jaguar e Porsche. Wehrlein e Félix da Costa chegaram-se à frente e desta vez o português envolveu-se “a sério” na luta pela vitória. Houve espaço para um rápido SC para Maximilian Günther (Maserati), que bateu num rival e depois no muro.

Entretanto, Wehrlein e Dennis em 5º e 6º começaram a ter uma disputa privada que foi envolvendo mais e mais toques e manobras feias até ao ponto de no final da prova ser quase ao nível de carrinhos de choque. Pior mesmo só Nato, que eliminou Sacha Fenestraz (Nissan) de prova (com o último a ter razão quando aplaudio o compatriota sarcasticamente) e trouxe o segundo SC do dia. Stoffel Vandoorne (DS Penske) também destruiu o seu carro contra um Nissan.

Os sucessivos SC foram dando trabalho a Félix da Costa, que em ambas as ocasiões liderava e viu a sua vantagem evaporada. Ainda assim, era claro que o homem da Porsche parecia ter a prova sob controlo, afastando-se à sua vontade dos outros. Neste novo recomeço até chegou a ser ultrapassado por Evans, mas com o neozelandês a ainda ter que ir ativar o AM e até a ser repassado pelo português.

Vitória final (esperemos um pouco mais para ter a certeza) para Félix da Costa, seguido de um Cassidy zangado (por não ter gostado da gestão de prova da sua equipa) e um Rowland impressionante com nova recuperação de 15º a 3º. Wehrlein, Dennis e Evans seguiram-se.

Nos derradeiros lugares pontuáveis, algumas boas performances: Jehan Daruvala (Maserati) em 7º e a ganhar balanço na sua temporada de estreante; Barnard a brilhar com mais pontos para a McLaren (e a ser mais eficaz que Jake Hughes); Joel Eriksson a salvar um pouco a honra da Envision neste período difícil; e Vergne a somar o derradeiro ponto de uma DS Penske a quem parece faltar muito ritmo de corrida.

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Qualificação: 1. Dennis \ 2. Cassidy \ 3. Nato \ 4. Evans \ 5. Günther (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Félix da Costa \ 2. Cassidy \ 3. Rowland \ 4. Wehrlein \ 5. Dennis \ 6. Evans \ 7. Daruvala \ 8. Barnard \ 9. Eriksson \ 10. Vergne (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Cassidy (140) \ 2. Wehrlein (124) \ 3. Rowland (118) \ 4. Dennis (102) \ 5. Evans (97) —– 1. Jaguar (237) \ 2. Porsche (183) \ 3. Nissan (144) \ 4. DS Penske (127) \ 5. Andretti (126)

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Corrida anterior: ePrix Mónaco 2024
Corrida seguinte: ePrix Shanghai 2024

ePrix Berlim anterior: 2023

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Fontes:
Autosport PT \ Andretti renova com a Porsche
GP Blog \ Trocas de pilotos





Pelo segundo ano, dobradinha neozelandesa – ePrix Mónaco 2024

27 04 2024

Quando a Fórmula E passou a utilizar em 2021 a versão longa do circuito de Monte-Carlo, estaria longe ainda de perceber o verdadeiro impacto que isto teria. Com um índice de ultrapassagens extremamente baixo em todas as categorias que por ali passavam, Mónaco provou não ter de todo este problema na categoria elétrica, com a primeira prova de 2021 a ter um número enorme de passagens e a vitória a ser decidida por uma manobra na última volta.

Tendo-se popularizado como a jóia da coroa da F1, a pista do Mónaco é dos raros exemplos de circuitos que quase não sofreram alterações às suas curvas desde o início em 1929 (com a evidente exceção das barreiras muito mais seguras que ladeiam a pista, em oposição a fardos de feno). Ainda assim, o Grade 1 de segurança FIA é considerado pouco credível, dado que a maioria das pistas modernas possuem infraestruturas francamente melhores.

Localizado nas ruas que circundam os casinos e porto da cidade, o circuito é um dos pouquíssimos sobreviventes das pistas que proliferavam nos calendários de F1 dos anos 50. É notório este caráter quando se tem em conta o quão apertado é o espaço de circulação, os desníveis e um certo nível de segurança mais reduzido que aquele a que provas modernos nos habituaram. Justamente por isso, vencer uma prova em Monte-Carlo continua a ser um dos maiores feitos da carreira de qualquer piloto que o consiga.

Com uma mão partida no primeiro treino livre, Sam Bird (McLaren) teve que ser substituído pelo estreante Taylor Barnard para o resto do evento, ao passo que a Jaguar, dias antes da corrida, confirmou a sua inscrição para a Geração 4 de monolugares da categoria elétrica.

Ronda 8 – ePrix do Mónaco 2024

Para a ronda que marcou o meio da temporada, a Fórmula E assistiu a mais um capítulo daquilo que tem sido um duelo privado Jaguar-Porsche com participações ocasionais da Nissan e da DS Penske. Stoffel Vandoorne (DS Penske) e Pascal Wehrlein (Porsche) encontraram-se na final, onde o segundo foi quem conseguiu arrancar a pole position, sendo que ambos derrotaram os dois Jaguar nas suas meias-finais.

Foi impossível a Taylor Barnard (McLaren) fazer melhor do que o último lugar da grelha de partida, ao passo que Jehan Daruvala (Maserati) nunca esteve tão perto do seu colega de equipa (e dos quartos-de-final de qualificação) e António Félix da Costa (Porsche) conseguiu atingir os quartos-de-final pela primeira vez em 2024.

Na corrida, não ocorreram grandes surpresas na partida, com os carros a manterem na sua grande maioria as posições, pelo menos até começarem a desenrolar-se os momentos de Attack Mode. Pelo menos, até Sérgio Sette Câmara (ERT) decidir arriscar e colocar-se no interior de Sébastien Buemi (Envision) em Casino Square, atirando com o suíço contra o muro. No processo, Félix da Costa ficou brevemente preso atrás do Envision (caindo quase até último).

Algumas voltas depois, Edoardo Mortara (Mahindra) perdeu o controlo na chicane rápida do porto e terminou na barreira de pneus, criando um Safety Car. Na travagem dos vários pilotos para o ritmo mais lento ainda houve tempo e trapalhice suficientes para que Jake Hughes (McLaren) perdesse a sua asa da frente.

