Problema crescente para a Williams em dia de glória para Red Bull – GP Japão 2024

9 04 2024

Poucos circuitos podem receber a honra de carregarem tanto simbolismo histórico na Fórmula 1 quanto o GP do Japão em Suzuka. Famosamente a única pista em “8” (um “8” bem torto, mas ainda assim…) e a primeira corrida asiática da histórica da categoria, a quase totalidade das curvas da pista são desafiantes e historicamente significativas para a F1. A 130R onde Alonso ultrapassou Schumacher por fora, a chicane final onde Senna e Prost decidiram o campeonato de 1990, a primeira curva onde Räikkonen ultrapassou Fisichella na última volta para vencer,…

Criada em 1962 pela Honda como local principal de testes para os seus carros de competição, a pista pouco mudou nos anos desde a sua criação, até porque o seu desenho inicial procurou fazer das colinas e estradas regionais de forma a exigir o mínimo de terraplanagem possível. O arquiteto original, John Hugenholtz, ainda expressou preocupação com os produtores de arroz, mas Soichiro Honda simplesmente pagou aos agricultores e atribui-lhes novas terras. A primeira prova no traçado foi de carros desportivos, vencida por Peter Warr num Lotus 23.

A F1 até visitou o autódromo de Fuji primeiro para o GP do Japão inaugural, mas apenas em 2 edições nos 1970s e outras 2 nos 2000s. Nas restantes, muitas vezes como prova final do campeonato, foi Suzuka quem recebeu as suas provas. Já em 2024, pela primeira vez, veremos o GP japonês na fase inicial do calendário.

Alguns dias antes do fim-de-semana, a Liberty Media anunciou que avançará com a compra da MotoGP para juntar ao seu porfólio de automobilismo que já inclui a F1. A empresa já deixou claro que não pretende juntar as duas categorias num mesmo fim-de-semana de competição e que está confiante de a compra não ser bloqueado por excessiva concentração de poder.

Ronda 4 – Grande Prémio do Japão 2024

Como se não bastassem constantes perguntas sobre a utilização dos seus chassis extra e de reparações dos seus carros, a Williams viu todos os seus piores cenários confirmarem-se em Suzuka. Com um carro reparado, Logan Sargeant tratou de o destruir logo no primeiro treino livre. Depois, na partida, Alexander Albon envolveu-se num incidente aparatoso com Daniel Ricciardo (que até valeu uma bandeira vermelha). Como se não bastasse, Sargeant ainda foi à gravilha e danificou o chão em corrida.

Não foi por acaso que o comentador Will Buxton fez questão de indiretamente perguntar a James Vowles se na China a equipa contaria com os dois carros…

Ricciardo também não teve um bom fim-de-semana, voltando a perder o duelo de qualificação para o colega da RB, Yuki Tsunoda, e depois sendo o principal responsável pelo acidente com Albon (sem penalização). O australiano já tratou de dar a entender à imprensa que tem estado a pedir para experimentar um novo chassis, como potencial causa da sua má performance.

Tsunoda, a correr em caso, voltou a colocar o seu RB no Q3 e a fazer uma ótima e sólida performance em corrida, com direito a diversas ultrapassagem por fora e a somar mais um valioso ponto para a equipa italiana. Ainda está longe de poder ser considerado um candidato ao segundo Red Bull, mas está a dar importantes passos para garantir a sua continuidade.

Longe das dificuldades de Melbourne, e mesmo com a necessidade de realizar duas partidas, a Red Bull acabou por passear por completo no Japão, tendo assegurado a primeira linha da grelha em qualificação e a dobradinha liderada por Max Verstappen (o que significa que todas as 4 provas do ano terminaram em dobradinhas).

A juntar-se aos Red Bull no pódio ficou Carlos Sainz, agradavelmente surpresa quando se apercebeu que não só conseguia ter mais ritmo de corrida que os McLaren como ainda suficiente para ameaçar o segundo Red Bull de Sergio Pérez. Lando Norris ainda tentou dar luta, só que já parece mais claro que se os pilotos da McLaren até conseguem disfarçar a falta de ritmo para a Ferrari em qualificação, em corrida a tarefa é muitos mais difícil.

