Mesmo com caos, Verstappen vence – GP Austrália 2023

3 04 2023

Quando há um ano a Fórmula 1 visitou a Austrália Charles Leclerc tornou-se vencedor do Grande Prémio, esticando a sua liderança de campeonato para 38 pontos sobre George Russell e vendo o campeão em título (Max Verstappen) abandonar pela segunda vez em três provas, com a correspondente preocupação com a fiabilidade da Red Bull. O resto de 2022 tratou de eliminar esta impressão, com um segundo título facilitado para Verstappen.

Com uma expectativa de algo de diferente para a prova de 2023, o Albert Park recebeu mais uma vez o circo mundial da F1 para a prova australiano, depois de ter realizado há um ano obras bastante extensivas para aumentar as possibilidades de ultrapassagem. O circuito semi-citadino tem sido a casa australiano da categoria desde 1996, quando substituiu outro circuito de características semelhantes, o de Adelaide.

Em 2023, trouxe uma novidade: contará também com corridas de Fórmula 2 e Fórmula 3, o que proporcionou a Jack Doohan a possibilidade de correr em casa. Quem também correu em casa foi Oscar Piastri na F1, apesar das dúvidas gerais sobre que género de receção receberia, tendo em conta que foi o “responsável” por correr com o popular Daniel Ricciardo da categoria.

Entre provas, chegou a notícia de um enorme reshuffle da estrutura técnica da McLaren, que retirou James Key das funções de diretor técnico.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2023

Não é costume o GP da Austrália providenciar grandes confusões da maneira como o fez em 2023. Os treinos livres, com direito a chuva na sexta-feira à tarde, deram logo o mote. Foram múltiplas as saídas de pista que se observaram e o principal ponto de interesse acabou por chegar no sábado, quando Sergio Pérez saiu largo e ficou preso na gravilha no Q1, condenando-o a partir de último enquanto o colega de equipa, Max Verstappen, fazia pole position pela primeira vez na Austrália.

O início de corrida viu outro piloto terminar na gravilha: Charles Leclerc, num mero incidente de corrida com Lance Stroll, viu o seu mau início de campeonato conhecer o segundo abandono em três provas. O Safety Car entrou em ação e acabaria por ter de regressar algumas voltas depois para o despiste de Alexander Albon (quando o Williams circulava confortavelmente nos lugares pontuáveis), que deixou gravilha em farta no asfalto.

Acabou por se gerar uma bandeira vermelha, que travou as aspirações de George Russel (que tinha saltado para a liderança no arranque, seguido do colega de equipa) e de Carlos Sainz, devido a ambos terem parado durante o SC e terem sido apanhados desprevenidos pela paragem da prova.

Não demorou muito para, após o recomeço, Verstappen passar Lewis Hamilton, ainda que o britânico tenha feito uma prova muito competente, deixando a Mercedes com confiança no seu desempenho nas próximas corridas (mas dúvidas no que toca a fiabilidade, dada a expiração estrondosa do motor no carro de Russell).

Mais atrás lutas interessantes multiplicavam-se, com os McLaren a compensarem a sua menor performance de qualificação com o envolvimento em lutas com Yuki Tsunoda e Esteban Ocon pelos lugares pontuáveis finais, ao mesmo tempo que Carlos Sainz e Pierre Gasly se equiparavam na luta por 5º e Pérez prosseguia com implacabilidade a sua recuperação desde o último lugar.

Foi aí que chegou o incidente de Kevin Magnussen com a barreira, que fez perder um pneu e parar num sítio perigoso a muito poucas voltas do fim. Isto levou os comissários a iniciarem uma bandeira vermelha e a programarem uma nova partida para um sprint de 3 voltas. E foi aí que chegou o caos atrás dos 2 primeiros.

Sainz acertou em Alonso e atirou-o para o fim; Gasly travou tarde e no regresso à pista acabou por colidir com Ocon, acabando com o que estava a ser uma ótima prova de ambos os Alpine; Stroll saiu para a gravilha mais adiante; Logan Sargeant bloqueou os travões e eliminou-se a si e a Nyck de Vries de prova.

Nova bandeira vermelha viu grandes discussões gerarem-se entre as equipas e os comissários, com Alonso a liderar os protestos por querer uma reversão para a ordem antes da partida por ainda não ter sido completados metros suficientes até à interrupção. E assim foi. Todos os carros (menos os Alpine, de Vries e Sargeant) fizeram uma volta final atrás de SC e terminaram. Com a penalização de Sainz (com que o espanhol ficou inconformado), a ordem final ficou definida.

Verstappen venceu num dia em que Pérez limitou os estragos em 5º, Hamilton e Alonso completaram o pódio seguidos de Stroll, enquanto que a McLaren pontuou pela primeira vez no ano e conseguiu ascender a 5º no campeonato por ambos os pilotos terem pontuado. Hülkenberg fez uma sólida prova para chegar em 7º (ainda que a Haas tenha chegado a protestar a decisão de reverter a ordem, porque isso poderia ter-lhe dado 3º), enquanto que Zhou e Tsunoda pontuaram pela primeira vez no ano em 9º e 10º, respetivamente.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Hamilton \ 4. Alonso \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Alonso \ 4. Stroll \ 5. Pérez \ 6. Norris \ 7. Hülkenberg \ 8. Piastri \ 9. Zhou \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (69) \ 2. Pérez (54) \ 3. Alonso (45) \ 4. Hamilton (38) \ 5. Sainz (20) —– 1. Red Bull (123) \ 2. Aston Martin (65) \ 3. Mercedes (56) \ 4. Ferrari (26) \ 5. McLaren (12)

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Corrida anterior: GP Arábia Saudita 2023
Corrida seguinte: GP Azerbaijão 2023

GP Austrália anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Poles seguram liderança em provas mexidas

A primeira prova australiana da F2 viu a famosa imprevisibilidade da categoria ser colocada em destaque nas duas corridas deste fim-de-semana. Pole inverso, Dennis Hauger apenas teve que se defender de um único ataque de Jak Crawford no sprint porque daí em diante apenas teve que controlar a distância para o americano. Já Kush Maini teve um caminho bem mais difícil para o pódio, tendo que lutar com unhas e dentes contra Arthur Leclerc para o conseguir.

Pingos de chuva no final da etapa complicaram a vida de quem arriscou parar para pneus de chuva, como Roman Staněk e Théo Pourchaire, mas foram vários os outros que saíram de pista. Houve ainda espaço para um SC devido a um pião do homem da casa, Jack Doohan.

Já no domingo de manhã foi a vez de outro pole rumar para a vitória: Ayumu Iwasa segurou as investidas de Pourchaire para vencer a feature e assumir a liderança do campeonato. Leclerc, por sua vez, compensou a sua perda do pódio do dia anterior com um na feature. Todos estes fizeram uso de um SC Virtual para saltar mudar de pneus (VSC criado para retirar o carro preso de Crawford, após incidente com Doohan).

Devido a acidente de Roy Nissany, o SC voltaria. O que provocou o caos de pilotos que pararam e não conseguiram evitar despistes devido a temperaturas muito baixas (com destaque para o violento embate de Enzo Fittipaldi e o despiste no recomeço de Hauger). O uso de pneus macios permitiu a Frederik Vesti passar Zane Maloney para 4º, enquanto que Juan Manuel Correa pontuou no seu ano de regresso à F2.

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Qualificação: 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Martins \ … \ 8. Maini \ 9. Crawford \ 10. Hauger

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Crawford \ 3. Maini \ 4. Leclerc \ 5. Maloney \ 6. Hadjar \ 7. Bearman \ 8. Vesti (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Leclerc \ 4. Vesti \ 5. Maloney \ 6. Daruvala \ 7. Verschoor \ 8. Doohan \ 9. Maini \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Iwasa (58) \ 2. Pourchaire (50) \ 3. Vesti (42) \ 4. Boschung (33) \ 5. Leclerc (33) —– 1. DAMS (91) \ 2. ART (67) \ 3. MP (62) \ 4. Campos (59) \ 5. Prema (45)

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Corrida anterior: Arábia Saudita 2023 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Azerbaijão 2023 \ Rondas 7-8

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Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Bortoleto estica-se na liderança

De manhã na Austrália, e, portanto, a horas impróprias para quase todo o mundo, a F3 começou o seu caminho na Austrália.

A primeira prova, com Sebastián Montoya em pole inversa, começou com relativa calma (apesar de uma saída de pista de Oliver Goethe). Não demorou muito até que Franco Colapinto acabasse por passar o rival, altura em que o acidente de Ido Cohen ativou o SC. Depois disso, houve direito a uma excelente ultrapassagem de Zak O’Sullivan sobre Montoya para 2º.

Esta passagem acabaria por valer-lhe a vitória após a prova porque Colapinto acabou desclassificado por questões técnicas, enquanto que na Prema dois pilotos se desentendiam em pista (Dino Beganovic e Paul Aron).

No dia seguinte, o excelente Gabriel Bortoleto foi segurando diferentes níveis de pressão da parte de Grégoire Saucy para garantir uma vitória em que teve que lidar com vários reinícios atrás de SC (a maior parte devido a desatenções atrás de SC, como com Kaylen Frederick). Gabriele Minì completou o pódio, numa dia em que o vencedor da prova ampliou a sua vantagem no campeonato.

