Nem vencedor do costume estraga melhor corrida do ano – GP Canadá 2024

9 06 2024

Durante largos anos, o Canadá foi a única corrida norte-americana do calendário e era a grande sede do mercado norte-americano para a categoria. Agora, existem 3 provas nos EUA e até uma no México, retirando ao país o estatuto económico que já teve na F1, mas permanecendo o histórico associado a Montreal.

Nomeado em homenagem ao mais conhecido piloto do país, Gilles Villeneuve, a Íle Notre-Dame no Québec, o circuito tem uma curiosa configuração de longuíssimas retas intercaladas por secções técnicas de média-baixa velocidade. Quando a chuva cai na pista, como em 2011, as probabilidades de assistirmos a GPs de alta qualidade sobem exponencialmente. Mesmo quando não, as corridas costumam valer a pena, tendo sido em Montreal que Lewis Hamilton e Daniel Ricciardo venceram pela primeira vez na F1.

A FOM tem tido em anos recentes a dificuldade de conseguir encaixar no calendário a pista devido ao clima frio da região, que obriga a corrida a ter que suceder algures entre Junho e Agosto (e a deixa sem possibilidade de ser usada em par com uma das dos EUA). Ainda assim, a prova ocorre (com 4 interrupções de um ano cada) desde 1967.

O mercado de pilotos teve 3 grandes atualizações antes do corrida: a renovação por 2 anos de Sergio Pérez com a Red Bull; a renovação de Yuki Tsunoda com a RB; e o anúncio da Alpine de que Esteban Ocon abandonará a equipa no final do ano (sendo que Jack Doohan assumiu o volante no primeiro treino livre do Canadá). Num plano mais técnico, a Sauber anunciou que Stefano Sordo será o novo Diretor de Performance da sua equipa.

Por último, a FIA revelou as novas regras para 2026 que verão os carros terem motores elétricos bem mais potentes no seu híbrido, monolugares mais leves e pequenos, o fim do DRS, asas dianteiras e traseiras móveis (que não serão DRS) em qualquer momento e o uso de energia elétrica para criar um MOM (Manual Override Mode) que facilitará ultrapassagens de forma similar ao atual DRS.

Ronda 9 – Grande Prémio do Canadá 2024

A prevista chuva intermitente de Montreal prometia animar significativamente o fim-de-semana, mas na sua fase inicial apenas levou a pouquíssimos quilómetros de ação em pista nos treinos livres de sexta-feira (e a dois acidentes do Kick Sauber de Guanyu Zhou). Sem poder contar com grandes conclusões sobre os tempos estabelecidos e apenas com o terceiro treino livre para treinar em piso seco, a qualificação seria quase uma lotaria (mesmo em piso seco).

E assim foi. Sergio Pérez, de contrato acabado de renovar pela Red Bull, caiu logo na Q1 pela segunda corrida seguida. A Ferrari, por motivos incompreensíveis, simplesmente não tinha carro acertado para o GP do Canadá e ficou de fora do Q3. Também Max Verstappen parecia menos capaz que o usual, mostrando uma Red Bull de pé atrás com as condições.

Quem capitalizou não foi apenas a McLaren, como em provas recentes, mas também a própria Mercedes. George Russell pareceu estar em forma e estabeleceu o tempo mais rápido de todos, que acabaria por ser à milésima de segundo igual ao que Verstappen conseguiria depois. Por ter feito antes, pole position para Russell (a segunda da carreira).

Na corrida caseira de Lance Stroll, a Aston Martin conseguiu recuperar alguma da sua forma para colocar ambos os carros no Q3, acompanhada nessa tendência por uma RB que continua a ganhar ritmo (e com Daniel Ricciardo em 5º). Alexander Albon (Williams) também soube chegar aos 10 primeiros, em parte graças à queda Ferrari, mas também o seu colega de equipa atingiu o Q2.

Para o dia de corrida, o regresso da chuva. Todos os pilotos começaram de intermédios, com a exceção dos Haas (que foram para os de chuva intensa). Pierre Gasly (Alpine) envolveu-se num pequeno incidente com Pérez, mas de resto foi uma partida sem grandes percalsos. Um pequeno intensificar da chuva transformou as primeiras 15 voltas num show da Haas, que viu Kevin Magnussen chegar a 4º lugar com boas ultrapassagens, mas a pista começou a secar e forçou a paragem nas boxes. Se tivesse corrido bem, teria deixado o dinamarquês de intermédios frescos perto do fundo do Top 10 e pronto para a luta. Mas não correu nada bem, mesmo sendo uma paragem premeditada e foi o fim das aspirações da Haas.

O piso mais seco teve outro efeito secundário: foi tornando Lando Norris (McLaren) cada vez mais rápido a ponto de conseguir ultrapassar Verstappen e Russell (que também foi passado pelo Red Bull na manobra). Depois foi ver Norris fugir a mais de 1 segundo por volta. Estaria tudo bem encaminhado não fosse um segundo despiste de Logan Sargeant (Williams) deixá-lo parado em pista e provocar o Safety Car num timing terrível. Os rivais de Norris pararam, enquanto o inglês teve que esperar mais uma volta atrás do SC, caindo outra vez para 3º.

A chuva regressou em parte para voltar a molhar o asfalto e só secou várias voltas depois, iniciando as paragens para pneus médios. A maior parte dos pilotos foram parando, mas Norris arriscou mais umas voltas em ataque máximo antes de parar. A estratégia quase funcionou, mas por margem mínima (e devido à saída das boxes estar encharcada) não conseguiu adiantar-se a Verstappen. Depois, em piso seco e pneus secos, foi impossível ir caçar o Red Bull.

Um SC por cause de um incidente, em que Carlos Sainz (Ferrari) se despistou e levou Albon consigo (misturado a um despiste terminal para Pérez), ainda deu à Mercedes a hipótese de parar nas boxes para pneus frescos e um ataque final ao pódio, com Russell a assumir esse lugar final (mas bastante furioso com aquilo que acreditou ser a sua inconsistência).

Lewis Hamilton (Mercedes) chegou em 4º, mas desalentado com a sua performance face ao colega de equipa. Seguiram-se Oscar Piastri (McLaren) e os dois Aston Martin em provas boas mas anónimas. Albon tinha estado a ter uma prova brilhante para o 8º lugar quando abandonou, promovendo Ricciardo a 8º (depois de ter estado sob investigação por partida saltada) na frente de dois Alpine que conseguiram pontos preciosos.

Os franceses ainda tiveram uma pequena discussão interna, depois da equipa ter dado a Esteban Ocon uma ordem de equipa para ceder o seu 9º lugar a Pierre Gasly. Charles Leclerc (Ferrari) teve problemas graves de motor a corrida inteira e acabou por concluir um abandono duplo para a Scuderia. Yuki Tsunoda (RB) até andou bem a prova quase toda nos pontos, só que perdeu controlo no final da prova e deitou tudo a perder.

Nem 5 abandonos valeram à Haas ou Kick Sauber pontos em Montreal.

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Qualificação: 1. Russell \ 2. Verstappen \ 3. Norris \ 4. Piastri \ 5. Ricciardo (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Russell \ 4. Hamilton \ 5. Piastri \ 6. Alonso \ 7. Stroll \ 8. Ricciardo \ 9. Gasly \ 10. Ocon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (194) \ 2. Leclerc (138) \ 3. Norris (131) \ 4. Sainz (108) \ 5. Pérez (107) —– 1. Red Bull (301) \ 2. Ferrari (252) \ 3. McLaren (212) \ 4. Mercedes (124) \ 5. Aston Martin (58)

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Corrida anterior: GP Mónaco 2024
Corrida seguinte: GP Espanha 2024

GP Canadá anterior: 2023

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Fontes:
BBC \ Novas regras reveladas pela FIA para 2026
F1 \ Ocon abandona Alpine no final do ano
Motors Inside \ Tsunoda renova com RB
Sauber \ Stefano Sordo junta-se à Sauber
Sky Sports \ Pérez renova com Red Bull





Acabou o azar caseiro, Leclerc vence – GP Mónaco 2024

26 05 2024

A maioria das pistas utilizadas pela Fórmula 1 na sua primeira temporada, em 1950, nunca conseguiriam obter a aprovação para integrar o calendário atualmente. Com uma importante excepção: o circuito citadino de Monte-Carlo. Sede de corridas de automóveis desde 1929, o principado conservou um percurso essencialmente idêntico ao da primeira edição do GP do Mónaco mas com verdadeiras barreiras de segurança ao invés de fardos de feno (ou mesmo nada a proteger de uma queda para as águas do Mediterrâneo em certas zonas).

A natureza travada da pista, e a consequente ausência de ultrapassagens nos domingos, têm gerado bastantes críticas relativa à sua utilização, ainda que os até os seus piores detratores concedam que poucas coisas na F1 conseguem igualar o entusiasmo gerado por uma sessão de qualificação no circuito (quando os pilotos são obrigados a negociar muros bem próximos a velocidades estonteantes). Mas continuam a haver razões sob a forma de curvas, com nomes como Sainte Devote, Massenet ou Tabac.

Território de caça bom para a Red Bull, até mesmo nos tempos de domínio Mercedes, o circuito citadino era uma incógnita para 2024, uma vez que o perfil dos austríacos em anos recentes tinha-se modificado para alta velocidade ao invés de baixa e os rivais estarem mais próximos que o usual. Max Verstappen era o vencedor mais recente, mas também Sergio Pérez tinha vencido em 2022.

Numa altura em que Mario Andretti tem vindo a espalhar que alegadamente o CEO da Liberty Media o terá informado que nunca estará na grelha de partida da F1 (devido à investigação do Congresso dos EUA), a marca americana continua as suas preparações: contratou Pat Symonds como seu Consultor Executivo de Engenharia.

Destaque ainda para a pintura especial de Mónaco que a McLaren apresentou, amarela e verde em homenagem a Ayrton Senna.

Ronda 8 – Grande Prémio do Mónaco 2024

Os avisos da Red Bull de que esperava uma vida mais difícil em Monte-Carlo foram largamente ignorados, mas à medida que se viu Max Verstappen a ter dificuldades visíveis em manter-se fora dos muros nos treinos livres o paddock foi acreditando cada vez mais que os austríacos eram possíveis de bater.

O Q1 mostrou aquilo que uma grelha separada por apenas 1 segundo pode trazer de melhor: forçou todos os pilotos a estarem constantemente em pista a melhorar os seus tempos, uma vez que qualquer um podia ser eliminado. A prova foi que Sergio Pérez (Red Bull) e Fernando Alonso (Aston Martin) caíram nesta sessão.