Daí para a frente, pela liderança, foi uma prova de jogo de equipa. Os dois Jaguar descobriram-se na frente, após Vandoorne ativar o AM, e protegeram-se mutuamente para tratarem dos seus próprios AM. Se se temia uma luta dos dois pilotos rapidamente se percebeu não haver motivo para preocupações: Nick Cassidy (Jaguar) pediu uma clarificação da situação e avisou que não tinha problemas de seguir em formação até ao fim.

E assim foi, com a vitória a ficar no colo de Evans seguido do colega Cassidy (quando em 2023 tinha sido exatamente pela ordem inversa) e de Vandoorne (primeiro pódio do belga desde que se sagrou campeão em 2022). O vencedor de hoje já acumulava 2º lugares no Principado, tendo merecido a honra.

Jean-Éric Vergne (DS Penske) ficou em 4º lugar, seguido de um desiludido Wehrlein. O outro Porsche de Félix da Costa fez uma boa recuperação de 19º até ao 7º lugar final, finalmente colocando o português no Top 10 do campeonato.

Falando em recuperações, vale a pena destacar o 6º e 8º lugares dos pilotos da Nissan (que partiram de 15º e 14º), Maximilian Günther (Maserati) a voltar a ser um par de mãos seguras em 9º, assim como o pontuador final: Norman Nato, que saltou de 19º à partida no seu Andretti até 10º.

Foi este o resultado da corrida, desde que os comissários não descubram uma vírgula fora de sítio em algum formulário sem qualquer relevância para a performance do carro. Que valeria desclassificação direta, como sabemos…

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Qualificação: 1. Wehrlein \ 2. Vandoorne \ 3. Cassidy \ 4. Evans \ 5. Vergne (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Evans \ 2. Cassidy \ 3. Vandoorne \ 4. Vergne \ 5. Wehrlein \ 6. Rowland \ 7. Félix da Costa \ 8. Fenestraz \ 9. Günther \ 10. Nato (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (102) \ 2. Cassidy (95) \ 3. Dennis (89) \ 4. Rowland (88) \ 5. Evans (77) —– 1. Jaguar (172) \ 2. Porsche (128) \ 3. Andretti (113) \ 4. Nissan (112) \ 5. DS Penske (102)

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Corrida anterior: ePrix Misano 2024
Corrida seguinte: ePrix Berlim 2024

ePrix Mónaco anterior: 2023

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Fontes:
FE \ Bird substituído por Barnard
FIA \ Jaguar confirma inscrição para Geração 4





Top 5 – Fórmula 3 em 2023

10 09 2023

Sempre foi tarefa quase impossível entender o alinhamento das forças de qualquer temporada de Fórmula 3 que se avizinha, mas em anos recentes há certos padrões que se desenharam: ser estreante, desde que numa das grandes estruturas, não é nenhum impedimento para triunfar; quem tenta uma segunda temporada na categoria tem que aniquilar a concorrência ou ver-se escurraçado para a obscuridade do automobilismo.

Assim, qualquer um dos pilotos da Prema (Zak O’Sullivan, Dino Beganovic e Paul Aron) pode estar satisfeito com o seu ano, enquanto que a avaliação nas outras equipas é mais mista.

Na Trident, o campeão Gabriel Bortoleto “secou” o terreno à sua volta, deixando Oliver Goethe e Leonardo Fornaroli em maus lençóis, e colocou as várias academias em competição para ver quem o consegue prender para 2024. Já a ART viu aquele que deveria ter sido o seu ponta de lança (Grégoire Saucy) voltar a falhar no seu segundo ano, culminando num 8º lugar no campeonato de equipas.

Quem assumiu esse 3º posto foi a MP, que fez de Franco Colapinto o seu líder (ainda que tenha havido alguma inconstância) e viu o estreante Mari Boya e o regressado Jonny Edgar ganharem ímpeto ao longo do ano. Já na Hitech Gabriele Minì está mesmo a pedir para ser integrado novamente para uma segunda tentativa no campeonato, já que 2 vitórias provaram a sua velocidade mas faltou consistência a um nível elementar.

Mais atrás os destaques foram Pepe Martí e Taylor Barnard que arrastaram, respetivamente, a Campos e a Jenzer para terrenos em que quase não andaram em anos recentes, com direito a vitórias e, no caso de Martí, andar imiscuído na luta pelo título.

A nova Charouz, agora sob gestão PHM, conseguiu evitar o último lugar do campeonato (cortesia de um 7º lugar de Sophia Flörsch) às custas de uma Carlin que precisa mesmo de dar ímpeto verdadeiro à sua operação de F3 que não consegue, nem pouco mais ou menos, o ritmo da sua “irmã” de F2.

1 – Gabriel Bortoleto

Pode parecer uma simples formalidade colocar o campeão de final de ano como o mais completo piloto do ano, mas a verdade é que Gabriel Bortoleto esteve vários patamares acima da concorrência.

Campeão brasileiro de karts e vice-campeão mundial também, o brasileiro esteve nos dois últimos anos a deambular por categorias de promoção na Europa, tendo-se estreado na Fórmula 3 este ano. O seu cartão de visita foi ter vencido as duas primeiras corridas feature do ano com direito a pole position na segunda. Depois, enquanto os rivais tropeçaram uns nos outros e em adversidades várias, Bortoleto pontuou com regularidade (15 em 18 possíveis, com 13 delas consecutivas).

Não houve caminho para mais vitórias durante o ano mas 4 pódios adicionais foram sendo somados ao longo do ano, com o piloto igualmente forte em sprints e features para surpresa de muitos. O título acabou por chegar na última qualificação do ano, mas havia no ar uma certa inevitabilidade desde meio do ano.

Mais impressionante ainda foi ter conseguido tudo sem pertencer a uma academia de equipas de F1.

