Altos e baixos – Drive to Survive, Temporada 5

8 04 2023

O primeiro episódio da quinta temporada do Drive to Survive acabou por ser publicidade enganosa para o resto dos episódios. À boleia daquilo que foi uma excelente primeira prova, num ano de relativo domínio no geral de Verstappen, a Netflix teve muito com que se entreter para criar um dos melhores episódios recentes.

Com ênfase no relacionamento entre os chefes de Ferrari e Haas (Mattia Binotto e Guenther Steiner), os produtores mostraram como a subida de forma dos motores italianos beneficiou ambas as estruturas. A luta Leclerc / Verstappen foi bem focada, assim como o regresso de Magnussen ao ativo. Em termos de qualidade um momento irrepreensível.

Se a Ferrari e Red Bull estavam na mó de cima, isto queria necessariamente dizer que o segundo episódio se focaria na descida de forma da Mercedes. Mas a magia já desapareceu um pouco, seguindo demasiado de perto a fórmula episódica a que os produtores já se habituaram. O grande destaque é a troca de comentários ácidos entre Toto Wolff e Christian Horner sobre a subida da altura dos carros durante uma reunião.

E é aqui que um padrão se desenha na temporada: os melhores momentos são os de bastidores verdadeiros e não os eventos em pista, geralmente com sensacionalização excessiva. Quando no quarto episódio Schumacher mostra preocupação com a temperatura de pneus e Steiner, no pitwall, exclama que ele está demasiado lento para sequer aquecer os travões, trata-se de acontecimento mais entusiasmante do que qualquer coisa que tenha sido mostrado no terceiro episódio (sobre os erros clamorosos da Ferrari no início do ano).

Se bem que para os episódios 5 e 6 a situação volta a beneficiar a Netflix: o drama da não-renovação de Alonso com a Alpine e toda a situação contratual de Piastri que se seguiu são eventos que por si só são plenos em entretenimento. E, tal como no primeiro episódio, os produtores compreenderam muito bem a sua estratégia, que foi de dar rédea solta aos comentários mordazes de Alonso, a irritação de Szafnauer e contar exatamente o que sucedeu (a maneira como Piastri diz “não” para fazer cliffhanger entre os episódios 5 e 6 foi talvez o melhor momento da temporada).

Só que daí em diante o foco regressa para dois episódios com temas um pouco forçados, fazendo-se demasiado destaque com uma suposta pressão a que Pérez estava sujeito na Red Bull ou à maneira como Tsunoda teria que mostrar mais serviço (quando a simples contratação de de Vries para o lugar de Gasly mostrava bem como faltavam alternativas credíveis à AlphaTauri para remover o piloto).

Mesmo os dois episódios finais pareceram espelhar bem como a série vive atualmente de altos e baixos.

O acompanhamento tenso da situação em que a Red Bull viveu com a quebra do teto orçamental foi particularmente bem conseguida, com passagens dos rivais particularmente enfurecidos e de Horner a ter que agir na defensiva. Mas no último episódio as tentativas de apimentar os duelos Ferrari / Mercedes e Alpine / McLaren raramente conseguiram atrair a atenção.

A lição a retirar para as futuras temporadas parece simples, e não se modificou desde há um ano: os produtores conseguem que os episódios estejam no seu melhor quanto menos tentem elevar a ação.





Mesmo com caos, Verstappen vence – GP Austrália 2023

3 04 2023

Quando há um ano a Fórmula 1 visitou a Austrália Charles Leclerc tornou-se vencedor do Grande Prémio, esticando a sua liderança de campeonato para 38 pontos sobre George Russell e vendo o campeão em título (Max Verstappen) abandonar pela segunda vez em três provas, com a correspondente preocupação com a fiabilidade da Red Bull. O resto de 2022 tratou de eliminar esta impressão, com um segundo título facilitado para Verstappen.

Com uma expectativa de algo de diferente para a prova de 2023, o Albert Park recebeu mais uma vez o circo mundial da F1 para a prova australiano, depois de ter realizado há um ano obras bastante extensivas para aumentar as possibilidades de ultrapassagem. O circuito semi-citadino tem sido a casa australiano da categoria desde 1996, quando substituiu outro circuito de características semelhantes, o de Adelaide.

Em 2023, trouxe uma novidade: contará também com corridas de Fórmula 2 e Fórmula 3, o que proporcionou a Jack Doohan a possibilidade de correr em casa. Quem também correu em casa foi Oscar Piastri na F1, apesar das dúvidas gerais sobre que género de receção receberia, tendo em conta que foi o “responsável” por correr com o popular Daniel Ricciardo da categoria.

Entre provas, chegou a notícia de um enorme reshuffle da estrutura técnica da McLaren, que retirou James Key das funções de diretor técnico.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2023

Não é costume o GP da Austrália providenciar grandes confusões da maneira como o fez em 2023. Os treinos livres, com direito a chuva na sexta-feira à tarde, deram logo o mote. Foram múltiplas as saídas de pista que se observaram e o principal ponto de interesse acabou por chegar no sábado, quando Sergio Pérez saiu largo e ficou preso na gravilha no Q1, condenando-o a partir de último enquanto o colega de equipa, Max Verstappen, fazia pole position pela primeira vez na Austrália.

O início de corrida viu outro piloto terminar na gravilha: Charles Leclerc, num mero incidente de corrida com Lance Stroll, viu o seu mau início de campeonato conhecer o segundo abandono em três provas. O Safety Car entrou em ação e acabaria por ter de regressar algumas voltas depois para o despiste de Alexander Albon (quando o Williams circulava confortavelmente nos lugares pontuáveis), que deixou gravilha em farta no asfalto.

Acabou por se gerar uma bandeira vermelha, que travou as aspirações de George Russel (que tinha saltado para a liderança no arranque, seguido do colega de equipa) e de Carlos Sainz, devido a ambos terem parado durante o SC e terem sido apanhados desprevenidos pela paragem da prova.

Não demorou muito para, após o recomeço, Verstappen passar Lewis Hamilton, ainda que o britânico tenha feito uma prova muito competente, deixando a Mercedes com confiança no seu desempenho nas próximas corridas (mas dúvidas no que toca a fiabilidade, dada a expiração estrondosa do motor no carro de Russell).

Mais atrás lutas interessantes multiplicavam-se, com os McLaren a compensarem a sua menor performance de qualificação com o envolvimento em lutas com Yuki Tsunoda e Esteban Ocon pelos lugares pontuáveis finais, ao mesmo tempo que Carlos Sainz e Pierre Gasly se equiparavam na luta por 5º e Pérez prosseguia com implacabilidade a sua recuperação desde o último lugar.

Foi aí que chegou o incidente de Kevin Magnussen com a barreira, que fez perder um pneu e parar num sítio perigoso a muito poucas voltas do fim. Isto levou os comissários a iniciarem uma bandeira vermelha e a programarem uma nova partida para um sprint de 3 voltas. E foi aí que chegou o caos atrás dos 2 primeiros.

Sainz acertou em Alonso e atirou-o para o fim; Gasly travou tarde e no regresso à pista acabou por colidir com Ocon, acabando com o que estava a ser uma ótima prova de ambos os Alpine; Stroll saiu para a gravilha mais adiante; Logan Sargeant bloqueou os travões e eliminou-se a si e a Nyck de Vries de prova.

Nova bandeira vermelha viu grandes discussões gerarem-se entre as equipas e os comissários, com Alonso a liderar os protestos por querer uma reversão para a ordem antes da partida por ainda não ter sido completados metros suficientes até à interrupção. E assim foi. Todos os carros (menos os Alpine, de Vries e Sargeant) fizeram uma volta final atrás de SC e terminaram. Com a penalização de Sainz (com que o espanhol ficou inconformado), a ordem final ficou definida.

Verstappen venceu num dia em que Pérez limitou os estragos em 5º, Hamilton e Alonso completaram o pódio seguidos de Stroll, enquanto que a McLaren pontuou pela primeira vez no ano e conseguiu ascender a 5º no campeonato por ambos os pilotos terem pontuado. Hülkenberg fez uma sólida prova para chegar em 7º (ainda que a Haas tenha chegado a protestar a decisão de reverter a ordem, porque isso poderia ter-lhe dado 3º), enquanto que Zhou e Tsunoda pontuaram pela primeira vez no ano em 9º e 10º, respetivamente.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Hamilton \ 4. Alonso \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Alonso \ 4. Stroll \ 5. Pérez \ 6. Norris \ 7. Hülkenberg \ 8. Piastri \ 9. Zhou \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (69) \ 2. Pérez (54) \ 3. Alonso (45) \ 4. Hamilton (38) \ 5. Sainz (20) —– 1. Red Bull (123) \ 2. Aston Martin (65) \ 3. Mercedes (56) \ 4. Ferrari (26) \ 5. McLaren (12)

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Corrida anterior: GP Arábia Saudita 2023
Corrida seguinte: GP Azerbaijão 2023

GP Austrália anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Poles seguram liderança em provas mexidas

A primeira prova australiana da F2 viu a famosa imprevisibilidade da categoria ser colocada em destaque nas duas corridas deste fim-de-semana. Pole inverso, Dennis Hauger apenas teve que se defender de um único ataque de Jak Crawford no sprint porque daí em diante apenas teve que controlar a distância para o americano. Já Kush Maini teve um caminho bem mais difícil para o pódio, tendo que lutar com unhas e dentes contra Arthur Leclerc para o conseguir.

Pingos de chuva no final da etapa complicaram a vida de quem arriscou parar para pneus de chuva, como Roman Staněk e Théo Pourchaire, mas foram vários os outros que saíram de pista. Houve ainda espaço para um SC devido a um pião do homem da casa, Jack Doohan.

Já no domingo de manhã foi a vez de outro pole rumar para a vitória: Ayumu Iwasa segurou as investidas de Pourchaire para vencer a feature e assumir a liderança do campeonato. Leclerc, por sua vez, compensou a sua perda do pódio do dia anterior com um na feature. Todos estes fizeram uso de um SC Virtual para saltar mudar de pneus (VSC criado para retirar o carro preso de Crawford, após incidente com Doohan).

Devido a acidente de Roy Nissany, o SC voltaria. O que provocou o caos de pilotos que pararam e não conseguiram evitar despistes devido a temperaturas muito baixas (com destaque para o violento embate de Enzo Fittipaldi e o despiste no recomeço de Hauger). O uso de pneus macios permitiu a Frederik Vesti passar Zane Maloney para 4º, enquanto que Juan Manuel Correa pontuou no seu ano de regresso à F2.

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Qualificação: 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Martins \ … \ 8. Maini \ 9. Crawford \ 10. Hauger

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Crawford \ 3. Maini \ 4. Leclerc \ 5. Maloney \ 6. Hadjar \ 7. Bearman \ 8. Vesti (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Leclerc \ 4. Vesti \ 5. Maloney \ 6. Daruvala \ 7. Verschoor \ 8. Doohan \ 9. Maini \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Iwasa (58) \ 2. Pourchaire (50) \ 3. Vesti (42) \ 4. Boschung (33) \ 5. Leclerc (33) —– 1. DAMS (91) \ 2. ART (67) \ 3. MP (62) \ 4. Campos (59) \ 5. Prema (45)

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Corrida anterior: Arábia Saudita 2023 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Azerbaijão 2023 \ Rondas 7-8

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Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Bortoleto estica-se na liderança

De manhã na Austrália, e, portanto, a horas impróprias para quase todo o mundo, a F3 começou o seu caminho na Austrália.

A primeira prova, com Sebastián Montoya em pole inversa, começou com relativa calma (apesar de uma saída de pista de Oliver Goethe). Não demorou muito até que Franco Colapinto acabasse por passar o rival, altura em que o acidente de Ido Cohen ativou o SC. Depois disso, houve direito a uma excelente ultrapassagem de Zak O’Sullivan sobre Montoya para 2º.

