Campos com nova dobradinha – Testes F2

26 04 2024

A pausa após a Austrália foi longa, mas antes do regresso dos carros de Fórmula 2 aos circuitos de F1 a categoria optou por copiar a sua congénere F3 e colocar-se em Barcelona para 3 dias de testes dos seus monolugares.

Se os testes da semana passada da F3 já tinham sido uma excelente representação dos talentos dos pilotos da Campos, a F2 trouxe mais da mesma situação nesta semana, com ambos os carros da equipa espanhola a liderarem dois dos dias de testes (e a conseguirem mesmo fazer uma dobradinha no último deles).

Isack Hadjar ficou com o papel de piloto mais rápido dos testes, seguido de Pepe Martí, o que terá agradado significativamente à Red Bull.

Sem chuva os tempos foram melhorando a cada dia, com o líder do campeonato (o Rodin de Zane Maloney) a posicionar-se em posições mais modestas (entre 6º e 11º ao longo dos dias) e o 3º lugar dos três dias a pertencer sempre a um MP (Dennis Hauger e Franco Colapinto). Gabriel Bortoleto (Invicta) foi o mais rápido no primeiro dia, só que a equipa teve grandes dificuldades nos dias finais ao ficar nas duas últimas posições.

A Van Amersfoort tinha feito o mesmo no segundo dia, mas soube recuperar-se para o último dia. Já Paul Aron (Hitech) e os ART produziram tempos interessantes, enquanto Richard Verschhor foi o ponta de lança da Trident nestes testes.

A ART foi a estrutura foi a equipa com mais quilómetros percorridos, seguida da Invicta e da Prema.

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Dia 1 – Resultado: 1. Bortoleto (1m25s143) \ 2. Crawford (1m25s182) \ 3. Hauger (1m25s372) \ 4. Maini (1m25s486) \ 5. Verschoor (1m25s702)

Dia 2 – Resultado: 1. Martí (1m23s681) \ 2. Martins (1m23s841) \ 3. Hauger (1m23s862) \ 4. Hadjar (1m23s881) \ 5. Aron (1m23s940)

Dia 3 – Resultado: 1. Hadjar (1m23s139) \ 2. Martí (1m23s549) \ 3. Colapinto (1m23s698) \ 4. Martins (1m23s853) \ 5. Bearman (1m23s894)

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Resultado Global

#EquipaTempoVoltas
1Campos1m23s139Hadjar416
2MP1m23s698Colapinto390
3ART1m23s841Martins496
4Prema1m23s894Bearman467
5Trident1m23s905Verschoor389
6Hitech1m23s940Aron441
7Rodin1m24s027Maloney424
8PHM1m24s242Dürksen394
9Invicta1m24s284Maini479
10Van Amersfoort1m24s435Villagómez445
11DAMS1m24s540Crawford442
Barcelona 23-25 Abril 2024




Domínio dos domínios – GP China 2024

21 04 2024

De 2004 a 2011, a Fórmula 1 empreendeu um projeto de agressiva expansão para o mercado asiático. O primeiro capítulo foi a chegada do Bahrain e da China à categoria por motivos significativamente diferentes. A entrada no mercado chinês simbolizava a entrada na economia com o mais rápido crescimento no mundo à época e a F1 planeava encher as bancadas com os seus fãs, a ponto de estas estarem preparadas para uma capacidade simultânea de 200 mil pessoas.

A pista assumiu uma forma interessante, com uma primeira curva longa e desafiante, uma reta oposta extremamente longa (uma marca característica dos circuitos de Hermann Tilke daí para a frente) e vários pontos em que ultrapassagens eram possíveis, além de ter como objetivo uma semelhança parcial vista de cima ao símbulo “shang” da escrita chinesa. O paddock também era diferente, com cada equipa a ter um edifício à volta de um lago ao estilo do jardim Yuyan em Shanghai.

Ainda houve uma procura extensiva por pilotos locais para atrair a multidão, mas apenas em 2022 é que se processou a estreia de Guanyu Zhou. Precisamente durante a ausência prolongada pós-Covid do circuito do calendário. Em 2024, pela primeira vez desde 2019, o GP da China está de regresso. Restava ver se será possível atrair multidões, quando várias bancadas à volta da Curva 13 desde 2012 tiveram que ser convertidas em cartazes publicitários, tais eram as dificuldades em enchê-las de pessoas.

Na semana antes do GP, Fernando Alonso anunciou a sua renovação com a Aston Martin até ao final de 2026 (que fecha a possível ida para a Red Bull e que o vê regressar a uma cooperação com a Honda), enquanto que a Andretti, mesmo rejeitada pela FOM, continua a sua preparação (ampliaram a sua fábrica de Silverstone, num claro braço de ferro para forçar a entrada em 2025…).

Ronda 5 – Grande Prémio da China 2024

Com o primeiro sprint do ano a ocorrer contra a vontade dos pilotos, que alertaram para o perfil escorregadio do circuito depois de ter sido reasfaltado durante a sua ausência do calendário, a chuva que na sexta-feira caiu sobre Shanghai não ajudou a que se tivessem tirado grandes conclusões no único treino livre do GP (como ficou provado pela forma como Lance Stroll colocou o seu Aston Martin na frente).

Para a qualificação do sprint até foi possível ver alguma normalidade. No Q1 a Alpine e Williams ficaram pelo caminho juntamente com Yuki Tsunoda, ao passo que no Q2 a grande maioria dos pilotos acabou por não conseguir fazer uma segunda tentativa porque a chuva finalmente caiu. A surpresa principal acabou por ser os dois Kick Sauber presentes no Q3.

Max Verstappen (Red Bull) nunca conseguiu colocar-se no ritmo certo, o que abriu a oportunidade aos rivais para aproveitarem. Charles Leclerc (Ferrari) perdeu o controlo numa tentativa, mas sem evitar erros maiores, enquanto que Verstappen e Lando Norris (McLaren) viram-se a braços com voltas eliminadas. Norris em particular foi fantástico, fazendo pole por 1,2 segundos sobre Lewis Hamilton (Mercedes), apesar de uma ligeira confusão com uma eliminação de volta (depois revertida).

A prova começou com uma partida excelente de Hamilton, que se colocou por dentro na primeira curva. Norris, desapontantemente, não percebeu a armadilha e inevitavelmente terminou na escapatória, caíndo para 7º. Daí em diante Hamilton liderou Fernando Alonso (Aston Martin) e Verstappen, até que o Red Bull atinou e passou ambos sem dificuldade.

Daí em diante calhou a Alonso fornecer o entretenimento, com o espanhol a segurar a quase totalidade da corrida um comboio de Carlos Sainz (Ferrari), Sergio Pérez (Red Bull) e Leclerc. A uma volta do fim, Sainz tentou a ultrapassagem mais musculada, Alonso retribuiu a agressividade e os espanhóis ficaram tão focados um no outro que se tocaram e permitiram a passagem de Pérez e Leclerc (Alonso abandonou).

Algumas horas depois, na “verdadeira” qualificação, o tempo já não ajudou a apimentar a ação em pista, pelo que foi Verstappen quem facilmente assumiu a pole position com a “agravante” para o resto das equipas de que foi Pérez, no outro Red Bull, quem foi o rival mais próximo. Alonso, a querer recuperar-se da sessão anterior, foi quem mais brilhou ao pôr-se em 3º (mesmo com duas décimas de segundo perdidas no primeiro setor).

A McLaren soube sobrepôr-se à Ferrari com ambos os carros, continuando a surpresa (principalmente dos próprios) em estar na frente dos italianos. No Q3 voltou-se a contar com a presença de um Kick Sauber (neste caso, Valtteri Bottas) e do sempre presente Nico Hülkenberg no seu Haas.

Sainz conseguiu manter-se em movimento depois de um despiste de média gravidade no Q2 (que chegou a ativar bandeira vermelha, e a fazer os comissários terem uma breve discussão sobre se o Ferrari tinha “parado” e podia continuar a sessão), a Alpine colocou ambos os monolugares no Q2 pela primeira vez em 2024, e Hamilton e Guanyu Zhou (Kick Sauber) ficaram no Q1 de forma surpreendente.