O Q2 veio clarificar a ordem das equipas, tornando-se óbvio que a McLaren e Ferrari estavam em luta pela pole position, que a Mercedes não estava tão adiantada como se esperava e que apenas Verstappen estava a manter a Red Bull na conversa. A Alpine, nos outros circuitos com dificuldade em sair do Q1, viu Esteban Ocon qualificar-se 11º e Pierre Gasly atingir o Q3 (com um urro de felicidade pelo rádio).

Chegados ao Q3, os pilotos deram o tudo por tudo, acabando por ser Charles Leclerc (Ferrari) a fazer a sua terceira pole caseira, mas a evitar celebrar efusivamente. Em primeiro lugar porque Oscar Piastri (McLaren) ficou bem perto de estragar-lhe a festa (o que teria sido especialmente engraçado, dada uma piada entre os dois pilotos sobre o australiano ser um “monegasco adoptivo”), e em segundo lugar porque nas duas últimas poles do Mónaco Leclerc passou domingos terríveis.

Verstappen ficou em 6º entre os Mercedes, depois de uma batida no muro na primeira curva; Yuki Tsunoda (RB) ficou em 8º e vai colocando pressão na Red Bull sobre o segundo carro para 2025; Alexander Albon (Williams) fez um excelente trabalho para colocar-se em 9º, ouvindo os parabéns de James Vowles pelo rádio no meio de um barulho de aplausos da garagem da equipa.

Os pilotos em geral mereceram um aplauso: nenhuma interrupção por acidente ao longo de toda a sessão. Mas não havia motivo para “preocupações”: estavam a guardar-se para os três diferentes incidentes da primeira volta do dia de corrida.

Primeiro, foi Sainz que atacou por dentro Piastri e furou o pneu dianteiro esquerdo (e dando ao australiano danos no chão do McLaren). Depois, a maior de todas com Pérez a espremer Kevin Magnussen (Haas) contra o muro na subida da colina e a destruir por completo o seu Red Bull e ambos os Haas no processo. Por último, uma arriscada ultrapassagem de Esteban Ocon ao colega Gasly deu contacto forte entre ambos na entrada do túnel.

A bandeira vermelha saiu, com direito a anular a perda de posições de Sainz (que voltou a partir de 3º), a ver a Alpine atribuir as culpas do incidente entre os seus pilotos inteiramente a Ocon, e com a possibilidade para todos de fazer a sua troca obrigatório de pneus logo aí.

Isto na prática deixou todos a não parar durante as 77 voltas, eliminando a componente tática de uma corrida que dificilmente teria ultrapassagens. Assim, o principal elemento de estratégia foi a gestão das margens para fazer paragens “gratuitas” entre os diferentes pelotões. George Russell (Mercedes) teve sempre o cuidado de impedir Norris de ficar a mais de 20 segundos de si (para grande irritação do engenheiro de pista de Verstappen) e na única ocasião em que a margem aí ascendeu, Sainz tratou logo de abrandar o suficiente para que caísse novamente para 17 segundos (para que Norris não conseguisse o undercut).

A prova de que o pelotão fazia uma corrida a evitar a velocidade foi que quando Valtteri Bottas (Kick Sauber) parou no início foi imediatamente o mais rápido em pista, apesar de ter o carro mais lento…

Alonso até criou um bom espaço para o colega Stroll parar, mas o canadiano tratou logo de furar no muro e acabou com a corrida da Aston Martin; Lewis Hamilton parou para tentar forçar a mão de Verstappen, só que o neerlandês limitou-se a copiá-lo e neutralizou essa ameaça.

Assim, nada impediu Leclerc de vencer o seu GP caseiro, com evidente emoção sua e do Príncipe do Mónaco (com direito a abraço), numa corrida em que o piloto até brincou com o seu engenheiro de pista, perguntando se queria saber quão mais rápido queria ir perante a recusa de Bozzi (que não queria que os rivais tivessem essa informação).

O monegasco está a uns respeitáveis 31 pontos da liderança do campeonato, com a Ferrari a aproximar-se da Red Bull nos construtores (24 pontos agora), a Alpine a conseguir pela segunda vez um ponto e a Williams a pontuar pela primeira vez em 2024 (deixando a Kick Sauber como única a zeros).

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Piastri \ 3. Sainz \ 4. Norris \ 5. Russell (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Leclerc \ 2. Piastri \ 3. Sainz \ 4. Norris \ 5. Russell \ 6. Verstappen \ 7. Hamilton \ 8. Tsunoda \ 9. Albon \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (169) \ 2. Leclerc (138) \ 3. Norris (113) \ 4. Sainz (108) \ 5. Pérez (107) —– 1. Red Bull (276) \ 2. Ferrari (252) \ 3. McLaren (184) \ 4. Mercedes (96) \ 5. Aston Martin (44)

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Corrida seguinte: GP Canadá 2024

GP Mónaco anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 9-10) \ Fúria de Hadjar com triunfo inesperado de O’Sullivan

No sprint da F2 assistiu-se menos a uma corrida e mais a uma ronda de sobrevivência. Os acidentes foram vários, sem gravidade física, mas com consequências de Safety Car constantes. Primeiro foi logo na primeira curva quando Victor Martins (ART) acabou no muro após toque de Jak Crawford (DAMS). O SC chegou e passado poucas voltas estava de volta para Pepe Martí (Campos) que bateu sozinho. Depois foram os detritos de Richard Verschoor (Trident) após contacto de Joshua Dürksen (PHM), que valeu ao último 10 segundos de penalização.

O mais grave foi quando Zane Maloney (Rodin) fez um pião após contacto na Rascasse e bloqueou o caminho juntamente com Kush Maini (Invicta), o que parou a corrida com bandeira vermelha antes de um recomeço de partida lançada. Antes disso já Oliver Bearman (Prema) tinha batido forte na última curva, danificando a direção até ao fim da corrida.

Em termos de corrida propriamente dita, Taylor Barnard (PHM), depois de ter corrido bem na Fórmula E pela McLaren, deu a primeira vitória à equipa alemã na categoria, liderando até ao fim e vencendo Gabriel Bortoleto (Invicta) e Dennis Hauger (MP), depois de nem haverem alterações da grelha para a bandeira de xadrez.

A feature acabaria por trazer emoções fortes, condicionada por uma qualificação dividida em que Isack Hadjar (Campos) se tinha colocado em 3º na grelha (e mostrando brilhantes reflexos para evitar um Ritomo Miyata (Rodin) lento no túnel. Assim, ficou Richard Verschoor (Trident) em pole position em Monte-Carlo enquanto observava a segunda parte das boxes. Oliver Bearman (Prema), Juan Manuel Correa (DAMS) e Maini foram penalizados em 3 lugares por bloqueios.

Na corrida principal Verschoor ficou de rastos ao sofrer problemas mecânicos que o impediram de conseguir lutar pela vitória, atirando o volante ainda antes do carro parar nas boxes para abandonar, e deixando Hadjar e Paul Aron (Hitech) em luta pela vitória depois da primeira ronda de paragens nas boxes.

Alguns resistentes foram arriscando a estratégia inversa, mas um por um foram desistindo até a duas voltas do fim quando apenas Zak O’Sullivan (ART) estava ainda por parar, tendo partido 15º. Foi aí que Dürksen saiu das boxes e não viu Maloney e abalroou-o e abandonou. O SC Virtual saiu e O’Sullivan mudou de pneus, saíndo no 1º lugar que segurou até ao fim, perante a fúria completa de Hadjar (a quem fugia assim uma vitória tranquila no Principado).

Bearman finalmente pontuou em grande, com direito a uma excelente luta com o colega de equipa quando ele saiu das boxes e acabando em 4º. Logo à sua frente chegou Aron, que lidera o campeonato mesmo sem vitórias; e logo atrás chegaram outros dois pilotos que tentaram a estratégia inversa: Correa e o MP de Dennis Hauger.

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Qualificação: 1. Verschoor \ 2. Martins \ 3. Hadjar \ … \ 8. Hauger \ 9. Bortoleto \ 10. Barnard

Resultado (Sprint): 1. Barnard \ 2. Bortoleto \ 3. Hauger \ 4. Antonelli \ 5. Colapinto \ 6. Staněk \ 7. Aron \ 8. Hadjar (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. O’Sullivan \ 2. Hadjar \ 3. Aron \ 4. Bearman \ 5. Correa \ 6. Hauger \ 7. Antonelli \ 8. Bortoleto \ 9. Martins \ 10. Maloney (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Aron (80) \ 2. Hadjar (78) \ 3. Maloney (69) \ 4. Hauger (56) \ 5. Bortoleto (50) —– 1. Campos (104) \ 2. Hitech (95) \ 3. MP (94) \ 4. Rodin (85) \ 5. Invicta (84)

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Corrida anterior: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 7-8
Corrida seguinte: Espanha 2024 \ Rondas 11-12

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Fórmula 3 (Rondas 7-8) \ Minì repete a vitória de 2023

De qualificação dividida em dois para evitar o caos de 30 carros a tentar arranjar espaço em Monte-Carlo, a F3 teve uma sessão interessantíssima, com a primeira metade a ver Luke Browning (Hitech) terminar a sua volta decisiva no muro e Gabriele Minì (Prema) a conseguir a sua pole position. Já na segunda metade Dino Beganovic (Prema) ficou furioso ao ver a sua volta interrompida nos metros finais pela bandeira vermelha de Charlie Wurz (Jenzer).

Nikola Tsolov (ART) conseguiu assim a pole inversa e a partir do momento que partiu bem fugiu com a vitória de forma fácil. Atrás dele, o colega Laurens van Hoepen perdeu posição na partida para Tim Tramnitz (MP) e não voltou a recuperar, se bem que a ação verdadeira ocorreu mais atrás quando Arvid Lindblad (Prema) foi largo depois da subida e provocou um acidente que eliminou 5 carros e deu azo a uma bandeira vermelha.

Daí para a frente pouco aconteceu, tirando um Safety Car para um acidente entre Kacper Sztuka (MP) e Sophia Flörsch (Van Amersfoort), além de Sami Meguetounif (Trident) ter parado na entrada das boxes, uma vez que Mónaco cumpriu o seu papel de ausência de ultrapassagens.