2 – Pepe Martí

Espanhol que fala inglês com um sotaque incrivelmente britânico, Pepe Martí não estaria debaixo dos holofotes de todos quando a temporada começou. 3º na F4 Espanhola em 2021 e vice-campeão de Fórmula Regional Ásia em 2022, o piloto tinha já competido pela Campos na F3 em 2022, com apenas 2 pontos. Tendo em conta que se mantinha na diminuta equipa para 2023, não se esperavam grandes resultados.

Mas Martí tinha outros planos. Logo no primeiro sprint do ano veio a vitória. Nas primeiras 12 corridas do ano só falhou os pontos numa única. Nova vitória no sprint do Mónaco. Depois, a consagração, com a primeira vitória em feature com volta mais rápida e pole position (e ainda por cima, em território caseiro em Barcelona). Quando Martí terminou 3º na feature de Silverstone, já só estava a 36 pontos de Bortoleto, como rival mais próximo.

Mais significativamente, eclipsava os colegas da Campos, sendo responsável por 60% dos pontos da estrutura.

Só o final do campeonato deixou a desejar. Em 6 provas, apenas conseguiu um 6º e um 9º, com 3 abandonos. Um deles foi na Bélgica, quando voltou para a pista de forma perigosa e terminou a sua prova e a de um rival sem culpa.

Mas demonstrou o suficiente para ser integrado agora na academia de jovens da Red Bull, o que lhe liberta o caminho para ascender à Fórmula 2.

3 – Taylor Barnard

É difícil de definir quão impressionante foi Taylor Barnard durante este ano, mesmo que ter terminado em 10º lugar no campeonato pareça distante. Só que o britânico estava ao serviço da Jenzer, equipa suíça que tem sofrido para se destacar no meio da tabela da F2, tendo em 2023 realizado a sua melhor temporada de sempre com 108 pontos (dois terços dos quais foram de Barnard).

Com vários títulos nacionais de karts, Barnard tornou-se um dos protegidos de Nico Rosberg, depois de ter guiado dois anos para o campeão de F1 na sua equipa do europeu de karting (com um vice-campeonato). Seguiram-se vice-campeonatos de F4 Alemã e Fórmula Regional Médio Oriente, antes de estrear este ano na F3.

Pela diminuta Jenzer, Barnard pontuou pela primeira vez em Melbourne e conseguiu não sair dos pontos durante 5 provas. Após um interregno, o britânico fez uma sequência diabólica no fim do ano, com 3 pódios em 4 provas, incluíndo a sua primeira vitória numa prova caótica na feature de Spa-Francorchamps, quando a Jenzer colocou os seus 3 carros entre os 4 primeiros.

Com um upgrade de carro para 2024, tem sérias possibilidades de conseguir fazer um ataque ao título e de conseguir atrair uma academia F1 para apoiar a sua carreira.

4 – Zak O’Sullivan

Após a última prova do campeonato em Monza, Zak O’Sullivan deverá certamente ter-se perguntado onde teria falhado a sua caça ao título. Acabado de entrar na academia Williams em 2023, O’Sullivan tinha como missão, na sua segunda temporada de F3, de vencer o título até por pertencer à poderosa Prema. Mas não foi possível, tendo que se contentar com o vice-campeonato.

Há muito que admirar no ano do britânico, tendo obtido 4 vitórias ao longo da sua temporada (2 em sprint, 2 em feature) e lançado as bases para um ano bastante impressionante. Só que, tal como Martí, pareceu ter-se encolhido na Hora H que foram as 8 corridas finais do ano. Foram 6 provas fora do Top 10 nesse período, com a consolação a serem duas features em que esteve brilhante: no Hungaroring fez pole, volta mais rápida e venceu; em Monza, quando tinha tudo em jogo, terminou 2º, sempre ao ataque pela vitória.

A presença de James Vowles nos festejos do piloto na prova final mostram que a fé da Williams não foi de todo abalada pelo ano realizado, sendo agora com grande expectativa que se aguarda ver onde será integrado na F2 de 2024.

5 – Franco Colapinto

Tendo estreado na F3 com um currículo que incluía Le Mans Series Europeia e um título de F4 Espanhola, Franco Colapinto tinha feito suficiente para vencer com um Van Amersfoort e ser incluído na academia Williams. O que se poderia esperar numa segunda temporada com um MP mais competitivo? Aparentemente, nada de radicalmente diferente.

Não que se possa ser demasiado crítico. O argentino foi o primeiro piloto da equipa neerlandesa e venceu por duas vezes, mas, crucialmente, foram sprints. Dos 5 pódios deste ano, 4 foram em sprint. Mas também pontuou em 14 das 18 provas e teve diversas provas em que esteve em excelente nível. Este entre os mais impressionantes do ano, só lhe pareceu mesmo ter dado o derradeiro passo em frente que Victor Martins conseguiu dar em 2022, por exemplo.

Ter abandonado a última corrida do ano por contacto quando ainda discutia o vice-campeonato não foi ideal.

O 4º lugar no campeonato deixa-o claramente com todas as condições para avançar para a F2, restando ver como será a sua adaptação quando comparada com a que O’Sullivan será capaz de fazer.





Tempo misto com vencedor único – GP Bélgica 2023

31 07 2023

O presente ano marca uma das primeiras vezes que a Fórmula 1 chega a Spa-Francorchamps com relativa tranquilidade quanto ao futuro do GP da Bélgica. A pista, situada no meio da floresta das Ardenas, tem problemas crónicos de mobilidade dos fãs (irónico, dado que o pequeno país eliminou a estação de comboios que antes servia a localização) e tem perdido importância estratégica para a FOM. Só que os rumores de substituição pela África do Sul têm começado a perder força e o entendimento do paddock é que Spa estará relativamente seguro.

Com a maior extensão de traçado de todos os do calendário, Spa é uma das pistas clássicas da F1 e uma das favoritas dos pilotos do grid. Com alterações de modernização levadas a cabo recentemente (por exemplo, o muito necessário alargamento da escapatória da curva Eau Rouge), o circuito tem procurado remover argumentos aos seus críticos enquanto providencia entretenimentos vários nas suas provas (desde as imprevisíveis chuvas da região, passando por algumas curvas famosamente desafiantes e por fazer uso da enorme popularidade de Max Verstappen para atrair grandes quantidades de holandeses à região).