No dia da corrida ainda se viram céus nublados, mas a verdadeira história da corrida foi mais tática. Verstappen partiu da frente e evitou ser passado por Alonso (da forma que Pérez não evitou) e a partir daí pareceu ter sempre quantidades enormes de tempo em mão para fugir aos rivais. Primeiro foi Alonso quem serviu de tampão a Pérez, mas o verdadeiro buffer foi criado quando Bottas abandonou com problemas de motor e trouxe um Safety Car que permitiu a vários rivais da Red Bull parar sem perder tempo.

Norris e Leclerc foram os principais beneficiados ao mudar de pneus e sair na frente de Pérez, se bem que houve vários outros a fazê-lo. Alonso, por motivos inexplicáveis, optou por montar os pneus macios (em vez dos duros de todos os outros). De pneus frescos, o espanhol queimou um pouco a travagem no recomeço após o SC, fazendo um efeito dominó que culminou num desatento Stroll abalroar por completo o RB de Daniel Ricciardo, fazendo o australiano levantar e danificar o chão do carro. Juntando a isto o incidente entre Magnussen e Tsunoda (que fez o japonês abandonar), ficou-se com um novo SC em pista e ambos os RB fora de prova.

Penalizações para Stroll, Magnussen e Sargeant (Williams, por milimetricamente ter estado atrás num linha de SC) baralharam um pouco as contas para o último lugar pontuável, com Hülkenberg a somar mais um precioso ponto na frente de Ocon (Alpine), que quase terminou o jejum de pontos dos franceses com as atualizações de Shanghai.

Hamilton, muito insatisfeito nos pneus macios do princípio, recuperou exemplarmente até 9º perto do McLaren danificado de Piastri (que ainda danificou o chão no incidente Stroll-Ricciardo), enquanto que Alonso montou médios e lançou-se em várias ultrapassagens até terminar 7º. Na frente foi mais uma vitória para Verstappen, seguido de um Norris surpreso pelo bom ritmo da McLaren (e a conseguir ir controlando o Red Bull de Pérez à distância) e Pérez.

A Ferrari deixou bastante a desejar em ritmo de corrida, que ainda assim foi suficiente para terminarem na frente do Mercedes de Russell.

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Quali Sprint: 1. Norris \ 2. Hamilton \ 3. Alonso \ 4. Verstappen \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Pérez \ 4. Leclerc \ 5. Sainz \ 6. Norris \ 7. Piastri \ 8. Russell (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Alonso \ 4. Norris \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Pérez \ 4. Leclerc \ 5. Sainz \ 6. Russell \ 7. Alonso \ 8. Piastri \ 9. Hamilton \ 10. Hülkenberg (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (110) \ 2. Pérez (85) \ 3. Leclerc (76) \ 4. Sainz (69) \ 5. Norris (58) —– 1. Red Bull (195) \ 2. Ferrari (151) \ 3. McLaren (96) \ 4. Mercedes (52) \ 5. Aston Martin (40)

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Corrida anterior: GP Japão 2024
Corrida seguinte: GP Miami 2024

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Fontes:
GP Fans \ Andretti avança na mesma com fábrica
Motorsport \ Alonso renova com Aston Martin até 2026
Racing Circuits \ Shanghai





Campos em grande com Boya – Testes F3

20 04 2024

Com a principal categoria do automobilismo a preparar-se para um fim-de-semana de competição no regresso a território chinês, a Fórmula 3 marcou presença em Espanha para dar aos seus 30 pilotos alguns quilómetros de rodagem, numa altura em que a categoria de apoio está em pausa a aguardar o regresso da temporada europeia da F1.

O início de temporada até ao momento até nem está a ser demasiado impressionante para Mari Boya, mas nos três dias de testes em casa o espanhol foi absolutamente consistente, tendo liderado os dois últimos dias e entrado no Top 5 do primeiro dia. O piloto da Campos esteve longe de ser o único da equipa na parte superior da tabela de tempos, com Oliver Goethe a ter completado uma dobradinha no derradeiro dia e a estar no Top 5 do segundo.

A quilometragem da estrutura da casa é que impressionou menos, tendo sido apenas superior à da Trident (curiosamente a segunda mais rápida do conjunto dos 3 dias).

Já Luke Browning foi durante os testes (tal como tem sido nas corridas) a salvação da Hitech, com performances sólidas da parte do líder conjunto do campeonato. O outro líder Leonardo Fornaroli (Trident) ainda ameaçou no segundo dia, mas de resto chamou menos a atenção. Já o 3º classificado do campeonato, Gabriele Minì (Prema) conseguiu liderar o primeiro dia e ser 5º no terceiro, mas no dia dos tempos mais rápidos foi 9º.

Noel León foi o único Van Amersfoort a conseguir penetrar no Top 10 ao longo do teste (em 2 dias), ao passo que Charlie Wurz apanhou todos de surpresa ao colocar o seu Jenzer no Top 3 do primeiro dia (Max Esterson também conseguiu colocar-se no Top 10 do segundo dia). Os pilotos da MP e da PHM foram os mais lentos da soma de todos.

Resta ver a relevância destes tempos quando a Fórmula 3 regressar ao circuito após as provas de Imola e Mónaco.

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Dia 1 – Resultado: 1. Minì (1m28s313) \ 2. Meguetounif (1m28s399) \ 3. Wurz (1m28s485) \ 4. Dunne (1m28s577) \ 5. Boya (1m28s625)

Dia 2 – Resultado: 1. Boya (1m26s646) \ 2. Fornaroli (1m26s679) \ 3. Browning (1m26s692) \ 4. Goethe (1m26s908) \ 5. Meguetounif (1m27s011)

Dia 3 – Resultado: 1. Boya (1m27s034) \ 2. Goethe (1m27s107) \ 3. Browning (1m27s435) \ 4. Lindblad (1m27s448) \ 5. Minì (1m27s565)

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Resultado Global

#EquipaTempoVoltas
1Campos1m26s646Boya564
2Trident1m26s679Fornaroli483
3Hitech1m26s692Browning606
4Van Amersfoort1m27s053León619
5Jenzer1m27s151Esterson645
6Prema1m27s177Minì624
7Rodin1m27s354Loake616
8ART1m27s412Mansell647
9PHM1m27s476Bedrin670
10MP1m27s508Tramnitz646
Barcelona 16-18 Abril 2024




Porsche com [quase] vitória dupla – ePrix Misano 2024

14 04 2024

Depois de um acidente em cadeia na prova do ano anterior e de críticas de anos recentes, a Fórmula E viu-se mesmo colocada na posição de ter que deixar cair uma das suas provas mais populares em Roma. Enquanto os organizadores tentam descobrir uma alternativa em território romano, a categoria optou por não perder a ligação a Itália e organizou em conjunto com o circuito de Misano um ePrix alternativo.

Palco habitual do GP de San Marino do MotoGP, Misano dificilmente recolheu grande entusiasmo ao ser anunciado. Território extremamente plano, traçado sinuoso e descrito como não particularmente inspirador de conduzir, o circuito ainda tinha a desvantagem de ser uma adição de circuito permanente a uma categoria que pretendia definir-se como casa de circuitos citadinos.

Fundado em 1972, foram as motas que desde cedo deram proeminência a Misano e que o forçaram a realizar alterações quando foi alongado para cumprir a distância mínima obrigatória do mundial de motas (1993). Pequenas modificações adicionais foram sendo realizadas durante os anos seguintes, desde melhorias dos complexos de boxes até apertar a segunda curva.

Ronda 6 – ePrix de Misano (1) 2024

Com um vencedor diferente em cada uma das provas iniciais, havia a expectativa de saber, a continuar a tendência, quem seria o “estreante” seguinte para a lista.

Mitch Evans (Jaguar) bateu Jean-Éric Vergne (DS Penske) na final de qualificação, com a surpresa principal a ser a intrusão do ABT de Nico Müller nas meias-finais. António Félix da Costa (Porsche) em 13º e Jake Dennis (Andretti) em 18º foram os pilotos do pelotão da frente mais deslocados, e que teriam enormes provas pela frente.