Já na corrida feature as ultrapassagens acabaram por ser nulas, até porque sempre que alguém as tentava acabava por criar um SC. Foi Charlie Wurz (Jenzer) nas primeiras voltas, Meguetounif mais perto do fim (e a criar um bloqueio de pista, depois de bater no muro quando Tsolov e León bateram), e van Hoepen nas voltas finais (quando tentou fazer uma ultrapassagem por fora num rival na Tabac).

Logo, nada impediu o pole Minì de vencer em Monte-Carlo tal como já tinha feito em 2023. O italiano foi acompanhado no pódio por Christian Mansell (ART) e o anterior líder do campeonato (Browning). Destaque ainda para a estreia de James Hedley na categoria pela Jenzer (a substituir um Matías Zagazeta com apendicite), tendo terminado 22º na feature.

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Qualificação: 1. Minì \ 2. Mansell \ 3. Browning \ … \ 10. Tramnitz \ 11. Van Hoepen \ 12. Tsolov

Resultado (Sprint): 1. Tsolov \ 2. Tramnitz \ 3. Van Hoepen \ 4. León \ 5. Loake \ 6. Boya \ 7. Beganovic \ 8. Browning \ 9. Fornaroli \ 10. Goethe (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Minì \ 2. Mansell \ 3. Browning \ 4. Lindblad \ 5. Fornaroli \ 6. Beganovic \ 7. Boya \ 8. Tramnitz \ 9. Loake \ 10. Goethe (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Minì (72) \ 2. Browning (68) \ 3. Fornaroli (64) \ 4. Beganovic (58) \ 5. Lindblad (44) —– 1. Prema (174) \ 2. Trident (119) \ 3. ART (85) \ 4. Campos (85) \ 5. Hitech (78)

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Corrida anterior: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 5-6
Corrida seguinte: Espanha 2024 \ Rondas 9-10

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Fontes:
Autosport PT \ Andretti assina com Pat Symonds
CarScoops \ Pintura especial Senna da McLaren para Mónaco
F3 \ Hedley substitui adoentado Zagazeta





A merecida primeira de Norris – GP Miami 2024

6 05 2024

Ainda o paddock não se tinha habituado bem à presença de Miami como segunda corrida americana do calendário quando surgiu uma terceira em Las Vegas, o que, pelo menos a curto prazo, parece ter feito o muitos esquecerem as dificuldades associadas a montar pela primeira vez uma corrida no Estado da Florida. Foram anos de negociações, para a escolha do local, até se chegar ao traçado semi-citadino ao redor do Hard Rock Stadium.

Sim, foi relativamente fácil de fazer pouco dos organizadores quando se viu o pequeno “lago” interior, que não passava de contraplacado impresso para imitar água e onde iates foram colocados para fãs endinheirados verem a prova, mas a verdade é que o post mortem das duas primeiras edições apenas suportou a teoria de que os norte-americanos estão com um apetite voraz por F1.

Tendo já recebido em 2015 uma ronda de Fórmula E, a capital do estado da Florida apresentou um traçado bem diferente nesta oportunidade, seguindo o modelo padrão de Jeddah (e outras adições recentes ao calendário) de retas grandes, chicanes técnicas e curvas de alta velocidade (de modo a aumentar a média de velocidade por volta).

Nas duas semanas entre corridas as novidades a nível de pessoal na F1 foram significativas. Adrian Newey e a Red Bull anunciaram que o seu vínculo terminará no início de 2025, restando ainda saber se o famoso projetista se prepara para rumar a outra estrutura ou fazer um período sabático (com Ferrari e Aston Martin muito interessadas); Nico Hülkenberg tornou-se o primeiro dominó a cair no plano da Audi, ao anunciar que irá pilotar pela Sauber a partir de 2025; e David Sanchez, depois de uma brevíssima passagem pela McLaren terminada por comum acordo, será o novo Diretor Técnico Executivo da Alpine.

Destaque ainda para o facto de a Ferrari ter anunciado a HP como novo patrocinador principal e para os desenvolvimentos na Andretti. Os americanos continuam a avançar com as suas instalações e prometeram criar estruturas de F2 e F3 (ao que Bruno Michel já fez saber que só se comprarem estruturas atuais). E ainda nem se viu em que vai dar a carta ameaçadora que Membros do Congresso dos EUA enviaram à FOM sobre a rejeição da entrada da Andretti…

A Alpine trouxe atualizações relativas ao peso do carro que permitiram aos franceses colocarem-se muito perto do peso mínimo obrigatório pela primeira vez em 2024, ao passo que a McLaren trouxe uma lista interminável de atualizações que esperavam permitir-lhes dar um salto decisivo na aproximação à Red Bull.

Ronda 6 – Grande Prémio de Miami 2024

Com alguma preocupação dos pilotos quanto aos níveis de aderência que poderiam esperar do circuito de Miami, a sessão de qualificação para o sprint começou com um Valtteri Bottas (Kick Sauber) muito distraído a quase provocar um acidente na primeira curva com Oscar Piastri (McLaren). Ambos escaparam, mas Bottas ficou logo pelo caminho no Q1.

Já no Q2, foram os dois Mercedes a ficar fora de combate, cortesia de duas brilhantes qualificações de Daniel Ricciardo (RB) e Nico Hülkenberg (Haas). Ricciardo foi particularmente impressionante ao terminar 4º. Já Lando Norris (McLaren) parecia ter tudo para, no seu carro cheio de atualizações, fazer pole position mas falhou por completo o primeiro setor e ficou fora dos 5 primeiros.

No dia seguinte, Norris também duraria muito pouco. Quando Lewis Hamilton (Mercedes) se atirou para o interior na primeira curva, Fernando Alonso (Aston Martin) reagiu de instinto e bateu no seu colega de equipa (Lance Stroll), que por sua vez acertou em Norris. Assim, Norris e Stroll ficaram logo fora de combate e o Safety Car entrou em pista, com ambos os Haas a aproveitarem o caos para se colocarem em 7º e 8º lugares.

Max Verstappen (Red Bull) foi agressivo na partida e segurou o avanço de Charles Leclerc (Ferrari), a partir daí gerindo as distâncias para o rival, ainda que com menos segurança que o usual. O piloto neerlandês queixou-se dos pneus traseiros e Leclerc conseguiu manter a distância sempre abaixo dos 3 segundos. Ricciardo passou Sergio Pérez (Red Bull) brevemente, mas fez melhor defesa contra Carlos Sainz (Ferrari) e somou os primeiros pontos do ano.

Para mais ação, foi preciso recuar até ao 8º posto, onde Kevin Magnussen (Haas) foi penalizado umas incríveis 3 vezes em 10 segundos por ofensas várias (desde sair de pista e ganhar vantagem até defesas demasiado agressivas a Hamilton). Hamilton acabaria passado por Yuki Tsunoda (RB) na confusão, recuperando a posição depois na última volta de forma corajosa (e para nada, uma vez que foi penalizado por exceder a velocidade máxima no pitlane).

Na qualificação da verdadeira corrida, impedimentos eram a palavra do dia. Quase todos na grelha se queixaram de ter as suas tentativas impedidas na qualificação, mas os comissários tiveram mão leve sobre quase todos. Ainda que valha a pena destacar que Magnussen (19º) foi particularmente tramado na antepenúltima curva…

As atualizações da Alpine relativamente ao peso mínimo pareceram surtir efeito, com ambos os carros a passarem ao Q2 pela primeira vez em 2024, ao passo que a Aston Martin caiu de rendimento e ficou com os franceses na segunda sessão. Os beneficiados foram os dois Mercedes, que receberam a companhia de Hülkenberg (sempre ele) e Tsunoda no Q3.

A ordem aqui não foi muito diferente da qualificação que tivera lugar na sexta-feira, com Verstappen e Leclerc a bloquearem a primeira linha da grelha, mas com Sainz a conseguir levar a melhor sobre Pérez na segunda fila.

Na partida de domingo houve espaço para dinâmicas de “combate” interessantes, principalmente com um início terrível de Pérez, que queimou a travagem da primeira curva e quase colheu o seu líder de equipa. Quem aproveitou a confusão espalhada foi Piastri, que ascendeu várias posições até estar colado à traseira de Leclerc (que também passou para subir a 2º).

Pérez acabaria por ser o primeiro dos líderes a parar nas boxes, por volta da altura da corrida em que Hamilton parecia entretido nas suas lutas Hülkenberg e Tsunoda. Um por um os principais pilotos estavam a mudar para os pneus mais duros da Pirelli, até sobrar apenas Norris por parar. Só que havia um detalhe importante: o inglês continuava a ganhar tempo a todos em pista a partir do momento que se viu com pista livre, reforçando a ideia de que a Red Bull parara antes de tempo. Outro detalhe interessante já tinha sido o facto de Piastri nunca ter deixado Verstappen fugir para mais de 3 segundos de distância.

Estava no ar a ideia que o McLaren poderia ser um rival à altura do Red Bull quando Logan Sargeant (Williams) ignorou a presença de Magnussen no seu interior e causou um acidente que o eliminou de prova (os comissários discordam desta análise) e o SC fez a sua aparição. A McLaren imediatamente parou nas boxes com Norris, que conservou o comando da corrida.

No recomeço é difícil saber de quem terá sido o maior choque ao ver Norris afastar-se lenta mas decididamente de Verstappen. Daí até ao fim não houve um único erro que impedisse o piloto da McLaren de vencer pela primeira vez na categoria, e devolver a Nick Heidfeld o recorde de maior número de pódios sem vitórias na F1. Os Ferrari não estiveram nada longe de Verstappen, mas pareceu ainda faltar qualquer coisa para verdadeiramente ameaçarem.

Sainz envolveu-se numa azeda disputa com Piastri, que culminou numa asa partida para o australiano. Depois de parar nas boxes e trocar de asa, o piloto foi avisado pela McLaren para não arriscar nas ultrapassagens para não causar um SC que desse problemas a Norris.

Pérez pareceu sempre sem ritmo ao longo da corrida e teve dificuldades em segurar Hamilton (que pareceu o mais à vontade que já esteve o ano todo, passando por fora Tsunoda). A RB sumou novamente pontos, cortesia de um sólido Tsunoda, enquanto que a Aston Martin conseguiu evitar sair a zeros de Miami graças a Alonso, que foi ultrapassando rivais até ao 9º lugar.

A Alpine também ficou satisfeita com as suas atualizações, com Esteban Ocon a acabar com o jejum de pontos da equipa ao lutar com unhas e dentes pelo seu 10º lugar (um justo prémio). Apenas Kick Sauber e Williams continuam a zeros em 2024.