Raramente fora do calendário, Spa foi inicialmente intercalado enquanto anfitrião belga com Zolder e Nivelles até passar a definitivo. O circuito assumiu a função de palco do “regresso às aulas” da F1 após a pausa mensal de Verão nas últimas décadas, mas a expansão contínua do calendário antecipou-o para prova final antes do Verão em 2023.

Foi uma semana plena de novidades na Alpine. Depois de anunciar a saída de Laurent Rossi como CEO, a marca francesa anunciou também as saídas de Otmar Szafnauer e Alan Permane dos postos de Diretor Técnico e Diretor Desportivo, respetivamente. Bruno Famin e Julian Rouse desempanharão as tarefas interinamente. Szafnauer pareceu inconformado com o pouco tempo que lhe foi dado (pouco mais de um ano), comparando as exigências da Alpine a uma metáfora envolvendo achar que engravidar 9 mulheres ao mesmo tempo poderia dar um nascimento ao fim de um mês…

A Williams viu o seu posto vago de CTO assumido por Pat Fry, saído também da Alpine. O caso Alonso-Piastri misturado com um magro 6º lugar nos construtores parece continuar a provocar explosões na equipa de Enstone…

Ronda 12 – Grande Prémio da Bélgica 2023

De novo a ter que contar com um fim-de-semana de sprint, a F1 acabou por contar com chuva quase constante ao longo das suas sessões, que pareceram estar ou em processo de secagem ou de crescente chuva em todos os momentos.

O sprint em si começou atrás do Safety Car devido ao traçado encharcado mas, quando Max Verstappen se lançou para a primeira volta, Oscar Piastri (que se qualificou de forma brilhante em 2º por escassas milésimas) e metade da grelha foram às boxes trocar de pneus de chuva intensa para intermédios. O australiano da McLaren conseguiu assim a liderança depois de Verstappen parar, mas foi Sol de pouca dura, com o neerlandês a fazer uso da velocidade de ponta do seu Red Bull para passar confortavelmente.

Mesmo após a prova, Verstappen encolheu os ombros quando questionado sobre se parar uma volta depois de Piastri fora boa ideia e disse simplesmente que “sabemos que somos rápidos”, como se nem importassem más estratégias, tal o ritmo do RB19.

Pierre Gasly foi outro que parou no momento certo, completando o trio da frente, enquanto que Lewis Hamilton foi penalizado por bater em Sergio Pérez (que perdeu a lateral do carro e abandonou).

A qualificação da “verdadeira” corrida acabou por contar também com chuva, ainda que com a ligeira vantagem de o usual vencedor, Verstappen, perder 5 lugares por troca de caixa de velocidades. Verstappen fez pole na mesma e caiu para sexta, cabendo a Charles Leclerc liderar a primeira volta no domingo seguido de Pérez.

Finalmente de piso seco, o circuito belga no domingo viu uma corrida em que os pneus de chuva não marcaram presença apesar de uns chuviscos a meio da prova. Verstappen ultrapassou os rivais um a um para vencer como de costume (8ª vez seguida), sendo que o seu verdadeiro rival na Bélgica foi o próprio engenheiro de pista, Gianpiero Lambiase, com ambos a trocarem “galhardetes” sarcásticos ao longo da prova (tendo começado com uma queixa de Verstappen em relação à estratégia na qualificação).

Pérez passou Leclerc mas não liderou muito tempo depois de Verstappen chegar atrás de si, com o trio a completar o pódio. Hamilton chegou em 4º com a volta mais rápida (parou na última volta para montar pneus novos), sendo também beneficiado pelo incidente de primeira curva entre Piastri e Carlos Sainz. Fernando Alonso também agradeceu, chegando em 5º num fim-de-semana que parece confirmar a queda de forma da Aston Martin. O outro Mercedes chegou logo atrás (destacando-se que George Russell atrapalhou Hamilton em qualificação sem necessidade).

Lando Norris, que chegou a cair para último nas voltas iniciais, chegou em 7º na frente de Esteban Ocon e Lance Stroll, com Yuki Tsunoda a brilhar com o terrível AlphaTauri para somar um precioso ponto em 10º.

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Quali Sprint: 1. Verstappen \ 2. Piastri \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Norris (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Verstappen \ 2. Piastri \ 3. Gasly \ 4. Sainz \ 5. Leclerc \ 6. Norris \ 7. Hamilton \ 8. Russell (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Pérez \ 3. Hamilton \ 4. Sainz \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Hamilton \ 5. Alonso \ 6. Russell \ 7. Norris \ 8. Ocon \ 9. Stroll \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (314) \ 2. Pérez (189) \ 3. Alonso (149) \ 4. Hamilton (148) \ 5. Leclerc (99) —– 1. Red Bull (503) \ 2. Mercedes (247) \ 3. Aston Martin (196) \ 4. Ferrari (191) \ 5. McLaren (103)

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Corrida anterior: GP Hungria 2023
Corrida seguinte: GP Holanda 2023

GP Bélgica anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 19-20) \ Doohan brilha em dia de novo líder no campeonato

Com um novo piloto ao volante de um PHM Charouz (Joshua Mason), a Fórmula 2 conseguiu a proeza de ser a única das categorias sem chuva em nenhuma das provas.

Jehan Daruvala teve a honra de partir de pole inversa mas acabou por se ver eliminado de prova por algo fora do seu controlo: o encosto de cabeça da sua cabeça simplesmente deixou de estar preso, forçando o abandono do piloto da MP. Isto deixou Richard Verschoor na liderança da prova, até que na penúltima volta Enzo Fittipaldi o passou e garantiu a primeira vitória de F2.

Ayumu Iwasa conseguiu recuperar lugares suficientes para garantir alguns pontos, enquanto que Victor Martins e Frederik Vesti tiveram uma luta aguerrida mas leal que viu o francês levar a melhor.

Na feature a ação começou antes do início oficial da ação. O líder do campeonato (e 2º em qualificação), Frederik Vesti acidentou-se na volta de reconhecimento e nem partiu, deixando os rivais com uma oportunidade de ouro. Oliver Bearman aproveitou para partir sem rival ao lado mas viria a ter que se defender com unhas e dentes dos ataques de Théo Pourchaire (acabando por perder mesmo posição).