Desde o primeiro momento que Misano provou ser uma prova de caos completo, até mesmo pelos padrões da Fórmula E. Uma pista mais larga que o usual e a tentação dos vários pilotos em segurar posição para não liderar significaram que a mobilidade de posições era de uma enormidade gritante. Oliver Rowland (Nissan) provou isto ao navegar quase livremente entre 12º e 1º ao longo da corrida.

O contacto entre pilotos, até por padrões FE, foi elevado, com Vergne a terminar a sua prova em 7º com uma asa dianteira torta e um dos apêndices traseiros em falta. E houve outros pilotos que terminaram a sua prova mais cedo com o mesmo problema (como Nick Cassidy da Jaguar).

No geral, os líderes sucederam-se mas os grandes destaques foram Félix da Costa, Rowland e Dennis. Os três, juntamente com Vergne, começaram a escapar-se ao pelotão de trás até que Vergne serviu de tampão a Dennis nas voltas finais e Félix da Costa começou a gastar a energia extra armazenada que tinha para segurar o ataque final de Rowland. Um emocionado português festejou efusivamente, naquilo que foi um relançar do seu campeonato. Ou seria, não tivesse sido desclassificado várias horas após o fim da corrida e quando a própria categoria já tinha igualmente efusivamente partilhado fotos do piloto a festejar…

A causa foi uma peça do acelerador de Félix da Costa não estar em conformidade com os regulamentos e promoveu Rowland à sua primeira vitória do ano com a Nissan. Dan Ticktum brilhou com o seu ERT (quando tinha começado 16º), acabando logo atrás de Maximilian Günther (Maserati). Melhor sorte que Sette Câmara que foi penalizado em 50 segundos por consumo excessivo.

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Qualificação: 1. Evans \ 2. Vergne \ 3. Wehrlein \ 4. Müller \ 5. Rowland (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Rowland \ 2. Dennis \ 3. Günther \ 4. Ticktum \ 5. Evans \ 6. Vergne \ 7. Nato \ 8. Vandoorne \ 9. Fenestraz \ 10. di Grassi (Ver melhores momentos)

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Ronda 7 – ePrix de Misano (2) 2024

Ainda de ressaca da eliminação da prova anterior e com a Porsche a defender o seu piloto da desclassificação, a marca alemã chegou ao domingo desertinha de vingar-se da derrota na secretaria que lhe fora imposta. Mas para isto não pôde contar com Félix da Costa, que viu a sua melhor tentativa de qualificação ser eliminada, partindo de último, recuperando até 11º, e acabando por perder a asa da frente na confusão e terminando em último…

Assim, coube a Wehrlein representar a marca de Estugarda numa luta pela vitória que novamente se quedou principalmente com o Andretti de Dennis, com participação especial do Jaguar de Cassidy. Wehrlein segurou os rivais para vencer em Misano, enquanto que Rowland (que andou nos lugares da frente novamente) se viu sem energia na penúltima volta e abdicou da possibilidade de sair líder destacado de Itália.

Assim, quem conseguiu terminar em 4º lugar foi Nico Müller, que ao contrário de no sábado conseguiu segurar rivais com equipamento consideravelmente melhor para dar pontos preciosos à ABT. Sacha Fenestraz desta vez conseguiu estar uns furos mais próximo do ritmo do seu líder de equipa Nissan (Rowland), seguido de perto de Sérgio Sette Câmara que completou um fim-de-semana positivo para a ERT.

A McLaren voltou a provar que simplesmente não tem ritmo de corrida comparável ao seu de qualificação, com destaque para o facto de Jake Hughes ter caído de pole até 8º lugar, seguido de um Jehan Daruvala a pontuar pela primeira vez este ano e do colega de equipa Sam Bird.

O campeonato permanece mais interessante que nunca, ainda que dificilmente a reputação da categoria tenha evitado um golpe depois de mais uma desclassificação de um piloto vitorioso por motivos supérfluos.

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Qualificação: 1. Hughes \ 2. Vergne \ 3. Wehrlein \ 4. Müller \ 5. Bird (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Wehrlein \ 2. Dennis \ 3. Cassidy \ 4. Müller \ 5. Fenestraz \ 6. Sette Câmara \ 7. Vergne \ 8. Hughes \ 9. Daruvala \ 10. Bird (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (89) \ 2. Dennis (89) \ 3. Rowland (80) \ 4. Cassidy (76) \ 5. Günther (63) —– 1. Jaguar (128) \ 2. Andretti (112) \ 3. Porsche (109) \ 4. Nissan (100) \ 5. DS Penske (75)

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Corrida anterior: ePrix Tóquio 2024
Corrida seguinte: ePrix Mónaco 2024





Problema crescente para a Williams em dia de glória para Red Bull – GP Japão 2024

9 04 2024

Poucos circuitos podem receber a honra de carregarem tanto simbolismo histórico na Fórmula 1 quanto o GP do Japão em Suzuka. Famosamente a única pista em “8” (um “8” bem torto, mas ainda assim…) e a primeira corrida asiática da histórica da categoria, a quase totalidade das curvas da pista são desafiantes e historicamente significativas para a F1. A 130R onde Alonso ultrapassou Schumacher por fora, a chicane final onde Senna e Prost decidiram o campeonato de 1990, a primeira curva onde Räikkonen ultrapassou Fisichella na última volta para vencer,…

Criada em 1962 pela Honda como local principal de testes para os seus carros de competição, a pista pouco mudou nos anos desde a sua criação, até porque o seu desenho inicial procurou fazer das colinas e estradas regionais de forma a exigir o mínimo de terraplanagem possível. O arquiteto original, John Hugenholtz, ainda expressou preocupação com os produtores de arroz, mas Soichiro Honda simplesmente pagou aos agricultores e atribui-lhes novas terras. A primeira prova no traçado foi de carros desportivos, vencida por Peter Warr num Lotus 23.

A F1 até visitou o autódromo de Fuji primeiro para o GP do Japão inaugural, mas apenas em 2 edições nos 1970s e outras 2 nos 2000s. Nas restantes, muitas vezes como prova final do campeonato, foi Suzuka quem recebeu as suas provas. Já em 2024, pela primeira vez, veremos o GP japonês na fase inicial do calendário.

Alguns dias antes do fim-de-semana, a Liberty Media anunciou que avançará com a compra da MotoGP para juntar ao seu porfólio de automobilismo que já inclui a F1. A empresa já deixou claro que não pretende juntar as duas categorias num mesmo fim-de-semana de competição e que está confiante de a compra não ser bloqueado por excessiva concentração de poder.

Ronda 4 – Grande Prémio do Japão 2024

Como se não bastassem constantes perguntas sobre a utilização dos seus chassis extra e de reparações dos seus carros, a Williams viu todos os seus piores cenários confirmarem-se em Suzuka. Com um carro reparado, Logan Sargeant tratou de o destruir logo no primeiro treino livre. Depois, na partida, Alexander Albon envolveu-se num incidente aparatoso com Daniel Ricciardo (que até valeu uma bandeira vermelha). Como se não bastasse, Sargeant ainda foi à gravilha e danificou o chão em corrida.

Não foi por acaso que o comentador Will Buxton fez questão de indiretamente perguntar a James Vowles se na China a equipa contaria com os dois carros…

Ricciardo também não teve um bom fim-de-semana, voltando a perder o duelo de qualificação para o colega da RB, Yuki Tsunoda, e depois sendo o principal responsável pelo acidente com Albon (sem penalização). O australiano já tratou de dar a entender à imprensa que tem estado a pedir para experimentar um novo chassis, como potencial causa da sua má performance.

Tsunoda, a correr em caso, voltou a colocar o seu RB no Q3 e a fazer uma ótima e sólida performance em corrida, com direito a diversas ultrapassagem por fora e a somar mais um valioso ponto para a equipa italiana. Ainda está longe de poder ser considerado um candidato ao segundo Red Bull, mas está a dar importantes passos para garantir a sua continuidade.