Esta passagem acabaria por valer-lhe a vitória após a prova porque Colapinto acabou desclassificado por questões técnicas, enquanto que na Prema dois pilotos se desentendiam em pista (Dino Beganovic e Paul Aron).

No dia seguinte, o excelente Gabriel Bortoleto foi segurando diferentes níveis de pressão da parte de Grégoire Saucy para garantir uma vitória em que teve que lidar com vários reinícios atrás de SC (a maior parte devido a desatenções atrás de SC, como com Kaylen Frederick). Gabriele Minì completou o pódio, numa dia em que o vencedor da prova ampliou a sua vantagem no campeonato.

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Qualificação: 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ … \ 10. Collet \ 11. Goethe \ 12. Montoya

Resultado (Sprint): 1. O’Sullivan \ 2. Montoya \ 3. Aron \ 4. Minì \ 5. Beganovic \ 6. Bortoleto \ 7. Fornaroli \ 8. Saucy \ 9. Mansell \ 10. Frederick (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ 4. Fornaroli \ 5. O’Sullivan \ 6. Aron \ 7. Martí \ 8. Browning \ 9. Barnard \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (58) \ 2. Saucy (38) \ 3. Beganovic (28) \ 4. Minì (28) \ 5. Martí (25) —– 1. Trident (100) \ 2. Prema (70) \ 3. Hitech (54) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (29)

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Corrida anterior: Bahrain 2023 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Mónaco 2023 \ Rondas 5-6





Pérez segura Verstappen em busca da liderança do campeonato – GP Arábia Saudita 2023

20 03 2023

Tem sido notória a subida de tom das propostas que os fundos estatais da Arábia Saudita têm feito para a aquisição de uma variedade de categorias desportivas de renome, e a Fórmula 1 está longe de ser uma exceção. Com a desculpa de necessitar desesperadamente de financiamento durante a período mais agudo da pandemia, a FOM abriu as portas para avultados investimentos vindos do Médio Oriente para balancear as contas.

Os resultados foram o investimento da Aramco como patrocinador oficial da F1 (e posteriormente da Aston Martin), a estreia do GP da Arábia Saudita em 2021 em Jeddah e a construção de um complexo em Qiddiyah (que os organizadores já deram a entender gostar que fosse uma segunda prova em território saudita…).

A atual pista de Jeddah faz questão de publicitar o título de mais rápido circuito citadino do mundo, com 27 curvas na sua maioria de alta velocidade e com muros bem próximos. Tal como em 2022 o circuito vai mais uma vez proceder a alterações para evitar os perigos que têm sido enfrentados pelos pilotos. Não que todos os perigos venham só do traçado.

O ataque terrorista de uma estrutura industrial a poucos quilómetros do paddock na última visita foi motivo de reunião dos pilotos durante 4 horas, tendo-se chegado a ponderar se existiria possibilidade de greve no ar (e também de que a saída ordeira dos membros das equipas do país poderia estar em causa caso houvesse greve).

É o preço a pagar pela categoria pelos seus negócios sauditas.

Ronda 2 – Grande Prémio da Arábia Saudita 2023

Com os treinos livres a indicarem uma distância entre Red Bull e o resto do grid semelhante à de duas semanas antes, nada se poderia atravessar no caminho de Max Verstappen que não a própria equipa. E assim foi. Uma falha de driveshaft em pleno Q2 deixou o holandês a começar a prova de domingo da 15ª posição, deixando a luta pela vitória imprevisível.

Coube a Sergio Pérez defender a honra da Red Bull contra uns implacáveis Charles Leclerc e Fernando Alonso, apesar de Leclerc já contar com a desvantagem de 10 lugares de penalização por troca de componentes de motor. Já Alonso apostava tudo num melhor ritmo de corrida que de qualificação.

Mais atrás a Alpine colocou ambos os carros no Q3, enquanto que a McLaren se via com sortes distintas (Lando Norris caiu no Q1 e Oscar Piastri conseguiu chegar ao Q3).

No início da corrida a equipa britânica viu-se mais uma vez atirada para o fundo da tabela: Norris por já lá estar, Piastri por perder parte da asa dianteira num contacto com Esteban Ocon. Continua a ser uma incógnita qual o verdadeiro ritmo do MCL60, ainda que Norris deva ter tomado devida nota do excelente ritmo de Piastri comparado com o seu.

Mais à frente, Pérez sucumbiu na partida perante Alonso mas não demorou muito a passar e fugir do espanhol. Daí em diante foi tudo relativamente simples até ao Safety Car (por avaria de Lance Stroll), quando o timing do SC beneficiou (e de que maneira) a recuperação de um veloz Verstappen. Quando finalmente o campeão em título tinha chegado ao 2º posto já Pérez levava 5 segundos de avanço, que o mexicano conseguiu manter estáveis até ao final.

Logo atrás foi uma prova levemente atribulada para Alonso, que recebeu uma penalização por estar fora (lateralmente) do lugar de partida e, ao servi-la na primeira paragem nas boxes, viu um mecânico tocar no carro antes de tempo e recebeu uma penalização extra de 10 segundos. Felizmente, um apelo da Aston devolveu-lhe aquele que foi o 100º pódio da sua carreira. Logo atrás, chegaram os dois Mercedes.

Foi mais um dia mau para a Ferrari, que foi caindo na classificação por um misto de falta de ritmo e de erros de comunicação (foi constrangedor ver o engenheiro de pista de Leclerc não o avisar da necessidade de cobrir a saída das boxes de Hamilton durante o SC). Já a Alpine continuou a acumular pontos, enquanto que Kevin Magnussen completou uma perseguição de uma prova inteira a Yuki Tsunoda com uma ultrapassagem nas voltas finais que deu à Haas o primeiro ponto do ano.

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Qualificação: 1. Pérez \ 2. Alonso \ 3. Russell \ 4. Sainz \ 5. Stroll (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Pérez \ 2. Verstappen \ 3. Alonso \ 4. Russell \ 5. Hamilton \ 6. Sainz \ 7. Leclerc \ 8. Ocon \ 9. Gasly \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (44) \ 2. Pérez (43) \ 3. Alonso (30) \ 4. Russell (20) \ 5. Hamilton (20) —– 1. Red Bull (87) \ 2. Aston Martin (38) \ 3. Mercedes (38) \ 4. Ferrari (26) \ 5. Alpine (8)

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Corrida anterior: GP Bahrain 2023
Corrida seguinte: GP Austrália 2023

GP Arábia Saudita anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 3-4) \ Vesti e Iwasa lançam as suas candidaturas ao título

A primeira das duas provas de Jeddah até viu Jak Crawford começar na liderança, mas o americano acabaria por não durar muito na frente da corrida. O grande beneficiado foi Ayumu Iwasa, que fez várias ótimas ultrapassagens sobre os adversários e defendeu-se com unhas e dentes dos avanços dos rivais. Logo atrás chegou alguém ainda mais impressionante: Victor Martins, que não só fez pole position como ainda fez uma grande recuperação no sprint até ao 2º lugar final. Jehan Daruvala completou o pódio.

Ralph Boschung terminou logo na frente do colega de equipa na Campos e, com um abandono tonto de Théo Pourchaire (que arriscou demasiado com Oliver Bearman), assumiu a liderança provisória do campeonato.

O azar não abandonou Bearman por completo no domingo de feature. O inglês partiu muito bem e ultrapassou o pole Victor Martins, tendo passado a maior parte da corrida num duelo de faca nos dentes com o francês. Enquanto ambos se entretinham, o Prema de Frederik Vesti, vindo de 7º na partida, aproximava-se da disputa pela vitória. Com os dois primeiros a fazerem piões em pista sozinhos, Vesti acabou com passadeira vermelha estendida para triunfar.

O dinamarquês da Mercedes foi seguido no pódio por Jack Doohan e (novamente) Daruvala, o que o catapultou de imediato para a luta pelo título, encabeçada por Boschung e Pourchaire, seguidos também de muito perto por Iwasa.

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Qualificação: 1. Martins \ 2. Bearman \ 3. Pourchaire \ … \ 8. Maini \ 9. Boschung \ 10. Crawford

Resultado (Sprint): 1. Iwasa \ 2. Martins \ 3. Daruvala \ 4. Boschung \ 5. Maini \ 6. Vesti \ 7. Doohan \ 8. Hauger (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Vesti \ 2. Doohan \ 3. Daruvala \ 4. Iwasa \ 5. Hauger \ 6. Verschoor \ 7. Fittipaldi \ 8. Leclerc \ 9. Hadjar \ 10. Bearman (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Boschung (33) \ 2. Pourchaire (32) \ 3. Iwasa (31) \ 4. Vesti (28) \ 5. Daruvala (24) —– 1. Campos (51) \ 2. ART (49) \ 3. DAMS (44) \ 4. MP (43) \ 5. Prema (29)

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Corrida anterior: Bahrain 2023 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Austrália 2023 \ Rondas 5-6





Red Bull na frente nos testes, mas essa é a única certeza

28 02 2023

2022 tinha prometido muito, mas a verdade é que uma temporada na qual apenas uma equipa fora do Top 3 consegue um único pódio dificilmente pode ser classificada como uma época entusiasmante. Para este ano as expectativas serão de uma aproximação das rivais aos eternos líderes, mas será essa uma expectativa razoável?

A temporada chega numa altura em que Mohammed ben Sulayem dá um passo atrás no seu envolvimento (excessivo) na categoria, e em que a FIA procura atingir um novo equilíbrio no seu relacionamento com a FOM.

Falando da FIA, esta criou várias alterações nos regulamentos desportivos, com testagem de novos pneus de chuva a partir de Imola, menos restrições de rádio, modificações a circuitos e zonas de DRS, ajustes no teto orçamental e acesso facilitado para auditorias da FIA.

Mudanças na Ferrari terão sido no timing certo?

A única coisa mais impressionante do que a maneira como a Ferrari abriu 2022 com uma sequência de ótimos resultados foi seguida de uma ainda mais impressionante hecatombe de resultados, em que vitórias desperdiçadas por motivos de estratégia deram lugar a vitórias desperdiçadas por entretanto o carro italiano já não ser o mais competitivo do pelotão.

Há mérito da Red Bull neste quesito, com uma eficiência diabólica, mas a sensação geral de oportunidade desperdiçada (e recusa em assumir erros) fez Frédéric Vasseur assumir os comandos da Scuderia. A retirada de um líder italiano pela entrada de um francês é notória e acarreta consigo a possibilidade de um começo de fresco. Mas, mesmo não sendo particularmente justo, Vasseur não conseguirá segurar o lugar se o trabalho que até Dezembro era de Mattia Binotto não der resultados concretos…

E no meio de tudo está uma Mercedes desejosa de conseguir voltar a assumir o protagonismo no campeonato.

Os testes de pré-temporada, para já, pintam um quadro bem risonho para a Red Bull. A AMuS noticia o motivo desta vantagem como a capacidade do RB19 em conseguir correr bem mais perto do chão que as rivais, o que deixa Max Verstappen numa posição bem confortável para tentar chegar a um tricampeonato (Sergio Pérez deverá manter-se como plano de contingência, com Daniel Ricciardo a observar tudo bem de perto no seu papel de piloto de testes).

Para a Mercedes vê-se uma performance bem mais consistente que a de 2022, ainda que com bem menores problemas de porpoising. Só que crê-se que o verdadeiro potencial do carro só será descoberto com atualizações em Baku nos monolugares de Lewis Hamilton e George Russell. Já a Ferrari pareceu difícil de localizar, com alguns acertos de setup a serem necessários para conseguir estabelecer a performance de um carro que parece fiável e rápido, mas uns furos abaixo do Red Bull.

Trabalho difícil para Charles Leclerc e Carlos Sainz, portanto.

