Acabou o azar caseiro, Leclerc vence – GP Mónaco 2024

26 05 2024

A maioria das pistas utilizadas pela Fórmula 1 na sua primeira temporada, em 1950, nunca conseguiriam obter a aprovação para integrar o calendário atualmente. Com uma importante excepção: o circuito citadino de Monte-Carlo. Sede de corridas de automóveis desde 1929, o principado conservou um percurso essencialmente idêntico ao da primeira edição do GP do Mónaco mas com verdadeiras barreiras de segurança ao invés de fardos de feno (ou mesmo nada a proteger de uma queda para as águas do Mediterrâneo em certas zonas).

A natureza travada da pista, e a consequente ausência de ultrapassagens nos domingos, têm gerado bastantes críticas relativa à sua utilização, ainda que os até os seus piores detratores concedam que poucas coisas na F1 conseguem igualar o entusiasmo gerado por uma sessão de qualificação no circuito (quando os pilotos são obrigados a negociar muros bem próximos a velocidades estonteantes). Mas continuam a haver razões sob a forma de curvas, com nomes como Sainte Devote, Massenet ou Tabac.

Território de caça bom para a Red Bull, até mesmo nos tempos de domínio Mercedes, o circuito citadino era uma incógnita para 2024, uma vez que o perfil dos austríacos em anos recentes tinha-se modificado para alta velocidade ao invés de baixa e os rivais estarem mais próximos que o usual. Max Verstappen era o vencedor mais recente, mas também Sergio Pérez tinha vencido em 2022.

Numa altura em que Mario Andretti tem vindo a espalhar que alegadamente o CEO da Liberty Media o terá informado que nunca estará na grelha de partida da F1 (devido à investigação do Congresso dos EUA), a marca americana continua as suas preparações: contratou Pat Symonds como seu Consultor Executivo de Engenharia.

Destaque ainda para a pintura especial de Mónaco que a McLaren apresentou, amarela e verde em homenagem a Ayrton Senna.

Ronda 8 – Grande Prémio do Mónaco 2024

Os avisos da Red Bull de que esperava uma vida mais difícil em Monte-Carlo foram largamente ignorados, mas à medida que se viu Max Verstappen a ter dificuldades visíveis em manter-se fora dos muros nos treinos livres o paddock foi acreditando cada vez mais que os austríacos eram possíveis de bater.

O Q1 mostrou aquilo que uma grelha separada por apenas 1 segundo pode trazer de melhor: forçou todos os pilotos a estarem constantemente em pista a melhorar os seus tempos, uma vez que qualquer um podia ser eliminado. A prova foi que Sergio Pérez (Red Bull) e Fernando Alonso (Aston Martin) caíram nesta sessão.

O Q2 veio clarificar a ordem das equipas, tornando-se óbvio que a McLaren e Ferrari estavam em luta pela pole position, que a Mercedes não estava tão adiantada como se esperava e que apenas Verstappen estava a manter a Red Bull na conversa. A Alpine, nos outros circuitos com dificuldade em sair do Q1, viu Esteban Ocon qualificar-se 11º e Pierre Gasly atingir o Q3 (com um urro de felicidade pelo rádio).

Chegados ao Q3, os pilotos deram o tudo por tudo, acabando por ser Charles Leclerc (Ferrari) a fazer a sua terceira pole caseira, mas a evitar celebrar efusivamente. Em primeiro lugar porque Oscar Piastri (McLaren) ficou bem perto de estragar-lhe a festa (o que teria sido especialmente engraçado, dada uma piada entre os dois pilotos sobre o australiano ser um “monegasco adoptivo”), e em segundo lugar porque nas duas últimas poles do Mónaco Leclerc passou domingos terríveis.

Verstappen ficou em 6º entre os Mercedes, depois de uma batida no muro na primeira curva; Yuki Tsunoda (RB) ficou em 8º e vai colocando pressão na Red Bull sobre o segundo carro para 2025; Alexander Albon (Williams) fez um excelente trabalho para colocar-se em 9º, ouvindo os parabéns de James Vowles pelo rádio no meio de um barulho de aplausos da garagem da equipa.

Os pilotos em geral mereceram um aplauso: nenhuma interrupção por acidente ao longo de toda a sessão. Mas não havia motivo para “preocupações”: estavam a guardar-se para os três diferentes incidentes da primeira volta do dia de corrida.