Longe das dificuldades de Melbourne, e mesmo com a necessidade de realizar duas partidas, a Red Bull acabou por passear por completo no Japão, tendo assegurado a primeira linha da grelha em qualificação e a dobradinha liderada por Max Verstappen (o que significa que todas as 4 provas do ano terminaram em dobradinhas).

A juntar-se aos Red Bull no pódio ficou Carlos Sainz, agradavelmente surpresa quando se apercebeu que não só conseguia ter mais ritmo de corrida que os McLaren como ainda suficiente para ameaçar o segundo Red Bull de Sergio Pérez. Lando Norris ainda tentou dar luta, só que já parece mais claro que se os pilotos da McLaren até conseguem disfarçar a falta de ritmo para a Ferrari em qualificação, em corrida a tarefa é muitos mais difícil.

Charles Leclerc (Ferrari) teve uma qualificação incaracteristicamente menos bem conseguida, mas foi o único a fazer funcionar uma estratégia de uma única paragem nas boxes que lhe valeu o 4º lugar, enquanto que Fernando Alonso (Aston Martin) usou a distância DRS para Oscar Piastri (McLaren) como defesa contra uma investida final de George Russell (Mercedes).

A Mercedes continua em grandes dificuldades para fazer os seus carros estarem melhor que 4ª força do campeonato, numa altura em que ainda assim parecem convencidos de que se trata do tratamento dos pneus que é a limitação do W15 (e não uma falta de downforce).

Destaque ainda para mais um péssimo fim-de-semana de Kick Sauber e Alpine. A primeira continua a sua vaga de problemas de fiabilidade, enquanto a segunda esteve bem longe de qualquer rival (culminando com a equipa a pedir a Esteban Ocon para puxar pelo carro e a ouvir a resposta incrédulo do piloto em como já estava no máximo…).

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Norris \ 4. Sainz \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Norris \ 6. Alonso \ 7. Russell \ 8. Piastri \ 9. Hamilton \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (77) \ 2. Pérez (64) \ 3. Leclerc (59) \ 4. Sainz (55) \ 5. Norris (37) —– 1. Red Bull (141) \ 2. Ferrari (120) \ 3. McLaren (69) \ 4. Mercedes (34) \ 5. Aston Martin (33)

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Corrida anterior: GP Austrália 2024
Corrida seguinte: GP China 2024

GP Japão anterior: 2023

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Fonte:
Sapo \ Liberty Media compra MotoGP





Maserati atira-se à luta pelo título – ePrix Tóquio 2024

30 03 2024

O sonho dos organizadores da Fórmula E para um ePrix japonês na capital são antigos, tão antigos quanto a própria categoria. O tradicional conservadorismo japonês relativo a inovações, a preocupação com perturbar o trânsito no país, a ambivalência da Câmara da cidade, tudo levou a avanços e recuos permanentes nas negociações para a criação da prova.

Mas 2024, com a ajuda de já ter visto em ação a categoria em locais como Jakarta, Tóquio faz a sua primeira aparição na FE. A pista será centrado no Centro de Exibições Internacional de Tóquio e fará também uso de estradas regulares, numa clara inspiração pela estratégia já utilizada por Londres na sua própria prova.

A verdadeira atração principal será a proximidade do centro de uma das mais famosas cidades do mundo, que também trará uma prova caseira para a Nissan na categoria (que anunciou alguns dias antes, o seu comprometimento com continuar na categoria para além desta geração).

ABT e Porsche viram as suas negociações não chegarem a bom porto, enquanto que a Lola e Yamaha já anunciaram a sua aliança para uma estreia na Fórmula E em 2025.

Ronda 5 – ePrix de Tóquio 2024

Desde o princípio do fim-de-semana que dava para ver que a Maserati tinha em Maximilian Günther um sério candidato a obter pela primeira vez a vitória em 2024. O alemão tinha feito o seu caminho em qualificação, liderando o seu grupo e depois encaminhando-se até à final. O duelo com o Nissan da casa de Oliver Rowland foi uma competição incrivelmente renhida, que terminou com 24 milésimas de segundo de vantagem sobre Günther.

Um contratempo piorado por uma partida mais fraca para a corrida, em que Edoardo Mortara (Mahindra) conseguiu ultrapassá-lo. Com um ritmo forte no seu Maserati, Günther teve uma prova de paciência pela frente, acabando por conseguir em diferentes momentos ultrapassar primeiro Mortara e depois Rowland para vencer o primeiro ePrix de Tóquio.

Rowland dificilmente terá ficado demasiado preocupado. Regressado à Nissan este ano, o britânico acumula dois pódios consecutivos que o deixam a apenas 9 pontos do novo líder do campeonato (Pascal Wehrlein da Porsche) e ajudam a Nissan a subir a 4ª no campeonato de equipas.

Wehrlein, vencedor da primeira prova do ano, tem conseguido pontuar em todas as restantes provas, parecendo estar a adotar uma estratégia de consistência que o viu terminar em 5º e recuperar a liderança do campeonato. O colega, António Félix da Costa, passou a prova dele bem próximo e até ameaçou conseguir um pódio, só que não escolheu o melhor momento de atacar Rowland, sendo novamente passado por Jake Dennis (Andretti), sendo 4º no final.

Norman Nato (Andretti) terminou 6º, enquanto que a segunda linha da grelha (Mortara e Sergio Sette Câmara [ERT]) teve vida bem mais difícil na corrida. Mortara não viu a bandeira de xadrez, enquanto que Sette Câmara viu a falta de ritmo da ERT explorada a fundo pelos rivais (mas conseguindo ainda segurar o último ponto).

Nick Cassidy (Jaguar) acabou por minimizar os estragos de uma qualificação em 19º ao chegar em 8º, especialmente importante dado o abandono do colega Mitch Evans que perdeu a frente quando arriscou em demasia numa manobra de ultrapassagem. Destaque ainda para a forma como Nico Müller se qualificou e classificou em 7º, permitindo à ABT abrir a conta do ano (antes mesmo da fornecedora de propulsores, a Mahindra).

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Qualificação: 1. Rownlad \ 2. Günther \ 3. Mortara \ 4. Sette Câmara \ 5. Dennis (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Günther \ 2. Rowland \ 3. Dennis \ 4. Félix da Costa \ 5. Wehrlein \ 6. Nato \ 7. Müller \ 8. Cassidy \ 9. Frijns \ 10. Sette Câmara (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Wehrlein (63) \ 2. Cassidy (61) \ 3. Rowland (54) \ 4. Dennis (53) \ 5. Günther (48) —– 1. Jaguar (100) \ 2. Porsche (83) \ 3. Andretti (70) \ 4. Nissan (62) \ 5. DS Penske (57)

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Corrida anterior: ePrix São Paulo 2024
Corrida seguinte: ePrix Misano 2024

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Fontes:
FE \ Nissan junta-se à Gen 4
Grande Prêmio \ Porsche e ABT não se entendem
Motorsport BR \ Lola e Yamaha juntam-se em 2025
Racing Circuits \ Tóquio





Regresso vitorioso para Sainz – GP Austrália 2024

25 03 2024

Desde 1996 palco tradicional do início de temporada, Melbourne até se vê de volta a uma data bastante usual dessa condição, mas agora como terceira ronda do mundial, a seguir às duas provas do Médio Oriente. Inexplicavelmente, voltou a não ser agrupada em sequência com a China, deixando o paddock com uma dispendiosa visita à Oceânia e de regresso à Europa.

O Albert Park de Melbourne é o circuito do GP da Austrália, uma pista semi-citadina à volta de um lago, que possui um traçado apertado e sinuoso sem grandes possibilidades de ultrapassagem. Para ajudar, o circuito aproveitou o período pandémico para modificar várias secções de baixa velocidade, convertendo-as para alta velocidade e criando novos pontos de ultrapassagem.

Depois de a pandemia ter impedido a realização das provas de 2020 e 2021, os últimos dois anos de regresso viram Charles Leclerc e Max Verstappen vencerem em território australiano, sendo interessante que a Ferrari já tenha vencido no país 13 vezes contra “apenas” 2 da Red Bull.