Enquanto isto sucedia, Jack Doohan, a partir de 11º, vinha a recuperar bem lugares até uma prenda lhe cair no colo: o Safety Car de Jak Crawford foi mesmo no timing ideal para o australiano parar sem perder tempo quase nenhum e levou-o a ascender a 2º. Com pneus mais frescos, Doohan caçou Pourchaire e passou-o para voltar a vencer uma feature.

Fittipaldi completou o pódio, apesar de um incidente com o colega da Rodin Carlin (Zane Maloney), enquanto que Martins completou o Top 5.

Pourchaire é o novo líder de um campeonato que está cada vez mais próximo.

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Qualificação: 1. Bearman \ 2. Vesti \ 3. Martins \ … \ 8. Fittipaldi \ 9. Verschoor \ 10. Daruvala

Resultado (Sprint): 1. Fittipaldi \ 2. Pourchaire \ 3. Hauger \ 4. Martins \ 5. Doohan \ 6. Vesti \ 7. Iwasa \ 8. Boschung (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Doohan \ 2. Pourchaire \ 3. Fittipaldi \ 4. Maloney \ 5. Martins \ 6. Verschoor \ 7. Bearman \ 8. Maini \ 9. Staněk \ 10. Boschung (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (168) \ 2. Vesti (156) \ 3. Iwasa (134) \ 4. Doohan (130) \ 5. Martins (120) —– 1. ART (288) \ 2. Prema (258) \ 3. Rodin Carlin (176) \ 4. DAMS (173) \ 5. MP (135)

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Corrida anterior: Hungria 2023 \ Rondas 17-18
Corrida seguinte: Holanda 2023 \ Rondas 21-22

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Fórmula 3 (Rondas 15-16) \ Bortoleto quase lá em dia excelente para Jenzer

De piso algo molhado, sempre este fim-de-semana, mas com pneus de seco a F3 viu uma prova extremamente interessante desenrolar-se no seu sprint, com Hugh Barter a não aguentar a pressão de pole inversa e a perder diversas posições, enquanto que Caio Collet se lançou na disputa pela vitória. Mais atrás, Sebastián Montoya acabou eliminado por Rafael Villagómez.

Quem deixou o título esfumar-se foi Pepe Martí. O espanhol envolveu-se num despiste com Gabriele Minì, até conseguiu manter o carro a funcionar, mas regressou ao circuito de forma atabalhoada e eliminou-se a si e a um inocente Ido Cohen no processo (pedindo imediatamente desculpa ao israelita).

Problemas mecânicos ditaram o fim da corrida de Gabriel Bortoleto e a aparição de um Safety Car que permaneceu até ao final. Assim, Collet venceu seguido de Taylor Barnard e Paul Aron.

No domingo os pilotos pareceram indecisos entre pneus de seco e de molhado. Rapidamente se tornou claro que os de piso molhado eram os certo, com quem não os pôs a cair que nem pedras. Isto, misturado com algumas paragens (erradas) para pneus de seco durante o SC de Oliver Goethe (despiste na Eau Rouge), permitiram a protagonistas pouco usuais tomarem a liderança.

Os Jenzer foram quem mais lucrou, com 4 carros nos 3 primeiros e a vitória de Barnard (de 10º a 1º), com destaque ainda para a pontuação de Sophia Flörsch com a última classificada (a PHM Charouz).

Bortoleto a sair de 15º chegou em 11º, falhando um ponto que lhe poderia ter dado o título. Ainda assim, faltam apenas as provas de Monza e é improvável que lhe escape o triunfo.

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Qualificação: 1. Martí \ 2. Fornaroli \ 3. Minì \ … \ 10. Barnard \ 11. Aron \ 12. Barter

Resultado (Sprint): 1. Collet \ 2. Barnard \ 3. Aron \ 4. Edgar \ 5. Colapinto \ 6. Barter \ 7. Tsolov \ 8. Browning \ 9. Fornaroli \ 10. Saucy (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Barnard \ 2. Mansell \ 3. Bedrin \ 4. García \ 5. Collet \ 6. Montoya \ 7. Flörsch \ 8. Aron \ 9. Martí \ 10. Colapinto (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (144) \ 2. Aron (106) \ 3. Martí (105) \ 4. O’Sullivan (101) \ 5. Colapinto (100) —– 1. Prema (301) \ 2. Trident (276) \ 3. Campos (171) \ 4. Hitech (165) \ 5. MP (143)

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Corrida anterior: Hungria 2023 \ Rondas 13-14
Corrida seguinte: Itália 2023 \ Rondas 17-18

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Fontes:
BBC \ Alpine anuncia saída de Szafnauer e Permane
F1 \ Alpine anuncia saída de Rossi
Motorsport \ Williams anuncia entrada de Pat Fry





Trident e Jenzer dividem o topo da tabela – Testes F3

21 04 2023

Depois da semana de testes de Barcelona, a pista de Imola obteve o direito de receber os monolugares de Fórmula 3 para uma nova sessão de dois dias. O circuito italiano também será o próximo palco da F3 quando receber a ronda seguinte do campeonato em Maio.

Fórmula 3 – Dia 1

Com múltiplas simulações de qualificação durante a manhã, a tabela de tempos final acabou por ficar quase totalmente definida na tarde, ainda assim. Apesar disso, houve duas interrupções (com Jonny Edgar na gravilha e Hugh Barter na primeira curva) nesta fase, além de três adicionais da parte da tarde (Gabriel Bortoleto e Oliver Goethe; Leonardo Fornaroli na gravilha; Mari Boya na Curva 10).

O resultado foi que Nikita Bedrin liderou o dia com o tempo mais rápido para a Jenzer, seguido de Bortoleto no seu Trident.

Já fora do segundo 31, chegaram os rivais seguintes: Dino Beganovic em 3º, Gabriele Minì em 4º e Pepe Martí em 5º. O maior número de voltas do dia coube a Alejandro García com 74 voltas à volta de Imola.