ATUALIZAÇÃO 06/05 – A investigação ao incidente Piastri-Sainz deu origem a uma penalização de 5 segundos para Sainz, que o fez perder uma posição.

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Quali Sprint: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Pérez \ 4. Ricciardo \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Sprint: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Pérez \ 4. Ricciardo \ 5. Sainz \ 6. Piastri \ 7. Hülkenberg \ 8. Tsunoda (Ver melhores momentos)

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Sainz \ 4. Pérez \ 5. Norris (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Norris \ 2. Verstappen \ 3. Leclerc \ 4. Pérez \ 5. Sainz \ 6. Hamilton \ 7. Tsunoda \ 8. Russell \ 9. Alonso \ 10. Ocon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (136) \ 2. Pérez (103) \ 3. Leclerc (98) \ 4. Norris (83) \ 5. Sainz (83) —– 1. Red Bull (239) \ 2. Ferrari (187) \ 3. McLaren (124) \ 4. Mercedes (64) \ 5. Aston Martin (42)

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Corrida anterior: GP China 2024
Corrida seguinte: GP Emilia Romagna 2024

GP Miami anterior: 2023

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Fontes:
Autosport PT \ Alpine anuncia David Sanchez como Diretor Técnico Executivo
Grande Prêmio \ F2 e F3 descartam Andretti
HP \ Ferrari anuncia patrocínio HP
Motorsport \ Sauber anuncia Hülkenberg
Red Bull \ Adrian Newey abandona Red Bull





Bearman estreia bem no dia de outra 9ª seguida de Verstappen – GP Arábia Saudita 2024

9 03 2024

O seu princípio pode não ter sido especialmente auspicioso, mas é inegável que o GP da Arábia Saudita está incrivelmente sólido no calendário neste momento. O susto dos terroristas houthis em 2022 ainda poderá assombrar o evento, considerando como a situação no Mar Vermelho tem corrido com a guerra Israel-Hamas, os muros talvez voltem a precisar de ser modificados devido à natureza de alta velocidade do circuito, mas no geral o evento é garantido.

O país do Médio Oriente tem investido em eventos desportivos massivamente nos últimos anos (também o futebol e o golfe têm recebido avultadas somas, por exemplo), numa tentativa de branqueamento de imagem que no caso da F1 tem implicado um estreitamento de laços significativo (patrocínio da categoria, da equipa Aston Martin, fornecimento de combustível,…).

O primeiro desses investimentos foi a construção em tempo recorde do circuito citadino de Jeddah. O projeto de uma pista ao lado do Mar Vermelho viu a luz do dia mesmo a tempo de ser a penúltimo prova de 2021 ao redor do traçado de Jeddah e as suas 27 curvas (a maioria das quais de alta velocidade).

Após um princípio de ano desastroso, a Alpine viu o seu Diretor Técnico (Matt Harman) e Chefe de Aerodinâmica (Dirk de Beer) demitirem-se dos seus cargos, tendo optado mais uma vez por promoções internas para substituí-los. Já Jérôme d’Ambrosio vai passar de liderar a academia de jovens Mercedes para desempenhar funções similares na Ferrari.

Na Red Bull, as coisas parecem ainda longe de acalmar, com os rumores (alimentados pelo próprio) de que Max Verstappen poderia abandonar a equipa se Helmut Marko fosse suspenso a juntarem-se a declarações curiosas de Toto Wolff sobre um eventual interesse no piloto. O CEO da própria Red Bull, Oliver Mintzlaff, surgiu no paddock para ajudar a silenciar rumores da saída de Marko, numa altura em que se torna claro que a investigação Horner parece ter sido a ponta de um icebergue de guerra interna na equipa.

Como se não bastasse, o Presidente da FIA (Mohammed ben Sulayem) está sob investigação interna por alegadamente ter feito pressões ilegais para cancelar uma penalização de Fernando Alonso no GP da Arábia Saudita 2023 e por ter tentado impedir a homologação da pista de Las Vegas no mesmo ano.

Ronda 2 – Grande Prémio da Arábia Saudita 2024

Ainda nem havia ação em pista e já havia um foco numa potencial ausência. Não, não se tratava nem da potencial saída de cena de Christian Horner nem do carrossel do staff técnico da Alpine, mas sim de um Carlos Sainz que se estava a sentir indisposto. O motivo rapidamente se compreendeu, com a equipa a anunciar que o piloto tinha sofrido uma apendicite e que seria substituído durante o resto do fim-de-semana para ter cirurgia.

Surpresa maior se sentiu quando Fréderic Vasseur optou por escolher, pela primeira vez desde os anos 70, um estreante para guiar um Ferrari. Acabado de fazer pole position na Fórmula 2, Oliver Bearman de 18 anos foi chamado para o terceiro treino livre e o restante fim-de-semana. A expectativa era que seria positivo se o britânico ficasse a meio segundo ou menos de Leclerc. E foi precisamente isso que fez, com um 11º lugar que quase o deixou no Q3.

Q3 esse que foi liderado por Max Verstappen pela primeira vez em território saudita, ainda que Leclerc e Fernando Alonso (Aston Martin) tenham ficado bem próximos do seu tempo. Tornou-se claro que Aston Martin e McLaren continuam a conseguir estar até um pouco melhores que a equipa principal Mercedes, enquanto a Alpine apenas conseguiu ficar em 17º e 18º na frente do Williams de Logan Sargeant e do Kick Sauber de Guanyu Zhou (que não fez tempos devido à demora nas reparações depois de ter destruído o carro no último treino livre).

Para (mais) um sábado de corrida, ainda houve uma breve esperança de que na partida alguém pudesse tratar de dar um desafio a Verstappen, mas mais uma vez foi uma partida perfeita do neerlandês, cujo único obstáculo foi ultrapassar um Lando Norris de pneus gastos após um Safety Car. Nem imediatamente atrás chegaram desafios, com o colega Sergio Pérez, mesmo com uma penalização, a ser o perseguidor mais direto para nova dobradinha.

A Ferrari também se estabeleceu firmemente como segunda força do campeonato, com Leclerc ótimo em 3º lugar e Bearman a gerir a pressão da estreia de forma exemplar, conseguindo até ritmo suficiente para segurar os ataques finais de Norris e Hamilton com pneus macios. Não por acaso, o primeiro estreante da Scuderia desde 1972 foi votado Piloto do Dia.

O SC já mencionado foi provocado por Lance Stroll, que tocou o muro, partiu a suspensão e foi parar a outro muro. Durante este período Hamilton, Norris, Nico Hülkenberg e Guanyu Zhou optaram por ser os únicos que não pararam, apostando num eventual segundo SC que nunca veio. Isto complicou as corridas de todos, excepto Hülkenberg que contou com o colega de equipa (Kevin Magnussen) para segurar rivais agressivamente para ter tempo de parar e regressar à pista ainda nos pontos. Com o monopólio que para já as 5 primeiras equipas têm nos pontos, este 10º lugar pode ser muito valioso para os americanos.

Magnussen teve uma prova muito atribulada, recebendo uma penalização por chocar com Alexander Albon e outra por ultrapassar Yuki Tsunoda fora de pista. Oscar Piastri andou perto de Fernando Alonso a prova toda, apesar de Russell ainda ter feito uma aproximação final, enquanto que a RB e Alpine tiveram fins-de-semana para esquecer com ambos os carros.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Pérez \ 4. Alonso \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Leclerc \ 4. Piastri \ 5. Alonso \ 6. Russell \ 7. Bearman \ 8. Norris \ 9. Hamilton \ 10. Hülkenberg (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (51) \ 2. Pérez (36) \ 3. Leclerc (28) \ 4. Russell (18) \ 5. Piastri (16) —– 1. Red Bull (87) \ 2. Ferrari (49) \ 3. McLaren (28) \ 4. Mercedes (26) \ 5. Aston Martin (13)

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Corrida anterior: GP Bahrain 2024
Corrida seguinte: GP Austrália 2024

GP Arábia Saudita anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 3-4) \ Emocionado Fittipaldi vence

O segundo fim-de-semana do ano começou com excelentes auspícios para a Prema, que desta vez pareceu acertar em cheio com o seu setup e viu Oliver Bearman voar até à pole position, num duelo particular com Kush Maini (desta vez não desclassificado por estar baixo demais). Já Pepe Martí ficou frustrado com um 11º lugar que o deixou mesmo de fora da pole inversa, enquanto que o vencedor duplo do Bahrain, Zane Maloney ficou a abanar a cabeça em 16º (tendo que abandonar o carro em pista).

Se a Prema tinha ficado feliz com isto, depressa se viu sem o seu piloto, quando Bearman teve que sacrificar os possíveis pontos de F2 pela sua ascensão à F1 para substituir Sainz na Ferrari.

Com um pequeno atraso no seu começo, após a acidente da F1 no TL3, a corrida sprint da F2 começou com algum caos. Os dois jovens Williams, Franco Colapinto (MP) e Zak O’Sullivan (ART), não conseguiram partir e logo à frente deles Victor Martins (ART) e Dennis Hauger (MP) tiveram um desentendimento que trouxe o Safety Car para a pista (além de no meio disto Andrea Kimi Antonelli (Prema) ter perdido um pedaço de asa.

Antonelli ainda teve que passar um carro atrás do SC (estava demasiado lento), mas conseguiu importantes pontos com uma condução aguerrida. Por esta altura, Richard Verschoor (Trident) passou Paul Aron (Hitech), que tinha partido de pole inversa. Neste momento, houve novo SC breve para a paragem de Amaury Cordeel (Hitech). E ainda um posterior SC Virtual para quando Juan Manuel Correa (DAMS) destruiu a suspensão no muro.

Após o recomeço, Jak Crawford (DAMS) e Zane Maloney (Rodin) tiveram uma excelente disputa por 6º, enquanto que Hauger despachou Isack Hadjar (Campos) para o 2º posto, antes deste abandonar com falha mecânica.

A vitória ficou (provisoriamente) com Verschoor, até este ser desclassificado por razões técnicas (relacionadas com mapeamentos de motor) e a entregar a Hauger.

Para a feature, houve novamente caos no início. Pepe Martí e Roman Staněk ficaram logo eliminados, enquanto que Gabriel Bortoleto ficou fora por problemas mecânicos. As coisas continuaram depois mais ou menos mornas até que os carros foram montando os médios e a corrida esquentou (particularmente no duelo a 3 de Antonelli, Hadjar e Crawford).