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Qualificação: 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ … \ 10. Collet \ 11. Goethe \ 12. Montoya

Resultado (Sprint): 1. O’Sullivan \ 2. Montoya \ 3. Aron \ 4. Minì \ 5. Beganovic \ 6. Bortoleto \ 7. Fornaroli \ 8. Saucy \ 9. Mansell \ 10. Frederick (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ 4. Fornaroli \ 5. O’Sullivan \ 6. Aron \ 7. Martí \ 8. Browning \ 9. Barnard \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (58) \ 2. Saucy (38) \ 3. Beganovic (28) \ 4. Minì (28) \ 5. Martí (25) —– 1. Trident (100) \ 2. Prema (70) \ 3. Hitech (54) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (29)

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Corrida anterior: Bahrain 2023 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Mónaco 2023 \ Rondas 5-6





Red Bull na frente nos testes, mas essa é a única certeza

28 02 2023

2022 tinha prometido muito, mas a verdade é que uma temporada na qual apenas uma equipa fora do Top 3 consegue um único pódio dificilmente pode ser classificada como uma época entusiasmante. Para este ano as expectativas serão de uma aproximação das rivais aos eternos líderes, mas será essa uma expectativa razoável?

A temporada chega numa altura em que Mohammed ben Sulayem dá um passo atrás no seu envolvimento (excessivo) na categoria, e em que a FIA procura atingir um novo equilíbrio no seu relacionamento com a FOM.

Falando da FIA, esta criou várias alterações nos regulamentos desportivos, com testagem de novos pneus de chuva a partir de Imola, menos restrições de rádio, modificações a circuitos e zonas de DRS, ajustes no teto orçamental e acesso facilitado para auditorias da FIA.

Mudanças na Ferrari terão sido no timing certo?

A única coisa mais impressionante do que a maneira como a Ferrari abriu 2022 com uma sequência de ótimos resultados foi seguida de uma ainda mais impressionante hecatombe de resultados, em que vitórias desperdiçadas por motivos de estratégia deram lugar a vitórias desperdiçadas por entretanto o carro italiano já não ser o mais competitivo do pelotão.

Há mérito da Red Bull neste quesito, com uma eficiência diabólica, mas a sensação geral de oportunidade desperdiçada (e recusa em assumir erros) fez Frédéric Vasseur assumir os comandos da Scuderia. A retirada de um líder italiano pela entrada de um francês é notória e acarreta consigo a possibilidade de um começo de fresco. Mas, mesmo não sendo particularmente justo, Vasseur não conseguirá segurar o lugar se o trabalho que até Dezembro era de Mattia Binotto não der resultados concretos…

E no meio de tudo está uma Mercedes desejosa de conseguir voltar a assumir o protagonismo no campeonato.

Os testes de pré-temporada, para já, pintam um quadro bem risonho para a Red Bull. A AMuS noticia o motivo desta vantagem como a capacidade do RB19 em conseguir correr bem mais perto do chão que as rivais, o que deixa Max Verstappen numa posição bem confortável para tentar chegar a um tricampeonato (Sergio Pérez deverá manter-se como plano de contingência, com Daniel Ricciardo a observar tudo bem de perto no seu papel de piloto de testes).

Para a Mercedes vê-se uma performance bem mais consistente que a de 2022, ainda que com bem menores problemas de porpoising. Só que crê-se que o verdadeiro potencial do carro só será descoberto com atualizações em Baku nos monolugares de Lewis Hamilton e George Russell. Já a Ferrari pareceu difícil de localizar, com alguns acertos de setup a serem necessários para conseguir estabelecer a performance de um carro que parece fiável e rápido, mas uns furos abaixo do Red Bull.

Trabalho difícil para Charles Leclerc e Carlos Sainz, portanto.

Harmonia difícil na Alpine

Já é piada recorrente do paddock referir que a estrutura da Alpine corre já em vários planos de 5 anos. Apesar de se ter integrado em 2016 com promessas de competitividade em 5 anos, a Renault avisou logo que o primeiro ano não contava (o projeto era pouco mais que um fraco Lotus). Depois chegou Daniel Ricciardo e o tal plano começaria aí (2019). Ricciardo saiu, Fernando Alonso entrou e o nome mudou para a Alpine, e os franceses insistiram que queriam ser tratados como nova equipa e novo projeto de 5 anos (em 2021).

Agora, com a saída de Alonso, a conversa parece ter feito um novo reset. Contas feitas, a Alpine está no 8º ano de projeto como equipa de fábrica, mas a insistir que é uma jovem equipa promissora.

As trapalhadas com a situação contratual de Oscar Piastri, de facto, pareceram de novatos. Sabe-se lá como, Otmar Szafnauer conseguiu manter o seu posto na liderança da equipa. Nem tudo foi um desastre na verdade: o 4º lugar à frente da McLaren nunca pareceu excessivamente em perigo e Pierre Gasly é um ótimo prémio de consolação para substituir Alonso (com Esteban Ocon no outro lado da garagem). Até os abandonos de 2022 têm um ponto positivo, dado que as restrições de alterações à unidade de potência não se aplicam a motivos de fiabilidade.

2023 tem que ser o ano em que a mais fraca das equipas de fábrica consegue bem melhor do que fazer apenas um terço dos pontos da Mercedes. Os testes não conseguiram revelar quase nada. O carro esteve sempre entre os mais lentos das sessões, ainda que se acredite que terão sido das equipas que mais escondeu o jogo.

Os britânicos

Duas das maiores construtoras britânicas, mas que na F1 compram os seus motores à Mercedes, têm um problema muito semelhante: a estagnação dos seus resultados e como invertê-la.

As escalas são diferentes, claro. A McLaren terminou em 3º lugar m 2020, 4º em 2021 e 5º em 2022. O único pódio fora das 3 primeiras equipas até pertenceu aos britânicos, mas a tendência decrescente é difícil de disputar. Pelo segundo ano seguido, queixam-se de o projeto inicial ainda não estar bem ao gosto da estrutura, uma falha que já tem solução à vista para o próximo ano, quando o túnel de vento novo estará finalmente em ação.

O facto de Zak Brown já ter vindo a púlico referir que o MCL60 está abaixo dos indicadores de performance desejados pela própria equipa parecem indicar que será um início de ano doloroso para Woking. Uma situação que deverá frustrar Lando Norris e aliviar Oscar Piastri (ao colocar menos pressão por cima dos seus ombros).

Já a Aston Martin começou 2022 com um ritmo absolutamente catastrófico, mas ganhou muitos pontos de consideração da parte dos rivais pela maneira como a equipa técnica de Dan Fallows soube encurtar a distância para os lugares pontuáveis em tão curto espaço de tempo. A verdade é que já foram 2 dos 5 anos da estreia dos britânicos, e dois 7º lugares em 10 equipas são o saldo da estrutura. O facto de esta queda ocorrer com Lance Stroll blindado a um dos monolugares não tem passado despercebido.

Mas a verdade é que o lado da garagem de onde se espera o melhor em pista é no de Fernando Alonso, que provocou o caos na Alpine para fazer uma derradeira e arriscada manobra de bastidores, em busca do seu 3º título mundial. A gestão emocional do piloto dará grandes dores de cabeça à equipa, mas a boa forma contínua dele será uma boa compensação.

Sem ninguém contar com isso, a Aston foi um dos grandes destaques dos testes. Isto tanto pelo facto de Felipe Drugovich ter tido que substituir Lance Stroll (lesão), como pelo facto de o AMR23 ter mostrado um ritmo muito interessante, que até leva alguns analistas a considerá-los ao nível dos Mercedes.

Quem nada tem a perder

Com uma temporada bem difícil para a pequena estrutura italiana, a AlphaTauri saiu bem feliz dos 3 dias de testes. Sem a grande referência de Gasly, caberá ao conjunto de Yuki Tsunoda e Nyck de Vries conseguirem fazer uso de um AT04 mais competitivo e que terminou o seu tempo no Bahrain como o que mais quilómetros acumulou. Isto numa altura em que a Red Bull tem estado a ponderar vender a equipa ou relocalizá-la.

Tsunoda e de Vries terão boas oportunidades para mostrar serviço em 2023, oportunidades essas que precisarão de concretizar de modo a afastarem a ameaça da intromissão da enorme quantidade de jovens Red Bull que desponta na F2.

Quem não tem quase nada a provar é a dupla da Haas. Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen já abandonaram a categoria antes e não estarão excessivamente preocupados em voltar a fazê-lo se a equipa americana lhes criar problemas. Como dupla competente que aparenta ser vista de fora, esta estará sempre dependente do nível de desenvolvimento ao longo do ano que o VF-23 será capaz de demonstrar.

A outra cliente Ferrari, a Alfa Romeo, está num momento de transição bem curioso: a Alfa em si abandonará no final do ano e não possui nenhum poder de decisão, para passar posteriormente a controlo Audi. Isto significa que Valtteri Bottas e Guanyu Zhou terão que mostrar serviço de forma bem evidente para provar ao novo chefe, Andreas Seidl, que merecem continuar ao volante quando os manda-chuvas passarem para o lado alemão.

As boas notícias são que a performance do mais recente produto de Hinwill chegou a liderar um dos dias de testes (com várias condicionantes, claro) e que pareceu disposta a permitir aos seus pilotos puxar por ele.

Isto deixa apenas a Williams, que despediu a sua chefia nos meses iniciais deste ano depois de ter voltado a terminar em última no campeonato, tendo agora de se ver que género de chefia será a de James Vowles (chegado da Mercedes), que conta com um competente Alexander Albon e uma incógnita ligeira Logan Sargeant (que terá que provar que a antiga chefia acertou em algo, com a sua escolha).