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Resultado: 1. Bedrin (1m30s368) \ 2. Bortoleto (1m30s690) \ 3. Beganovic (1m31s111) \ 4. Minì (1m31s141) \ 5. Martí (1m31s166)

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Fórmula 3 – Dia 2

Apesar de um acidente de Oliver Goethe logo a abrir a sessão, o segundo dia de testes da F3 trouxe mais um duelo privado entre Bortoleto e Bedrin pelas duas primeiras posições. Desta vez coube ao brasileiro da Trident terminar na frente com um tempo muito parecido ao do russo da Jenzer no primeiro dia.

A maioria dos pilotos focaram-se em ritmo de corrida, nos momentos em que a rodagem não estava interrompida pelas paragens de bandeira vermelha constantes. Franco Colapinto conseguiu terminar em 3º, seguido de Taylor Barnard e Beganovic.

A ART terminou os dois dias como a equipa com mais voltas completadas (492), ao passo que a MP (que chegou a não ter um carro num dos dias) se ficou pelas 333 (a pior). A PHM Charouz voltou a terminar a alguma margem da penúltima classificada (também novamente a Rodin Carlin).

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Resultado: 1. Bortoleto (1m30s312) \ 2. Bedrin (1m30s416) \ 3. Colapinto (1m30s471) \ 4. Barnard (1m30s527) \ 5. Beganovic (1m30s547)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1Trident1m30s312Bortoleto410
2Jenzer1m30s368Bedrin444
3MP1m30s471Colapinto333
4Prema1m30s547Beganovic430
5Campos1m30s596Martí412
6ART1m30s647Saucy492
7Hitech1m30s766Browning431
8Van Amersfoort1m30s791Collet413
9Rodin Carlin1m31s248Gray373
10PHM Charouz1m32s108Flörsch362
Imola \ 18-19 Abril 2023




Hitech acaba na frente – Testes F3

15 04 2023

Depois de um início de campeonato ao nível habitual da Fórmula 3, a categoria júnior juntou-se nesta pausa de 4 semanas entre provas para fazer uma sessão de testes em Barcelona (a que se seguirá na próxima semana uma nova sessão em Imola).

Fórmula 3 – Dia 1

O primeiro dos dois dias de ação em Barcelona viu um dos grandes destaques da temporada liderar as sessões da manhã e da tarde. Gabriel Bortoleto, ao volante do seu Trident, conseguiu colocar uns confortáveis (para os padrões F3) 2 décimos de segundo sobre o segundo classificado (o competente Grégoire Saucy).

A um par de centésimas de Saucy chegou Dino Beganovic, que procura deixar a sua marca na F3 deste ano. O Top 5 foi completado por Taylor Barnard em 4º e por Zak O’Sullivan em 5º. Todos os Prema mantiveram-se no Top 10, a única equipa a consegui-lo. Vale a pena destacar que Barnard foi o ponta de lança da Jenzer (com os outros dois carros em 22º e 25º).

Os dois Campos acabaram por avariar no final da reta da meta durante o período da manhã, enquanto que Roberto Faria encontrou-se com as barreiras da última curva, o que o deixou na condição de piloto com menor número de voltas completadas.

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Resultado: 1. Bortoleto (1m27s221) \ 2. Saucy (1m27s424) \ 3. Beganovic (1m27s447) \ 4. Barnard (1m27s560) \ 5. O’Sullivan (1m27s597)

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Fórmula 3 – Dia 2

Foi um ótimo segundo dia de testes para a Hitech, que viu Gabriele Minì chegar à frente da tabela classificatória com um excelente tempo durante a manhã. A equipa britânica também foi a líder de quilometragem de Barcelona, sendo a única a passar a marca das 500 voltas. Os líderes do dia anterior, a Trident, até ficaram todos no Top 5 da tarde mas os tempos já estavam bem mais altos, o que os deixou afastados na classificação geral.

Barnard até avariou logo no início da sessão mas soube recuperar bem, terminando com o seu Jenzer na 2º posição, seguido do ART de Saucy. A completar o Top 5 chegaram Paul Aron e Pepe Martí.

A ART e a Jenzer seguiram a Hitech a nível de voltas totais de ambos os dias, assim como também a nível de tempos. Similarmente, a PHM Charouz ficou em último em ambos os indicadores.

Dentro de uma semana voltará a haver ação em pista de testes de F3, desta vez em Imola.

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Resultado: 1. Minì (1m26s319) \ 2. Barnard (1m26s382) \ 3. Saucy (1m26s522) \ 4. Aron (1m26s551) \ 5. Martí (1m26s638)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1Hitech1m26s319Minì506
2Jenzer1m26s382Barnard495
3ART1m26s522Saucy497
4Prema1m26s551Aron455
5Campos1m26s638Martí434
6MP1m26s743Boya369
7Van Amersfoort1m26s893Collet458
8Trident1m27s221Bortoleto391
9Rodin Carlin1m27s250Yeany478
10PHM Charouz1m27s812Flörsch307
Barcelona \ 13-14 Abril 2023




Saucy deixa aviso na F3 e Verschoor é a surpresa na F2 – Testes F2/F3

17 02 2023

Com uma semana de antecipação em relação à Fórmula 1, as suas duas categorias de promoção (Fórmulas 2 e 3) realizaram ao longo dos últimos três dias a sua própria temporada no Bahrain. Apesar de os monolugares não mudarem, havia uma grande expectativa para saber quem poderia assumir-se como favorito para a primeira ronda do ano.

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Fórmula 2 – Dia 1

Até certo ponto era expectável que coubesse a Théo Pourchaire a honra de liderar a primeira sessão do ano. O francês vem de duas temporadas nos lugares cimeiros da Fórmula 2 e esteve por ligeiramente acima de uma décima na frente do segundo classificado, com 54 voltas acumuladas.

A concorrência terá que fazer pela vida. Para já Richard Verschoor no seu novo Van Amersfoort e Arthur Leclerc pela DAMS foram quem mais se aproximou. A DAMS poderá assim ter em mãos uma dupla vencedora, já que Ayumu Iwasa também conseguiu ficar no Top 5, ensanduichando o eterno piloto de F2, Ralph Boschung (também eternamente na Campos).