A corrida até poderia ter mudado novamente de forma radical com um segundo SC para Franco Colapinto, mas, ao invés, ajudou a que a estratégia “normal” tomasse prevalência. O grande destaque aqui foi Enzo Fittipaldi da Van Amersfoort, com uma brilhante ultrapassagem por fora a dois carros. Depois foi só fugir e deixar os rivais atrás para discutir entre si o pódio. Maini chegou em 2º, seguido de um photo finish entre 3 carros que deixou Dennis Hauger em 3º.

Maloney pontuou em ambas as provas, o que o deixa ainda com uma liderança do campeonato.

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Qualificação: 1. Bearman \ 2. Maini \ 3. Crawford \ … \ 8. Hadjar \ 9. Verschoor \ 10. Aron

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Aron \ 3. Fittipaldi \ 4. Maloney \ 5. Crawford \ 6. Antonelli \ 7. Martí \ 8. Maini (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Fittipaldi \ 2. Maini \ 3. Hauger \ 4. Crawford \ 5. Cordeel \ 6. Antonelli \ 7. Maloney \ 8. Verschoor \ 9. Villagómez \ 10. Aron (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Maloney (47) \ 2. Fittipaldi (32) \ 3. Hauger (31) \ 4. Aron (29) \ 5. Maini (27) —– 1. Rodin (49) \ 2. Invicta (42) \ 3. MP (39) \ 4. Hitech (39) \ 5. Van Amersfoort (34)

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Corrida anterior: Bahrain 2024 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Austrália 2024 \ Rondas 5-6

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Fontes:
Autosport PT \ Matt Harman e Dirk de Beer demitem-se da Alpine
BBC \ Bearman substitui Sainz
Motorsport \ Ben Sulayem sob investigação
The Guardian \ Verstappen ameaça sair sem Marko





A prometida aproximação à Red Bull passará do papel?

27 02 2024

Há um clima de instabilidade no ar neste início de temporada. Não a nível de ação em pista, onde provavelmente teremos o mesmo domínio que em 2023. Mas de bastidores, muito tem acontecido. A recusa da FOM na entrada da Andretti como nova equipa (e mais especificamente os motivos que apontou para essa recusa) é apenas mais um capítulo de uma capitalização extrema do desporto pela FOM e de uma crescente tensão FIA-FOM.

As renovações dos circuitos de Suzuka e Silverstone em contratos longos foram bem recebidas, mas a assinatura de um circuito citadino em Madrid fez levantar o sobrolho de muitos fãs, cansados de ver mais e mais circuitos sem grande personalidade entrar no calendário (enquanto que locais como Alemanha, França e Malásia continuam fora).

Depois há ainda a investigação a Christian Horner por alegado comportamento inapropriado, longe de ser levada levianamente. A Ford já insistiu por transparência, uma vez que colaborará com a equipa a partir de 2026. Horner é o mais antigo chefe de equipa ativo, por larga margem, e uma potencial saída teria um enorme impacto numa Red Bull campeã do mundo (e pelo potencial de posteriores saídas, como a do projetista Adrian Newey).

De 7º a 10º, quem foge do pelotão inferior

Um fosso bastante visível foi estabelecido em 2023 entre as 4 equipas pior classificadas e as restantes 6. Fugir desta espiral é fundamental para todas, mas há uma estrutura que já sabemos que não deverá fugir: a Haas.

Fundada com o propósito explícito de promover a manufactura da marca americana Haas, Gene Haas há muito que vinha sendo acusado de não investir apropriadamente na F1. Agora que passaram 2 anos das novas regras em que a equipa apostou, o saldo foi um 8º e um 10º lugares. Absolutamente insuficiente e razão para o americano ter corrido com o líder Guenther Steiner. Ayao Komatsu tomou o lugar, mas já ficou claro que será um ano penoso, tarde demais para mudar de trajetória a curto prazo. Assim, Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen terão que lutar com o VF-24 este ano, na insegurança de saber que provavelmente um deles terá que dar lugar a Oliver Bearman no final do ano.

Mais à frente, depois de anos com duas “Alfas” na grelha, 2024 vê ambas mudar de nome. A Alfa Romeo regressou à sua forma Sauber durante os próximos dois anos até ser Audi (ou será Kick Sauber, ou Stake, ou…) e apostou fortemente num desenho de monolugar agressivo para dar um salto competitivo. Guanyu Zhou até terminou 3º no último dia de testes, mas é incerto qual o ritmo verdadeiro da nova estrutura. Valtteri Bottas também terá um ano importante, tentando convencer o paddock de que tem o que é necessário para chegar até aos próximos regulamentos.

A outra “Alfa”, a AlphaTauri, conseguiu a proeza de se ter tornado mais insípida. Passou a ser RB, que não só a confunde com a Red Bull principal, como ainda lhe retira todo o espírito Minardi que ainda detinha. Isto misturado com uma partilha reforçada de peças com a Red Bull até lhe parece ter trazido um nível de performance interessante, mas que já levou as outras 8 estruturas a pressionar para uma venda. No entretanto, resta ver quanta aproximação aos pontos terá a equipa de Yuki Tsunoda e Daniel Ricciardo (sendo que o derrotado deste duelo interno deverá sair da F1 pela porta pequena).

Por último, a Williams até contou com desenvolvimentos interessantes, mas já apanhou o seu primeiro grande choque ao aperceber-se que todos deram um passo em frente também. Já nem falando de ter sido a única que não chegou a tocar nas 300 voltas completadas na pré-temporada. Ainda assim, se Logan Sargeant estiver mais perto de Alexander Albon poderá ter uma plausível hipótese de segurar o seu 7º posto nos construtores.

O momento das grandes decisões para Alpine e Mercedes

Quem não fez em 2023 parte do grupo das estruturas em dificuldades, mas que promete poder ser (pelo menos no início do ano) é a Alpine. Os franceses mudaram praticamente tudo no seu carro, mas o resultado dos testes, apesar da boa fiabilidade, tem sido extremamente preocupante, a ponto de ambos os carros não saírem do Q1 ser uma possibilidade bastante razoável.

Esteban Ocon já mostrou o seu jeito para o desenrascanço, mencionando que tecnicamente ainda é um jovem Mercedes. Resta ver como será a paciência de Pierre Gasly.

A vaga a que Ocon se autocandidatou foi precisamente na Mercedes, em que a saída de Lewis Hamilton já anunciada para 2025 vai condicionar por inteiro o mercado de pilotos. Apesar da mudança de conceito radical já em curso, e que até pareceu prometer uma pequena reaproximação aos líderes, a Mercedes vai viver um ano de olhos postos no futuro. George Russell será o novo líder absoluto, mas resta ver que género de colega de equipa o acompanhará. Se mostrar serviço este ano, Russell pode comandar Brackley como Norris ou Leclerc já comandam as suas atuais equipas. Se não mostrar… Um Alonso poderá levar o volante a seu lado.

Temos ou não aproximação à Red Bull?

Aston Martin e McLaren, com os seus motores Mercedes, fizeram uma pré-temporada pacata. Mas preocupam a Mercedes oficial. Isto porque foram cumprindo o seu programa sem qualquer problema e pareciam imensamente satisfeitas no final.

A McLaren quer continuar a ser a mais direta perseguidora da Red Bull e já fechou por completo o seu lineup para os próximos anos, aguentando para o longo prazo os préstimos de Lando Norris e Oscar Piastri. Já a Aston Martin tem uma âncora sob a forma de Lance Stroll, mas também um talento enorme sob a forma de Fernando Alonso (que está em ano final de contrato e com inúmeras possibilidades pela frente) e a promessa de que compreendeu bem os caminhos errados de desenvolvimento de 2023.

Se ambas conseguirem provar que serem estruturas clientes não as impossibilita de voos mais altos, poderão realmente conseguir pregar sustos valentes às estruturas cimeiras.

Começando pela primeira dessas, a Ferrari está claramente a apostar forte para o seu futuro. A contratação milionário de Lewis Hamilton para ao lado do talentoso Charles Leclerc é uma declaração formal de ambições elevadas. O facto de ter definido o seu carro como 95% novo também ajuda a embalar os ânimos para um bom 2024, assim como ter ficado líder do segundo e terceiro dias.

Mas isto foi com um asterisco bem grande. A Red Bull.

Os austríacos poderiam ter sentido a pressão de ganhos decrescentes por terem acertado com o seu conceito de carro. Mas como o RB20 trocaram as voltas aos rivais: mudaram de conceito, para algo ainda mais arrojado (e hilariantemente parecido com o conceito “falhado” da Mercedes). Adrian Newey criou um modelo arriscado que já viu Max Verstappen fazê-lo voar (e Sergio Pérez pelo menos planar), mesmo, alegamente, sem puxar a sério por ele.

Apenas uma quebra interna, como é a investigação Horner, poderá fazer a equipa temer algo das rivais. Ou, pelo menos, assim parece.

Destaque ainda para a redução da demora de ativação de DRS de 2 para 1 volta, a atribuição de mais uma unidade de potência por ano às equipas (já perto do início do ano, o que levou as marcas a apostarem em durabilidade que agora não precisarão por completo, permitindo correr os motores mais fortes), e ainda a modificação do fim-de-semana de sprints para algo um pouco mais lógico.

F2 – Novo monolugar em ano de pressão máximo para Antonelli

Já é tradicional haverem queixas sobre a falta de progressão da F2 para a F1, e o facto de pela primeira vez na história não ter havido rotatividade na F1 não augurava nada de bom. Mas a F2 está em mudança. Um novo monolugar, mais adaptado às regras pós-2022 da categoria principal, com prometidas melhorias de ultrapassagens é um bom princípio e tem um efeito secundário bem interessante: o efeito experiência dos pilotos a entrar nos seus terceiros e quartos anos de categoria é diminuído.

Os estreantes estão, assim, com grandes hipóteses de conseguir fazer o impensável e evitar que pilotos favoritos como Victor Martins ou Oliver Bearman sejam os únicos candidatos ao título. O que traz um elemento adicional de pressão a alguém que já chega cheia dela: Andrea Kimi Antonelli. O italiano é apontado com possibilidades da vaga F1 de Hamilton na Mercedes, mas terá que mostrar serviços rapidamente na F2, quanto já tem a desvantagem de a Mercedes o ter feito saltar a F3. Se já houve maiores expectativas num piloto, talvez apenas a Verstappen…

Estreantes como Gabriel Bortoleto e Pepe Martí também terão uma chance bem jeitosa para mostrar serviço, inseridos que estão agora em equipas Junior de estruturas oficiais de F1. Só que segundos anos como Jak Crawford, Zane Maloney, Franco Colapinto ou Isack Hadjar também terão uma palavra a dizer.