Charles Leclerc (Ferrari) teve uma qualificação incaracteristicamente menos bem conseguida, mas foi o único a fazer funcionar uma estratégia de uma única paragem nas boxes que lhe valeu o 4º lugar, enquanto que Fernando Alonso (Aston Martin) usou a distância DRS para Oscar Piastri (McLaren) como defesa contra uma investida final de George Russell (Mercedes).

A Mercedes continua em grandes dificuldades para fazer os seus carros estarem melhor que 4ª força do campeonato, numa altura em que ainda assim parecem convencidos de que se trata do tratamento dos pneus que é a limitação do W15 (e não uma falta de downforce).

Destaque ainda para mais um péssimo fim-de-semana de Kick Sauber e Alpine. A primeira continua a sua vaga de problemas de fiabilidade, enquanto a segunda esteve bem longe de qualquer rival (culminando com a equipa a pedir a Esteban Ocon para puxar pelo carro e a ouvir a resposta incrédulo do piloto em como já estava no máximo…).

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Norris \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Norris \ 6. Alonso \ 7. Russell \ 8. Piastri \ 9. Hamilton \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (77) \ 2. Pérez (64) \ 3. Leclerc (59) \ 4. Sainz (55) \ 5. Norris (37) —– 1. Red Bull (141) \ 2. Ferrari (120) \ 3. McLaren (69) \ 4. Mercedes (34) \ 5. Aston Martin (33)

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Corrida anterior: GP Austrália 2024
Corrida seguinte: GP China 2024

GP Japão anterior: 2023

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Fonte:
Sapo \ Liberty Media compra MotoGP





Título de construtores no colo da Red Bull – GP Japão 2023

24 09 2023

Existe uma enorme quantidade de corridas decisivas de campeonatos do mundo decididas no GP do Japão. Em muitos casos, devido ao facto de historicamente a corrida ser a derradeira do campeonato. Não é o caso hoje em dia, uma vez que o país tem estado cada vez mais afastado do fim do ano (sendo que em 2024 passará para o princípio do ano, pela primeira vez).

Não que isso tenha levado Suzuka a deixar de ser palco de decisões de título. Sebastian Vettel venceu o seu 2º título mundial no traçado em 2011, assim como Max Verstappen em 2022 (ainda que de forma confusa, devido à FIA). Suzuka não tem o exclusivo de decisões de título em território japonês. Fuji foi durante dois períodos de dois anos o traçado do GP.

Pista extremamente fluída e do agrado da quase totalidade dos pilotos, Suzuka possui um primeiro sector composto de vários “S”, uma passagem debaixo de uma ponte, uma curva de média velocidade chamada “Spoon” e uma curva de alta velocidade (130R). Entre estas atrações e a presença da Honda na grelha, estamos num momento de grande segurança quanto ao futuro do país na F1.

Depois de uma chuva intensa ter aniquilado quaisquer hipóteses de uma corrida normal em 2022, haviam grandes expectativas quanto a uma correção dessa situação. Ou, pelo menos, de um carro que não fosse Red Bull cruzar a linha em primeiro.

Ronda 16 – Grande Prémio do Japão 2023

Só que nem todos os desejos se concretizam. Uma semana depois da Red Bull ter errado por completo a afinação do GP de Singapura, Max Verstappen voltou a estar intocável em território japonês. Foi pole position e a liderança de todas as voltas da prova e a volta mais rápida, sempre por uma margem significativa sobre o rival mais próximo (que foi quase sempre um McLaren).

A Red Bull conseguiu assim sair do país do Extremo Oriente com o título de construtores em mão, ainda que Sergio Pérez não tenha contribuído muito com a sua performance. O mexicano partiu de 5º, parou na primeira volta para os pneus duros, passou um carro atrás do Safety Car a entrar nas boxes (penalização de 5 segundos) antes de eliminar Kevin Magnussen por impaciência (outra penalização). De modo a evitar uma penalização na grelha no Qatar, foi mandado de volta para a pista após o abandono para servir a penalização de 5 segundos. Conseguiu nesse tempo bloquear o caminho a Lando Norris. Um desastre de fim-de-semana…

Norris liderou o assalto do atualizado McLaren, tendo mostrado alguma satisfação com ter estado perto o suficiente de Verstappen para impedir o holandês de parar para usar pneus novos no assalto à volta mais rápida. O britânico terminou uns expressivos 15 segundos na frente do colega Oscar Piastri (que renovou contrato até 2026), depois de ter ficado atrás do australiano em qualificação.