Desta vez, correram dois pilotos australianos em casa (Oscar Piastri e Daniel Ricciardo), num fim-de-semana que conta desde o ano passado com a presença das categorias F2 e F3 nas provas de apoio.

As duas semanas entre Jeddah e Melbourne trouxeram espaço para pequenas notícias de atualização à F1, desde a aceleração da compra da Sauber pela Audi (provavelmente preocupada com os atuais resultados em pista), a ida de Simone Resta para a Mercedes, a renovação de Zak Brown como CEO McLaren até 2030, entre outras.

Os grandes destaques num campo mais hostil foram a investigação da FIA a si mesma e ao seu Presidente ter descoberto nada de errado na conduta de Mohammed ben Sulayem (surpresa), e também a queixa criminal de Susie Wolff contra a mesma FIA pela acusação de troca de informações confidenciais de que tinha sido acusada sem fundamento no início deste ano.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2024

Seria de pensar que nada tão dramático quanto a necessidade de substituir um piloto fosse suceder na terceira ronda do campeonato, mas rapidamente se provou que pior que não ter piloto para um carro era ter carro para um piloto.

Alexander Albon destruiu o seu Williams no primeiro treino livre e a equipa britânica foi apanhada em falso, sem nenhum carro de substituição e incapaz de reparar os estragos extensivos. A solução foi James Vowles anunciar que a decisão difícil de retirar o carro de Logan Sargeant para Albon. Sargeant afirmou compreender a decisão, mas também explicou que estava perante o dia mais difícil da sua vida. Uma vez que Albon é, desde 2022, responsável por mais de 85% dos pontos da Williams e que o meio da tabela está em luta renhida por pontos, o paddock compreendeu a lógica.

O piloto tailandês correspondeu em parte em qualificação, colocando-se em 12º, mesmo com Lewis Hamilton (Mercedes) à sua frente, com a Mercedes a voltar a mostrar alguma falta de ritmo. Falta que não parece ser sentida pela cliente McLaren, que voltou a melhorar o seu registo de qualificação de 2024, com Lando Norris em 3º e Oscar Piastri em 5º.

A luta por pole position ficou entre uma Ferrari mais próxima da frente e uma Red Bull que permanece imbatível. Max Verstappen colocou os segundos em pole, ao passo que Carlos Sainz brilhou ao meter a Ferrari na primeira linha apenas duas semanas depois da sua cirurgia. Já Sergio Pérez (Red Bull) tinha sido 3º originalmente mas foi penalizado em 3 lugares na grelha por ter impedido Nico Hülkenberg (Haas) no Q1.

Yuki Tsunoda (RB) foi o grande intruso do Q3, à frente do colega da casa (Daniel Ricciardo) que viu a sua melhor volta anulada por exceder limites de pista. Outro piloto em destaque foi Esteban Ocon (ao passar ao Q2), que parece estar a levar a má forma da equipa de maneira significativamente mais matura que Pierre Gasly.

No dia de corrida existiam grandes expectativas de que fosse possível haver uma surpresa na frente, mas dificilmente o abandono de Verstappen na terceira volta teria estado nas contas de alguém. O neerlandês abandonou com um travão traseiro direito a desintegrar-se a olhos vistos, já depois de ter sido passado por Sainz.

Com uma dinâmica de prova inteiramente diferente, Sainz teve como tarefa principal evitar ser passado nas boxes pelo colega Leclerc, algo que soube fazer mesmo na margem certa, tendo dado a ideia de que era o mais eficaz dos dois Ferrari ao longo de todo o fim-de-semana (o que também foi abordado extensivamente pelos jornalistas, uma vez que continua sem contrato para 2025). Dobradinha Ferrari no final, que os catapulta para ambas as lutas do título.

Norris completou o pódio num dia em que Piastri cometeu alguns erros pequenos mas significativos o suficiente para lhe retirar um pódio caseiro, e em que Pérez (único Red Bull em pista) não mostrou ritmo suficiente para preocupar os carros à sua frente.

A Aston Martin demonstrou ritmo suficiente para que a Mercedes tenha tido um GP em Melbourne extremamente desconfortável. Um abandono por problemas mecânicos de Hamilton causou um Safety Car Virtual, cujo grande beneficiado foi ironicamente Alonso. O espanhol passou para a frente de Russell e lá permaneceu durante a prova toda, culminando com um despiste aparatoso do Mercedes na perseguição. Já após a corrida, Alonso foi penalizado por alegadamente ter causado o acidente com um brake test, algo que categoricamente negou.

Esta penalização promoveu Stroll a 6º e, mais importantemente, Tsunoda a 7º para dar à RB os seus primeiros pontos do ano num fim-de-semana de enorme qualidade do japonês. Também a Haas voltou a mostrar serviço, culminando com uma luta direta de ambos os carros contra Albon que venceram, pontuando tanto Hülkenberg como Magnussen. Isto deixou a Williams sem recompensa pela sua troca de pilotos.

Já a Kick Sauber e a Alpine foram as piores representantes da grelha. A Kick Sauber voltou a ter problemas graves a mudar os pneus nas boxes, enquanto que a Alpine viu Pierre Gasly por duas vezes ser penalizado por cruzar a linha das boxes (um erro francamente amador).

Estes resultados relançam o interesse a um campeonato que tinha começado assustador para os rivais da Red Bull.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Sainz \ 3. Norris \ 4. Leclerc \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Sainz \ 2. Leclerc \ 3. Norris \ 4. Piastri \ 5. Pérez \ 6. Stroll \ 7. Tsunoda \ 8. Alonso \ 9. Hülkenberg \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (51) \ 2. Leclerc (47) \ 3. Pérez (46) \ 4. Sainz (40) \ 5. Piastri (28) —– 1. Red Bull (97) \ 2. Ferrari (93) \ 3. McLaren (55) \ 4. Mercedes (26) \ 5. Aston Martin (25)

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GP Austrália anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Hadjar vence uma, mas levanta dois troféus

De modo a fazer uma cópia da situação de algumas horas antes na F3, a Fórmula 2 viu a sua qualificação interrompida por bandeira vermelha. Desta vez foi Jak Crawford (DAMS), com o recomeço da ação a trazer um Gabriel Bortoleto (Invicta) de faca nos dentes e, no fim, a arriscar em excesso na tentativa. O brasileiro saiu de pista e atrapalhou a volta do colega Kush Maini, que ainda assim conseguiu ir para 1º provisoriamente.

Enzo Fittipaldi (Van Amersfoort) perdeu o carro no muro, mas ainda havia margem para alguns carros acabarem as voltas. Andrea Kimi Antonelli (Prema) roubou a pole position provisório, mas depois Dennis Hauger (MP) chegou e ficou com a definitiva pole, seguido de Antonelli e Richard Verschoor (Trident).

Para o sábado de sprint, a prova começou (e decorreu) em caos constante. Isack Hadjar (Campos) partiu de forma brilhante e conseguiu assumir a dianteira, mas não sem dar um toque valente no colega de equipa (Pepe Martí) que eliminou o outro Campos e um inocente Bortoleto de prova (e trouxe o primeiro Safety Car). O resultado foi que, apesar de ter vencido triunfalmente a prova e de ser ter ouvido “A Marselhesa” no pódio, Hadjar foi penalizado e acabou 6º.

O vencedor da prova foi um esforçado Roman Staněk (Trident) a sair de pole inversa. O checo defendeu-se com unhas e dentes dos rivais mais rápidos durante a prova inteira com sucesso. Tanto sucesso que alguns adversários se atrapalharam e tiveram um incidente bizarro (como Antonelli, Verschoor e Paul Aron [Hitech]).

Ainda houve tempo para um pequeno drama entre colegas MP, com Franco Colapinto a querer a posição de Hauger e a ouvir o engenheiro de pista dizer “se estás rápido, então passa” de forma torta. Hauger não foi passado e até passou Maini de forma brilhante para o 2º lugar. Oliver Bearman (Prema) devia ter somado os primeiros pontos do ano, só que foi penalizado por correr com Joshua Dürkesen (PHM) para fora de pista.