Vem aí um entusiasmante ano de F2…

F3 – Duelo privado Prema ou algo mais?

Geralmente composta exclusivamente de caos total, a Fórmula 3 não deve fugir à regra em 2024. Vários jovens deram o salto para a categoria logo acima, mas dois permanecerem e são pilotos Prema: Dino Beganovic e Gabriele Minì (das academias Ferrari e Alpine, respetivamente). O título é quase certo de pertencer a um deles, sendo que o terceiro piloto (Arvid Lindblad) terá que lutar muito por não passar despercebido.

Mas há vida para além deste duelo. A sempre presente Trident não tem filiados de academias, mas tem talento sob a forma de Leonardo Fornaroli, Sami Meguetounif e Santiago Ramos. A MP corre com dois jovens Red Bull de bom gabarito (Tim Tramnitz e Kacper Sztuka). Luke Browning, uma das grandes surpresas de 2023, corre pela Hitech com possibilidades interessantes no seu futuro, agora com a academia Williams.

Mais atrás ainda, chegou uma ART com um 2023 para esquecer e deserta de se provar novamente, provando que não é apenas nas equipas teoricamente cimeiras que a luta ficará restrita.

Resta ver o que sairá deste caos vagamente organizado.





Lançamentos 2024 – Haas VF-24

2 02 2024

Com a renúncia da FOM à candidatura da Andretti em entrar na grelha em 2025 e a saída de Lewis Hamilton para a Ferrari no mesmo ano, o panorama noticioso da Fórmula 1 quase se esqueceu da apresentação do primeiro carro da nova temporada de 2024: o Haas VF-24.

Não que o lançamento tenha sido particularmente impressionante. Houve mudanças a nível de pintura (com mais preto a ser aplicado), mas o carro em si é uma evolução da evolução que a equipa já tinha apresentado no GP dos EUA 2023. Que não tinha sido particularmente eficaz. Juntando a isto as saídas de Guenther Steiner e Simone Resta, e o cenário não parece o mais promissor.

Pequenas alterações nas laterais e na entrada de ar acima do piloto são as modificações mais claras, com a equipa a tomar inspiração clara no Red Bull. Mas o novo líder, Ayao Komatsu, já tratou de acalmar os ânimos, dizendo que a equipa deverá começar de uma base baixa (por terem perdido 2 meses com o update de Austin) e talvez até no último lugar…

Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen têm em mãos uma tarefa difícil, portanto, com Pietro Fittipaldi e Oliver Bearman a serem os pilotos de testes oficiais da estrutura. Também o novo projetista principal, Andrea De Zordo, é novo nas suas funções e promovido internamente.

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Fonte:
The Race \ Novo Haas





Cerebral Sainz triunfa – GP Singapura 2023

18 09 2023

Tendo já feito parte da Malásia, antes de se ver expulso da Federação pelo Parlamento malaio, não deixa de ser curioso que o sucesso mediático que Singapura conseguiu com o seu Grande Prémio tenha levado ao afastamento do GP da Malásia (que estava bem estabelecido antes do surgimento da pequena nação asiática no calendário).

Os motivos para este sucesso prendem-se com o conjunto de possibilidades financeiras e visuais que o circuito de Marina Bay proporcionou à FOM. Primeira prova noturna da categoria aquando da sua estreia em 2008, a prova é longa, cheia de curvas lentas, um desafio físico para os membros do paddock e, nas ocasiões em que chove, potencial para o caos.

Com uma estreia algo ensombrada pelo escândalo Crashgate, o GP soube conquistar o seu espaço, ainda que tenha sido um dos eliminados do calendário durante os anos mais agudos de Covid-19. O regresso foi em 2022, com a vitória de Sergio Pérez, ainda que os grandes vencedores em território singaporiano sejam Sebastian Vettel (5) e Lewis Hamilton (4).

Guanyu Zhou viu o seu contrato renovado com a Sauber para o próximo ano, naquilo que espelha mais a ausência de alternativas credíveis no mercado que a competência do piloto chinês. Também Logan Sargeant deverá seguir o mesmo caminho de renovação, deixando a categoria sem estreantes para 2024.

Ronda 15 – Grande Prémio de Singapura 2023

Assim que o primeiro treino livre começou que se compreendeu que algo de muito diferente aconteceria durante o GP de Singapura. A Red Bull simplesmente não conseguia colocar-nas nas primeiras posições e ambos os pilotos faziam queixas permanentes sobre a estabilidade do carro no circuito citadino.

Isto abriu terreno para que a Ferrari e a Mercedes iniciassem uma luta de gigantes pela honra de finalmente ter alguém que não os austríacos a vencer em 2023. Neste quesito, Carlos Sainz provou ser absolutamente imbatível. O espanhol tem estado em grande nível desde o fim das férias de Verão, voltando a estar alguns furos acima de Charles Leclerc para conseguir a pole position em Singapura.

No dia de prova foi cirúrgico: geriu como quis (e com a ajuda de algumas ordens de equipa Ferrari, claro) a sua liderança da prova e, mesmo quando a Mercedes fez uso de um Safety Car Virtual para atacar com pneus frescos no final, mostrou grande inteligência ao abrandar o suficiente para dar a Lando Norris o DRS (criando um obstáculo ao avanço dos Mercedes). A vitória foi um prémio justo para um brilhante uso de frieza e inteligência.

Norris celebrou efusivamente o 2º posto, tendo estado no seu habitual nível de performance (excelente), à medida que a McLaren atinge uma quantia de pontos que os torna uma ameaça à Aston Martin (até porque Oscar Piastri recuperou 10 posições em corrida para terminar 7º). A Aston ficou a zeros em Singapura: Fernando Alonso teve problemas vários e Lance Stroll teve um violentíssimo acidente em qualificação (do qual felizmente saiu pelo próprio pé).

Já a Mercedes por um lado ficou feliz pelo grande ritmo de ambos os carros, mas frustrada não só por ter perdido para a Ferrari, como pelo facto de George Russell ter deitado a perder um 3º lugar no final da última volta ao tocar no muro. Leclerc ficou em 4º, frustrado por ter sido usado como (eficaz) isco para garantir a vitória de Sainz.

Max Verstappen limitou os estragos de um terrível fim-de-semana Red Bull em 5º, com Sergio Pérez em 8º, enquanto que a Alpine viu uma boa prova de Esteban Ocon terminar em nada devido a falha mecânica e outra boa de Pierre Gasly chegar em 6º.

Nos dois últimos lugares pontuáveis, dois grandes esforços: Liam Lawson esteve com uma consistência incrível nesta sua substituição do substituto na AlphaTauri, chegando ao Q3 às custas dos Red Bull oficiais e conseguindo dois pontos que deixam Yuki Tsunoda numa posição interna difícil; e Kevin Magnussen, que conseguiu evitar a quebra em corrida da Haas e somou um ponto vital para assegurar o 8º lugar nos construtores dos americanos.

Destaque negativo para Logan Sargeant, que perdeu o nariz do carro num incidente quando estava sozinho e continua a colocar muitas dúvidas à Williams.

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Qualificação: 1. Sainz \ 2. Russell \ 3. Leclerc \ 4. Norris \ 5. Hamilton (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Sainz \ 2. Norris \ 3. Hamilton \ 4. Leclerc \ 5. Verstappen \ 6. Gasly \ 7. Piastri \ 8. Pérez \ 9. Lawson \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (374) \ 2. Pérez (223) \ 3. Hamilton (180) \ 4. Alonso (170) \ 5. Sainz (142) —– 1. Red Bull (597) \ 2. Mercedes (289) \ 3. Ferrari (265) \ 4. Aston Martin (217) \ 5. McLaren (139)

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Corrida anterior: GP Itália 2023
Corrida seguinte: GP Japão 2023

GP Singapura anterior: 2022





Chuva intensa e incerta anima Zandvoort – GP Países Baixos 2023

29 08 2023

De pedra e cal no calendário da Fórmula 1 desde o seu regresso em 2021, o circuito de Zandvoort viu o herói local, Max Verstappen, vencer as suas duas primeiras edições. Isto significa que os promotores dos Países Baixos não têm qualquer dificuldade em preencher o espaço nas bancadas de uma pista que teve que lidar com alguma oposição da população local devido ao ruído associado às provas de automobilismo.

Próximo das dunas, Zandvoort foi um circuito construído antes da Segunda Guerra Mundial com a utilização de estradas públicas, que lhe conferiram um traçado sinuoso e rápido, pleno de perigos, mas também de entusiasmos. Várias modernizações ao longo dos anos foram sendo realizadas, desde a colocação de chicanes até mesma ao fecho de metade da pista para tentar apaziguar protestos locais (felizmente, uma alteração revertida neste caso).

Competições como os Masters de F3, o A1GP e o DTM mantiveram a pista com ação e ajudaram as finanças dos organizadores, permitindo-lhes ainda maiores modernizações e novos acordos sobre a exploração dos terrenos com os habitantes.

Assim, quando o fenómeno Verstappen começou a varrer a F1 a partir de 2016, as negociações para a reintrodução do circuito no calendário (afastados desde 1985) com a FOM foram rápidas.

Mesmo antes da prova, a Haas anunciou a manutenção de Kevin Magnussen e Nico Hülkenberg aos comandos dos seus carros para 2024, enquanto que na AlphaTauri foi preciso fazer uma substituição de emergência do substituto: Daniel Ricciardo partiu um osso da mão no treino livre e foi substituído pelo estreante Liam Lawson.

Ronda 13 – Grande Prémio dos Países Baixos 2023

Estrear a meio de uma temporada seria sempre difícil, especialmente sem participar na totalidade dos treinos livres, mas Liam Lawson teve a ingrata tarefa de guiar o AlphaTauri em condições de tempo imprevisíveis, com chuvas repentinas e fortes a assolarem o circuito de Zandvoort.

Para os fãs, isto apenas teve vantagens: qualificação e corrida foram das melhores do ano.