O duplo pódio deixou as rivais mais diretas bem preocupadas, com Ferrari e Mercedes meramente frustradas (George Russell especialmente, devido a ter que deixar passar o colega de equipa quando queria fazer um comboio de DRS para se defender de Carlos Sainz [que até se divertiu a notar que “roubaram o meu truque”]).

Não foram os únicos frustrados. A Aston Martin continua a ver o seu ritmo desaparecer, com vislumbres do velho Fernando Alonso a criticar a estratégia durante a prova e com um Lance Stroll cada vez mais apático quanto à sua falta de ritmo (aumentando o coro de vozes que o quer fora da F1). E, ainda, a Alpine, que fechou os lugares pontuáveis com um Pierre Gasly furioso de ter tido que deixar passar Esteban Ocon.

A AlphaTauri ainda conseguiu colocar o herói da casa (Yuki Tsunoda) no Top 10 de qualificação, mas falhou a sua prova com um 11º e 12º postos. Tsunoda recebeu a informação de que continuará com a equipa em 2024, ao lado de Daniel Ricciardo, mas a maneira como tem sido derrotado por um Liam Lawson que está (para já) desempregado no próximo ano.

Logan Sargeant eliminou Guanyu Zhou de corrida e destruiu o carro em qualificação, pelo que está em sério risco de ver Lawson tornar-se cada vez mais interessante para a Williams.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Piastri \ 3. Norris \ 4. Leclerc \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Piastri \ 4. Leclerc \ 5. Hamilton \ 6. Sainz \ 7. Russell \ 8. Alonso \ 9. Ocon \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (400) \ 2. Pérez (223) \ 3. Hamilton (190) \ 4. Alonso (174) \ 5. Sainz (150) —– 1. Red Bull (623) \ 2. Mercedes (305) \ 3. Ferrari (285) \ 4. Aston Martin (221) \ 5. McLaren (172)

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Corrida anterior: GP Singapura 2023
Corrida seguinte: GP Qatar 2023

GP Japão anterior: 2022
GP Japão seguinte: 2024

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Fontes:
ESPN \ McLaren estende contrato com Piastri até 2026
F1 \ AlphaTauri anuncia Ricciardo e Tsunoda para 2024





Bicampeão Verstappen e patética FIA – GP Japão 2022

9 10 2022

É difícil identificar pessoas menos felizes com a ausência do GP do Japão do calendário durante os últimos dois anos que os responsáveis da Honda. Donos do circuito de Suzuka, os japoneses estavam desejosos de mostrar a boa forma que agora possuíam na aliança com a Red Bull no último ano de cooperação. Só que os adiamentos por motivos pandémicos goraram as celebrações. E neste ano de domínio Red Bull já os logos da Honda não fazem parte dos carros, apesar das unidades continuarem a ser produzidas no Japão…

Primeira (e durante muito tempo única) prova de F1 no continente asiático, o GP do Japão tinha vindo a correr ininterruptamente desde 1976 até 2019. A esmagadora maioria das provas foram no circuito de Suzuka, com a exceção de 4 realizadas no de Fuji (propriedade da Toyota) em 1976-77 e 2007-08.

Suzuka tornou-se num dos mais míticos circuitos do automobilismo mundial, palco de decisões de títulos disputados até ao último momento e com um traçado capaz de rivalizar com qualquer outro (com a particularidade de ser o único com um formato de figura de 8). Secções como os “S” do primeiro setor, a Curva Spoon ou a 130R tornaram-se nomes icónicos para pilotos ao redor do mundo.

Também se tornou um local de lembrança, com o falecimento mais recente de um piloto de F1 durante o GP de 2014 (Jules Bianchi). Desde 2014 apenas a Mercedes triunfou no Japão, com Lewis Hamilton a ter 4 vitórias mas Valtteri Bottas a ser o vencedor mais recente (2019).