Acabou por não ser um bom dia para os dois pilotos da dobradinha sprint no dia da feature. Staněk despistou-se e foi parar à gravilha na primeira volta, enquanto que Hauger destruiu o carro mais à frente (e causou o segundo SC Virtual, cujo grande beneficiário foi Hadjar). Maini e ambos os DAMS até estiveram nas primeiras posições mesmo até ao final, mas não tinham parado. Logo, Hadjar conseguiu vingar-se da derrota sprint com uma vitória magistral na feature.

Em geral, foi um dia de imensa ação em pista. Dürksen causou o primeiro SC Virtual com o seu abandono, Antonelli e Hauger trocaram posições na frente nas voltas iniciais e Victor Martins recuperou de 21º a 12º logo no princípio.

Destaque ainda para um fim-de-semana de Top 5 para Ritmo Miyata (Rodin), quando a luta pelo título se abriu para pilotos como Aron ou Hauger.

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Qualificação: 1. Hauger \ 2. Antonelli \ 3. Verschoor \ … \ 8. Hadjar \ 9. Bortoleto \ 10. Staněk

Resultado (Sprint): 1. Staněk \ 2. Hauger \ 3. Maini \ 4. Colapinto \ 5. Miyata \ 6. Hadjar \ 7. Martins \ 8. O’Sullivan (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Hadjar \ 2. Aron \ 3. Maloney \ 4. Antonelli \ 5. Miyata \ 6. Verschoor \ 7. Villagómez \ 8. Martins \ 9. Bearman \ 10. Crawford (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Maloney (62) \ 2. Aron (47) \ 3. Hauger (41) \ 4. Hadjar (34) \ 5. Maini (33) —– 1. Rodin (78) \ 2. Campos (60) \ 3. Hitech (57) \ 4. MP (54) \ 5. Invicta (48)

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Corrida anterior: Arábia Saudita 2024 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 7-8

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Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Beganovic em grande

Na primeira qualificação do ano numa verdadeira sexta-feira, a Fórmula 3 viu Leonardo Fornaroli (Trident) conseguir melhorar a sua volta nos segundos finais com um tempo mais rápido que os dois rivais da Prema (Gabriele Minì e Dino Beganovic), alcançando pole position numa sessão marcada pela bandeira vermelha de Sami Meguetounif (Trident). O francês bateu no muro da última curva, destruindo o carro (algo semelhante ao que Piotr Wiśnicki da Rodin também fez com menos gravidade alguns minutos depois).

Para o sprint, a corrida acabou por ser a história dos 3 pilotos que partiram dos 3 primeiros lugares e um intruso. Laurens van Hoepen (ART) partiu de pole inversa e protagonizou a luta inicial com Martinius Stenshorne (Hitech) até o norueguês ter um ligeiro contacto com Christian Mansell (ART), que deixou Mansell com dificuldades no lado esquerdo do carro (vendo-o cair até ao último lugar pontuável).

Stenshorne acabaria por ir fugindo na liderança, onde nas voltas finais foi ameaçado por Arvid Lindblad (Prema) mas sem perder a vitória.

Para a feature, houve um pelotão de líderes claramente definido e composto por Fornaroli, Minì, Beganovic e Browning, que conseguiram acabar uma prova de desgaste rápido de pneus com uma enormidade de vantagem face ao 5º classificado (Charlie Wurz, que, não por acaso, foi o único estreante no Top 10).

Beganovic partiu 3º mas foi passando os rivais, primeiro o colega Minì e depois Fornaroli, até chegar a uma liderança que defendeu com unhas e dentes.

Wurz foi o melhor dos restantes, com Montoya a também se destacar no pelotão que caçava importantes pontos no domingo que até começou de SC (para 3 carros presos na gravilha).

Browning e Fornaroli estão agora empatados no topo, mas Minì e Beganovic estão bem próximos.

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Qualificação: 1. Fornaroli \ 2. Minì \ 3. Beganovic \ … \ 10. Mansell \ 11. Stenshorne \ 12. van Hoepen

Resultado (Sprint): 1. Stenshorne \ 2. Lindblad \ 3. van Hoepen \ 4. Boya \ 5. Goethe \ 6. Minì \ 7. Dunne \ 8. Montoya \ 9. Fornaroli \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Beganovic \ 2. Fornaroli \ 3. Minì \ 4. Browning \ 5. Wurz \ 6. Montoya \ 7. Boya \ 8. Bedrin \ 9. Goethe \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Browning (37) \ 2. Fornaroli (37) \ 3. Minì (32) \ 4. Beganovic (28) \ 5. Lindblad (23) —– 1. Prema (83) \ 2. Trident (60) \ 3. Hitech (47) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (39)

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Corrida anterior: Bahrain 2024 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 5-6





A primeira em 2 anos para Sam Bird – ePrix São Paulo 2024

16 03 2024

Já passaram dois meses desde a última vez que a temporada de 2024 da Fórmula E tinha conhecido um capítulo. O cancelamento de rondas torna ainda mais curioso que o circuito de São Paulo tenha sido um dos sobreviventes a esta tendência, dada a fama da Fórmula E em perder ePrix por todos os lados. Mas, depois de uma primeira edição bem-sucedida, o ePrix de São Paulo retornou.

Tendo já havido uma tentativa de a inaugurar em 2017, esta etapa apenas conseguiu voltar a ver a luz do dia depois do período pandémico. Um contrato de 5 anos e uma utilização da pista antiga da IndyCar em versão curta como cartão de visita para a ronda brasileira do campeonato, em pleno Sambódromo.

A chicane inicial original foi eliminada (um pedido de Lucas di Grassi) de modo a poder garantir uma velocidade de ponta superior no final da reta e criar um ponto de ultrapassagem para os carros na curva de 90º. Todo o circuito é algo atípico para os padrões da categoria, com retas abundantes que tornam mais difícil aos monolugares regenerarem energia.

Na edição inaugural a vitória tinha calhado ao Jaguar de Mitch Evans.

Ronda 4 – ePrix de São Paulo 2024

A quarta ronda do campeonato do mundo de Fórmula E trazia uma oportunidade única para vários pilotos recolocarem a sua temporada no sítio e para algumas equipas retomarem a iniciativa. Os resultados? Mistos.

A pole position de Pascal Wehrlein no seu Porsche até não fugiu muito àquilo a que estamos habituados das primeiras três provas, mas a grande novidade era mesmo que apenas o fez por 2 milésimas de segundo sobre o DS Penske de Stoffel Vandoorne (que bateu o colega de equipa, Jean-Éric Vergne, na meia-final dos duelos). Wehrlein, na sua meia-final, tinha eliminado o Maserati de Maximilian Günther (que já sabia que teria que começar do final da grelha devido a penalizações por troca indevida de componentes).

Já na corrida propriamente dita, António Félix da Costa foi o grande protagonista ao ascender de 8º (tinha sido o melhor dos que não entraram em duelos em qualificação) até 3º no final da segunda volta. Isto transformou-se na liderança quando os dois carros à sua frente ativaram Attack Mode e foram interrompidos por um Safety Car (para pedaços em pista dos carros de Norman Nato e Lucas di Grassi).

No recomeço começou a desenvolver-se uma clara luta dos 5 primeiros num ritmo significativamente superior aos restantes. Sam Bird colocou o seu McLaren na frente, mas a sofrer com o consumo excessivo de liderar e com um certo sobreaquecimento do lado esquerdo do monolugar. Mitch Evans (Jaguar), Jake Dennis (Andretti) e os dois Porsche iam trocando de posição logo atrás, com a situação mais ou menos estável até ao segundo SC (acidente aparatoso de Nick Cassidy pela Jaguar).

Os momentos finais foram de grande tensão. com Evans a assumir a dianteira e os Porsche a começarem a perder ritmo mesmo no fim. Isto significou que Oliver Rowland (que saiu de 11º) conseguiu imiscuir o seu Nissan no pódio, enquanto que Bird fez uma brilhante manobra de volta final para ganhar pela primeira vez em 2 anos.

Os DS Penske não conseguiram evitar a sua perda de performance em corrida, indo parar aos lugares pontuáveis mais baixos; ao passo que Günther foi de último até 9º e Sébastien Buemi (Envision) foi de 18º a 10º.