Uma pole position e vitória de Max Verstappen poderão tê-la feito parecer menos impressionante (ainda para mais com o piloto da casa a igualar o recorde de maior número de vitórias seguidas de Sebastian Vettel [9]), mas como o próprio disse, foi tudo menos uma simples procissão. Em qualificação as condições quase o deixaram em 3º, enquanto que em corrida foram necessárias várias decisões certas consecutivas de estratégia e de condução para o levar ao triunfo.

Fernando Alonso voltou a provar que é dos pilotos com melhor sentido de oportunidade na grelha de partida, começando o seu caminho de um já impressionante 5º na grelha para saltar duas posições na partida. Daí em diante aproveitou os problemas de Sergio Pérez para terminar 2º, logo atrás de Verstappen (quando o outro Aston nem pontuou…). Pérez chegou a liderar mas era nítido que não tinha andamento para o outro Red Bull, acabando por perder o pódio por uma penalização de 5 segundos (excesso de velocidade nas boxes).

Pódio esse que ficou com um felicíssimo Pierre Gasly, que soube evitar os erros para fazer o segundo pódio do ano da Alpine. O colega Esteban Ocon ficou furioso com a equipa por lhe terem feito montar os pneus de chuva intensa perto do final em vez dos intermédios, terminando 10º (em vez de 7º como pareceu acreditar ser possível).

A chuva animou o início de prova e o fim, ainda que no seu momento final tenha ditado o fim das provas de George Russell e Guanyu Zhou. Russell, que se qualificara num bom 4º posto ficou desapontado com o rumo do seu domingo. Mas não mais que Charles Leclerc, que passou o fim-de-semana inteiro a compensar erros estratégicos da Ferrari (desde mau timing em qualificação até não terem pneus prontos na paragem da primeira volta) mas acabou por abandonar devido a problemas de carro. Carlos Sainz ainda ficou em 5º pelos italianos, apesar de ter tido que mandar calar a equipa durante a luta contra Lewis Hamilton.

Hamilton partiu de um desapontante 13º, passou boa parte da prova na mesma posição porque a Mercedes parou no momento errado no início da corrida, mas soube aproveitar a chuva final para somar bons pontos. Lando Norris, Alexander Albon e Oscar Piastri foram outros três que também viram os erros de início serem compensados com o momento final do Grande Prémio.

Albon foi o mais impressionante de todos, qualificando o seu Williams em 4º, andando toda a prova à volta do 6º posto, até que a chuva o fez cair duas posições. O colega Logan Sargeant foi de extremos: brilhou em qualificação ao chegar ao Q3 mas acidentou-se nele; estava a começar a recuperar posições em prova quando voltou a destruir o carro.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Russell \ 4. Albon \ 5. Alonso (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Alonso \ 3. Gasly \ 4. Pérez \ 5. Sainz \ 6. Hamilton \ 7. Norris \ 8. Albon \ 9. Piastri \ 10. Ocon (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (339) \ 2. Pérez (201) \ 3. Alonso (168) \ 4. Hamilton (156) \ 5. Sainz (102) —– 1. Red Bull (540) \ 2. Mercedes (255) \ 3. Aston Martin (215) \ 4. Ferrari (201) \ 5. McLaren (111)

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Corrida anterior: GP Bélgica 2023
Corrida seguinte: GP Itália 2023

GP Países Baixos anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 21-22) \ Caos completo trama candidatos ao título e dá vitória a Novalak

Se a chuva entusiasmou a F1, o que dizer da Fórmula 2? Se é verdade que o sprint teve que ser cancelado, a verdade é que só foi depois de uma partida sob chuva intensa ter visto ambos os Campos e Jak Crawford eliminados na primeira volta. Como só foi possível dar 2 voltas, ninguém pontuou, para grande felicidade do pole inverso (Théo Pourchaire) que perdeu essa mesma pole devido a ter que mudar o eixo traseiro antes da partida.

Já a feature foi ainda mais caótica mas conseguiu chegar até ao fim. A partida voltou a ser lançada, mas isso não impediu vários carros de apontarem para o lado errado, com especial destaque para os candidatos ao título Jack Doohan e Frederik Vesti. O último teve um dia bem longo, com direito a ter perdido ambas as rodas traseiras após uma paragem nas boxes, saíndo a zeros dos Países Baixos.

Não foi caso único, com Théo Pourchaire a perder o controlo do carro com pneus frios numa pista húmida, Kush Maini e Ayumu Iwasa envolvidos em contacto e Victor Martins a empurrar Oliver Bearman contra a mesma barreira em que na F1 Ricciardo partiu um osso da mão.

Sem os suspeitos do costume, houve espaço para um pódio invulgar, com Clément Novalak a vencer pela Trident, seguido de Zane Maloney e Crawford. Amaury Cordeel ainda conseguiu 4 pontos para o seu campeonato.

A situação do título, portanto, pouco se alterou.

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Qualificação: 1. Crawford \ 2. Hauger \ 3. Vesti \ … \ 8. Martins \ 9. Hadjar \ 10. Pourchaire

Resultado (Sprint): 1. Hadjar \ 2. Martins \ 3. Bearman \ 4. Correa \ 5. Maloney \ 6. Doohan \ 7. Vesti \ 8. Novalak (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Novalak \ 2. Maloney \ 3. Crawford \ 4. Verschoor \ 5. Hauger \ 6. Hadjar \ 7. Fittipaldi \ 8. Cordeel \ 9. Martins \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Pourchaire (168) \ 2. Vesti (156) \ 3. Iwasa (134) \ 4. Doohan (130) \ 5. Martins (122) —– 1. ART (290) \ 2. Prema (258) \ 3. Rodin Carlin (200) \ 4. DAMS (173) \ 5. MP (145)

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Corrida anterior: Bélgica 2023 \ Rondas 19-20
Corrida seguinte: Itália 2023 \ Rondas 23-24

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Fontes:
Autosport PT \ Lawson no lugar do lesionado Ricciardo
Mirror \ Haas renova com Magnussen e Hülkenberg





Verstappen responde com ritmo diabólico – GP Miami 2023

8 05 2023

É difícil subestimar a importância que a corrida inaugural de Miami na Fórmula 1 teve para a FOM. Sim, foi relativamente fácil de fazer pouco dos organizadores quando se viu o pequeno “lago” interior, que não passava de contraplacado impresso para imitar água e onde iates foram colocados para fãs endinheirados verem a prova, mas a verdade é que o post mortem da primeira edição apenas suportou a teoria de que os norte-americanos estão com um apetite voraz por F1.

Com um circuito construído à volta do Hard Rock Stadium, a corrida de 2022 viu-se como palco de uma das múltiplas vitórias de Max Verstappen, ainda que tenha sido na fase da temporada em que as estratégias pouco competentes da Ferrari tenham tido mais a ver com o assunto que o ritmo puro da Red Bull.

O traçado de Miami acabou por diferir bastante do original, que foi bem contestado pela população local devido às áreas que atravessava, mas para benefício da própria categoria, uma vez que a natureza semi-permanente da versão final acaba por permitir um maior comprometimento da cidade com a F1.

D retas longas, chicanes técnicas e curvas de alta velocidade, Miami segue o padrão das recentes adições ao calendário da F1.

Ronda 5 – Grande Prémio de Miami 2023

Seria sempre provável que Max Verstappen respondesse o mais rapidamente possível ao fim-de-semana perfeito de Sergio Pérez em Baku, mas ainda se ativou alguma esperança numa nova aproximação do mexicano no campeonato quando o despiste de Charles Leclerc anulou as possibilidades de Verstappen qualificar-se acima de 9º. Essa esperança não durou muito. Assim que a corrida começou tornou-se claro que mesmo a começar em pole position seria difícil para Pérez vencer.

Ultrapassando carros após carro sem grande dificuldade, o campeão do mundo em título já estava em 2º lugar na volta 14, e a partir daí foi simples de fazer uso dos pneus duros com que começou para esticar o stint durante tal número de voltas que se tornou impossível a Pérez de responder. Quando Verstappen saiu das boxes já estava colado ao colega e passá-lo foi simples, para infelicidade de Pérez.

Atrás de ambos, com uma inevitabilidade extraordinária em 2023, chegou Fernando Alonso. O espanhol esteve, nas suas próprias palavras, numa terra de ninguém em que não tinha vislumbre dos Red Bull e George Russell só o viu a grande distância. O homem da Aston Martin também passou o seu tempo em Miami a fazer pouco do ritmo dos Alpine e a fazer perguntas constantes sobre o ritmo de Lance Stroll (que comprometeu o seu fim-de-semana ao ser eliminado no Q1).

Para os homens da Mercedes e da Ferrari foi um Grande Prémio de dolorosa realização: o ritmo de qualquer uma das duas equipas ficou muito aquém do esperado para uma real aproximação aos líderes. Se na Mercedes temos George Russell a fazer o melhor com o que tem e Lewis Hamilton visivelmente frustrado com a falta de andamento da equipa, na Ferrari temos desilusão completa e mútua (com direito a dois despistes idênticos de Charles Leclerc).

A Alpine e a Haas acabaram por conseguir aproveitar os restos, com os franceses a fazerem uma pontuação dupla e Kevin Magnussen conseguiu aproveitar a qualificação para partir de 4º e procurou perder o menor tempo possível para manter-se nos pontos, apesar do ritmo inferior do Haas.

Yuki Tsunoda voltou a bater à porta dos pontos. O japonês poderá estar frustrado com mais um 11º posto, mas a verdade é que as consistentes performances do pouco veloz AlphaTauri têm chamado a atenção. E colocado a pressão sobre Nyck de Vries (que já deve estar farto de ouvir falar sobre as performances brilhantes de Liam Lawson na Super Fórmula).

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Qualificação: 1. Pérez \ 2. Alonso \ 3. Sainz \ 4. Magnussen \ 5. Gasly (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Alonso \ 4. Russell \ 5. Sainz \ 6. Hamilton \ 7. Leclerc \ 8. Gasly \ 9. Ocon \ 10. Magnussen (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (119) \ 2. Pérez (105) \ 3. Alonso (75) \ 4. Hamilton (56) \ 5. Sainz (44) —– 1. Red Bull (224) \ 2. Aston Martin (102) \ 3. Mercedes (96) \ 4. Ferrari (78) \ 5. McLaren (14)

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Corrida anterior: GP Azerbaijão 2023
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GP Miami anterior: 2022
GP Miami seguinte: 2024





Mesmo com caos, Verstappen vence – GP Austrália 2023

3 04 2023

Quando há um ano a Fórmula 1 visitou a Austrália Charles Leclerc tornou-se vencedor do Grande Prémio, esticando a sua liderança de campeonato para 38 pontos sobre George Russell e vendo o campeão em título (Max Verstappen) abandonar pela segunda vez em três provas, com a correspondente preocupação com a fiabilidade da Red Bull. O resto de 2022 tratou de eliminar esta impressão, com um segundo título facilitado para Verstappen.