A Red Bull apresentou-se em Suzuka com o nome “Honda” de regresso aos seus monolugares, mas também com algumas dúvidas. Com a suspeita acerca da maneira como poderá ter excedido o teto orçamental nos últimos dois anos, o paddock deveria ter tido novidades na quarta-feira mas a FIA adiou o seu próprio prazo. Mercedes e Ferrari uniram forças e pressionam medidas punitivas desportivas (Hamilton insinuou que mesmo gastos de 300 mil dólares poderiam ter-lhe dado o título) numa altura em que a Red Bull insiste nada ter feito de errado (assume-se que será uma questão de quanto foi alocado ao departamento de motores).

O fim-de-semana também trouxe novidades para 2023, com a confirmação da ida de Pierre Gasly para a Alpine em substituição de Alonso, com o seu lugar na AlphaTauri a ser tomado pelo júnior Mercedes Nyck de Vries.

Ronda 18 – Grande Prémio do Japão 2022

Há muito poucas maneiras de sair de Suzuka que não incluam uma opinião completamente desfavorável da atuação da FIA ao longo dos últimos 12 meses.

Os casos e ocorrências têm-se multiplicado e no Japão explodiram. Primeiro foi a confusão com a prolongada interrupção da prova (mais de 2 horas) após um começo conturbado e chuva intensa. Em teoria, e os próprios comentadores assim acreditavam, o facto de apenas um pouco menos de 30 voltas ser possível de cumprir deveria significar que não seria atribuída a totalidade dos pontos. Mas não. Por razões que só a FIA saberá, e o texto não levava a crer, isso era apenas em casos que a prova fosse cancelada antes de termo (para espanto da totalidade do paddock).

Tudo isto significou que o vencedor (que dominou de ponta a ponta) Max Verstappen chegou ao final da prova a acreditar que ainda teria que esperar duas semanas para ser coroado bicampeão. E assim permaneceu durante largos minutos até chegar a notícia de que não só seriam pontos totais, como também que Charles Leclerc fora penalizado em 5 segundos. Leclerc tinha passado a prova a defender-se de Sergio Pérez e cortou a chicane de forma abusiva na última volta, o que lhe valeu a penalização.

Em segundo lugar foi o próprio facto de que Verstappen a cruzar a linha não foi filmado pela câmara principal, porque não haviam certezas de se de facto se tratava da volta final…

E ainda, o pior “pecado” da FIA: em Suzuka, local do falecimento de Jules Bianchi, a presença de um tractor em pista quando circulavam carros com alguma velocidade. Tudo ocorreu no início da corrida, quando Carlos Sainz e Alexander Albon estavam parados em pista. Pierre Gasly, que tivera que trocar de asa da frente, tentava apanhar o pelotão quando passou numa secção rápida da pista e se deparou com um tractor em pista. A FIA já tentou culpar o francês de ir demasiado rápido mas as críticas de outros pilotos já forçaram a organização a informar que irá investigar o incidente.

Tudo isto numa altura em que ainda se espera o resultado da investigação sobre alegadas quebras do tecto orçamental por duas equipas…

Logo atrás dos homens do pódio chegou Esteban Ocon, que esteve a defender-se de Lewis Hamilton a prova inteira e conseguiu um ótimo resultado que, com a ajuda do 7º lugar de Fernando Alonso, elevou a Alpine para a frente da McLaren novamente. Os britânicos temporizaram mal as paragens para pneus intermédios e tiveram que se contentar com um único ponto de Lando Norris.

Sebastian Vettel esteve a disputar o seu último GP do Japão e esteve no seu melhor. Em qualificação arrastou o seu Aston Martin até ao Q3, e em corrida recuperou de um contacto inicial com Alonso graças a uma paragem nas boxes bem temporizada para regressar aos pontos, onde se manteve em 6º num photo finish contra Alonso.