Mesmo a zeros, Cassidy continua líder de um campeonato em que para já as marcas da Porsche e Jaguar parecem ter concorrência acrescida de Nissan e grupo Stellantis (DS e Maserati).

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Qualificação: 1. Wehrlein \ 2. Vandoorne \ 3. Günther \ 4. Vergne \ 5. Evans (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Bird \ 2. Evans \ 3. Rowland \ 4. Wehrlein \ 5. Dennis \ 6. Félix da Costa \ 7. Vergne \ 8. Vandoorne \ 9. Günther \ 10. Buemi (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Cassidy (57) \ 2. Wehrlein (53) \ 3. Evans (39) \ 4. Vergne (39) \ 5. Dennis (38) —– 1. Jaguar (96) \ 2. Porsche (61) \ 3. DS Penske (57) \ 4. McLaren (55) \ 5. Andretti (47)

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ePrix São Paulo anterior: 2023

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Fonte:
Racing Circuits \ São Paulo





Bearman estreia bem no dia de outra 9ª seguida de Verstappen – GP Arábia Saudita 2024

9 03 2024

O seu princípio pode não ter sido especialmente auspicioso, mas é inegável que o GP da Arábia Saudita está incrivelmente sólido no calendário neste momento. O susto dos terroristas houthis em 2022 ainda poderá assombrar o evento, considerando como a situação no Mar Vermelho tem corrido com a guerra Israel-Hamas, os muros talvez voltem a precisar de ser modificados devido à natureza de alta velocidade do circuito, mas no geral o evento é garantido.

O país do Médio Oriente tem investido em eventos desportivos massivamente nos últimos anos (também o futebol e o golfe têm recebido avultadas somas, por exemplo), numa tentativa de branqueamento de imagem que no caso da F1 tem implicado um estreitamento de laços significativo (patrocínio da categoria, da equipa Aston Martin, fornecimento de combustível,…).

O primeiro desses investimentos foi a construção em tempo recorde do circuito citadino de Jeddah. O projeto de uma pista ao lado do Mar Vermelho viu a luz do dia mesmo a tempo de ser a penúltimo prova de 2021 ao redor do traçado de Jeddah e as suas 27 curvas (a maioria das quais de alta velocidade).

Após um princípio de ano desastroso, a Alpine viu o seu Diretor Técnico (Matt Harman) e Chefe de Aerodinâmica (Dirk de Beer) demitirem-se dos seus cargos, tendo optado mais uma vez por promoções internas para substituí-los. Já Jérôme d’Ambrosio vai passar de liderar a academia de jovens Mercedes para desempenhar funções similares na Ferrari.

Na Red Bull, as coisas parecem ainda longe de acalmar, com os rumores (alimentados pelo próprio) de que Max Verstappen poderia abandonar a equipa se Helmut Marko fosse suspenso a juntarem-se a declarações curiosas de Toto Wolff sobre um eventual interesse no piloto. O CEO da própria Red Bull, Oliver Mintzlaff, surgiu no paddock para ajudar a silenciar rumores da saída de Marko, numa altura em que se torna claro que a investigação Horner parece ter sido a ponta de um icebergue de guerra interna na equipa.

Como se não bastasse, o Presidente da FIA (Mohammed ben Sulayem) está sob investigação interna por alegadamente ter feito pressões ilegais para cancelar uma penalização de Fernando Alonso no GP da Arábia Saudita 2023 e por ter tentado impedir a homologação da pista de Las Vegas no mesmo ano.

Ronda 2 – Grande Prémio da Arábia Saudita 2024

Ainda nem havia ação em pista e já havia um foco numa potencial ausência. Não, não se tratava nem da potencial saída de cena de Christian Horner nem do carrossel do staff técnico da Alpine, mas sim de um Carlos Sainz que se estava a sentir indisposto. O motivo rapidamente se compreendeu, com a equipa a anunciar que o piloto tinha sofrido uma apendicite e que seria substituído durante o resto do fim-de-semana para ter cirurgia.

Surpresa maior se sentiu quando Fréderic Vasseur optou por escolher, pela primeira vez desde os anos 70, um estreante para guiar um Ferrari. Acabado de fazer pole position na Fórmula 2, Oliver Bearman de 18 anos foi chamado para o terceiro treino livre e o restante fim-de-semana. A expectativa era que seria positivo se o britânico ficasse a meio segundo ou menos de Leclerc. E foi precisamente isso que fez, com um 11º lugar que quase o deixou no Q3.

Q3 esse que foi liderado por Max Verstappen pela primeira vez em território saudita, ainda que Leclerc e Fernando Alonso (Aston Martin) tenham ficado bem próximos do seu tempo. Tornou-se claro que Aston Martin e McLaren continuam a conseguir estar até um pouco melhores que a equipa principal Mercedes, enquanto a Alpine apenas conseguiu ficar em 17º e 18º na frente do Williams de Logan Sargeant e do Kick Sauber de Guanyu Zhou (que não fez tempos devido à demora nas reparações depois de ter destruído o carro no último treino livre).

Para (mais) um sábado de corrida, ainda houve uma breve esperança de que na partida alguém pudesse tratar de dar um desafio a Verstappen, mas mais uma vez foi uma partida perfeita do neerlandês, cujo único obstáculo foi ultrapassar um Lando Norris de pneus gastos após um Safety Car. Nem imediatamente atrás chegaram desafios, com o colega Sergio Pérez, mesmo com uma penalização, a ser o perseguidor mais direto para nova dobradinha.

A Ferrari também se estabeleceu firmemente como segunda força do campeonato, com Leclerc ótimo em 3º lugar e Bearman a gerir a pressão da estreia de forma exemplar, conseguindo até ritmo suficiente para segurar os ataques finais de Norris e Hamilton com pneus macios. Não por acaso, o primeiro estreante da Scuderia desde 1972 foi votado Piloto do Dia.

O SC já mencionado foi provocado por Lance Stroll, que tocou o muro, partiu a suspensão e foi parar a outro muro. Durante este período Hamilton, Norris, Nico Hülkenberg e Guanyu Zhou optaram por ser os únicos que não pararam, apostando num eventual segundo SC que nunca veio. Isto complicou as corridas de todos, excepto Hülkenberg que contou com o colega de equipa (Kevin Magnussen) para segurar rivais agressivamente para ter tempo de parar e regressar à pista ainda nos pontos. Com o monopólio que para já as 5 primeiras equipas têm nos pontos, este 10º lugar pode ser muito valioso para os americanos.

Magnussen teve uma prova muito atribulada, recebendo uma penalização por chocar com Alexander Albon e outra por ultrapassar Yuki Tsunoda fora de pista. Oscar Piastri andou perto de Fernando Alonso a prova toda, apesar de Russell ainda ter feito uma aproximação final, enquanto que a RB e Alpine tiveram fins-de-semana para esquecer com ambos os carros.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Pérez \ 4. Alonso \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Piastri \ 5. Alonso \ 6. Russell \ 7. Bearman \ 8. Norris \ 9. Hamilton \ 10. Hülkenberg (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (51) \ 2. Pérez (36) \ 3. Leclerc (28) \ 4. Russell (18) \ 5. Piastri (16) —– 1. Red Bull (87) \ 2. Ferrari (49) \ 3. McLaren (28) \ 4. Mercedes (26) \ 5. Aston Martin (13)

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GP Arábia Saudita anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 3-4) \ Emocionado Fittipaldi vence

O segundo fim-de-semana do ano começou com excelentes auspícios para a Prema, que desta vez pareceu acertar em cheio com o seu setup e viu Oliver Bearman voar até à pole position, num duelo particular com Kush Maini (desta vez não desclassificado por estar baixo demais). Já Pepe Martí ficou frustrado com um 11º lugar que o deixou mesmo de fora da pole inversa, enquanto que o vencedor duplo do Bahrain, Zane Maloney ficou a abanar a cabeça em 16º (tendo que abandonar o carro em pista).

Se a Prema tinha ficado feliz com isto, depressa se viu sem o seu piloto, quando Bearman teve que sacrificar os possíveis pontos de F2 pela sua ascensão à F1 para substituir Sainz na Ferrari.