F2 – Pourchaire permanece, mas não terá vida fácil

2023 chega para a Fórmula 2 com um piloto que tem mais do que o favoritismo, tem também a obrigação de ser campeão. Théo Pourchaire foi capaz de ótimas performances em 2022 mas foi errático em diversos momentos e terminou num vice-campeonato manifestamente insuficiente para obter um assento de F1 na Alfa Romeo. A decisão de mais uma temporada de F2 poderá ser arriscada, até se se vir batido por um estreante à semelhança de Robert Shwartzmann em 2021.

Ao lado de Pourchaire está o campeão de F3 de 2022, Victor Martins, o que confere à ART possivelmente a melhor dupla da grelha deste ano.

Ainda assim, existe espaço para surpresas nas restantes estruturas. Hitech e Carlin apostam em duplas inteiramente pertencentes à Red Bull (que está representada por uns estonteantes 6 pilotos na F2), que poderão estar em grande nível (com especial destaque para um Isack Hadjar deserto de poder vingar o título de F3 perdido).

Apesar de apenas se ter estreado em 2022 apenas, a Van Amersfoort surpreendeu durante os testes deste ano com Richard Verschoor a liderar a tabela de tempos. Já a contratação, mais sentimental que racional, de Juan Manuel Correa poderá não trazer os frutos esperados. Já a permanência do bem-cotado Jack Doohan na Virtuosi percebe-se por um lado, ainda que provavelmente seja demasiado piloto para a estrutura em que está (e definitivamente muito mais do que o novo colega Amaury Cordeel conseguirá lidar…).

F3 – Testes deixam Saucy como favorito

Com a tradicional saída de mais de metade da grelha ao final do ano (quer para F2 ou para a obscuridade), a Fórmula 3 mais uma vez contou com a renovação das suas fileiras com alguns dos mais promissores jovens talentos das categorias de base. Falamos de pilotos cujas performances deverão impressionar, como Dino Beganovic da academia Ferrari, Nikola Tsolov da academia Alpine ou Sebastián Montoya da academia Red Bull.

Mas não se pense que o “perigo” não poderá vir dos pilotos que andam no seu segundo ano de categoria. Grégoire Saucy que o diga, tendo dominado os testes de pré-temporada de Fevereiro no seu ART, depois de um falso arranque na temporada de 2022. Franco Colapinto, que melhorou da estreante Van Amersfoort para a competente MP, também terá uma palavra a dizer agora que integra a academia Williams (tal como Zak O’Sullivan).

Para pilotos nas equipas do fundo da grelha, o objetivo é simples: mostrar serviço para que as Prema e Trident da vida os contratem para 2024. Neste quesito vale a pena manter a atenção em homens como Roberto Faria, Oliver Gray ou Taylor Barnard.





Red Bull lança alerta para as rivais – Pré-Época 2023

25 02 2023

Foi com grande expectativa que a Fórmula 1 chegou ao Bahrain em 2023 para conseguir estabelecer melhor o equilíbrio de forças na sua nova temporada. Com tempo seco e vento pouco forte, o país do Médio Oriente é sempre um dos melhores testes para a performance geral da grelha de partida da F1.

Dia 1

Se se pensava que o primeiro dia de testes iria trazer para mais perto a concorrência à Red Bull, os primeiros quilómetros da temporada de 2023 parecem ter feito muitos reavaliar essa ideia. Os austríacos foram a única equipa a correr só com um piloto todo o dia (Max Verstappen) e os que mais distância acumularam. Foram também os mais rápidos, conseguindo tempos de volta consistentemente velozes, que deixaram os rivais preocupados.

Surpreendente foi ver Fernando Alonso tão próximo na sua estreia pela Aston Martin. Se é certo que a altura em que o tempo foi estabelecido foi já com menos temperatura, a verdade é que alguns rivais viram potencial nos britânicos, a única equipa que conseguiu igualar os seus tempos de qualificação de 2022 (mesmo com uma avaria de Felipe Drugovich nos primeiros momentos, quando ele substituía o lesionado Lance Stroll).

A Ferrari estava um pequeno passo atrás, seguida do McLaren de Lando Norris (apesar de os especialistas verem algumas dificuldades em certas curvas, que podem indicar problemas). Os Alpine pareceram ter dificuldade em contornar as curvas, enquanto que os Mercedes pareceram quase não saltitar.

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Resultado: 1. Verstappen (157) \ 2. Alonso (60) \ 3. Sainz (72) \ 4. Leclerc (64) \ 5. Norris (40) \ 6. Hamilton (83) \ 7. Albon (74) \ 8. Zhou (67) \ 9. Russell (69) \ 10. Sargeant (75) [número de voltas entre parênteses]

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Dia 2

Tivesse o dia acabado uma hora mais cedo e teríamos uma repetição do domínio de Verstappen nos testes, mas da maneira que foi coube a um surpreendente Guanyu Zhou montar os pneus C5 (mais macios) e bater por 4 centésimas o anterior líder da Red Bull com os C3. À partida pouco se poderá retirar da volta de Zhou, ainda que ele tenha estado longe de ser o único a tentar uma glory run (Nico Hülkenberg e Logan Sargeant fizeram o mesmo).

Mas a grande história do dia acabou mesmo por ser a bandeira vermelha provocado pela paragem em pista do Mercedes de George Russell, que proporcionou imagens da cúpula da Mercedes em conversas preocupadas. A falha hidráulica será agora analisada até à exaustão nos bastidores da estrutura.

Alonso voltou a deixar uma boa imagem da Aston Martin, que, estando ainda longe da Red Bull, poderá estar num nível bem superior ao das rivais da luta pelos lugares pontuáveis. No outro lado da garagem, Drugovich continuará o programa destinado a Stroll, dado que as possibilidades de uma eventual substituição na primeira corrida do ano não são assim tão improváveis.

Os alarmes continuam a soar na McLaren, com Zak Brown a procurar diminuir as expectativas e a referir que a equipa falhou alguns alvos de performance internos.

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Resultado: 1. Zhou (133) \ 2. Verstappen (47) \ 3. Alonso (130) \ 4. de Vries (74) \ 5. Hülkenberg (68) \ 6. Sainz (70) \ 7. Sargeant (154) \ 8. Leclerc (68) \ 9. Piastri (74) \ 10. Gasly (59) [número de voltas entre parênteses]

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Dia 3

Se restavam dúvidas de que a Red Bull estava na mó de cima nos testes de pré-temporada, Sergio Pérez tratou de os desfazer com uma acumulação incrível de voltas e um tempo confortavelmente na frente do da rival Mercedes, representada por Lewis Hamilton.

Leclerc e Sainz continuaram no Top 5, bem juntos, tal como em essencialmente todos os dias. Alonso voltou a fazer tempos bem interessantes com os pneus C3, enquanto que a Alfa Romeo ascendeu bem alto nos tempos finais, mas cortesia de voltas em C5 de Valtteri Bottas.

A AlphaTauri acabou as sessões de testes na frente nos quilómetros acumulados e no meio da tabela de tempos, o que só por si parece indicar que o AT04 é mais bem-nascido que o seu antecessor. A Williams ficou em 2º nos quilómetros acumulados, apesar de o carro ter estado entre os mais lentos no geral. Mas nada que se compare com a Alpine e a McLaren que acumularam as proezas de estar no fundo das voltas e tempos.

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Resultado: 1. Pérez (133) \ 2. Hamilton (65) \ 3. Bottas (131) \ 4. Leclerc (67) \ 5. Sainz (76) \ 6. Tsunoda (79) \ 7. Magnussen (95) \ 8. Russell (83) \ 9. Alonso (80) \ 10. Drugovich (77) [número de voltas entre parênteses]

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Progresso Total

#EquipaVoltasTempo
1Red Bull4391m30s305
2Mercedes3931m30s664
3Alfa Romeo3671m30s827
4Ferrari3581m31s024
5AlphaTauri3471m31s261
6Haas3081m31s381
7Aston Martin2961m31s450
8McLaren2641m32s160
9Williams1751m32s549
10Alpine1601m32s762
Bahrain \ 23-25 Fevereiro 2023




Lançamentos 2023 – Alfa Romeo C43

7 02 2023

Equipa em momento de transição profunda, a Alfa Romeo inicia a sua última temporada de F1 em aliança com a Sauber numa altura em que a Audi já é dona de uma parcela da estrutura. As cores permanecem vermelhas, mas o secundário branco foi trocado por preto neste projeto final dos italianos em aliança com a equipa suíça.

O novo monolugar tem várias modificações bastante aparentes face ao seu antecessor, o que será do agrado de Valtteri Bottas e Guanyu Zhou no seu segundo ano de cooperação, uma vez que em 2022 a equipa começou em grande o ano mas perdeu gás à medida que este avançou. Notório no carro apresentado era também a ausência da Orlen por entrada da Stake como patrocinadora.

Será curioso ver como a liderança de Andreas Seidl se fará sentir, neste primeiro ano da preparação da estrutura de Hinwill para passar de equipa cliente a equipa de fábrica em 2026.

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Fonte:
F1 \ Apresentação Alfa Romeo





O que quer a Stellantis na F1?

31 12 2022

Foi com grande fanfarra que a equipa Sauber anunciou no final de 2017 que chegara a acordo de patrocínio com a Alfa Romeo para o futuro próximo da equipa. Depois de uma temporada em que ainda recuperava do susto da confusão contratual de Giedo van der Garde, e em que as finanças da equipa atravessavam tais dificuldades que tiveram de correr com velhos motores Ferrari, o grupo certamente não ia questionar demasiado as ambições dos italianos.

E 2018 trouxe um ano bem melhor que o anterior. Agora em vermelho Alfa em vez de azul Alfa, os carros foram pilotados pelo brilhante Charles Leclerc até aos lugares pontuáveis com frequência, e a Alfa Romeo decidiu que tinha chegado o momento de mudar o nome da equipa para o seu. O investimento de valores mínimos dava uma exposição enorme à marca enquanto “construtora de F1”. Na prática nada mudara no dia a dia da estrutura.