Com uma expectativa de algo de diferente para a prova de 2023, o Albert Park recebeu mais uma vez o circo mundial da F1 para a prova australiano, depois de ter realizado há um ano obras bastante extensivas para aumentar as possibilidades de ultrapassagem. O circuito semi-citadino tem sido a casa australiano da categoria desde 1996, quando substituiu outro circuito de características semelhantes, o de Adelaide.

Em 2023, trouxe uma novidade: contará também com corridas de Fórmula 2 e Fórmula 3, o que proporcionou a Jack Doohan a possibilidade de correr em casa. Quem também correu em casa foi Oscar Piastri na F1, apesar das dúvidas gerais sobre que género de receção receberia, tendo em conta que foi o “responsável” por correr com o popular Daniel Ricciardo da categoria.

Entre provas, chegou a notícia de um enorme reshuffle da estrutura técnica da McLaren, que retirou James Key das funções de diretor técnico.

Ronda 3 – Grande Prémio da Austrália 2023

Não é costume o GP da Austrália providenciar grandes confusões da maneira como o fez em 2023. Os treinos livres, com direito a chuva na sexta-feira à tarde, deram logo o mote. Foram múltiplas as saídas de pista que se observaram e o principal ponto de interesse acabou por chegar no sábado, quando Sergio Pérez saiu largo e ficou preso na gravilha no Q1, condenando-o a partir de último enquanto o colega de equipa, Max Verstappen, fazia pole position pela primeira vez na Austrália.

O início de corrida viu outro piloto terminar na gravilha: Charles Leclerc, num mero incidente de corrida com Lance Stroll, viu o seu mau início de campeonato conhecer o segundo abandono em três provas. O Safety Car entrou em ação e acabaria por ter de regressar algumas voltas depois para o despiste de Alexander Albon (quando o Williams circulava confortavelmente nos lugares pontuáveis), que deixou gravilha em farta no asfalto.

Acabou por se gerar uma bandeira vermelha, que travou as aspirações de George Russel (que tinha saltado para a liderança no arranque, seguido do colega de equipa) e de Carlos Sainz, devido a ambos terem parado durante o SC e terem sido apanhados desprevenidos pela paragem da prova.

Não demorou muito para, após o recomeço, Verstappen passar Lewis Hamilton, ainda que o britânico tenha feito uma prova muito competente, deixando a Mercedes com confiança no seu desempenho nas próximas corridas (mas dúvidas no que toca a fiabilidade, dada a expiração estrondosa do motor no carro de Russell).

Mais atrás lutas interessantes multiplicavam-se, com os McLaren a compensarem a sua menor performance de qualificação com o envolvimento em lutas com Yuki Tsunoda e Esteban Ocon pelos lugares pontuáveis finais, ao mesmo tempo que Carlos Sainz e Pierre Gasly se equiparavam na luta por 5º e Pérez prosseguia com implacabilidade a sua recuperação desde o último lugar.

Foi aí que chegou o incidente de Kevin Magnussen com a barreira, que fez perder um pneu e parar num sítio perigoso a muito poucas voltas do fim. Isto levou os comissários a iniciarem uma bandeira vermelha e a programarem uma nova partida para um sprint de 3 voltas. E foi aí que chegou o caos atrás dos 2 primeiros.

Sainz acertou em Alonso e atirou-o para o fim; Gasly travou tarde e no regresso à pista acabou por colidir com Ocon, acabando com o que estava a ser uma ótima prova de ambos os Alpine; Stroll saiu para a gravilha mais adiante; Logan Sargeant bloqueou os travões e eliminou-se a si e a Nyck de Vries de prova.

Nova bandeira vermelha viu grandes discussões gerarem-se entre as equipas e os comissários, com Alonso a liderar os protestos por querer uma reversão para a ordem antes da partida por ainda não ter sido completados metros suficientes até à interrupção. E assim foi. Todos os carros (menos os Alpine, de Vries e Sargeant) fizeram uma volta final atrás de SC e terminaram. Com a penalização de Sainz (com que o espanhol ficou inconformado), a ordem final ficou definida.

Verstappen venceu num dia em que Pérez limitou os estragos em 5º, Hamilton e Alonso completaram o pódio seguidos de Stroll, enquanto que a McLaren pontuou pela primeira vez no ano e conseguiu ascender a 5º no campeonato por ambos os pilotos terem pontuado. Hülkenberg fez uma sólida prova para chegar em 7º (ainda que a Haas tenha chegado a protestar a decisão de reverter a ordem, porque isso poderia ter-lhe dado 3º), enquanto que Zhou e Tsunoda pontuaram pela primeira vez no ano em 9º e 10º, respetivamente.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Russell \ 3. Hamilton \ 4. Alonso \ 5. Sainz (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Hamilton \ 3. Alonso \ 4. Stroll \ 5. Pérez \ 6. Norris \ 7. Hülkenberg \ 8. Piastri \ 9. Zhou \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (69) \ 2. Pérez (54) \ 3. Alonso (45) \ 4. Hamilton (38) \ 5. Sainz (20) —– 1. Red Bull (123) \ 2. Aston Martin (65) \ 3. Mercedes (56) \ 4. Ferrari (26) \ 5. McLaren (12)

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Corrida anterior: GP Arábia Saudita 2023
Corrida seguinte: GP Azerbaijão 2023

GP Austrália anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 5-6) \ Poles seguram liderança em provas mexidas

A primeira prova australiana da F2 viu a famosa imprevisibilidade da categoria ser colocada em destaque nas duas corridas deste fim-de-semana. Pole inverso, Dennis Hauger apenas teve que se defender de um único ataque de Jak Crawford no sprint porque daí em diante apenas teve que controlar a distância para o americano. Já Kush Maini teve um caminho bem mais difícil para o pódio, tendo que lutar com unhas e dentes contra Arthur Leclerc para o conseguir.

Pingos de chuva no final da etapa complicaram a vida de quem arriscou parar para pneus de chuva, como Roman Staněk e Théo Pourchaire, mas foram vários os outros que saíram de pista. Houve ainda espaço para um SC devido a um pião do homem da casa, Jack Doohan.

Já no domingo de manhã foi a vez de outro pole rumar para a vitória: Ayumu Iwasa segurou as investidas de Pourchaire para vencer a feature e assumir a liderança do campeonato. Leclerc, por sua vez, compensou a sua perda do pódio do dia anterior com um na feature. Todos estes fizeram uso de um SC Virtual para saltar mudar de pneus (VSC criado para retirar o carro preso de Crawford, após incidente com Doohan).

Devido a acidente de Roy Nissany, o SC voltaria. O que provocou o caos de pilotos que pararam e não conseguiram evitar despistes devido a temperaturas muito baixas (com destaque para o violento embate de Enzo Fittipaldi e o despiste no recomeço de Hauger). O uso de pneus macios permitiu a Frederik Vesti passar Zane Maloney para 4º, enquanto que Juan Manuel Correa pontuou no seu ano de regresso à F2.

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Qualificação: 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Martins \ … \ 8. Maini \ 9. Crawford \ 10. Hauger

Resultado (Sprint): 1. Hauger \ 2. Crawford \ 3. Maini \ 4. Leclerc \ 5. Maloney \ 6. Hadjar \ 7. Bearman \ 8. Vesti (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Iwasa \ 2. Pourchaire \ 3. Leclerc \ 4. Vesti \ 5. Maloney \ 6. Daruvala \ 7. Verschoor \ 8. Doohan \ 9. Maini \ 10. Correa (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Iwasa (58) \ 2. Pourchaire (50) \ 3. Vesti (42) \ 4. Boschung (33) \ 5. Leclerc (33) —– 1. DAMS (91) \ 2. ART (67) \ 3. MP (62) \ 4. Campos (59) \ 5. Prema (45)

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Corrida anterior: Arábia Saudita 2023 \ Rondas 3-4
Corrida seguinte: Azerbaijão 2023 \ Rondas 7-8

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Fórmula 3 (Rondas 3-4) \ Bortoleto estica-se na liderança

De manhã na Austrália, e, portanto, a horas impróprias para quase todo o mundo, a F3 começou o seu caminho na Austrália.

A primeira prova, com Sebastián Montoya em pole inversa, começou com relativa calma (apesar de uma saída de pista de Oliver Goethe). Não demorou muito até que Franco Colapinto acabasse por passar o rival, altura em que o acidente de Ido Cohen ativou o SC. Depois disso, houve direito a uma excelente ultrapassagem de Zak O’Sullivan sobre Montoya para 2º.

Esta passagem acabaria por valer-lhe a vitória após a prova porque Colapinto acabou desclassificado por questões técnicas, enquanto que na Prema dois pilotos se desentendiam em pista (Dino Beganovic e Paul Aron).

No dia seguinte, o excelente Gabriel Bortoleto foi segurando diferentes níveis de pressão da parte de Grégoire Saucy para garantir uma vitória em que teve que lidar com vários reinícios atrás de SC (a maior parte devido a desatenções atrás de SC, como com Kaylen Frederick). Gabriele Minì completou o pódio, numa dia em que o vencedor da prova ampliou a sua vantagem no campeonato.

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Qualificação: 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ … \ 10. Collet \ 11. Goethe \ 12. Montoya

Resultado (Sprint): 1. O’Sullivan \ 2. Montoya \ 3. Aron \ 4. Minì \ 5. Beganovic \ 6. Bortoleto \ 7. Fornaroli \ 8. Saucy \ 9. Mansell \ 10. Frederick (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Bortoleto \ 2. Saucy \ 3. Minì \ 4. Fornaroli \ 5. O’Sullivan \ 6. Aron \ 7. Martí \ 8. Browning \ 9. Barnard \ 10. Mansell (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Bortoleto (58) \ 2. Saucy (38) \ 3. Beganovic (28) \ 4. Minì (28) \ 5. Martí (25) —– 1. Trident (100) \ 2. Prema (70) \ 3. Hitech (54) \ 4. ART (45) \ 5. Campos (29)

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Corrida anterior: Bahrain 2023 \ Rondas 1-2
Corrida seguinte: Mónaco 2023 \ Rondas 5-6