A Haas ainda arriscou não parar com Mick Schumacher mas tratou-se da estratégia errada. Nicholas Latifi tomou a decisão certa de parar bem cedo (ao contrário dos treinos livres em que curvou na curva errada, embaraçosamente) e conseguiu os seus primeiros pontos do ano.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Pérez \ 5. Ocon (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Ocon \ 5. Hamilton \ 6. Vettel \ 7. Alonso \ 8. Russell \ 9. Latifi \ 10. Norris (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (366) \ 2. Pérez (253) \ 3. Leclerc (252) \ 4. Russell (207) \ 5. Sainz (202) —– 1. Red Bull (619) \ 2. Ferrari (454) \ 3. Mercedes (387) \ 4. Alpine (143) \ 5. McLaren (130)

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Corrida anterior: GP Singapura 2022
Corrida seguinte: GP EUA 2022

GP Japão seguinte: 2023

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Fontes:
Autosport \ Tecto Orçamental
F1 \ de Vries na AlphaTauri em 2023
Racing Circuits \ Suzuka
Sky Sports \ Gasly na Alpine em 2023





A consagração

9 10 2011

No último GP, Jake Humphrey comentou na BBC que Singapura seria o local ideal para Sebastian Vettel vencer o seu segundo título mundial. Na altura discordei, e torci para que Seb esperasse mais duas semanas, e fazer naquele que, na minha opinião, seria o melhor local: Suzuka. Vettel vinha para a pista japonesa sabendo que precisava de apenas 1 ponto para chegar ao bi-campeonato, mas em vez de ser cauteloso, o alemão atacou sempre (como comprovou a pole de ontem).

Se olharem com atenção, está ali um bi-campeão mundial...

Talvez até tenha estado um pouco agressivo demais, como se viu na largada, quando empurrou Jenson Button para a relva. Tudo bem, não lhe chegou a tocar, mas foi apenas porque Button travou quando percebeu o que Sebastian se preparava para fazer. E, depois de reflexão, nada de penalizações… Aqui confesso que achei bastante injusto, já que os comissários parecem dar tratamento especial aos da frente. Se comete uma infracção é para ser punido, não é para ser só avisado (como Schumacher em Monza) ou sem nada a acontecer…

Detalhe também para o fato de que na entrevista de Christian Horner à BBC após a corrida, o dirigente da Red Bull tentava defender o seu piloto dizendo que “deixou espaço suficiente”, para levar a resposta ácida de Eddie Jordan, “podes-me dizer onde ele tinha espaço suficiente? Ele está na relva…”. Jordan tem os seus defeitos, mas ninguém o pode acusar de não dizer o que pensa!

Com que então não sabia ganhar no seco...

E, já agora, visto que estava a ficar esquecido: Jenson Button venceu… O britânico conteve-se depois do desentendimento com Vettel, poupando pneus, o que lhe viria a ser útil mais tarde, liderando uma boa parte da corrida, e mesmo quando Alonso e Vettel ameaçaram a liderança, ele conseguiu responder e aguentar a pressão. Para variar, o seu companheiro de equipa voltou a fazer tudo mal. Hamilton tentou forçar o andamento no início, danificando os pneus, e depois tocou em Massa (outra vez…), a caminho de um fraco 5º lugar…

A Mercedes parecia ter bom ritmo em Suzuka, com Schumacher a chegar ao 7º lugar, e Rosberg a recuperar da última fila até ao 10º. Na Sauber foi quase o oposto da qualificação: enquanto Pérez brilhou, Kobayashi teve vários problemas e falhou os pontos depois de brilhar no Sábado… Enquanto isso, na Renault Petrov voltou a pontuar, com Senna a não conseguir acompanhar o russo. Por último, destaque para o fato de que os Lotus conseguiram terminar na volta dos vencedores, mostrando a evolução da equipa de Tony Fernandes, que poderá chegar ao pelotão intermediário para o ano.

Veja os resultados completos.





O calendário de Bernie, e como devia ser

1 09 2011

O calendário de 2012 está oficialmente confirmado. Quase nenhuma novidade no geral: a grande quantidade de dinhei… digo, simpatia do governo do Bahrain recolocou-os no calendário (ainda que, felizmente, não a começar a temporada); a chegada do GP dos EUA em Austin; e, a saída do GP da Turquia.

Um cenário que não veremos em 2012: Istambul Park.

Este último ponto é talvez aquele que mais importância para mim tem. Ao longo dos anos temos assistido à multiplicação dos circuitos Tilke do calendário. O projectista favorito de Bernie Ecclestone tem sido o único a ter permissão para colocar os carros de F1 nas suas pistas, como a pista de Austin, e vários circuitos tradicionais ou mais interessantes têm vindo a cair, de modo a que possam ser construídos novos em locais exóticos ou comercialmente interessantes como Abu Dhabi, Índia ou China. Mas, quando se começam a ver “Tilkódromos” a cair é sinal de que estamos mesmo mal.