Com a captura de Leclerc pela Ferrari, os anos seguintes acabaram por tornar toda a aliança algo frágil. Por um lado, Räikkönen e Giovinazzi não conseguiram fazer a estrutura aspirar a resultados particularmente elevados (muitas vezes pela falta de desenvolvimento dos seus monolugares), por outro lado a própria Alfa parecia incapaz de se comprometer com mais do que renovações de contrato esporádicas e sem a mínima estratégia de longo prazo.

Tudo isto culminou numa decisão fácil para a Sauber: quando a Audi bateu à porta, após negociações pouco conseguidas com a McLaren, a equipa aceitou sem hesitação ser a equipa de fábrica da marca alemã começando em 2026.

De modo algo petulante, a Stellantis (dona da Alfa Romeo) fez um minúsculo comunicado no seu site em como não renovaria parceria com a equipa no final do contrato atual (a terminar no final de 2023) e de que estava à procura de alternativas com outras estruturas para o futuro.

A verdade é que a Alfa Romeo não conseguiu competir contra uma construtora com um plano organizado de ação e a disposição de investir pesadamente, para além de meras palavras. A construção do motor Audi já começou e a contratação do chefe de equipa no nonsense Andreas Seidl já terá efeitos a partir deste ano.

Para o grupo Stellantis o caminho a não trilhar torna-se claro: um takeover apenas em nome e sem construção de motores próprios ou investimentos na tomada de controlo da equipa nunca serão uma estratégia diferenciadora, caso a marca queira de facto colocar um plano de promoção da Alfa Romeo em ação.

Sobra agora ver quão sério é o desejo da equipa em investir na F1, qualquer que seja o meio por onde passe (circularam alguns rumores de que poderia ser a Haas, mas nada de concreto).





Os últimos dias de Binotto de vermelho

17 12 2022

Por razões inteiramente diferentes, a queda de Mattia Binotto tinha tanto de inevitável quanto a de Michael Masi no final do ano passado. Em ambas as ocasiões, talvez a velocidade da queda tenha sido inesperada, mas os casos acumulados eram já demasiados para ser ignorados.

Binotto assumiu os comandos técnicos da Ferrari numa altura particularmente curiosa para a equipa. Maurizio Arrivabene, acabado de ser despedido da Scuderia, liderara a equipa entre 2015 e 2018. Não fora ele quem arrancara Sebastian Vettel à Red Bull para liderar os italianos em pista, mas era inegável que era um fã confesso das habilidades de Vettel (quando perguntado sobre que piloto escolheria na grelha se não pudesse ter Vettel, o italiano havia respondido “mesmo assim, Vettel”).

Só que 2017 e 2018, mesmo com a Ferrari em luta permanente pelos títulos mundiais, haviam-se transformado em duas humilhantes derrotas consecutivas para a equipa nas segundas metades do ano. Os zunzuns de discórdia quanto ao rumo da equipa ampliavam. A consequência mais clara do final do mandato Arrivabene foi o afastamento de Kimi Räikkönen do outro lado da garagem: acabava o tempo de Vettel como primeiro piloto indiscutível.

A chegada de Binotto coincidiu com a de Charles Leclerc. O piloto monegasco vinha em ascensão rápida desde as categorias inferiores e prometia dar dores de cabeça à gestão da equipa, sempre aversa a dois pilotos ao mesmo nível. Já Binotto chegava com um perfil mais técnico que da maioria dos outros chefes na F1. Licenciado em engenharia mecânica e mestre em engenharia de automobilismo, Binotto estava integrado na Scuderia desde 1995, sendo-lhe atribuído muito crédito pela qualidade dos motores Ferrari nos anos 2000. Era CTO desde 2016.

Logo na primeira corrida, Binotto precisou de segurar Leclerc, proibindo-o de passar Vettel. 2019 foi um ano complicado para a Ferrari, com um carro menos capaz que o habitual. A meio do ano pareceram ganhar forma, mas uma diretiva de motores da FIA aniquilou a performance dos motores italianos (incluindo um acordo secreto com a FIA para que a Ferrari não fosse penalizada por alegadas quebras de andamento). Para piorar a situação, Leclerc e Vettel não conseguiam parar de ter incidentes, além de que Leclerc triunfara 2 vezes (uma delas em Itália) contra 1 de Vettel.

Para Binotto (e muitos elementos do paddock) era chegado o momento de aproveitar o fim do contrato de Vettel em 2020 para se ver livre do alemão. O que ninguém teria esperado foi que Binotto anunciasse que o piloto não iria ter contrato renovado sem sequer tentar uma renegociação com ele, substituindo-o rapidamente por Carlos Sainz da McLaren (que não vencera ainda uma corrida) de forma tal que até os mais detratores de Vettel acharam o tratamento injusto.

Pior ainda só mesmo os terríveis motores italianos de 2020-21, que deixaram a equipa com performances humilhantes. Mas viria em 2022 uma mudança radical de regulamentos, e Binotto conseguia comprar tempo até se ver como correria o novo Ferrari. O F1-75, quando lançado, tinha um desenho extremamente interessante e uma performance ainda mais interessante.

O primeiro GP do ano trouxe uma dobradinha, e ao fim de 3 provas Leclerc liderava o campeonato com tranquilidade. Mas depois… 2022 atingiu a Scuderia em pleno. Sainz demorou mais de metade do ano a encontrar a sua forma, os erros de estratégia multiplicaram-se (sem que a liderança da equipa parecesse sequer considerar haver um problema), as falhas mecânicas mostravam que apesar de rápido o motor Ferrari era pouco fiável, e o próprio Leclerc não estava imune a falhas no primeiro ano em que lutou pelo título contra a bem oleada Red Bull de Max Verstappen.

A proclamação de Verão de Binotto em como a equipa poderia vencer todas as provas após a pausa de um mês esbarrou contra a realidade: nem uma única vitória. E a saída voluntária processou-se.

Apesar de parecer um líder pouco eficaz na sua estadia no topo da Ferrari, Binotto será uma perda difícil de colmatar a nível técnico, em que os elogios à sua capacidade são conhecidos (e com outras equipas já a procurarem descobrir se o italiano estará interessado em integrá-las). Até dia 31 a sua saída será definitiva.

Com um CEO novo há pouco tempo (Benedetto Vigna que começou em Setembro de 2021), a Ferrari parece estar disposta a cortar a cabeça da sua liderança, mas não de reavaliar outras posições ou visões estratégicas que estejam definidas. Isto sem falar das alegadas recusas de outros candidatos em serem atirados para uma situação que consideram caótica…

Tudo com decisões tomadas por indivíduos cujos conhecimentos de automobilismo parecem parcos.

A chuva de movimentações

A saída de Binotto ativou uma série de movimentações nas restantes equipas que, mesmo sendo esperadas, teriam demorado alguns anos mais a ocorrer.

A mais óbvia foi a saída de Fréderic Vasseur da Alfa Romeo para a Ferrari, que torna ainda mais inevitável a passagem de Charles Leclerc a primeiro piloto na Scuderia (dadas as anteriores ligações entre Leclerc e Vasseur). Isto abriu um espaço para as funções de CEO do Grupo Sauber, tomado de imediato por Andreas Seidl.

Com já vários anos no projeto McLaren, Seidl teria já indicado à equipa que não ficaria para além do final do seu contrato em 2025 para ser CEO do projeto da Audi (que tomará conta da equipa Sauber em 2026). Tudo o que os eventos desta semana fizeram foi antecipar a mudança, uma vez que a McLaren decidiu não ficar no caminho do alemão, substituído pela “prata da casa” Andrea Stella (na estrutura da equipa desde que se mudara com Fernando Alonso em 2015).

Também a Williams anunciou mudanças, não relacionadas: a Dorilton não terá gostado dos últimos anos e retirou Jost Capito das suas funções executivas e retirou François-Xavier Demaison das suas funções técnicas.

A confusão foi tal que até a Mercedes brincou com a situação, colocando uma foto de Toto Wolff no seu perfil de Twitter com a legenda: “nada a anunciar, só queríamos colocar uma foto do patrão”…





Top 10 – Fórmula 1 em 2022

4 12 2022

Depois de uma temporada renhida e cheia de histórias como a de 2021, seria sempre difícil fazer melhor para o ano seguinte. Apesar de tudo, era grande a expectativa para um 2022 imprevisível com regulamentos aerodinâmicos completamente modificados. O resultado final pode ser definido como misto, com tendência para o positivo.

Em primeiro lugar, as ultrapassagens melhoraram em 25% face a 2021, precisamente o ponto em que as novas regras queriam tocar. Como bónus, as equipas do meio da tabela estiveram mais próximas que nunca, com até os últimos classificados (Williams) a conseguirem pontuar em diversas ocasiões. Já a margem que Red Bull, Ferrari e Mercedes tinham em mão na maioria das corridas para as restantes 7 foi preocupante, ainda que não tão terrível quanto já foi.

O teto orçamental, ativo desde o início de 2021, teve a sua primeira avaliação este ano e não foi de todo uma experiência tão confortável quanto a FIA teria gostado. O incumprimento da Red Bull (e cumprimento desde restantes 9 estruturas) foi um sério teste à determinação da FIA em garantir a sustentabilidade financeira das equipas e a organização conseguiu ser moderadamente bem-sucedida com o castigo aplicado (perda de 25% do tempo de túnel de vento e $7 milhões de multa).