Harmonia difícil na Alpine

Já é piada recorrente do paddock referir que a estrutura da Alpine corre já em vários planos de 5 anos. Apesar de se ter integrado em 2016 com promessas de competitividade em 5 anos, a Renault avisou logo que o primeiro ano não contava (o projeto era pouco mais que um fraco Lotus). Depois chegou Daniel Ricciardo e o tal plano começaria aí (2019). Ricciardo saiu, Fernando Alonso entrou e o nome mudou para a Alpine, e os franceses insistiram que queriam ser tratados como nova equipa e novo projeto de 5 anos (em 2021).

Agora, com a saída de Alonso, a conversa parece ter feito um novo reset. Contas feitas, a Alpine está no 8º ano de projeto como equipa de fábrica, mas a insistir que é uma jovem equipa promissora.

As trapalhadas com a situação contratual de Oscar Piastri, de facto, pareceram de novatos. Sabe-se lá como, Otmar Szafnauer conseguiu manter o seu posto na liderança da equipa. Nem tudo foi um desastre na verdade: o 4º lugar à frente da McLaren nunca pareceu excessivamente em perigo e Pierre Gasly é um ótimo prémio de consolação para substituir Alonso (com Esteban Ocon no outro lado da garagem). Até os abandonos de 2022 têm um ponto positivo, dado que as restrições de alterações à unidade de potência não se aplicam a motivos de fiabilidade.

2023 tem que ser o ano em que a mais fraca das equipas de fábrica consegue bem melhor do que fazer apenas um terço dos pontos da Mercedes. Os testes não conseguiram revelar quase nada. O carro esteve sempre entre os mais lentos das sessões, ainda que se acredite que terão sido das equipas que mais escondeu o jogo.

Os britânicos

Duas das maiores construtoras britânicas, mas que na F1 compram os seus motores à Mercedes, têm um problema muito semelhante: a estagnação dos seus resultados e como invertê-la.

As escalas são diferentes, claro. A McLaren terminou em 3º lugar m 2020, 4º em 2021 e 5º em 2022. O único pódio fora das 3 primeiras equipas até pertenceu aos britânicos, mas a tendência decrescente é difícil de disputar. Pelo segundo ano seguido, queixam-se de o projeto inicial ainda não estar bem ao gosto da estrutura, uma falha que já tem solução à vista para o próximo ano, quando o túnel de vento novo estará finalmente em ação.

O facto de Zak Brown já ter vindo a púlico referir que o MCL60 está abaixo dos indicadores de performance desejados pela própria equipa parecem indicar que será um início de ano doloroso para Woking. Uma situação que deverá frustrar Lando Norris e aliviar Oscar Piastri (ao colocar menos pressão por cima dos seus ombros).

Já a Aston Martin começou 2022 com um ritmo absolutamente catastrófico, mas ganhou muitos pontos de consideração da parte dos rivais pela maneira como a equipa técnica de Dan Fallows soube encurtar a distância para os lugares pontuáveis em tão curto espaço de tempo. A verdade é que já foram 2 dos 5 anos da estreia dos britânicos, e dois 7º lugares em 10 equipas são o saldo da estrutura. O facto de esta queda ocorrer com Lance Stroll blindado a um dos monolugares não tem passado despercebido.

Mas a verdade é que o lado da garagem de onde se espera o melhor em pista é no de Fernando Alonso, que provocou o caos na Alpine para fazer uma derradeira e arriscada manobra de bastidores, em busca do seu 3º título mundial. A gestão emocional do piloto dará grandes dores de cabeça à equipa, mas a boa forma contínua dele será uma boa compensação.

Sem ninguém contar com isso, a Aston foi um dos grandes destaques dos testes. Isto tanto pelo facto de Felipe Drugovich ter tido que substituir Lance Stroll (lesão), como pelo facto de o AMR23 ter mostrado um ritmo muito interessante, que até leva alguns analistas a considerá-los ao nível dos Mercedes.

Quem nada tem a perder

Com uma temporada bem difícil para a pequena estrutura italiana, a AlphaTauri saiu bem feliz dos 3 dias de testes. Sem a grande referência de Gasly, caberá ao conjunto de Yuki Tsunoda e Nyck de Vries conseguirem fazer uso de um AT04 mais competitivo e que terminou o seu tempo no Bahrain como o que mais quilómetros acumulou. Isto numa altura em que a Red Bull tem estado a ponderar vender a equipa ou relocalizá-la.

Tsunoda e de Vries terão boas oportunidades para mostrar serviço em 2023, oportunidades essas que precisarão de concretizar de modo a afastarem a ameaça da intromissão da enorme quantidade de jovens Red Bull que desponta na F2.

Quem não tem quase nada a provar é a dupla da Haas. Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen já abandonaram a categoria antes e não estarão excessivamente preocupados em voltar a fazê-lo se a equipa americana lhes criar problemas. Como dupla competente que aparenta ser vista de fora, esta estará sempre dependente do nível de desenvolvimento ao longo do ano que o VF-23 será capaz de demonstrar.

A outra cliente Ferrari, a Alfa Romeo, está num momento de transição bem curioso: a Alfa em si abandonará no final do ano e não possui nenhum poder de decisão, para passar posteriormente a controlo Audi. Isto significa que Valtteri Bottas e Guanyu Zhou terão que mostrar serviço de forma bem evidente para provar ao novo chefe, Andreas Seidl, que merecem continuar ao volante quando os manda-chuvas passarem para o lado alemão.

As boas notícias são que a performance do mais recente produto de Hinwill chegou a liderar um dos dias de testes (com várias condicionantes, claro) e que pareceu disposta a permitir aos seus pilotos puxar por ele.

Isto deixa apenas a Williams, que despediu a sua chefia nos meses iniciais deste ano depois de ter voltado a terminar em última no campeonato, tendo agora de se ver que género de chefia será a de James Vowles (chegado da Mercedes), que conta com um competente Alexander Albon e uma incógnita ligeira Logan Sargeant (que terá que provar que a antiga chefia acertou em algo, com a sua escolha).

F2 – Pourchaire permanece, mas não terá vida fácil

2023 chega para a Fórmula 2 com um piloto que tem mais do que o favoritismo, tem também a obrigação de ser campeão. Théo Pourchaire foi capaz de ótimas performances em 2022 mas foi errático em diversos momentos e terminou num vice-campeonato manifestamente insuficiente para obter um assento de F1 na Alfa Romeo. A decisão de mais uma temporada de F2 poderá ser arriscada, até se se vir batido por um estreante à semelhança de Robert Shwartzmann em 2021.

Ao lado de Pourchaire está o campeão de F3 de 2022, Victor Martins, o que confere à ART possivelmente a melhor dupla da grelha deste ano.

Ainda assim, existe espaço para surpresas nas restantes estruturas. Hitech e Carlin apostam em duplas inteiramente pertencentes à Red Bull (que está representada por uns estonteantes 6 pilotos na F2), que poderão estar em grande nível (com especial destaque para um Isack Hadjar deserto de poder vingar o título de F3 perdido).

Apesar de apenas se ter estreado em 2022 apenas, a Van Amersfoort surpreendeu durante os testes deste ano com Richard Verschoor a liderar a tabela de tempos. Já a contratação, mais sentimental que racional, de Juan Manuel Correa poderá não trazer os frutos esperados. Já a permanência do bem-cotado Jack Doohan na Virtuosi percebe-se por um lado, ainda que provavelmente seja demasiado piloto para a estrutura em que está (e definitivamente muito mais do que o novo colega Amaury Cordeel conseguirá lidar…).

F3 – Testes deixam Saucy como favorito

Com a tradicional saída de mais de metade da grelha ao final do ano (quer para F2 ou para a obscuridade), a Fórmula 3 mais uma vez contou com a renovação das suas fileiras com alguns dos mais promissores jovens talentos das categorias de base. Falamos de pilotos cujas performances deverão impressionar, como Dino Beganovic da academia Ferrari, Nikola Tsolov da academia Alpine ou Sebastián Montoya da academia Red Bull.

Mas não se pense que o “perigo” não poderá vir dos pilotos que andam no seu segundo ano de categoria. Grégoire Saucy que o diga, tendo dominado os testes de pré-temporada de Fevereiro no seu ART, depois de um falso arranque na temporada de 2022. Franco Colapinto, que melhorou da estreante Van Amersfoort para a competente MP, também terá uma palavra a dizer agora que integra a academia Williams (tal como Zak O’Sullivan).

Para pilotos nas equipas do fundo da grelha, o objetivo é simples: mostrar serviço para que as Prema e Trident da vida os contratem para 2024. Neste quesito vale a pena manter a atenção em homens como Roberto Faria, Oliver Gray ou Taylor Barnard.





Lançamentos 2023 – McLaren MCL60

14 02 2023

A contagem dos chassis McLaren sofreu alterações em anos recentes, após a saída de Ron Dennis. Sem o controverso líder, a equipa optou por renomear a sigla MP4 dos seus carros (associada a Marlboro e Project 4) em favor de um neutro MCL. Mas manteve a numeração posterior, que havia sido implementada nos anos 80, e que em 2022 estava no 36. Para 2023, foi feito um salto até 60 em referência ao aniversário da marca.

Com uma apresentação sucinta (e por isso apreciada), a McLaren apresentou o desenvolvimento do seu anterior monolugar numa altura em que aumenta a especulação sobre uma futura reunião com a Honda para 2026.

No entretanto saiu o MCL60 com que Lando Norris e Oscar Piastri atacarão esta temporada, com direito a grande destaque da patrocinadora Google e de fibra de carbono exposta. As laterais agressivas parecem ter ido mais ao encontro das da Ferrari de 2022, apesar de a equipa agora liderada por Andrea Stella insistir que consegue ver áreas a melhorar no seu carro-base.

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Fonte:
F1 \ Apresentação McLaren





À espera da consagração – GP Holanda 2022

5 09 2022

No meio das dunas e próximo à costa do Mar do Norte encontra-se um dos poucos circuitos com Grau 1 da FIA que tem presença quase garantida no calendário de Fórmula 1, num futuro próximo. A Holanda pode até não ter uma tradição automobilística tão forte quanto a britânica, mas a presença de Max Verstappen na categoria máxima tem levado uma quantidade desproporcionada de fãs a acorrer às provas georgraficamente mais próximas.

O regresso do GP da Holanda em 2021 foi uma inevitabilidade, mas também um grande sucesso. A prova foi vencida pelo herói da casa, a caminho do título mundial, e o entusiasmo visível nas bancadas era evidente. Nada mal para uma prova que não estava no calendário desde 1985…

Zandvoort, cuja reta da meta foi construída durante a Segunda Guerra Mundial e que posteriormente recebeu um conjunto de secções sinuosas, regressou com grandes obras de requalificação. Ainda assim, foram obras que procuraram não desvirtuar as caraterísticas originais. E já não tinham sido as primeiras que o circuito teve que enfrentar para acompanhar o ciclo de modernizações necessárias (com os devidos cuidados, dadas as queixas de residentes locais por barilho excessivo).

A grande atração antes do GP era a reunião da Comissão de Reconhecimento de Contratos (CRB na sua sigla inglesa) sobre a situação de Oscar Piastri. O resultado foi uma decisão unânime a favor da McLaren, que anunciou o australiano para 2023. A Alpine aceitou a decisão, acreditando-se que estará no processo de contratar Pierre Gasly à Red Bull (dependendo de uma potencial contratação de Colton Herta pela AlphaTauri, por sua vez dependendo da FIA sobre o processo de superlicença…).

Mais simples é a situação de Mick Schumacher: está fora da Academia Ferrari, o que o deixa em maus lençóis para a renovação com a Haas.

Ronda 15 – Grande Prémio da Holanda 2022

Num estado de performances brilhantes em permanência, até a suposta facilidade que a Ferrari contaria ter em Zandvoort não parecia retirar do ar a impressão de que Max Verstappen continuaria a ser quase impossível de bater, até por estar perante o seu “exército laranja” nas bancadas holandesas. E a verdade é que foi precisamente isso que sucedeu.