É certo que haviam mais moscas que pessoas nas corridas disputadas em Istambul, mas o circuito era o mais interessante de Tilke, com a famosa curva 8, e agora desapareceu. E corridas mais tradicionais como os GP’s da Bélgica e França, planeiam alternar de modo a conseguirem suportar os gigantescos custos de Ecclestone.

O que nos leva a uma questão: se este desporto se quer verdadeiramente considerar como o mais prestigioso, não deveria correr nas melhores pistas do mundo? Aqueles que verdadeiramente desafiam os pilotos e as equipas, e possam contribuir para o espectáculo? Decidi, por isso, partilhar aqui o calendário de 2011 na versão Fórmula Portugal, vejamos:

Como deveria ser o calendário.

Como podem ver o campeonato começa em Melbourne, uma das minhas pistas favoritas, e (a maioria concordará) o melhor sítio para começar a temporada. Mas, se olharem para a minha segunda corrida, tenho a certeza que vão pensar que perdi o juízo… Ruapuna Park. Ligeiramente estranha de pronunciar, esta é a sede que escolhi para o GP da Nova Zelândia. É um circuito de curvas de média-alta velocidade, e consigo ver dois pontos de ultrapassagem “visíveis”. É o meu género de circuito: é técnico, e é um desafio de ver até onde se pode puxar a corda (ou o acelerador…) nas secções rápidas.

De seguida, viajamos para a Malásia, uma das quatro pistas de Tilke no calendário (para mostrar que quando quer, o alemão sabe criar boas pistas), e Brasil, em Interlagos, uma pista excelente e que, na minha opinião, fica melhor no início do ano. Aproveitando estar na América, o calendário visita os EUA e Canadá. Montreal para o Canadá, obviamente, mas os EUA não vão para Austin ou Indianápolis, mas sim Laguna Seca. Não deixa de ser curioso que os americanos, fãs de ovais e NASCAR, tenham criado uma pista como Laguna Seca. Criada no local de uma (adivinharam) lagoa seca, a pista tem algumas  sucessões rápidas, ainda que sem longas rectas, e uma das mais complicadas curvas do mundo, a Corkscrew (saca-rolhas). É uma volta curta, mas isso quer dizer que têm que se dar mais voltas que o habitual à pista (o que não é má notícia).

Uma das rectas de Hockenheim... se calhar era melhor colar alcatrão. Se calhar.

Começando a temporada europeia, lamento informar que nenhuma pista espanhola me agrada pelo que coloquei o GP de Portugal no lugar de Montmeló. Um pouco parcial, eu sei, mas a pista de Portimão tem sido muito elogiada pelos pilotos e era uma escolha óbvia para mim. Mónaco a seguir, com o regresso de Imola e A-1 Ring (Red Bull Ring), que nunca deveriam ter saído. Dois GP’s da Alemanha, mas só para esclarecer: o Hockenheim (GP Alemanha) é o antigo, com as gigantescas rectas, e não a versão encomendada por Ecclestone; e o Nurburgring (GP Europa), a versão actual, e não o monstro que é o Nordeschleife (até eu consigo ver que seria seguro em F1’s). Os suspeitos habituais (Silverstone, Monza, Spa), a serem acompanhados pelo regresso do GP de França e a manutenção do da Turquia.

A recta final da temporada a começar em Singapura. Nunca tinha gostado da pista, mas agora, depois de exprimentar num jogo, consigo perceber porque os pilotos gostam dela. Outro trabalho conseguido de Tilke, Shangai vem a seguir. As duas corridas finais a serem a exemplo dos anos 80: Suzuka e Adelaide. O GP do Japão sediou várias corridas lendárias, e o antigo GP da Austrália tinha uma pista muitíssimo divertida, a sediar aqui o GP do Pacífico (melhor que nos anos 90, em Aida…).

E ei-lo. 21 corridas. Um pouco extenso, mas sempre melhor que o que temos actualmente. Se bem que isso não seja muito complicado…