Ainda assim, para uma equipa que esteve no topo durante a maioria do ano, a Red Bull nem teve um final de ano feliz. O desentendimento das ordens de equipa para proteger Sergio Pérez no Brasil ativaram uma acrimónia que se pensava inexistente e, no final, o mexicano realmente perdeu o vice-campeonato.

Para Max Verstappen, no entanto, nada mais importou. Foram 15 vitórias em 22 corridas (mais 2 para Pérez), um recorde absoluto, e nem sequer foi num ano em que tenha tido a maioria das pole positions. As ocasiões em que o holandês fez uso do seu motor Honda (ou antes, Red Bull PowerTrains) para ultrapassar diversos rivais a caminho da vitória foram várias.

Charles Leclerc terminou com o maior número de poles do ano, expondo uma constante da temporada dos italianos: excelente ritmo de qualificação, mas decisões estratégicas terríveis e ritmo de corrida inferior. Tudo isto viu a equipa desperdiçar o seu excelente início de temporada e perder um campeonato em que as suas 4 vitórias souberam a pouco. A insistência de Mattia Binotto em que nada estava errado na estrutura podem (e devem) ditar o seu fim ao comando da Scuderia.

Já a Mercedes teve um ano de pesadelo para quem queria acertar com as novas regras. O W13 foi um monolugar que destruiu a coluna dos seus pilotos com os constantes saltitões que fazia em reta (porpoising) e simplesmente não tinha o ritmo para as suas rivais (com exceção de situações excepcionais como o GP do Brasil em que venceram a sua única corrida do ano).

Para a Alpine o ano deveria ter sido calmo mas não foi isso que sucedeu, com abandonos múltiplos devido a problemas de motor (por um esforço de performance que ainda poderá dar dividendos em 2023), incidentes evitáveis entre Esteban Ocon e Fernando Alonso, e uma gestão incompetente das situações contratuais de Alonso e Oscar Piastri (perdendo-os para a Aston Martin e McLaren, respetivamente). Ainda assim, o carro era forte o suficiente para garantir o 4º lugar nos construtores, na frente de uma McLaren com um carro temperamental e a “jogar” só com um piloto devido ao ritmo insuficiente de Daniel Ricciardo pelo segundo ano seguido (valendo-lhe a rescisão em favor de Piastri).

Atrás ficaram duas equipas empatadas em pontos para 6º e com anos totalmente diferentes. A Alfa Romeo começou muito bem o ano, aproveitando um rejuvenescido Valtteri Bottas e um Guanyu Zhou competente o suficiente para merecer a renovação, mas perderam a corrida do desenvolvimento. A Aston Martin, que errou por completo o projeto inicial, foi-se recuperando a olhos vistos ao longo do ano, beneficiando de um Sebastian Vettel em grande forma nas suas provas finais.

Na fuga ao último lugar a Williams acabou por ser a sacrificada, tendo também falhado o seu projeto inicial mas não tendo as infraestruturas de uma Mercedes ou Aston Martin para recuperar tão depressa. Isto deixou Haas e AlphaTauri em luta para 7º, com a primeira a levar a melhor mas menos por mérito próprio e mais pelo ano pouco inspirado da segunda.

Com Pierre Gasly a querer voos mais altos, a AlphaTauri esteve com uma liderança menos inspirada que em anos anteriores (e com Yuki Tsunoda a ainda não ter “explodido” como se esperava). Já Kevin Magnussen substituiu Nikita Mazepin à última hora e deu a maioria dos pontos à Haas, que não viu em Mick Schumacher a consistência necessária para justificar a sua manutenção. No final, venceu a Haas por margem mínima este pequeno duelo.

1 – Max Verstappen

Em qualquer ponto da temporada após o GP de Espanha era claro que só havia um candidato para a posição de piloto do ano: Max Verstappen. Tendo tido o seu momento baixo do ano após os 3 primeiros GPs, quando teve 2 abandonos por problemas mecânicos, Verstappen não se deixou abater pela distância para a Ferrari e simplesmente eliminou os erros da sua condução.

Esta forma incrível do campeão em título começou a ver as distâncias encurtarem para Charles Leclerc a um ritmo vertiginoso. Quando um cocktail explosivo de erros de piloto, de equipa e falhas mecânicas arrasou a Ferrari, um título antecipado tornou-se uma realidade porque Verstappen pura e simplesmente colheu os louros da vitória em 9 das 12 provas seguintes…

Houve vários exemplos do holandês vários furos acima dos rivais ao longo de 2022, mas o mais contundente foi mesmo em Spa-Francorchamps: perante vários compatriotas Verstappen fez pole position por mais de meio segundo e, quando teve de partir de 14º por troca de componentes de motor, recuperou posições atrás de posições sem circunstâncias excepcionais até triunfar com mais de 17 segundos sobre o colega de equipa (que partira em 2º)…

O bi-campeonato chegou com naturalidade e, se os rivais não subirem de nível, não ficará por aqui. Precisa é de gerir melhor a sua imagem, como se viu pela confusão de Interlagos com o colega de equipa.

2 – Fernando Alonso

Grande protagonista do maior momento da silly season, Fernando Alonso provou ser ainda um dos maiores disruptores da categoria (dentro e fora das pistas). As negociações fracassadas com a Alpine tiveram tanto de malícia de Alonso no momento de “abandonar navio” quanto de falta de atenção da equipa, mas o resultado foi o piloto mais eficaz da Alpine ser aquele que estava a caminho da porta de saída…

Alonso teve uma mão cheia de azar durante as primeiras provas do ano (mecânica, erros de estratégia,…), o que permitiu ao colega de equipa fugir no campeonato. Para piorar, Esteban Ocon permaneceu regular o ano todo, o que obrigou Alonso a terminar constantemente à frente do francês para ter a hipótese de o apanhar. E foi precisamente isso que o espanhol fez, deixando Ocon crescentemente frustrado à medida que o fim da época se aproximava.

Mesmo prestes a abandonar, Alonso galvanizou a equipa para a luta com a McLaren, parecendo tirar especial gozo de terminar na frente dos carros britânicos. Houve ainda espaço para performances como o Alonso de outros tempos, desde um 2º e 3º em qualificação (Montreal e Spa) até à maneira como permitiu a aproximação de Norris em Paul Ricard para lhe aumentar o desgaste de pneus.

Só resta ver se os talentos do piloto não estarão desperdiçados em 2023 num Aston Martin de ritmo desconhecido…

3 – Charles Leclerc

O sonho da maioria dos fãs da Ferrari era que o campeonato tivesse terminado a 10 de Abril. Logo após a terceira ronda do ano, o GP da Austrália, Charles Leclerc liderava o campeonato com 2 vitórias em 3, um 2º lugar e 34 pontos de vantagem. Verstappen abandonou duas das três corridas iniciais com problemas mecânicos e Leclerc estava infalível. Nada poderia correr mal. Até tudo ter começado a correr mal.

Depois veio o primeiro erro do ano, um ligeiro despiste em Imola. Não ideal mas sem grandes estragos. Só que depois chegaram dois abandonos quando liderava em Baku e Barcelona, antes da Scuderia destruir a estratégia de Leclerc na sua prova caseira do Mónaco e transformar uma vitória quase certa num 4º lugar. 5 provas depois de estar 34 pontos na frente, Leclerc ficou a 34 de distância.

Se é verdade que a equipa sabotou ambos os seus pilotos em 2022 com estratégias horríveis e decisões patéticas ao longo do ano (não esquecendo fiabilidade horrenda), Leclerc cometeu o erro mais crítico da sua carreira quando abandonou da liderança do GP de França, sem pressão sobre si, com um despiste contra os muros.

Mas o ano do monegasco foi muito mais do que isso. O piloto somou 9 poles em 2022, parecendo sempre capaz de ameaçar Verstappen em qualificação (um feito notável). Apenas um carro com péssimo ritmo de corrida o fazia cair nas provas. Nas primeiras provas do ano bateu-se contra o campeão do mundo de igual para igual, sem incidentes mas sempre com agressividade, não se deixando intimidar. Com uma Ferrari mais competente atrás de si, poderá concretizar o seu potencial total em 2023.

4 – George Russell

Nem nas suas melhores previsões poderia George Russell ter previsto um início de temporada face ao heptacampeão Hamilton tão bom quanto o que realizou. O “senhor do Top 5”, tal como o nome indica, não chegou a terminar fora dos 5 primeiros até ao seu abandono no GP do Reino Unido. As humilhações de início do ano que impôs a Hamilton, quando parecia domar o difícil W13 com mais facilidade, deram-lhe muito crédito junto da equipa e distinguiram-no do predecessor Valtteri Bottas.

Foram 5 pódios até à pausa de Verão, mas uma tendência começava a ficar aparente: Russell envolvia-se em alguns incidentes a mais com os seus rivais. O perigoso incidente com Zhou em Silverstone (quando foi verificar o estado do piloto Alfa Romeo), a eliminação de Pérez em Spielberg,…

Tudo isto culminou numa segunda metade de ano em que viu Hamilton assumir o ascendente dentro da equipa e de os incidentes começarem a acumular ainda mais, retirando algum do brilho que a sua temporada parecera ter. Mas depois chegou o GP do Brasil, e Russell foi perfeito no sprint e em corrida, segurando os ataques de Hamilton para vencer pela primeira vez na F1.

A ausência de um carro ao nível habitual da Mercedes certamente terá frustrado o jovem piloto, mas a verdade é que nem todos teriam conseguido bater Hamilton da forma que Russell conseguiu. Com ou sem descida de forma, Russell poderá ter muito a dizer quanto à ideia de Toto Wolff em continuar a tratar Hamilton como primeiro piloto indiscutível.