Tendo feito pole position pela margem mínima na frente dos dois Ferrari, Verstappen conseguiu segurar a liderança e controlá-la até à primeira paragem nas boxes. Nesse momento a estratégia alternativa dos Mercedes parecia estar a complicar um pouco as coisas, mas uma passagem rápida por George Russell e um SC Virtual devido a Yuki Tsunoda deixaram o piloto numa ótima posição. Um período de verdadeiro Safety Car ainda o colocou em pneus mais rápidos e apenas com Lewis Hamilton para passar, o que fez com maestria no recomeço. Daí para a frente sobrou apenas a consagração.

Atrás dele chegou o Mercedes de Russell, que, apesar de ter andado uns furos abaixo do colega de equipa, beneficiou de uma decisão impulsiva do piloto para montar pneus macios no final para saltar Hamilton. Tendo passado a prova inteira na luta pelo triunfo, Hamilton ficou furioso com a equipa no momento, apesar de ter posteriormente acalmado. A verdade é que o ritmo inesperadamente veloz dos Flechas de Prata com os compostos duros da Pirelli deram grandes dores de cabeça aos rivais.

Especialmente à Ferrari. Cotada como favorita, a equipa viu Charles Leclerc incapaz de acompanhar o ritmo do rival ao título durante toda a corrida. Restou-lhe o lugar mais baixo do pódio. Já Carlos Sainz teve que engolir uma variedade de más notícias ao longo da corrida: uma paragem nas boxes sem um dos pneus prontos, ultrapassagem sobre um Alpine sob bandeiras amarelas e um unsafe release nas boxes. Entre penalizações e atrasos, o espanhol acabou apenas em 8º e levando comentadores como Nico Rosberg a queixarem-se dos níveis de equipa de F3 dos mecânicos da Scuderia…

Os dois abandonos da prova foram cortesia de Yuki Tsunoda e Valtteri Bottas. Bottas voltou a não ter sorte, sofrendo uma falha mecânica. Já Tsunoda parou em pista por alegadamente ter pneus mal montados. A equipa disse que não, o piloto parou nas boxes para repôr os cintos que entretanto tinha parcialmente retirado (o que lhe vale 10 lugares de penalização para Monza) e acabou a voltar a parar em pista (por ter descoberto que o problema era do diferencial).

McLaren e Alpine continuaram a sua guerra mais ou menos declarada, com os primeiros a apenas terem Lando Norris em jogo contra os dois pilotos da Alpine (Daniel Ricciardo teve mais um fim-de-semana longe de pontos). Fernando Alonso em particular parece estar muito motivado para a luta com a McLaren, sendo que ambos os Alpine fizeram a mesma estratégia que a Mercedes ao montar os pneus duros.

Lance Stroll, mesmo com os timings terríveis dos períodos de SC fez um fim-de-semana notável, conseguindo entrar no Q3 no sábado e mantendo-se dentro do Top 10 no domingo. Alexander Albon também brilhou ao chegar em 12º, perto dos pontos (e tendo ido também ao Q3). Mick Schumacher poderia ter tido um bom fim-de-semana (outro que entrou no Q3) mas acabou por cair demasiadas posições durante a corrida. O outro Haas terminou as suas aspirações logo na primeira volta com uma saída de pista.

De destacar ainda a “guerra” declarada pelos organizadores do Grande Prémio aos flares laranjas dos fãs, tendo colocado avisos para serem entregues à entrada. Não tendo resolvido o problema (alguém chegou a interromper o Q2 ao lançar um para a pista), viu-se uma diminuição drástico dos objetos nas bancadas.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Hamilton \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Leclerc \ 4. Hamilton \ 5. Pérez \ 6. Alonso \ 7. Norris \ 8. Sainz \ 9. Ocon \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (310) \ 2. Leclerc (201) \ 3. Pérez (201) \ 4. Russell (188) \ 5. Sainz (175) —– 1. Red Bull (511) \ 2. Ferrari (376) \ 3. Mercedes (346) \ 4. Alpine (125) \ 5. McLaren (101)

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Corrida anterior: GP Bélgica 2022
Corrida seguinte: GP Itália 2022

GP Holanda anterior: 2021

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Fórmula 2 (Rondas 23-24) \ Drugovich volta às vitórias e o título está a um passo

No final do sábado, muitos se interrogaram sobre o porquê de uma corrida feature tão calma. A primeira das duas corridas da Fórmula 2 na Holanda terminara com um número bem próxima de zero no tocante a ultrapassagens, e pouco mexera face ao grid inverso. A grande exceção foi a ultrapassagem de Marcus Armstrong sobre Clément Novalak (que valeu a vitória ao primeiro). Ainda assim, o facto de os comentadores terem chegado a conversar sobre os pombos na pista diz muito sobre a qualidade.

Um SC no final (despiste de Tatiana Calderón) ainda abriu as portas a um mini sprint de uma volta, no qual Ayumu Iwasa passou Richard Verschoor para 6º.

Já na feature tudo foi diferente. Logan Sargeant complementou esta sua segunda metade de temporada menos conseguida com um despiste na primeira volta que provocou um SC. Nesse SC um toque entre David Beckmann e Roy Nissany (que os viu penalizados e Nissany suspenso) levou a instaurar a bandeira vermelha.

A luta pela vitória ficou entre o pole e líder do campeonato, Felipe Drugovich, contra Richard Verschoor e Jack Doohan. Interessados em livrarem-se cedo dos pneus macios, todos foram parando volta após volta. Verschoor ainda passou brevemente Doohan nas boxes, mas o Virtuosi fez uma ótima ultrapassagem por fora na terceira curva.

Um SC devido a um pneu mal posto no carro de Marino Sato viu caos no seu recomeço. O líder Liam Lawson recomeçou só na reta, e vários pilotos calcularam mal os seus recomeços. Verschoor danificou o nariz numa manobra que viu Doohan abandonar, enquanto que Novalak e Calderón também terminaram as suas corridas mais cedo. Um novo SC viu a prova terminar por tempo e não por voltas.

A confusão foi suficiente que até Amaury Cordeel fez os seus primeiros pontos do ano pela Van Amersfoort. Já Théo Pourchaire foi ao muro em qualificação, o que o comprometeu para o resto do fim-de-semana, deixando Drugovich (vencedor final) com um caminho relativamente fácil para ser campeão daqui a uma semana.

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Qualificação: 1. Drugovich \ 2. Doohan \ 3. Sargeant \ … \ 8. Vips \ 9. Armstrong \ 10. Novalak

Resultado (Sprint): 1. Armstrong \ 2. Novalak \ 3. Hauger \ 4. Lawson \ 5. Vips \ 6. Iwasa \ 7. Verschoor \ 8. Sargeant (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Drugovich \ 2. Verschoor \ 3. Iwasa \ 4. Hauger \ 5. Fittipaldi \ 6. Cordeel \ 7. Vips \ 8. Caldwell \ 9. Pourchaire \ 10. Daruvala (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (233) \ 2. Pourchaire (164) \ 3. Sargeant (130) \ 4. Doohan (121) \ 5. Lawson (119) —– 1. MP (269) \ 2. ART (255) \ 3. Carlin (249) \ 4. Hitech (190) \ 5. Prema (180)

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Corrida anterior: Bélgica 2022 \ Rondas 21-22
Corrida seguinte: Itália 2022 \ Rondas 25-26

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Fórmula 3 (Rondas 15-16) \ Martins recupera a dianteira, Maloney ganha gosto às vitórias

Com o campeonato de F3 a aproximar-se da sua reta final, Victor Martins conseguiu a proeza de recuperar a liderança do campeonato com um par de corridas muito bem conseguidas. No sprint não se deixou levar a loucuras para passar Isack Hadjar (num fim-de-semana mais apagado) e no feature foi agressivo na partida para passar o pole Zane Maloney. Apesar de ter terminado a última corrida em 2º, conseguiu colocar-se 5 pontos na frente de Hadjar para o final de época em Monza.

Maloney foi extremamente impressionante ao recompôr-se de ser ultrapassado para fazer uma ótima manobra de recuperação da liderança a meio do feature, sabendo gerir os recomeços de SC. Outro jovem a impressionar foi Sebastián Montoya que se estreou pela Campos, com dois 8º lugares bem conseguidos.

A primeira corrida viu a história feel good de Juan Manuel Correa de regresso a um pódio, onde foi acompanhado pelo vencedor Caio Collet e por Zak O’Sullivan. Tendo sido tramados por uma bandeira vermelha no final da qualificação, Arthur Leclerc e Oliver Bearman podem bem ter sido afastados do título (não conseguiram recuperar até pontos em nenhuma das provas).

Brad Benavides teve um fim-de-semana intenso, abalroado por Rafael Villagoméz no sprint e sendo quem eliminou William Alatalo no feature. Bearman andou bem agressivo nas suas ultrapassagens mas não conseguiu resultados condizentes.

Destaque ainda para Franco Colapinto, 3º no feature, e para Roman Staněk, que tem vindo a acumular Top 5 ao longo do ano em quantidade suficiente para não estar nada longe da disputa do título.

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Qualificação: 1. Maloney \ 2. Martins \ 3. Crawford \ … \ 10. O’Sullivan \ 11. Saucy \ 12. Correa

Resultado (Sprint): 1. Collet \ 2. Correa \ 3. O’Sullivan \ 4. Edgar \ 5. Saucy \ 6. Hadjar \ 7. Martins \ 8. Montoya \ 9. Crawford \ 10. Staněk (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Maloney \ 2. Martins \ 3. Colapinto \ 4. Staněk \ 5. Hadjar \ 6. Crawford \ 7. Collet \ 8. Montoya \ 9. Edgar \ 10. Smolyar (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Martins (126) \ 2. Hadjar (121) \ 3. Staněk (109) \ 4. Bearman (106) \ 5. Maloney (102) —– 1. Prema (297) \ 2. Trident (250) \ 3. ART (190) \ 4. MP (185) \ 5. Hitech (148)

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Corrida anterior: Bélgica 2022 \ Rondas 13-14
Corrida seguinte: Itália 2022 \ Rondas 17-18

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Fontes:
F1 \ Piastri na McLaren
Motorsport \ Academia Ferrari retira Mick Schumacher





Imparável – GP Bélgica 2022

28 08 2022

Em várias ocasiões do campeonato do mundo, o circuito de Spa-Francorchamps já esteve afastado do calendário da Fórmula 1. Já foi intercalado, como sede do GP da Bélgica, com Zolder e Nivelles mas em anos recentes até já teve ocasiões em que nenhuma pista belga esteve presente. Algo sempre lastimado pelos pilotos, que adoram o traçado de Spa.

E é bem provável que possa estar para se ausentar já no próximo ano. Em 2021 o circuito ficou alagado pela chuva intensa e produziu uma “corrida” de 2 voltas atrás de Safety Car, que deixou os fãs furiosos. Juntando a isto a pouca capacidade de público de uma pista construída no meio da floresta e os fracos acessos à região, e obtém-se a receita perfeita para a FOM se sentir pouco tentada a renovar o contrato da Bélgica (apesar de talvez conseguir resistir até 2022, uma vez que o acordo com a África do Sul parece demorar).

Não que isso tenha impedido os donos do circuito de terem feito obras importantes na curva Eau Rouge, alargando a escapatória devido a um aumento exponencial de acidentes graves nessa secção em anos recentes.

Ainda se estava no primeira dia da pausa de Verão após a Hungria e já corria tinta na silly season da Fórmula 1, com o anúncio da Aston Martin de que haviam contratado por “vários anos” (2+1 de opção, acredita-se) Fernando Alonso. Houve uma tentativa da imprensa espanhola em vender a assinatura do espanhol como um bater de porta deste. Na verdade, parece evidente que foi uma incompatibilização mútua: a Alpine queria uma renovaçõ de apenas um ano e a colocação de Oscar Piastri no ativo; Alonso queria mais do que um ano e parecia perder fé na Alpine.