A antiga dupla da Prema e agora da MP (Jehan Daruvala e Dennis Hauger) conseguiram permanecer no Top 10, enquanto que os dois Charouz preocupantemente ficaram nos três últimos lugares. Entre eles ficou o causador da bandeira vermelha do dia, Frederik Vesti.

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Resultado: 1. Pourchaire (1m42s165) \ 2. Verschoor (1m42s293) \ 3. Leclerc (1m42s293) \ 4. Boschung (1m42s569) \ 5. Iwasa (1m42s669)

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Fórmula 2 – Dia 2

Com alguns dos líderes do dia anterior em sequências de longo curso, coube a protagonistas um pouco diferentes a tarefa de despontarem entre os lugares cimeiros da tabela de tempos na quarta-feira. Victor Martins e Arthur Leclerc mostraram o seu ritmo diabólico de F3 na categoria imediatamente superior, colocando-se em 2º e 4º respetivamente.

Verschoor brilhou novamente para conseguir o topo da tabela (levando a crer que a Van Amersfoort poderá ter em mãos em 2023 um desnível entre pilotos semelhante ao da também holandesa MP de 2022), enquanto que Boschung manteve o seu elevado ritmo, fruto da sua experiência. A campeã em título, a MP, viu a sua equipa subir algumas posições, cortesia de Dennis Hauger.

Já as doses de bandeiras vermelhas foram 3: Pourchaire e Staněk ao longo do dia, e Clément Novalak mesmo nos instantes finais.

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Resultado: 1. Verschoor (1m42s140) \ 2. Martins (1m42s148) \ 3. Hauger (1m42s378) \ 4. Leclerc (1m42s473) \ 5. Boschung (1m42s489)

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Fórmula 2 – Dia 3

O derradeiro dia de ação em pista trouxe uma classificação algo aleatória, à medida que os pilotos faziam programas de competição completamente distintos. A liderança coube a Kush Maini no seu Campos, seguido de Pourchaire e de um pouco usual Roy Nissany.

Enzo Fittipaldi fez o primeiro Top 5 dos 3 dias, seguido de perto por Hauger. As duas bandeiras vermelhas do dia couberam a Staněk e Leclerc.

A liderança improvável dos 3 dias coube à Van Amersfoort, enquanto que a DAMS beneficiou da sua nova dupla de pilotos, que lhes conferiu uma classificação superior à do seu resultado no mundial de equipas de 2022. A Trident ficou com a cauda da tabela de tempos, depois de a PHM Charouz ter conseguido ultrapassar os italianos no último dia.

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Resultado: 1. Maini (1m42s623) \ 2. Pourchaire (1m42s905) \ 3. Nissany (1m42s905) \ 4. Fittipaldi (1m42s971) \ 5. Hauger (1m43s020)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1Van Amersfoort1m42s140Verschoor346
2ART1m42s148Martins399
3DAMS1m42s293Leclerc377
4MP1m42s378Hauger318
5Campos1m42s489Boschung354
6Virtuosi1m42s523Doohan332
7Prema1m42s640Bearman402
8Rodin Carlin1m42s659Fittipaldi331
9Hitech1m42s841Hadjar373
10PHM Charouz1m42s905Nissany348
11Trident1m43s071Novalak286
Bahrain \ 14-16 Fevereiro 2023

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Fórmula 3 – Dia 1

Partilhando pista com os mais potentes F2, a Fórmula 3 começou a sua pré-temporada com tempos em média 5 segundos mais lentos mas com uma grelha composta por jovens pilotos bem promissores.

Grégoire Saucy, depois de um 2022 que começou promissor e depois definhou um pouco, liderou a tabela de tempos com uma vantagem apreciável mas poucas voltas. Atrás dele estava o bem-cotado estreante da Prema (e da Mercedes) Paul Aron, o outro jovem que também conseguiu entrar no segundo 47.

Seria necessário esperar pelo 6º lugar para se ver outro estreante (Luke Browning, ainda sem lugar confirmado e que fez o maior número de voltas do dia), uma vez que os estreantes de 2022 tomaram os seus lugares de 3º a 5º (respetivamente, Pepe Martí da Campos, Kaylen Frederick da ART e Zak O’Sullivan da Prema).

Destaque ainda para Taylor Barnard a arrastar o Jenzer para dentro do Top 10 e para a terrível forma da PHM Charouz, que transcende categorias.

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Resultado: 1. Saucy (1m47s563) \ 2. Aron (1m47s889) \ 3. Martí (1m48s125) \ 4. Frederick (1m48s136) \ 5. O’Sullivan (1m48s162)

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Fórmula 3 – Dia 2

Se o primeiro dia tinha indicado uma vantagem confortável de Saucy sobre os rivais, o segundo domínio trouxe um domínio completo, com mais de meio segundo de vantagem sobre o segundo classificado.

O Top 5 viu uma maioria de rookies a compô-lo, com o bem cotado Dino Beganovic da Prema a ser o melhor dos seus representantes. Imediatamente a seguir ao sueco, chegaram os “Gabriéis” Minì e Bortoleto (especialmente notável no último, com um Trident). A completar estes lugares cimeiros chegou Franco Colapinto, a mostrar porque é agora um piloto da academia de jovens da Williams.

Browning e Barnard voltaram a saber manter-se no Top 10, enquanto que as bandeiras vermelhas foram agitadas por duas ocasiões diferentes. Tommy Smith acabou por ser o único piloto que melhorou o seu tempo à tarde (todos os outros andaram no seu mais rápido de manhã).

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Resultado: 1. Saucy (1m46s642) \ 2. Beganovic (1m47s121) \ 3. Minì (1m47s166) \ 4. Bortoleto (1m47s197) \ 5. Colapinto (1m47s266)

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Fórmula 3 – Dia 3

No terceiro dia de testes, as diferenças entre pilotos experientes e estreantes pareceram esbater por completo. Bortoleto conseguiu finalmente “roubar” o lugar cimeiro do dia a Saucy, mas o suíço não ficou nada longe (com um 3º posto a uma décima de segundo). Entre ambos ficou Minì, que já estivera em bom nível na quarta-feira.