5 – Lando Norris

Se foi sequer possível à McLaren estar metida na luta pelo 4º lugar nos construtores, tudo deve a Lando Norris. Com muito menos competitividade que o carro do ano anterior, o McLaren de 2022 pregou um valente susto aos pilotos quando parecia incapaz de sair do Q1 sem dificuldade no Bahrain, mas rapidamente se compreendeu que, apesar de longe do ideal, o monolugar tinha apenas experimentado dificuldades de setup.

Norris assumiu os comandos da equipa britânica com uma facilidade que ditou o final antecipado da carreira de Daniel Ricciardo, parecendo capaz de amealhar pontos com uma regularidade que deixou os chefes da Alpine nervosos (até porque os seus pilotos se envolviam em incidentes com frequência). Foram 17 pontuações em 22 provas, sendo que dois abandonos sem culpa própria sucederam.

A honra de ter sido o único carro fora das três primeiras equipas a atingir o pódio (Imola) também não foi nenhuma coincidência. A sua posição mais usual este ano, não por coincidência, foi 7º (seis vezes).

Norris esteve num excelente nível durante todo o ano, deixando claro que é da McLaren que se terá que esperar mais em 2023, sob pena do seu talismã rumar a paragens mais acima na grelha (Mercedes e Red Bull bem se têm esforçado por convencer o inglês a mudar de ambiente…).

6 – Lewis Hamilton

Se todos esperavam uma resposta de titã da parte da Mercedes após aquilo que esta pareceu tratar como uma injustiça em 2021, as expectativas foram completamente goradas: o Mercedes W13 tornou-se conhecido como o primeiro carro da equipa a falhar a obtenção de uma vitória desde 2011, levando Lewis Hamilton a perder o seu recorde de vitórias em todas as suas temporadas.

Com a agravante de que durante a primeira metade do ano pareceu estar completamente perdido sobre o funcionamento do seu carro, a ponto de George Russell ter levado a melhor sobre o colega durante a primeira metade do ano com frequência, e de se verem cenas tão caricatas quanto a de Hamilton a terminar em Imola em 13º sem entender como.

O que quer que o 7 vezes campeão do mundo tenha feito na pausa de Verão, no entanto, surtiu efeito. Hamilton chegou a fazer 5 pódios consecutivos a certa altura, antes de um erro pouco comum em Spa. Independentemente disso, começou a fazer parecer cada vez mais fácil deixar Russell um passo atrás, encurtando a distância para o colega no campeonato.

Quase triunfando em Austin, quando Verstappen fez uso da velocidade de ponta do seu motor Honda para o passar nas voltas finais, Hamilton pareceu conseguir transformar a sua frustração em entusiasmo pela condução e pela F1 em geral, falando-se inclusive de uma renovação para os próximos anos (quando antes parecia interessado em reformar-se). Se a Mercedes acertar com o carro de 2023, terá muito a dizer na luta pelo título.

7 – Sergio Pérez

Indiscutivelmente, Sergio Pérez cumpriu exatamente aquilo que a Red Bull esperava dele para 2022: nunca andou demasiado longe de Verstappen, o que lhe permitiu ser um aborrecimento para as estratégias das rivais Mercedes e Ferrari em corrida.

Até ao 8º GP do ano, o mexicano fez até mais do que a equipa estaria à espera, capitalizando nas oportunidades o melhor possível a ponto de ter triunfado no GP do Mónaco, ter chegado a estar a 15 pontos da liderança do mundial e de ter levantado um coro de críticas à Red Bull em seu favor quando foi forçado a ceder a liderança em Espanha.

Só que uma falha mecânica no Canadá e uma eliminação pelas mãos de George Russell na Áustria levaram-no a começar a perder o comboio do título, juntando-se a isto o facto de, tal como já vinha a avisar várias provas antes, ter começado a sentir que o desenvolvimento do RB18 estava pender crescentemente para o estilo de condução de Verstappen e não o seu.

Ainda assim, lançou as bases para uma incorporação cada vez mais homogénea na estrutura de Milton Keynes, mostrando um ritmo impressionante que ainda o chegou a elevar a mais uma vitória (em Singapura), quando teve que segurar o Ferrari de Leclerc sem cometer um único erro. Só a situação de Interlagos pareceu deixar uma nuvem no ar para o próximo ano.

Se quiser ter mais a dizer para o título precisa de ser uma ameaça bem mais presente nos espelhos de Verstappen.

8 – Sebastian Vettel

Quando no início do ano se começou a falar sobre o facto de que duas equipas teriam tomado uma decisão completamente errada sobre as novas regras, e de que a Aston Martin seria uma delas, muito se temeu por Sebastian Vettel. Afastado das duas primeiras provas devido a testar positivo a Covid, Vettel ficou de casa a ver os Aston falharem a qualificação para o Q2 no Bahrain e Arábia Saudita.

Apesar do paddock ter ficado na expectativa de ver o alemão desistir perante este cenário, o piloto pareceu tirar um certo prazer em exceder o pouco competitivo material. Foi um Q3 e um 8º lugar em Imola, segurando carros mais lentos; foi um incrível 6º lugar em Baku quando o colega Lance Stroll se afundava na classificação; uma sequência de audaciosas ultrapassagens em Austin, com direito a uma na última volta sobre Kevin Magnussen.

No total foram pontuações em quase metade das provas, com um carro que parecia incapaz de semelhante feito, parecendo ganhar um brilho do antigo Vettel a cada prova em que se aproximava mais do momento de se reformar no final do ano, deixando no ar a dúvida sobre se teria decidido sair caso o seu Aston estivesse com o ritmo com que já parecia estar no final da temporada.

Para o registo, voltou a facilmente arrumar Stroll a um canto sem grandes peripécias para além de um incidente no GP de França em que o canadiano foi particularmente agressivo.

9 – Carlos Sainz

É difícil de dizer se os erros constantes da Ferrari foram uma notícia inteiramente desagradável para Carlos Sainz. O espanhol começou o ano com menos ritmo que o colega Leclerc e cometeu dois erros crassos na Austrália e Imola que o viram abandonar com o carro preso na gravilha. Logo aí o piloto ter-se-ia visto a ter que servir de segundo piloto ao colega, mas a maneira como Leclerc se viu fora de combate em diversas corridas deixou Sainz com margem para voltar a pôr a sua temporada nos carris.

Tendo percebido muito antes de Leclerc que era essencial discordar das opções estratégicas da Ferrari quando as ocasiões o exigiam, Sainz conseguiu arrancar um pódio no Mónaco ao aperceber-se da oportunidade de passar de pneus de chuva a secos antes da Ferrari, e a não obediência à ordem de proteger Leclerc após o Safety Car em Inglaterra deu-lhe a oportunidade de vencer pela primeira vez na F1 (numa altura em que estava quase a bater o recorde de mais pódios sem vitória na categoria…).

Apesar de a equipa ter começado a perder a competitividade face à Red Bull na segunda metade do ano, o piloto conseguiu encurtar significativamente a margem para Leclerc, chegando a fazer a segunda pole do ano no México. Tudo isto significa que, apesar de não ter tido o ano dos seus sonhos, conseguiu mostrar à Ferrari que poderá ter algo a dizer no duelo interno caso a equipa corrija os seus erros com o carro de 2023.

10 – Alexander Albon

Que género de Alexander Albon apareceria em 2022 aos comandos de um Williams era um motivo de grande expectativa. Não havendo dúvidas de que despacharia rapidamente o colega Nicholas Latifi (e assim foi), era curioso ver que ritmo teria para ajudar a equipa a pontuar ocasionalmente após ter estado fora de pistas na F1 durante um ano.

A Red Bull elogiara as capacidades de desenvolvimento de carro do tailandês e a Williams bem precisou delas: quando se apercebeu de ter errado o projeto por completo, coube ao piloto orientar o desenvolvimento para uma versão diferente do Williams. Mas até mesmo antes disso já o piloto brilhava: um 10º lugar conquistado a ferros em Melbourne foi uma importante conquista inicial.

Duas corridas depois chegaram dois pontos extra em Miami. Seria preciso esperar até Spa-Francorchamps para voltar a pontuar o seu quarto e final ponto do ano, mas houve espaço para várias provas em que ficou mesmo à beira de pontos e em luta permanente contra rivais bem melhor equipados.

A única pequena sombra foi mesmo que Nyck de Vries ficou em 9º na prova em que substituiu Albon devido a uma apendicite, mas tratava-se de um fim-de-semana em que a Williams sabia ter uma boa performance. Sem integrar a esfera Red Bull em 2023, caber-lhe-á ser líder indiscutível e fiável no próximo ano quando terá a companhia de um estreante Logan Sargeant na equipa.





Mercedes de regresso às vitórias, primeira para Russell – GP São Paulo 2022

14 11 2022

Continuando a fazer uso do nome do Estado brasileiro em que localiza em vez do país, por motivos relacionados com a origem dos fundos que financiam a realização da prova, o GP de São Paulo regressou ao seu lugar usual da penúltima prova do calendário em 2022 (e mais uma vez, para horror da logística das equipas, em sequência com o Abu Dhabi).

Fazendo uso de um circuito de Interlagos que parece mais seguro no calendário do que alguma vez foi, o GP contará com o último sprint do ano, o que servirá como a melhor comparação da efetividade dos sprint (uma vez que também já o recebera em 2021).