Ou assim parecia. Na verdade o timing de Alonso tramou por completo a contratação de Piastri, que terá assinado um pré-acordo com a McLaren. Isto deixou os franceses sem grandes hipóteses de contratação no mercado, prejudicando a imagem da marca (a ponto de já terem ameaçado processar Piastri pelo montante gasto pela academia de jovens nele). Do lado da McLaren, a equipa chegou a acordo com Daniel Ricciardo para uma rescisão (que poderá ver Ricciardo regressar a Enstone).

Já na Williams a renovação de Alexander Albon foi fácil e natural.

No tocante aos regulamentos, continuou-se a assistir a uma discussão entre as equipas sobre os limites do chão dos carros. No final o acordo foi para 15mm em vez de 25mm, uma solução de compromisso. A FIA também ultimou a fórmula de motores para 2026, que usará combustíveis mais “verdes” e possuirá uma maior componente elétrica (abrindo a porta à entre das marcas do grupo VW).

Dessas marcas, a primeira já deu o tiro de partida: a Audi anunciou na sexta-feira oficialmente o seu ingresso como fornecedora de motores a partir de 2026, fazendo questão de dar uma bicada à Mercedes sobre ir construir as unidades na Alemanha (a Mercedes fabrica no Reino Unido). Ainda não há confirmação oficial sobre com que equipa se emparelhará, mas o rumor mais forte é que será a Sauber (a Alfa Romeo até já disse que não prosseguirá a aliança com os suíços para além de 2023).

Ronda 14 – Grande Prémio da Bélgica 2022

Com todas as novidades que o GP da Bélgica trouxe nos seus dias anteriores à ação em pista, a utilização de Liam Lawson pela AlphaTauri no primeiro treino livre até passou despercebida. O neo-zelandês da F2 fez trabalho com sequências longas de difícil avaliação. Menos complicado não foi conseguir perceber como se alinhava a grelha após a qualificação, dado que foram numerosos os pilotos a trocarem de componentes estrategicamente.

Max Verstappen, Charles Leclerc, Lando Norris, Esteban Ocon, Mick Schumacher e Valtteri Bottas foram os felizes contemplados, forçando-os a saber de antemão que partiriam das últimas posições. O facto de serem tantos potenciou que tivessem que ir até ao mais longe possível na mesma, uma vez que poderiam partir de entre 15º e 20º.

Verstappen dominou por completo os procedimentos em qualificação (garantindo o seu 15º lugar), apesar de ter sido criticado por não fornecer cone de ar a Sergio Pérez (algo que todas as outras equipas fizeram entre colegas). Carlos Sainz pareceu sempre o mais eficaz dos dois Ferrari e garantiu assim o direito de largar em 1º, seguido de Pérez. Fernando Alonso completou o trio da frente ao terminar em 5º com a ajuda de Esteban Ocon, apesar de se ter mostrado resignado com ser passado por alguns dos penalizados durante a corrida.

Alexander Albon brilhou no seu Williams ao chegar ao Q3 e partir de 6º, enquanto Daniel Ricciardo e Pierre Gasly viram as suas más qualificações serem compensadas com lugares no Top 10 da grelha. Foi um sábado terrível para Alfa Romeo e Haas.

No domingo havia uma sensação no ar de que, mesmo a partir de posições tão baixas, Verstappen possivelmente conseguiria colocar-se na rota da vitória e acabou por ser precisamente isso que ocorreu. O holandês manteve-se longe dos sarilhos da partida e usou os seus pneus macios para passar os rivais com uma facilidade quase cómica, até chegar perto da traseira de Sainz. Daí em diante foi um passeio para o campeão do mundo, com Pérez a completar a dobradinha Red Bull.

Já o rival Leclerc teve um dia para esquecer. Tendo tido que parar na primeira volta para resolver um problema da roda dianteira direita (que depois se revelou ser uma tira da viseira de Verstappen presa ao travão…), Leclerc correu com uma estratégia alternativa o resto da prova e parecia encaminhado para 5º quando a Ferrari o parou para pneus macios de modo a roubar a volta mais rápida da corrida. Só que o ritmo não se revelou suficiente e o piloto excedeu a velocidade no pitlane, valendo-lhe uma penalização que o deixou em 6º.

Alonso fez uma ótima partida mas a defender-se de Hamilton em Les Combes viu-se violentamente tocado pelo Mercedes, queixando-se no rádio. Apesar de tudo o espanhol ficou com danos mínimos e Hamilton abandonou (e assumiu as culpas). Daí em diante o Alpine viu-se em terra de ninguém em 5º, demasiado lento para os da frente e demasiado rápido para os de trás. Foi um bom dia geral para a Alpine, que viu Ocon fazer uma ótima recuperação até 7º.

Os últimos lugares pontuáveis foram todos conquistados com grandes performances. Sebastian Vettel fez uma partida limpa para chegar a andar em 5º, conseguindo manter o seu Aston Martin num ritmo bastante bom que lhe valeu um 8º lugar. Atrás dele chegou Pierre Gasly, que teve que partir do pitlane devido a problemas mecânicos e voltou a pontuar neste ano difícil para a AlphaTauri. Por último, Albon conseguiu dar à Williams um ponto conquistado com grande esforço, segurando um comboio de vários carros (não fazendo erros e tendo ótima velocidade de ponta).

Lance Stroll foi o primeiro dos pilotos fora dos pontos, tendo sido espremido na primeira volta pelo colega de equipa, enquanto que Daniel Ricciardo caiu na classificação (muito devido à terrível velocidade de ponta da McLaren). Valtteri Bottas foi uma vítima inocente de um despiste de Nicholas Latifi.

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Qualificação: 1. Sainz \ 2. Pérez \ 3. Alonso \ 4. Hamilton \ 5. Russell (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Russell \ 5. Alonso \ 6. Leclerc \ 7. Ocon \ 8. Vettel \ 9. Gasly \ 10. Albon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (284) \ 2. Pérez (191) \ 3. Leclerc (186) \ 4. Sainz (171) \ 5. Russell (170) —– 1. Red Bull (475) \ 2. Ferrari (357) \ 3. Mercedes (316) \ 4. Alpine (115) \ 5. McLaren (95)

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Corrida anterior: GP Hungria 2022
Corrida seguinte: GP Holanda 2022

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Fórmula 2 (Rondas 21-22) \ Lawson e Doohan recuperam terreno

Acompanhando a Fórmula 1 neste regresso ao ativo, a Fórmula 2 viu várias mexidas no seu mercado de pilotos. A substituição de Ollie Caldwell por Lirim Zendeli na Campos foi a mais simples e provisório, apenas para fazer frente à suspensão do primeiro. Já Jake Hughes e Cem Bölükbaşı não voltarão até ao final do ano, substituídos por David Beckmann (na Van Amersfoort) e Tatiana Calderón (na Charouz), respetivamente.

Em condições difíceis de qualificação coube a Felipe Drugovich retomar a iniciativa no seu campeonato com a pole position de sexta-feira, seguido de perto pelo compatriota Enzo Fittipaldi. Na corrida sprint o brasileiro estava num tranquilo 6º lugar quando uma oportunidade de Safety Car se proporcionou e o homem da MP foi um de vários pilotos que arriscaram parar para montar os pneus macios. Com muito mais aderência que os rivais, Drugovich conseguiu chegar em 4º, com o bónus de ter terminado na frente do rival Théo Pourchaire.

Já o vencedor da corrida foi Liam Lawson, que realizou uma ótima ultrapassagem sobre o regressado Ralph Boschung para vencer (Jehan Daruvala não partiu sequer por problemas mecânicos). Mais atrás Logan Sargeant perdeu o controlo do seu carro numa sequência rápida e provocou o único SC da corrida.

Para domingo Jack Doohan e Drugovich tinham reservado um duelo particular de prova inteira pela vitória, que acabou vencido pelo primeiro (ainda que o segundo dificilmente tenha ficado desapontado, dado que Pourchaire abandonou com problemas mecânicos).

Lawson completou o pódio, depois de ter tido vários incidentes com Fittipaldi em que mostrou frustração com ser espremido, com Richard Verschoor logo atrás (fazendo uma prova ótima). Logan Sargeant acumulou pontos numa prova em que foi perdendo pneus, enquanto que Clément Novalak fez uma estratégia inversa funcionar para roubar o 10º lugar a Dennis Hauger na última volta.

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Qualificação: 1. Drugovich \ 2. Fittipaldi \ 3. Sargeant \ … \ 8. Pourchaire \ 9. Daruvala \ 10. Boschung

Resultado (Sprint): 1. Lawson \ 2. Doohan \ 3. Boschung \ 4. Drugovich \ 5. Verschoor \ 6. Pourchaire \ 7. Armstrong \ 8. Beckmann (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Doohan \ 2. Drugovich \ 3. Lawson \ 4. Verschoor \ 5. Fittipaldi \ 6. Sargeant \ 7. Beckmann \ 8. Iwasa \ 9. Vips \ 10. Novalak (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Drugovich (205) \ 2. Pourchaire (162) \ 3. Sargeant (127) \ 4. Doohan (121) \ 5. Lawson (114) —– 1. ART (253) \ 2. Carlin (241) \ 3. MP (232) \ 4. Hitech (168) \ 5. Prema (161)

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Corrida anterior: Hungria 2022 \ Rondas 19-20
Corrida seguinte: Holanda 2022 \ Rondas 23-24

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Fórmula 3 (Rondas 13-14) \ Bearman atira-se para a luta pelo título

A temperamental meteorologia de Spa-Francorchamps provocou o caos na qualificação da F3, atirando os principais candidatos ao título para fora dos 18 primeiros. Isto deixou o palco aberto para outros protagonistas. Caio Collet fez a pole position, seguido de Zane Maloney e Francesco Pizzi. Arthur Leclerc ficou em 20º, Isack Hadjar em 23º, Victor Martins em 24º e Jak Crawford em 30º (último).

A partida para o sprint viu confusão no final da reta Kemmel entre os dois primeiros (Zak O’Sullivan e Juan Manuel Correa) que terminou com as suas aspirações, sendo passados por Brad Benavides até este ser passado por Oliver Bearman da Prema. Após um curto Safety Car para o carro preso de Christian Mansell, a prova recomeçou e viu uma ultrapassagem de Roman Staněk a Oliver Goethe. Assim que esta terminou Goethe envolveu-se em Les Combes com Zane Maloney, valendo o Halo para voltar a evitar males maiores.

Bandeira vermelha para a reparação de pista e no recomeço Bearman fugiu na liderança, enquanto atrás dele as ultrapassagens se multiplicavam. Bearman triunfou, seguido de Staněk e Smolyar, enquanto que os candidatos ao título recuperaram muito bem (Leclerc até 5º e Hadjar até 9º, para além de Crawford que ficou em 11º mesmo à beira dos pontos).

No dia de feature acabou por ser o piloto que partiu de 2º a brilhar. Zane Maloney esteve vários níveis acima dos rivais e triunfou, mesmo sendo atirado para fora em Les Combes pelo pole Collet. No regresso à pista, Collet não teve cuidado e atirou Pizzi para fora, valendo-lhe 5 segundos de penalização. Mais atrás, Kush Maini desligou o cérebro e eliminou 3 pilotos diferentes, incluíndo Martins, provocando o primeiro de dois SC.

Foi um bom dia para a Trident, que viu Staněk repetir um 2º lugar, e para a Prema ver Oliver Bearman chegar em 3º e lançar-se com pujança para a luta do título.