Com um pequeno atraso no seu começo, após a acidente da F1 no TL3, a corrida sprint da F2 começou com algum caos. Os dois jovens Williams, Franco Colapinto (MP) e Zak O’Sullivan (ART), não conseguiram partir e logo à frente deles Victor Martins (ART) e Dennis Hauger (MP) tiveram um desentendimento que trouxe o Safety Car para a pista (além de no meio disto Andrea Kimi Antonelli (Prema) ter perdido um pedaço de asa.

Antonelli ainda teve que passar um carro atrás do SC (estava demasiado lento), mas conseguiu importantes pontos com uma condução aguerrida. Por esta altura, Richard Verschoor (Trident) passou Paul Aron (Hitech), que tinha partido de pole inversa. Neste momento, houve novo SC breve para a paragem de Amaury Cordeel (Hitech). E ainda um posterior SC Virtual para quando Juan Manuel Correa (DAMS) destruiu a suspensão no muro.

Após o recomeço, Jak Crawford (DAMS) e Zane Maloney (Rodin) tiveram uma excelente disputa por 6º, enquanto que Hauger despachou Isack Hadjar (Campos) para o 2º posto, antes deste abandonar com falha mecânica.

A vitória ficou (provisoriamente) com Verschoor, até este ser desclassificado por razões técnicas (relacionadas com mapeamentos de motor) e a entregar a Hauger.

Para a feature, houve novamente caos no início. Pepe Martí e Roman Staněk ficaram logo eliminados, enquanto que Gabriel Bortoleto ficou fora por problemas mecânicos. As coisas continuaram depois mais ou menos mornas até que os carros foram montando os médios e a corrida esquentou (particularmente no duelo a 3 de Antonelli, Hadjar e Crawford).

A corrida até poderia ter mudado novamente de forma radical com um segundo SC para Franco Colapinto, mas, ao invés, ajudou a que a estratégia “normal” tomasse prevalência. O grande destaque aqui foi Enzo Fittipaldi da Van Amersfoort, com uma brilhante ultrapassagem por fora a dois carros. Depois foi só fugir e deixar os rivais atrás para discutir entre si o pódio. Maini chegou em 2º, seguido de um photo finish entre 3 carros que deixou Dennis Hauger em 3º.

Maloney pontuou em ambas as provas, o que o deixa ainda com uma liderança do campeonato.

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Qualificação: 1. Bearman \ 2. Maini \ 3. Crawford \ … \ 8. Hadjar \ 9. Verschoor \ 10. Aron

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Aron \ 3. Fittipaldi \ 4. Maloney \ 5. Crawford \ 6. Antonelli \ 7. Martí \ 8. Maini (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Fittipaldi \ 2. Maini \ 3. Hauger \ 4. Crawford \ 5. Cordeel \ 6. Antonelli \ 7. Maloney \ 8. Verschoor \ 9. Villagómez \ 10. Aron (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Maloney (47) \ 2. Fittipaldi (32) \ 3. Hauger (31) \ 4. Aron (29) \ 5. Maini (27) —– 1. Rodin (49) \ 2. Invicta (42) \ 3. MP (39) \ 4. Hitech (39) \ 5. Van Amersfoort (34)

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Fontes:
Autosport PT \ Matt Harman e Dirk de Beer demitem-se da Alpine
BBC \ Bearman substitui Sainz
Motorsport \ Ben Sulayem sob investigação
The Guardian \ Verstappen ameaça sair sem Marko





Fuja do sensacional, fique pelos bastidores – Drive to Survive, Temporada 6

9 03 2024

Na estreia da série de bastidores da Fórmula 1, Drive to Survive (um título que fez torcer o nariz a muitos fãs), o interesse que o modelo de documentário dos bastidores da categoria atraiu foi numa escala sem precedentes. É inegável que a crescente popularidade global (com destaque para a norte-americana) da F1 se deveu ao DTS, mas desde o princípio que se tinha notado uma tendência para desconfiança da parte de fãs estabelecidos.

Os rádios mal colocados, os barulhos de motor não condizentes com as imagens que passavam, as inexplicáveis rivalidades sem sentido (alguém se lembra de quando em 2019 tentaram convencer que Carlos Sainz e Daniel Ricciardo?), mostrarem corridas de forma não-sequencial,…

A verdade é que estes “pecados” apenas têm vindo a acentuar-se com o desenrolar das temporadas, os fãs mais antigos têm vindo a ver cada vez menos, e o apelo para novos fãs crescia. Ou assim foi até recentemente. Os 3,85 milhões de espetadores dos primeiros três dias da quinta temporada passaram a 2,9 milhões nesta. Num dos episódios, Alexander Albon sarcasticamente explica como a Netflix prepara um dos seus episódios de regresso de Ricciardo ao ativo, gozando com com a forma espanpanante que a produtora adoptou nos últimos anos. Se Jack Nicholls está ausente dos “comentários falsos”, temos Ben Edwards por vezes a fazer esse papel.

A pergunta que todos os que avaliam a sexta temporada tentam responder: vale a pena?

A resposta algo cobarde mas honesta é que depende daquilo que se queira dela.

Se o objetivo é perceber o que foi a história da luta pelo título ou do ano histórico, pouco ou nada aparece Max Verstappen este ano. A ordem continua tão fora de sequência como sempre. As lutas em pista continuam tão descontextualizadas e com rádios fora de sítio como sempre. Will Buxton continua uma caricatura de si próprio. Danica Patrick é uma adição tão despropositada quanto seria de imaginar. Neste ponto é seguro: não houve melhorias.

Mas há muito em que DTS continua a preencher um vazio: os momentos de bastidores, mesmo quando são tornados quase comicamente direcionados, são sempre interessantíssimos.

O primeiro episódio começa com o staff do lançamento do carro da Aston Martin absolutamente aterrorizado porque Lawrence Stroll está prestes a chegar e ainda há coisas um pouco fora do sítio (e quando chega, até para elogiar o filho Lance, tem uma certa frieza permanente). Depois no segundo episódio focado em Nyck de Vries compreendemos melhor a saída repentina deste, algo arrogante na forma como se compara a Yuki Tsunoda, completamente inadaptado num evento de tiro ao alvo da Red Bull, a importunar um Adrian Newey pouco impressionado.

Vemos as reuniões de patrocinadores McLaren a pressionarem Zak Brown no terrível início McLaren, com o americano desesperado por renovar um cada vez mais sarcástico Lando Norris; vemos as comparações entre a Haas e Williams; vemos um Lewis Hamilton com cada vez menos paciência para ações promocionais Mercedes, agora que a equipa parece fazê-lo sentir-se traído pela falta de performance (como este episódio teria beneficiado de sair mais tarde, após o anúncio Ferrari…); vemos Otmar Szafnauer a insistir que tudo está no bom caminho na Alpine enquanto os seus dois pilotos dizem horrores um do outro para as câmaras, Alan Permane furioso de a equipa não conseguir acompanhar o desenvolvimento de uma Aston Martin, e Bruno Famin a criticar a filosofia de que é só azar o problema da Alpine porque “a má sorte a má performance costumam andar de mão dada”, ironiza.

Um dos melhores episódios é o penúltimo, onde é mostrada a aventura de breves corridas de Liam Lawson na F1, com direito a mostrar o seu percurso, a forma como conseguiu bater as expectativas da AlphaTauri, a dor de cabeça que deu à Red Bull para escolher o alinhamento da sua segunda equipa, os avisos dos pilotos mais experientes sobre o calor de Singapura e a forma como pareceu frustrado com não ser escolhido. DTS no seu melhor.

Houve ainda dois episódios finais sobre a Ferrari e a sua tentativa de usurpar o 2º lugar à Mercedes, que ainda contou com cenas interessantes sobre a forma como Vasseur ficou furioso pela tampa de esgoto de Las Vegas que destruiu o carro de Sainz.

Em geral, são estas cenas de bastidores que fazem com que ver DTS valha a pena, mesmo ao fim de 6 anos de rádios trocadas e comentadores falsos.