Tendo começado a receber corridas oficiais de F1 a partir dos anos 70, Interlagos acabaria por ter um breve período sem F1 nos anos 80, quando a pista de Jacarepaguá aproveitou o descontentamento com a ausência de obras de melhoramento de São Paulo para roubar brevemente a prova. Quando as obras finalmente foram feitas (com direito a um encurtamento de pista considerável e uma mudança de nome do Autódromo para homenagear o falecido José Carlos Pace) a categoria regressou para não voltar a sair (com exceção de 2020).

Pequenas melhorias foram realizadas daí para a frente, com destaque para as de 2014, que procuraram melhorar a segurança da entrada nas boxes. Curvas icónicas como o S do Senna, Descida do Lago, Junção e outras, tornam o circuito um dos favoritos para todo o paddock.

Enquanto a Aston Martin anunciava Stoffel Vandoorne como piloto de testes ao lado de Felipe Drugovich, a Mercedes precisou de remover os logos da empresa crypto FTX dos seus carros, uma vez que a empresa declarou falência. Logan Sargeant voltou a pilotar o Williams nos treinos livres.

Ronda 21 – Grande Prémio de São Paulo 2022

Com tempo incerto e o bom ambiente caraterístico de Interlagos, todas as sessões competitivas do Grande Prémio de São Paulo conseguiram ser plenas a nível de entretenimento.

Um temporal que ia e vinha trouxe uma sessão de qualificação de sexta-feira com constantes trocas entre pneus macios e intermédios, sendo que se tornava essencial saber estar nos compostos certos no momento certo. O especialista da sessão foi mesmo Kevin Magnussen, que liderou o pelotão que saiu para o Q3 e apanhou as melhores condições de pista, o que lhe valeu a obtenção da pole position (a primeira sua e da Haas).

Para além de a chuva se ter abatido em força logo de seguida, Magnussen beneficiou de um despiste de George Russell que levou a uma bandeira vermelha (o que não o impediu de segurar 3º).

Com a pista seca de sábado foi inevitável ver Magnussen a perder posições, mas o dinamarquês fez um trabalho competente o suficiente para conseguir segurar um valioso ponto para a Haas. Max Verstappen não demorou muito a assumir a liderança, mas a sua escolha de pneus médios trouxe-lhe uma grande proximidade de Russell (em macios, tal como quase todos os pilotos). Uma luta intensa durou algumas voltas e Russell saiu por cima, para triunfar pela primeira vez na F1 (mesmo que “apenas” num sprint).

Já Verstappen acabou a perder posições para Carlos Sainz (momento em que perdeu um pedaço da asa dianteira) e Lewis Hamilton. Com a penalização de 5 lugares a Sainz por troca de motor, a Mercedes iria partir com a primeira linha garantida no domingo.

Mais atrás os Alpine tiveram duas colisões, que terminaram com Fernando Alonso a ter que parar para reparações (e a dizer no rádio exatamente o que pensou do assunto) e Esteban Ocon a cair na classificação devido aos estragos na sua lateral. Na Aston Martin também houve faíscas: Lance Stroll foi para além dos limites do aceitável a defender posição e meteu Sebastian Vettel na relva. O lacónico “OK” de Vettel na rádio, seguido de uma ultrapassagem fácil e de uma penalização de 10 segundos dos comissários a Stroll (quando estes geralmente nem se costumam meter entre companheiros de equipa) foram a demonstração do ridículo que foi a manobra.

Para a corrida, o ponto fulcral era entender se os Mercedes possuíam ritmo de corrida suficiente para conseguir vencer. A resposta foi clara e surpreendente: sim. Russell partiu bem e soube gerir a distância para Pérez logo atrás durante a maior parte da prova. Isto porque o colega de equipa Hamilton se acidentou com Verstappen no primeiro recomeço após Safety Car (quando Magnussen e Ricciardo bateram), no qual o último recebeu uma penalização de 5 segundos (tendo já sido quem mais perdeu com a manobra).

Também Norris, doente, teve um incidente nesse recomeço, com Leclerc. Enquanto que o piloto da McLaren recebeu uma penalização de 5 segundos, Leclerc conseguiu voltar à pista e fazer uma prova de recuperação.

Com a degradação de pneus em alta, os pilotos tiveram que parar, na maioria dos casos, por 3 vezes diferentes. Os pneus médios pareciam pouco eficazes, enquanto que os pneus macios mostraram uma durabilidade espantosa. Isto permitiu uma variedade de estratégias entre os 4 primeiros (os dois Mercedes, Pérez e Sainz).

No final, um SC para a paragem de Norris em pista ajudou bastante Sainz, que tivera que parar a primeira vez cedo devido a uma tira do capacete presa na entrada de ar de um travão, enquanto que deixou Pérez em apuros. De pneus médios, o mexicano foi sendo passado por uma variedade de pilotos. O último foi o colega Verstappen, sendo que a Red Bull prometeu a Pérez que este o deixaria passar de volta caso Verstappen não conseguisse passar Alonso. O holandês não conseguiu e não devolveu posição. Quando questionado pela equipa Verstappen inclusivamente respondeu grosso, dizendo que já dissera a sua opinião sobre o assunto antes e perguntando se fora entendido.

Isto apanhou o paddock de surpresa, dado que Pérez passou os últimos dois anos a beneficiar as provas de Verstappen em detrimento das próprias com bastante afinco, a ponto de ter cedido a vitória em Espanha este ano, deixando até mesmo os fãs de Verstappen a considerarem a atitude muito ingrata. Também Pérez, que fez questão de agradecer sarcasticamente por rádio a “cortesia” (Christian Horner e o seu engenheiro de pista pediram desculpas) e dizer que era assim que Verstappen mostrava quem verdadeiramente era.

Com ambos os campeonatos dominados, a Red Bull já disse várias vezes que o seu foco era garantir o vice-campeonato a Pérez. Com estas decisões, Leclerc é novamente o segundo e o ambiente harmonioso da Red Bull tornou-se instantaneamente de cortar à faca, ficando no ar a ideia de que algum tipo de power play interno se estará a passar…

Não que a Ferrari esteja muito mais harmoniosa. Depois de já ter visto alguma confusão táctica na qualificação com os seus pneus, Leclerc insistiu com a equipa para Sainz lhe ceder o último lugar do pódio, mas a equipa nem pediu ao espanhol para o fazer, frustrando Leclerc.

Lá na frente, os dois Mercedes deram o máximo pela honra de ser quem quebraria o jejum de vitórias da marca e foi Russell quem aguentou os ataques para vencer pela primeira vez na F1, de forma muito competente.

Alonso foi o melhor dos pilotos fora das 3 melhores equipas, fazendo uma recuperação de 12 posições, enquanto Vettel foi algo tramado pela estratégia, mas ainda ajudou o colega Stroll a garantir o último ponto. Ocon também ajudou a Alpine a quase garantir o 4º lugar nos construtores, e Bottas fez uma notável prova de ataque para amealhar mais alguns pontos para a Alfa Romeo.

Já Tsunoda viu-se na posição de ser esquecido pelos comissários no momento dos carros com voltas de atraso receberem permissão para passar o SC, gerando uma situação perigosa sem culpa própria do japonês. O colega Gasly pareceu determinado em ver se conseguia receber mais dois pontos de suspensão (excesso de velocidade nas boxes) para ir de férias mais cedo e não ter que se preocupar com suspensões em 2023…

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Qualificação: 1. Magnussen \ 2. Verstappen \ 3. Russell \ 4. Norris \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Russell \ 2. Sainz \ 3. Hamilton \ 4. Verstappen \ 5. Pérez \ 6. Leclerc \ 7. Norris \ 8. Magnussen (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Russell \ 2. Hamilton \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Alonso \ 6. Verstappen \ 7. Pérez \ 8. Ocon \ 9. Bottas \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (429) \ 2. Leclerc (290) \ 3. Pérez (290) \ 4. Russell (265) \ 5. Hamilton (240) —– 1. Red Bull (719) \ 2. Ferrari (524) \ 3. Mercedes (505) \ 4. Alpine (167) \ 5. McLaren (148)

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Corrida anterior: GP México 2022
Corrida seguinte: GP Abu Dhabi 2022

GP São Paulo anterior: 2021

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Fontes:
Autosport PT \ Vandoorne a piloto de testes na Aston Martin
ESPN \ Mercedes termina relação com FTX
Racing Circuits \ Interlagos





Mesmo com procissão, houve festa mexicana – GP México 2022

31 10 2022

Corrida caseira de Sergio Pérez, o GP do México tem sido uma das mais bem frequentadas provas do ano. O público tem aderido de forma massiva, tornando o Autódromo Hermanos Rodríguez da Cidade do México numa das maiores festas do ano (apesar de nem sempre o nível das corridas corresponder ao espetáculo fora das pistas).

Construído em 1959 e recebendo a primeira corrida de F1 em 1963, o circuito possuía curvas de alta velocidade como a famosa Peraltada e tornou-se popular pelo seu ambiente relaxado. Tão relaxado que ocorreram casos perigosos como da entrada de público e cães em pista na edição de 1970. A progressiva modernização das barreiras resolveu o problema mas a F1 abandonou o local, sendo substituída pela CART.

Houve um breve regresso entre 1986 e 1992 mas as condições do circuito estavam a degradar-se (chegando a haver um boicote dos pilotos de World Superbikes num das rondas) e foi preciso uma nova ronda de remodelações. Isto atraiu corridas de elevado gabarito de volta a terras mexicanas, com a F1 a regressar em 2015.