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Qualificação: 1. Collet \ 2. Maloney \ 3. Pizzi \ … \ 10. Benavides \ 11. Correa \ 12. O’Sullivan

Resultado (Sprint): 1. Bearman \ 2. Staněk \ 3. Smolyar \ 4. Edgar \ 5. Leclerc \ 6. Alatalo \ 7. Vidales \ 8. Benavides \ 9. Hadjar \ 10. Collet (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Maloney \ 2. Staněk \ 3. Bearman \ 4. Goethe \ 5. Edgar \ 6. Collet \ 7. Alatalo \ 8. Vidales \ 9. Smolyar \ 10. Ushijima (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Hadjar (106) \ 2. Bearman (105) \ 3. Martins (104) \ 4. Leclerc (101) \ 5. Staněk (96) —– 1. Prema (286) \ 2. Trident (196) \ 3. MP (167) \ 4. ART (153) \ 5. Hitech (133)

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Corrida anterior: Hungria 2022 \ Rondas 11-12
Corrida seguinte: Holanda 2022 \ Rondas 15-16

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Fontes:
A Bola \ Ricciardo deixa McLaren no final deste ano
Autosport \ Calderón na Charouz
Autosport PT \ Audi anunciou entrada na F1 para 2026
ESPN \ Piastri na McLaren?
F1 \ Albon renova com Williams
FormulaRapida \ Beckmann na Van Amersfoort
Grande Prêmio \ Aston Martin assina Alonso
Grande Prêmio \ Zendeli na Campos
Motorsport \ Novos regulamentos ultimados
Stuff \ Lawson no FP1 com a AlphaTauri





Alonso faz xeque-mate à Alpine

7 08 2022

Havia no ar a ideia de que Fernando Alonso estava determinado em permanecer na Fórmula 1 para além deste ano, e de que estaria disposto a aceitar quase todas as opções disponíveis para esse propósito. Ainda assim, ninguém estaria à espera de que o piloto fosse anunciado na Aston Martin meros 2 dias após se saber que a vaga estava livre por abandono de Sebastian Vettel.

Vale a pena recordar que este plano de Alonso parecia não estar em efeito há uns meros 2 anos. Na altura, Alonso guiava pela Toyota em Le Mans, fazia participações de Dakar pelos japoneses, e almejava ainda continuar a tentar vencer as 500 milhas de Indianápolis para terminar a Tríplice Coroa.

Os mais próximos ao piloto parecem concordar que o espanhol não tinha feitio para tratar esta incursão noutras categorias como algo mais que um pequeno divertimento de pausa.

O que terá mudado para o regresso deste Alonso com olhos apenas para a F1? O que pretende o espanhol conquistar ainda numa categoria em que, no fundo, já conquistou o que havia a conquistar?

Rejeitado pelas grandes equipas: como se chegou aqui?

Em anos recentes, sempre que uma vaga abre num das equipas do topo da F1, é certo e garantido que surgem rumores de que Flavio Briatore (ainda manager do piloto) andou em conversas com a estrutura. Sempre para ser rejeitado.

Os motivos prendem-se com o historial do espanhol. Tendo despontado e brilhado na F1 muito cedo na carreira ao serviço da Renault, as boas decisões de carreira de Alonso terminaram no mesmo ano em que abandonou os franceses como bicampeão em título. A ida para a McLaren foi um desastre de guerras internas com Lewis Hamilton, deixando-o de regresso à Renault por 2 anos apenas para marcar passo até chegar uma oferta melhor.

Esta oferta chegou sob a forma de um lugar na Ferrari. Os tempos em Maranello começaram com chave de ouro (vitória logo no primeiro GP) mas terminaram com muitas recriminações mútuas, fruto de 3 vice-campeonatos em 5 anos. Batendo com a porta, Alonso julgou que a sua salvação residia na nova aliança entre McLaren e Honda. Não foi.

Foram 4 anos de muitas lutas no fundo da tabela, com fraca velocidade de ponta, muitos comentários feios e mais e mais frustrações. Sair da F1 na altura foi uma decisão fácil.

Assim como 2 anos depois, quando a Alpine ficou órfã de Daniel Ricciardo, fez todo o sentido regressar como “salvador da pátria” para os franceses. O timing da situação parecia perfeito, indo integrar uma das equipas de fábrica numa altura em que teria como colega de equipa um jovem que deixara muito a desejar em 2020.

A estratégia de Ocon

Dando demonstrações de não ter medo da convivência com Alonso, Esteban Ocon não se distinguia muito nisto de ex-colegas do espanhol, principalmente o último jovem que o enfrentara sem sucesso (Stoffel Vandoorne).

Só que Ocon era um jovem com outro temperamento. O francês estreara-se pela terrível Manor em 2016 (mas com o estatuto de jovem Mercedes) e fora o preferido face ao colega Pascal Wehrlein para integrar a Force India. Na equipa indiana conviveu com Sergio Pérez com dificuldade, chegando a acidentar-se com o mexicano com frequência suficiente para ser tema de conversa no paddock.

A compra da equipa por Lawrence Stroll atirou o francês para fora da estrutura mas este acabaria por encontrar o seu futuro a longo prazo na Alpine / Renault. Na parceria com Alonso em 2021 o espanhol até pareceu mostrar mais na maioria das provas, mas quando houve confusão em Budapeste foi Ocon quem beneficiou, somando a sua primeira vitória (muito graças ao trabalho de Alonso em bloquear Hamilton).

Alonso mostrou boa disposição ao longo de todo o ano, aceitando a situação e até beneficiando de uma pequena ajuda do colega de equipa para segurar o pódio que conquistou no Qatar.

Já para 2022, Ocon pareceu compreender que estava a jogar o futuro da sua carreira em não ser batido por um piloto de 40 anos. Recusando-se a deixar passar Alonso na Arábia Saudita sem uma luta forte, o francês preocupou a Alpine. Houve outros casos ao longo do ano mas nenhum mais forte que o da Hungria, em que a preocupação de Ocon em agressivamente tapar o colega deixou passar rivais de outras equipas.

Entretanto, a Alpine continuava a valorizar grandemente a contratação de Oscar Piastri, campeão de F2 e estrela do futuro da organização.

As necessidades da Aston Martin

Tudo isto ajuda a explicar a saída da Alpine, ainda que não totalmente a assinatura pela Aston Martin.

A decisão de Sebastian Vettel em abandonar a categoria máxima do automobilismo certamente abriu um espaço para Alonso mas também serve de aviso para o espanhol: o alemão tinha-se juntado à estrutura com o propósito de integrar um projeto de longo prazo no seu rumo à frente do grid. Precisamente o mesmo objetivo com que Alonso agora se junta à estrutura. Isto sem sequer referir o elefante na sala, que são os resultados financeiros fracos da Aston Martin e os maus resultados em pista da equipa (fruto de uma interpretação errada das novas regras). A contratação de outro campeão de F1 poderá ser uma distração grande o suficiente para os accionistas da marca britânica.

O acordo de vários anos de Alonso com a marca não só contará com um nível salarial elevado durante a sua extesão, como também conta (alegadamente) com inúmeros cláusulas que permitem ao piloto abandonar a qualquer momento.

Dado que a estrutura de Silverstone se especializara em transformar-se numa eficiente máquina de competição, batendo rivais bem mais financeiramente apetrechados, o expandir das ambições da equipa tem levado, paradoxalmente, a uma regressão na competitividade da Aston Martin. Muitos dos investimentos levados a cabo, no entanto, tenderão a fazer-se notar no longo prazo (como o novo túnel de vento). Mas é incerto se Alonso ainda poderá ser contado no seu melhor nível quando esse momento chegar.

Principalmente pela decisão de abandonar uma equipa com motor própria por uma cliente.

Como ficou a Alpine

O abandono de Alonso deixou o chefe da Alpine na F1, Otmar Szafnauer, com uma enorme dor de cabeça para enfrentar. Aparentemente, o espanhol teria assegurado o americano de que não assinara com ninguém ainda, apenas no dia anterior. Assim, Szafnauer descobriu a novidade tal como todos: através do comunicado da Aston Martin (que o próprio dirigente abandonou acrimoniosamente há alguns meses atrás).

O paddock aguardou aquilo que parecia ser uma mera formalidade, a contratação do piloto de testes Oscar Piastri, ser anunciada mas esta não foi imediata. É que Alonso esperou até ao dia 1 de Agosto para anunciar os seus planos. Exatamente um dia após o fim dos compromissos de exclusividade de Piastri para com a Alpine, caso esta não anunciasse um lugar de F1 para o australiano.

E foi nesse momento que começaram a surgir os rumores sobre um eventual pré-acordo entre Piastri e a McLaren, especulado durante os meses anteriores. A equipa francesa anunciou o piloto australiano no dia 2, mas era notória a ausência de citações do piloto. Menos de 3 horas depois, chegou a informação de Piastri que nada assinara e que não correria com a equipa em 2023.

Sendo do conhecimento geral de todos os jornalistas de F1 que Piastri tinha a data de 31 Julho como limite, tornou-se risível a inocência com que a Alpine abordou as negociações com Fernando Alonso, quando aquilo que deveria ter feito era ter apertado com o espanhol antes desse limite, de modo a dispôr de Piastri por sua própria vontade… Assim, fica apenas o toque de amadorismo e a catastrófica ausência de um plano B.





Ninguém compra o bluff da Mercedes, mas será que a ordem da F1 mudou em 2022?

15 03 2022

Há muito que um intervalo de tempo entre duas temporadas não se dividia de forma tão contrastante, entre quem esperava com grande expectativa a mais radical mudança de regras em décadas e quem insistia em debater o GP de Abu Dhabi de 2021. Estes últimos seguiram com especial atenção as investigações FIA e os silêncios de Lewis Hamilton nas redes sociais como passíveis de alterar o resultado do campeonato do ano passado, enquanto que os primeiros viviam no mundo real.

No mundo real via-se a possibilidade de uma ordem de forças nova para 2022 como uma perspetiva aliciante para uma temporada que, espera-se, venha a fazer convergir as várias equipas. E, claro, a permitir perseguições mais próximas entre os diferentes monolugares, dificultadas com frequência nos últimos anos pela crescente carga aerodinâmica.

As preocupações sobre uma fraca liberdade concedida aos projetistas pelos novos regulamentos rapidamente se têm vindo a dissipar a cada novo carro apresentado. Há muitos anos que não se viam carros de F1 tão diferentes num mesmo campeonato, com projetos para todos os gostos, mas que não parecem (para já) muito díspares nos seus tempos por volta.

Também já não se viam testes tão pouco esclarecedores e tão atarefados como estes, o que nos remete a uma análise de forças algo ambígua para 2022.

Quão comprometidos ficaram os candidatos ao título pelo esforço de 2021?

Esta foi a grande pergunta, mais comum para o final do último campeonato, à medida que se tornava claro que Mercedes e Red Bull levariam a sua disputa até à última ronda do ano. Esta foi também a grande esperança de todas as outras 8 equipas e dos dirigentes da F1. Quanto mais tempo gasto pelas duas maiores estruturas melhor, até porque as novas regras de tempo de utilização de túnel de vento as fariam recuar também.

A julgar pelas poucas conclusões possíveis de retirar dos testes de pré-temporada, nenhuma das duas estará longe das lutas pela vitória.

Ambas optaram por soluções bastante inovadoras, mas de formas diferentes. A Red Bull pareceu anónima durante quase todos os dias de treinos, acumulando voltas sem ser vistosa e queixando-se de subviragem. Só que então chegou o último dia, em que a equipa experimentou uma modificação destinada a solucionar o problema e, pela avaliação da maioria dos analistas, resultou em cheio. Os austríacos terminaram na frente da tabela de tempos, quase sem fazer porpoising, e com os seus mecânicos a mal conterem os sorrisos.

E têm bons motivos para sorrir. O campeão do mundo em título, com direito a um número 1 no carro, já avisou que continua tão motivado como nunca mas sem o “desespero” de se querer provar. Depois de algumas negociações também tem um contrato multimilionário até 2028, pelo que enquanto o Red Bull for competitivo dificilmente a estrutura pertencerá a qualquer outra pessoa.