Apesar disso os tempos foram mais lentos que até aqui, uma vez que todos os pilotos (sem exceção) estavam a fazer simulações de stints longos. Ainda assim, um padrão pareceu emergir, com o melhor tempo de todos os dias a pertencer a Saucy por mais de meio segundo, e com a Prema e Hitech a ser as concorrentes mais próximas.

Tudo isto são notícias terríveis para a Rodin Carlin e para a PHM Charouz, que nunca conseguiram sequer estar próximas da 8º classificada (Van Amersfoort).

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Resultado: 1. Bortoleto (1m47s417) \ 2. Minì (1m47s452) \ 3. Saucy (1m47s519) \ 4. Aron (1m47s641) \ 5. Barter (1m47s704)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1ART1m46s642Saucy482
2Prema1m47s121Beganovic506
3Hitech1m47s166Minì512
4Trident1m47s197Bortoleto406
5MP1m47s266Colapinto412
6Jenzer1m47s380Barnard445
7Campos1m47s419Martí466
8Van Amersfoort1m47s515Collet472
9Rodin Carlin1m48s107Gray435
10PHM Charouz1m48s322Flörsch361
Bahrain \ 14-16 Fevereiro 2023





Estreantes em forma – Testes F3

23 09 2022

Com o fim da temporada de Fórmula 3 a ter sido realizado em Monza, é agora tempo de as equipas se começarem a preparar para escolher os seus pilotos novos. Como vários deles são provenientes de categorias logo a seguir aos karts, estas escolhas geralmente vêem o grid mudar a cara quase por completo, com promoções de equipas inferiores para as de topo e com novidades na quase totalidade das estruturas.

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Dia 1

Se era esperado que alguns dos pilotos que já tivessem completado uma temporada de F3 estivessem a liderar no primeiro dia, ninguém informou Gabriele Minì. A competir na Fórmula Regional, o italiano pegou num Hitech e liderou a sessão com 2 décimas de segundo sobre o americano Kaylen Frederick (que trocou a Hitech pela ART para este teste).

Algumas mudanças importantes de equipa ocorreram (pelo menos para os testes) com Zak O’Sullivan a chegar 4º com a Prema (depois de ter estado na Carlin), Reece Ushijima em 5º com a Hitech (anteriormente na Van Amersfoort), Jonny Edgar em 9º com a MP (depois de estar na Trident) e Franco Colapinto em 16º com a MP (anterior Van Amersfoort).

Pep Martí manteve-se com a Campos e ficou em 3º, enquanto que o rookie sensação do final do ano passado (Sebastián Montoya) aliou-se à Hitech para chegar dentro do Top 10. Frederick e Minì provocaram bandeiras vermelhas na manhã, enquanto que de tarde as honras couberam a Roberto Faria, Emerson Fittipaldi Jr e Alessandro Famularo.

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Resultado: 1. Minì (1m30s500) \ 2. Frederick (1m30s736) \ 3. Martí (1m30s957) \ 4. O’Sullivan (1m31s147) \ 5. Ushijima (1m31s182)

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Dia 2

Repetindo a situação do dia anterior, o comando da tabela de tempos foi assumido por um piloto estreante. Desta vez a honra coube a Gabriel Bortoleto a testar pela Trident, e também com alguma margem sobre os adversários (apesar de ter provocado uma bandeira vermelha quando saiu em frente na Curva 10).

Acompanhando-o no Top 5 chegaram, tal como no primeiro dia, Martí, Frederick e O’Sullivan. Martí destacou-se por alguma margem dos seus colegas da Campos, enquanto que Frederick parece querer confirmar o seu favoritismo na ART (depois de um ano em que andou longe daquilo que seria de esperar) e O’Sullivan confirmou a boa forma que dele se esperava com melhor equipamento.

Taylor Barnard arrastou o seu Jenzer até ao 10º posto mas também provocou mais de metade das bandeiras vermelhas do dia. Não por acaso, foi o piloto que menos voltas fez (38). Com mais voltas chegou Nicola Marinangeli (97). A Charouz, de Marinangeli, mudou 2 dos 3 lugares para manter a sua tradição da temporada 2022 de estar sempre a trocar pilotos (sendo acompanhada nas mudanças neste teste pela Carlin e Van Amersfoort).

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Resultado: 1. Bortoleto (1m29s554) \ 2. Martí (1m29s927) \ 3. O’Sullivan (1m30s025) \ 4. Frederick (1m30s040) \ 5. Goethe (1m30s046)

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Dia 3

Se é verdade que a manhã do terceiro dia até foi condicionada por constantes treinos de paragens nas boxes, a tarde compensou ao não ter uma única interrupção de bandeira vermelha. Tempo mais do que suficiente para Colapinto terminar na frente da tabela de tempos, seguido de bem perto por Goethe. Os outros suspeitos do costume (Bortoleto, Minì e Martí) acompanharam-nos no Top 5.

Barnard voltou a mostrar muito melhor ritmo que os colegas da Jenzer, ainda que mais uma vez com poucas voltas (a Jenzer acabou os três dias com um número consideravelmente mais pequeno de voltas que as rivais), e a Prema voltou a mostrar grande consistência no ritmo dos seus três carros.

O resultado final destas sessões é que a Trident e a MP terminaram como as mais rápidas estruturas (com a segunda a também ser a que mais voltas completou), seguidas de uma Campos bem dependente do ritmo de Martí e de uma Hitech em que Minì promete. No geral, as 6 primeiras equipas são as mesmas, com a Carlin e a Charouz com sérios problemas de ritmo.

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Resultado: 1. Colapinto (1m29s617) \ 2. Goethe (1m29s660) \ 3. Bortoleto (1m29s690) \ 4. Minì (1m29s930) \ 5. Martí (1m30s103)

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Progresso Total

#EquipaTempoVoltas
1Trident1m29s554Bortoleto586
2MP1m29s617Colapinto732
3Campos1m29s927Martí639
4Hitech1m29s930Minì619
5Prema1m30s025O’Sullivan690
6ART1m30s040Frederick678
7Jenzer1m30s164Barnard496
8Van Amersfoort1m30s417Villagómez701
9Carlin1m30s647Granfors648
10Charouz1m30s946Famularo678
Jerez \ 21-23 Setembro 2022