Apesar de apenas uma semana entre esta prova e a anterior, as notícias abundaram. Primeiro foi a Audi a anunciar que chegou a um (já esperado) acordo com a Sauber para comandar a estrutura suíça a partir de 2026. Depois, foi a FIA anunciar que chegou a acordo com a Red Bull sobre o incumprimento do tecto orçamental, com a equipa a assumir o seu erro, a ter que pagar $7 milhões de multa (havia excedido em $1,8 milhões) e a perder 10% do seu tempo de túnel de vento para 2023. Não fica claro se é um aviso sério o suficiente às outras equipas, mas Christian Horner, mesmo a assumir culpas, pareceu ainda sob a impressão de que os verdadeiros culpados estavam na imprensa que reportou os rumores (confirmados) sobre a situação…

Entre os homens a assumirem funções de primeiro treino livre no México encontra-se Liam Lawson na AlphaTauri, Logan Sargeant na Williams, Nyck de Vries na Mercedes, Jack Doohan na Alpine e Pietro Fittipaldi na Haas.

Ronda 20 – Grande Prémio do México 2022

Com as dúvidas do paddock em relação às penalizações aplicadas à Red Bull ainda em plena ebulição, Ted Kravitz da Sky Sports britânica acabou por ser um protagonista inesperado de um fim-de-semana em que pouco aconteceu.

O jornalista fez alguns comentários um pouco venenosos sobre a situação de Abu Dhabi em 2021 (desde “acidentalmente” chamar a Lewis Hamilton um 8 vezes campeão, passando por usar a palavra “roubo” e até referências a Max Verstappen como “o outro tipo”) e levou a Red Bull a boicotar por completo a emissora durante o fim-de-semana (até mesmo as suas “colegas” alemã e italiana).

Nada que tenha feito abrandar a equipa em pista. Apesar das esperanças da Mercedes em conseguir ter a primeira vitória do ano, Verstappen fez pole position por 3 décimas de segundo e nunca pareceu ameaçado ao longo de toda a corrida, culminando com ter quebrado o recorde de Schumacher e Vettel de maior número de vitórias numa corrida (agora em 14).

A acompanhá-lo no pódio estiveram Hamilton (que tem sido o mais regular dos dois Mercedes desde a pausa de Verão) e o colega Sergio Pérez (o piloto da casa contribuiu assim para o ambiente de festa em terras mexicanas).

A Ferrari sofreu a bom sofrer no Autódromo Hermanos Rodríguez, estando (nas palavras de Charles Leclerc) em terra de ninguém sempre. Demasiado rápidos para o pelotão do meio e demasiado lentos para Red Bull e Mercedes, a equipa italiana teve que se contentar com uns previsíveis 5º e 6º. Melhor do pelotão intermédio foi, surpreendentemente, Daniel Ricciardo. O australiano, de saída, aproveitou um stint final de pneus macios para ultrapassar vários rivais e terminar em 7º.

O resultado conjunto da McLaren (Lando Norris foi 9º) viu a equipa aproximar-se da Alpine na luta pelo 4º lugar no mundial, com Esteban Ocon a minimizar os estragos com um 8º, depois de Fernando Alonso ter ficado furioso de voltar a ter o equipamento a falhar em 2022 quando ia a caminho de um bom resultado.

Valtteri Bottas fez o ponto final, numa prova em que Ricciardo e Pierre Gasly foram penalizados por incidentes com Yuki Tsunoda e Lance Stroll, respetivamente. Gasly precisa de ter mesmo cuidado: está já com 10 dos 12 pontos para uma suspensão de uma corrida…

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Hamilton \ 4. Pérez \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Pérez \ 4. Russell \ 5. Sainz \ 6. Leclerc \ 7. Ricciardo \ 8. Ocon \ 9. Norris \ 10. Bottas (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (416) \ 2. Pérez (280) \ 3. Leclerc (275) \ 4. Russell (231) \ 5. Hamilton (216) —– 1. Red Bull (696) \ 2. Ferrari (487) \ 3. Mercedes (447) \ 4. Alpine (153) \ 5. McLaren (146)

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Corrida anterior: GP EUA 2022
Corrida seguinte: GP São Paulo 2022

GP México anterior: 2021

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Fontes:
F1 \ Audi faz parceria com a Sauber
Planet F1 \ Boicote Red Bull à Sky Sports
Planet F1 \ Multa e redução de túnel de vento para Red Bull





A segunda de Pérez – GP Singapura 2022

2 10 2022

Numa temporada com 4 provas diferentes realizadas debaixo dos holofotes, pode parecer estranho recordar que a prática não tem muitos anos de existência e que começou com o GP de Singapura 2008. A estreia do circuito no calendário foi acompanhada de testes extensivos do sistema de iluminação, uma vez que havia um medo generalizado do que sucederia caso os pilotos fossem encadeados pelas luzes.

Claro que não foi essa a recordação que ficou para a história. Aquilo que parecia uma vitória fantástica de Fernando Alonso de 15º na grelha revelou-se uma completa farsa 12 meses depois, quando surgiu a informação de que a Renault tinha orquestrado um acidente propositado de Nelson Piquet Jr para a obter. As reverberações do escândalo Crashgate fizeram-se sentir na categoria.

Ainda assim, a prova de Marina Bay já teve tempo de se estabelcer como uma das provas padrão da F1, fisicamente extenuante com as suas quase 2 horas de calor equatorial e curvas constantes. Sebastian Vettel tem feito da pista o seu reduto pessoal, com 5 vitórias (incluíndo a mais recente em 2019, antes das interrupções pandémicas), mas vale a pena recordar que Lewis Hamilton não lhe fica muito atrás (com 4).

Alexander Albon teve complicações médicas após a sua apendicite mas felizmente já estava apto para regressar em Singapura, enquanto que Guanyu Zhou e Yuki Tsunoda renovaram com Alfa Romeo e AlphaTauri, respetivamente. Já Nicholas Latifi anunciou que terminará o seu vínculo com a Williams no final do ano e Felipe Drugovich foi confirmado como piloto de testes da Aston Martin. Entretanto, a Alpine terá feito um teste privado com Antonio Giovinazzi, Nyck de Vries e Jack Doohan.

Já a F1 confirmou a realização de 6 corridas sprint em 2023, algo que já tentara para este ano.

Ronda 17 – Grande Prémio de Singapura 2022

Com a chuva a abater-se em força sobre a pista do pequeno país asiático, as probabilidades de resultados improváveis avolumaram-se. Só que, seguindo a tendência de anos recentes, os comissários esperaram tanto tempo para começar a corrida que até já dava para começar com pneus intermédios.

Ainda assim, foi um dia de erros dos dois mais recentes campeões do mundo. Max Verstappen recebeu várias perguntas sobre a possibilidade de ser campeão em Singapura, mas viu-se em 8º na grelha (depois de ter que abortar uma ótima volta de qualificação por causa da equipa não lhe ter colocado combustível suficiente), perdeu posições na partida e calculou muito mal uma ultrapassagem no final, o que o atirou para trás. Já Lewis Hamilton tinha boas hipóteses de pódio mas também falhou uma travagem sem grande pressão e partiu a asa dianteira, para além de ter cometido um erro quando perseguia Sebastian Vettel para 7º.

Vettel e o colega Lance Stroll tinham sido dois pilotos a arriscar mal os pneus secos em qualificação, mas foram dos maiores beneficiados pelo Safety Car de Yuki Tsunoda que lhes permitiu trocar intermédios por secos e chegar ao final nos lugares pontuáveis. Situação semelhante experimentou Daniel Ricciardo que se viu catapultado para 5º apesar da evidente falta de ritmo face a Lando Norris, que esteve em tal nível que quase tratou de roubar o pódio de Carlos Sainz.

Sainz pareceu sempre incapaz de acompanhar Sergio Pérez e Charles Leclerc, enquanto aguentava a pressão de Hamilton nas voltas iniciais. Já Leclerc atacou Pérez a prova inteira, depois de ter saído de pole e perder no arranque para o mexicano da Red Bull, mas foi incapaz de colocar o seu Ferrari na liderança apesar das esperanças da Scuderia numa penalização a Pérez (por ter deixado demasiada distância para o SC). Assim, o mexicano venceu pela segunda vez este ano.

Foi um dia terrível para a Alpine, que viu ambos os seus carros abandonarem com problemas de motor, sendo passada pela McLaren na disputa do 4º lugar. Ambos os AlphaTauri também estiveram em bom nível mas mais em qualificação (ambos foram ao Q3). Já em corrida, o combativo Pierre Gasly conseguiu o ponto final, enquanto que Yuki Tsunoda destruiu a frente do carro depois de montar os pneus de piso seco.

Nicholas Latifi esqueceu-se de verificar os espelhos e terminou com a sua prova e a de Guanyu Zhou, enquanto que George Russell não só se ficou pelo Q2 como ainda andou em guerra tosca contra Mick Schumacher ao longo da prova.

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Pérez \ 3. Hamilton \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Pérez \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Norris \ 5. Ricciardo \ 6. Stroll \ 7. Verstappen \ 8. Vettel \ 9. Hamilton \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (341) \ 2. Leclerc (237) \ 3. Pérez (235) \ 4. Russell (203) \ 5. Sainz (202) —– 1. Red Bull (576) \ 2. Ferrari (439) \ 3. Mercedes (373) \ 4. McLaren (129) \ 5. Alpine (125)

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Corrida anterior: GP Itália 2022
Corrida seguinte: GP Japão 2022

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Fontes:
Aston Martin \ Drugovich confirmado
Joe Saward \ Teste Alpine
Motorsport \ Zhou confirmado na Alfa Romeo 2023
Racing Circuits \ Marina Bay
Sky Sports \ 6 Sprints em 2023
Sports Net \ Albon recupera
Zero Zero \ Tsunoda confirmado na AlphaTauri 2023