O que complica a tarefa do seu colega de equipa, já de si pouco fácil. Sergio Pérez terá que andar bem mais perto de Verstappen para justificar uma aposta renovada da equipa em si (o mexicano já se queixou de renovações ano a ano, à semelhança do que Bottas fazia na Mercedes). O seu posicionamento descomplexado de piloto 2 valeu-lhe a admiração do chefe de equipa Christian Horner, mas tem 3 pilotos de F1 a “afiar facas” pelo seu lugar (Gasly, Tsunoda e Albon) e mais 5 na F2 (Hauger, Daruvala, Lawson, Vips e Iwasa). O momento de impressionar é agora.

Já na casa dos 8 vezes campeões do mundo, a história é outra.

A Mercedes não liderou 5 dos 6 dias de testes. Os W13 foram frequentemente vistos a sofrer a sério com o chão do carro a arrojar pelo chão e com porpoising. Lewis Hamilton e George Russell fizeram questão de estar em constante gestão de expectativas nas suas entrevistas, avisando que as vitórias poderão ser uma miragem. Mas nem uma única alma do paddock está plenamente convencida disso. “Típico da Mercedes, típico do George, sentenciou Sainz, “dizer bem dos outros e depois é chegar à primeira corrida e destruir a concorrência”.

Talvez seja a sério, mas toda a gente está a acreditar num bluff da equipa de Toto Wolff. Caso o carro prove ser competitivo, será interessante ver como Russell, produto da academia e jovem, lidará com o duelo interno contra o hepta-campeão Hamilton. Caso perca o comboio das primeiras corrida, correrá o risco de ser relegado de imediato a piloto 2. Caso faça como Leclerc fez contra Vettel em 2019 na Ferrari… Os riscos reputacionais poderão ser demasiado graves para Hamilton.

Uma luta interna ferrenha é o mal menor, quando comparado com a possibilidade de que os seus pilotos avisam: a de a Mercedes não conseguir lutar ao nível da Red Bull ou Ferrari.

A potencial Hora H da Ferrari

Existe uma tradição honrada ao longo da história da F1 de ficar imensamente entusiasmado pelo ritmo da Ferrari durante as sessões de testes antes do início da temporada. E uma tradição igualmente extensa de ser desapontado ao longo do ano respetivo pela falta de ritmo dos carros italianos. Com uma demonstração de ritmo e fiabilidade como há muito não se via, estará a Scuderia a preparar todos para mais uma deceção?

Existem bons motivos para crer que não.

Dois anos de resultados abaixo dos padrões Ferrari deixaram Mattia Binotto sem disposições para otimismos extremos, e até o dirigente italiano parece confiante no F1-75 ser um bom produto vindo de Maranello. Melhor ainda, o motor tem estado num desenvolvimento constante desde 2020. 2021 foi colocado de lado para que se pudessem focar num carro de 2022 com um porte muito agressivo, que difere por completo da filosofia do Mercedes. Preocupado? Nem por isso. Binotto simplesmente referiu que a equipa ponderou ir por caminho semelhante aos alemães, mas que achou este mais vantajoso. Frases destas seriam assustadores noutros tempos, mas desta vez os fãs sentem-se tentados a acreditar ser verdade.

Longe estão também os tempos de duplas de pilotos duvidosas ou que pendessem mais para um lado. Charles Leclerc e Carlos Sainz são dois rapidíssimos pilotos, que continuam a acumular experiência e que parecem em perfeito domínio do novo Ferrari. Para Leclerc há que fazer esquecer ter perdido o duelo interno por margem mínima em 2021. Para Sainz há que não ficar para trás do “menino prodígio” da equipa sem colocar em causa a harmonia da Ferrari o suficiente para que os murmúrios de caos possam comprometer a sua renovação de contrato para além do final deste ano.

Mas se o Ferrari provar ser tão bom quanto se quer, dificilmente não se verá uma luta explosiva entre os pilotos da marca italiana.

O momento crítico da Alpine

Momentos antes da apresentação do Alpine A522, as redes sociais da Fórmula 1 encheram-se de fãs da equipa (e mais especificamente, fãs de Fernando Alonso) a debitarem a mesma frase: “vem aí El Plan”. “O Plano”, uma frase abundantemente espalhada desde o regresso do espanhol às pistas da F1, parece ter resfriado significativamente desde que os franceses tomaram às pistas de Barcelona e Sakhir.

Com muito poucos quilómetros acumulados em relação às rivais (que ao menos podem contar todas com mais do que uma equipa, algo que nem salva a Alpine), a equipa continuou a insistir que tudo está a correr bem ao longo dos dias mais recentes. No entanto, os factos acumulam-se. Uma falha de motor com direito a chamas, tempos anónimos, falhas de DRS na primeira semana, vários analistas a notarem o nervosismo do carro a meio de curvas, a admissão de que riscos foram tomados no desenvolvimento do motor Renault, uma nova gerência sob a tutela do recém-chegado Otmar Szafnauer,…

Poderemos ainda ver os carros, que este ano contarão com rosa da BWT, a contradizer os críticos, mas parece improvável que o Alpine esteja na discussão pelos lugares mais cimeiros com Ferrari, Mercedes e Red Bull, algo que era absolutamente um objetivo a atingir com estes novos regulamentos.

Isto abre uma nuvem para a situação de pilotos da equipa. Fernando Alonso termina o seu contrato no final deste ano e terá deixado bem claro que se não houver sinais positivos não terá a paciência de voltar a integrar uma estrutura baseada em promessas vãs. Caso tudo corra pelo melhor, no entanto, é difícil que o espanhol não esteja no seu melhor.

Do outro lado da garagem encontra-se Esteban Ocon, com o seu futuro de longo prazo atracado ao barco de Enstone e que tudo fará para vingar e tornar-se no líder de uma equipa a quem deu a primeira vitória. Já Oscar Piastri recebeu promessas de um papel de piloto de testes reforçado mas, tendo sido campeão de F3 e F2 à primeira apenas para a Alpine não lhe arranjar espaço na F1, dificilmente esperará mais do que um ano para receber um lugar a titular em qualquer equipa. Prova disto foi o empréstimo dos seus serviços à McLaren…

Quão alto podem os privados saltar?

De todas as equipas que procuram conseguir assumir a dianteira no pelotão do meio, poucas são tão interessantes como as 3 principais equipas privadas da categoria: McLaren, Aston Martin e AlphaTauri.

McLaren e Aston Martin são casos particularmente interessantes. Ambas são estruturas britânicas independentes de grandes construtoras mundiais, que procuram afirmar-se na F1 e fazem uso dos motores Mercedes. O último ponto é especialmente importante, dado que por um lado representa menos um custo (de desenvolvimento de motores) mas por outro lado parece cada vez mais improvável conseguir disputar um título mundial sem uma produção própria de motores.

Em Woking, sede da McLaren que a equipa vendeu para financiar os seus projetos fora da F1 (e que está agora a alugar), existe um enorme otimismo sobre o futuro. Desde 2018 que a equipa soma mais pontos por temporada, traduzindo-se em prémios cada vez mais volumosos e o fim do jejum de vitória (com o triunfo de Daniel Ricciardo no GP de Itália 2021). Faltam ainda ver os resultados que virão com algumas das medidas que só estarão completadas no próximo ano, como o novo túnel de vento.

Lando Norris já garantiu o seu lugar como ponta de lança da McLaren até ao final de 2025, um marcar de posição crucial contra Ricciardo. O último até pode ter triunfado em Monza, mas no quadro geral de 2021 foi esmigalhado por Norris. Com o chefe da McLaren, Zak Brown, muito entusiasmado com o seu pupilo de IndyCar (Pato O’Ward) e o novo piloto de testes (Colton Herta), Ricciardo terá que fazer muito mais este ano para se aguentar. Um aparente relacionamento mais harmonioso com Norris parece já estar a ocorrer. Agora falta conseguir lutar de igual para igual com um piloto cada vez mais cobiçado pelas grandes equipas.

Pilotos, com todo o respeito, parecem ser o maior ponto de interrogação da Aston Martin. Com contrato a terminar no final de 2022, o quadri-campeão do mundo Sebastian Vettel tem deixado muitos avisos sobre a possibilidade de terminar a carreira. Dificilmente são palavras de guerreiro. Do outro lado da garagem? Lance Stroll, batido por todos os seus colegas de equipa (com exceção de Sergey Sirtokin), mas com um lugar vitalício por conta do pai Lawrence, dono da marca Aston.

Nem tudo é terrível para a equipa. Muito investimento e contratação de pessoal qualificado têm pautado os primeiros anos da Aston Martin na F1. Vettel e Stroll até tiveram os seus momentos em 2021, apesar dos carros difíceis de conduzir. Com o projeto do AMR22 a centrar-se numa filosofia bem diferente da Mercedes, resta ver que futuro para uma equipa que tem vindo a acumular tantos patrocinadores que até já tem dois principais (com a sigla “Aston Martin Aramco Cognizant F1 Team”).

Por último há que referir a italiana AlphaTauri. Há uma sensação no ar pelo paddock de que a equipa B da Red Bull tem um bom projeto em mãos (algo que tem sido comum nos últimos anos), com linhas bem agressivas na carroçaria. Aquilo que poderá fazer pender a balança para o lado certo será ter contribuições mais equitativas entre ambos os pilotos.

Pierre Gasly está há dois anos num nível muito elevado de pilotagem e nada faz prever que isso se altere em 2022, até porque há a sensação no ar de que um lugar na Red Bull poderá estar disponível para o próximo ano. As performances do francês foram uma das grandes razões para que Yuki Tsunoda tenha tido um ano de estreia tão difícil na F1. Para esta temporada, ele sabe que terá que mostrar muito mais do que mostrara na F2, porque o programa de jovens da Red Bull está mais preenchido que nunca…

A fuga ao 10º lugar

Há dois anos que a Haas não tem dado qualquer importância ao carro do seu ano presente para gastar todos os seus recursos no regulamento de 2022. Tudo isto torna ainda mais desapontante que tenha sido a equipa americana a terminar os 6 dias de pré-época com menos voltas totais completadas, quase metade do que a Ferrari fez (409 contra 788).

A verdade é que foram duas semanas recentes que foram muito difíceis para a Haas a todos os níveis. A invasão russa à Ucrânia e correspondentes sanções destruiram por completo os planos de longo prazo da equipa, com o seu patrocinador e piloto da Rússia. Nikita Mazepin nunca foi muito popular (nem na equipa nem na F1), pelo que a sua saída ficou presa por meras questões financeiras. Quando Gene Haas disse que não existiam riscos financeiros, tornou-se fácil de imaginar a saída de Mazepin para a entrada de um piloto com algum dinheiro mas mais qualidade, que acabou por ser Kevin Magnussen.

Outra enorme dificuldade foi o atraso, fora do seu controlo, dos aviões que eram suposto transportar o material da equipa para Sakhir (que os forçou a perder a primeira metade do primeiro dia).

Quando os Haas tomaram a pista, no entanto, alguns laivos de esperança foram sentidos. Magnussen liderou o segundo dia de testes no Bahrain, já na hora extra que a equipa recebeu (para compensar o meio-dia perdido). Mick Schumacher tratou de ficar em 2º lugar no terceiro dia. O esforço de dois anos de desenvolvimento aparenta não ter sido para nada, portanto. O VF-22 parece ter ritmo, ainda que não fiabilidade completa. Onde a equipa está na ordem geral parece muito difícil de prever, mas o último lugar não deverá ser este ano da equipa americana, para sua felicidade.

Essa desonra poderá pertencer a duas equipas que estavam na frente da Haas em 2021: Williams e Alfa Romeo.

Para a Williams, 2021 foi um ano de recuperação e de finalmente sair do 10º lugar. Nicholas Latifi é o elemento comum mas precisa de mostrar que vale mais do que todos acreditam sob pena de ser substituído por outro endinheirado no próximo ano. Já a saída de George Russell será complicada de gerir. O inglês era geralmente quem fazia a diferença (como se viu com dois Top 3 em qualificação) e um regressado Alexander Albon tem sapatos bem grandes para preencher. Para já será preciso que consigam colocar o novo carro a funcionar melhor do que fizeram nos testes de Sakhir.

A menos cotada de todas as equipas parece ser a Alfa Romeo, muito por culpa de uma percepção de que a estrutura não parece ter um rumo claro para longo prazo. A contratação de Valtteri Bottas é um bom sinal, até pelo final forte de temporada do finlandês em 2021, mas Guanyu Zhou é percebido como uma solução de curto prazo devido ao seu patrocínio (e por terem Théo Pourchaire como opção para 2023). O envolvimento da marca Alfa Romeo numa estrutura Sauber também pareceu meramente morno desde o seu início. O C42 mostrou algum ritmo nos testes de pré-temporada, só que foram muitos os problemas mecânicos nos vários dias.

Fórmula 2 – Dupla nova na Prema pode nivelar a luta pelo título

Em 5 anos de Fórmula 2, a Prema conseguiu 3 títulos de pilotos e 2 de equipas. A estatística podia dizer-nos muito mas, ao contrário de em 2021, a equipa italiana não vai correr com um elemento do ano anterior. A dupla é totalmente nova, com o campeão de F3 em título num dos carros (pelo 4º ano seguido) e um piloto experiente no outro. Dennis Hauger e Jehan Daruvala não terão vida fácil.

Na ART existe aquele que é o candidato mais óbvio: Théo Pourchaire. Dado como quase certo na Alfa Romeo F1 caso seja campeão, Pourchaire (vice de F3 em 2020) tem um enorme talento e 1 ano de F2 já debaixo da sua asa. O colega, Frederik Vesti está a estrear-se depois de uma campanha de F3 que deixou algo a desejar.

A estrutura com a dupla mais forte aparenta ser a Carlin. Liam Lawson possui uma carreira repleta de vice-campeonatos (F4 Alemã, Australiana e, mais recentemente, DTM), a confiança da Red Bull e um bom primeiro campeonato de F2. Logan Sargeant recuperou com tenacidade a sua carreira quando ficou sem dinheiro para prosseguir e impressionou a Williams, que o colocou no seu programa de jovens. Ambos deram boa conta do recado nos testes de pré-temporada e serão fortes candidatos.

Daqui para baixo será mais complicado. Jack Doohan vem de uma excelente temporada de F3 com a Trident e assinou agora com a competente Virtuosi, mas pode não ser candidato já este ano. Os pilotos da Hitech ainda não convenceram o paddock. A MP é um pouco inconstante, apesar da qualidade de Felipe Drugovich (regressado) e de Clément Novalak (estreante) serem incontestáveis.

Fórmula 3 – Trident tenta segurar a coroa

Como é hábito, metade da grelha da Fórmula 3 parte para 2022 como completos estreantes, alguns deles inclusive nas principais equipas. É este o caso das duas primeiras colocadas de 2021, a Trident e a Prema. Os primeiros alinham com Zane Maloney (que impressionou no seu teste de pré-temporada), com Jonny Edgar (do programa de jovens Red Bull) e Roman Staněk. Os segundos alinham com Oliver Bearman (recente adição da academia Ferrari), Jak Crawford (Red Bull) e mantêm Arthur Leclerc (irmão de Charles e jovem Ferrari na sua segunda temporada de F3).

À partida, qualquer um destes lineups sólidos poderão trazer o campeão que sucederá a Dennis Hauger, mas existem algumas exceções.

Primeiro, um dos pilotos mais impressionantes do ano passado, Victor Martins, que mudou da MP para a ART e tem o apoio da Alpine. Zak O’Sullivan faz a sua estreia pela Carlin (que possui muito menos competitividade que na F2), integrando o programa da Williams após ter vencido o prémio BRDC. E Isack Hadjar, mais um jovem Red Bull, espantou todos ao liderar dois dias de testes com a Hitech.

Será mais um ano de grandes lutas na F3, com direito à entrada da Van Amersfoort na F2 e F3 por substituição da HWA, que nunca pareceu ter encontrado uma boa base de trabalho.





Red Bull abre o jogo, Haas é incógnita – Pré-Época 2022 (2/2)

12 03 2022

Poucas sessões de pré-temporada alguma vez conseguiram colher a atenção que esta semana no Bahrain conseguiu. O entusiasmo com os novos regulamentos da Fórmula 1 tem sido elevado e uma possível mudança da ordem competitiva não é assim tão improvável quanto isso.

O esforço de 2021 de Mercedes e Red Bull poderá tê-las deixado com um menor foco para este ano (e com menos horas de túnel de vento), enquanto que Ferrari e McLaren impressionaram no primeiro teste deste ano. Não por coincidência, as duas últimas estavam a fazer alterações mais subtis aos seus carros que as duas primeiras.

Mais atrás havia ainda a expectativa de ver como estavam realmente equipas como a Alpine e a Haas, que se acreditava terem mais para mostrar que o seu tempo em pista limitado demonstrara.

Dia 1

Ainda antes dos carros rolarem, Mercedes e Haas eram as equipas a atrair a maior parte das atenções. A campeã de construtores por se suspeitar que iria aparecer em Sakhir com um carro sem sidepods (no final, existiam, eram apenas muito mais pequenos); a última classificada por, sem culpa própria, ver um dos seus voos atrasados, o que os eliminou da primeira metade do dia (mais tarde receberam autorização para compensarem as horas ao longo dos 3 dias).

Christian Horner colocou-se em sarilhos ao ser citado a criticar a interpretação da Mercedes do regulamento, tendo negado a citação da AMuS. O problema foi que a AMuS insistiu estar correta e a Red Bull pareceu mudar a sua versão dos acontecimentos para que não tinha sido “oficialmente entrevistado”…

O dia voltou a ver a Ferrari parecer a mais rápida (Max Verstappen disse-o numa entrevista, inclusive), mas os problemas dos outros foram vários. A Alpine teve mais falhas mecânicas mas ainda conseguiu um número de voltas respeitável (Fernando Alonso, numa delas, conseguiu ter uma luta algo tonta com Lance Stroll), a McLaren viu-se sem Daniel Ricciardo (doente) e correu Lando Norris (que se viu com problemas de travões. Já Williams e Alfa Romeo conseguiram uma boa quantidade de quilómetros, com destaque especial para a primeira.

A sessão (em que Sebastian Vettel correu com a bandeira ucraniana, depois de todos os pilotos já terem feito uma mensagem conjunto de “No To War“) terminou com uma bandeira vermelha depois de Sergio Pérez se ter colocado na gravilha de maneira tosca. O líder da sessão, Pierre Gasly, viu um vídeo do saltitar agressivo do seu carro tornar-se viral.

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Resultado: 1. Gasly (103) \ 2. Sainz (52) \ 3. Leclerc (64) \ 4. Stroll (50) \ 5. Albon (104) \ 6. Norris (50) \ 7. Bottas (66) \ 8. Vettel (39) \ 9. Russell (60) \ 10. Pérez (138) [número de voltas entre parênteses] [Ver melhores momentos]

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Dia 2

A grande novidade do segundo dia acabou por ficar para a hora extra da Haas, não mostrada pelas câmaras de televisão. Nela Kevin Magnussen, no seu regresso à F1 depois de um ano fora, colocou o seu Haas no 1º lugar da tabela de tempos. E nos mesmos pneus que os seus perseguidores mais diretos, Carlos Sainz e Max Verstappen.

Os Mercedes continuam a não mostrar todo o seu ritmo (tal como os Red Bull) e foram afetados por problemas de porpoising com alguma gravidade. Enquanto isso a McLaren e Williams tiveram dias para esquecer (os primeiros com Ricciardo de fora outra vez por teste positivo de Covid-19 e problemas mecânicos, os segundos com o eixo traseiro a arder). A Aston Martin acumulou muitas voltas, mesmo com Vettel a ter chegado a parar em pista.

Entre a sessão da manhã e da tarde ainda houve uma tentativa de simulação de bandeira vermelha e posterior partida, mas uma confusão com os carros que tinham ficado no pitlane e quando tentaram refazer a grelha Valtteri Bottas viu o seu Alfa Romeo avariar em pista, o que terminou os planos dos comissários.

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Resultado: 1. Magnussen (60) \ 2. Sainz (60) \ 3. Verstappen (86) \ 4. Stroll (70) \ 5. Hamilton (47) \ 6. Ocon (111) \ 7. Leclerc (54) \ 8. Norris (60) \ 9. Vettel (46) \ 10. Tsunoda (120) [número de voltas entre parênteses] [Ver melhores momentos]

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Dia 3

Com várias atualizações com o propósito de reduzir a subviragem do RB18, a Red Bull pareceu ter acertado em cheio com todas elas no terceiro e último dia de testes de pré-temporada. Não só se viu os austríacos a liderarem a manhã com Pérez, como também Verstappen mostrou algum do verdadeiro ritmo do carro no final da tarde, cravando um 1º lugar por alguma margem para Leclerc. Os sorrisos dos mecânicos na garagem foram reveladores, até pela quase ausência de porpoising.

Hamilton voltou a insistir que a Mercedes não tem capacidade para a Ferrari (que acredita ser a líder) e que estará afastada da luta pelas vitórias nas primeiras corridas, mas é visível que os alemães continuam a abrandar (propositadamente) em certos setores. Já os italianos continuam serenos, sempre perto do topo dos tempos e sem problemas de fiabilidade.

O consenso do paddock é de que estas três equipas estão na frente, sendo incerto por que ordem.

A McLaren voltou a depender exclusivamente de Norris e parecem ter compreendido que não poderá continuar assim. Anunciaram um acordo de “partilha” dos serviços de piloto de reserva de Oscar Piastri com a Alpine e assinaram com Colton Herta (Andretti na IndyCar) para um programa de testes ao longo do ano. No terceiro dia, continuaram os problemas de travões.

Também com problemas continuou a Alfa Romeo (Bottas voltou a avariar em pista) e a Alpine (apesar de acumularem bons quilómetros, Alonso parecia estar numa luta permanente com o carro nas curvas de alta velocidade). A Haas, mais uma vez a permanecer em pista mais horas que as rivais, voltou a mostrar um ritmo interessante. Não era à toa que pessoas como Gary Anderson acreditavam que o único problema da equipa seria uma certa inexperiência.

Ferrari, Mercedes, AlphaTauri e Red Bull acabaram como as 4 equipas com mais voltas realizadas ao longo de toda os 6 dias totais de testes, enquanto que a McLaren (por apenas utilizar um piloto em Sakhir) ficou comprometida mais para o fim dos 6 dias (tendo sido a último dos 3 dias do Bahrain). Preocupantemente para Alpine, Alfa Romeo e Haas, estas foram as que acumularam menos quilómetros no total. Única fornecida pela Renault, a Alpine deverá ficar devidamente preocupada com isto…

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Resultado: 1. Verstappen (53) \ 2. Schumacher (81) \ 3. Leclerc (51) \ 4. Alonso (122) \ 5. Russell (71) \ 6. Bottas (68) \ 7. Tsunoda (57) \ 8. Pérez (43) \ 9. Norris (90) \ 10. Vettel (81) [número de voltas entre parênteses] [Ver melhores momentos]

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Progresso Total

#EquipaVoltasTempo
1Mercedes3851m32s759
2AlphaTauri3711m33s002
3Ferrari3491m32s415
4Alfa Romeo3431m32s985
5Aston Martin3391m33s821
6Red Bull3201m31s720
7Alpine2991m32s698
8Williams2581m35s070
9Haas2491m32s241
10McLaren2001m33s191
Sakhir \ 10-12 Março 2022

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Fontes:
Planet F1 \ Christian Horner e a AMuS