Primeiro, foi Sainz que atacou por dentro Piastri e furou o pneu dianteiro esquerdo (e dando ao australiano danos no chão do McLaren). Depois, a maior de todas com Pérez a espremer Kevin Magnussen (Haas) contra o muro na subida da colina e a destruir por completo o seu Red Bull e ambos os Haas no processo. Por último, uma arriscada ultrapassagem de Esteban Ocon ao colega Gasly deu contacto forte entre ambos na entrada do túnel.

A bandeira vermelha saiu, com direito a anular a perda de posições de Sainz (que voltou a partir de 3º), a ver a Alpine atribuir as culpas do incidente entre os seus pilotos inteiramente a Ocon, e com a possibilidade para todos de fazer a sua troca obrigatório de pneus logo aí.

Isto na prática deixou todos a não parar durante as 77 voltas, eliminando a componente tática de uma corrida que dificilmente teria ultrapassagens. Assim, o principal elemento de estratégia foi a gestão das margens para fazer paragens “gratuitas” entre os diferentes pelotões. George Russell (Mercedes) teve sempre o cuidado de impedir Norris de ficar a mais de 20 segundos de si (para grande irritação do engenheiro de pista de Verstappen) e na única ocasião em que a margem aí ascendeu, Sainz tratou logo de abrandar o suficiente para que caísse novamente para 17 segundos (para que Norris não conseguisse o undercut).

A prova de que o pelotão fazia uma corrida a evitar a velocidade foi que quando Valtteri Bottas (Kick Sauber) parou no início foi imediatamente o mais rápido em pista, apesar de ter o carro mais lento…

Alonso até criou um bom espaço para o colega Stroll parar, mas o canadiano tratou logo de furar no muro e acabou com a corrida da Aston Martin; Lewis Hamilton parou para tentar forçar a mão de Verstappen, só que o neerlandês limitou-se a copiá-lo e neutralizou essa ameaça.

Assim, nada impediu Leclerc de vencer o seu GP caseiro, com evidente emoção sua e do Príncipe do Mónaco (com direito a abraço), numa corrida em que o piloto até brincou com o seu engenheiro de pista, perguntando se queria saber quão mais rápido queria ir perante a recusa de Bozzi (que não queria que os rivais tivessem essa informação).

O monegasco está a uns respeitáveis 31 pontos da liderança do campeonato, com a Ferrari a aproximar-se da Red Bull nos construtores (24 pontos agora), a Alpine a conseguir pela segunda vez um ponto e a Williams a pontuar pela primeira vez em 2024 (deixando a Kick Sauber como única a zeros).

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Piastri \ 3. Sainz \ 4. Norris \ 5. Russell (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Leclerc \ 2. Piastri \ 3. Sainz \ 4. Norris \ 5. Russell \ 6. Verstappen \ 7. Hamilton \ 8. Tsunoda \ 9. Albon \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (169) \ 2. Leclerc (138) \ 3. Norris (113) \ 4. Sainz (108) \ 5. Pérez (107) —– 1. Red Bull (276) \ 2. Ferrari (252) \ 3. McLaren (184) \ 4. Mercedes (96) \ 5. Aston Martin (44)

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GP Mónaco anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 9-10) \ Fúria de Hadjar com triunfo inesperado de O’Sullivan

No sprint da F2 assistiu-se menos a uma corrida e mais a uma ronda de sobrevivência. Os acidentes foram vários, sem gravidade física, mas com consequências de Safety Car constantes. Primeiro foi logo na primeira curva quando Victor Martins (ART) acabou no muro após toque de Jak Crawford (DAMS). O SC chegou e passado poucas voltas estava de volta para Pepe Martí (Campos) que bateu sozinho. Depois foram os detritos de Richard Verschoor (Trident) após contacto de Joshua Dürksen (PHM), que valeu ao último 10 segundos de penalização.

O mais grave foi quando Zane Maloney (Rodin) fez um pião após contacto na Rascasse e bloqueou o caminho juntamente com Kush Maini (Invicta), o que parou a corrida com bandeira vermelha antes de um recomeço de partida lançada. Antes disso já Oliver Bearman (Prema) tinha batido forte na última curva, danificando a direção até ao fim da corrida.

Em termos de corrida propriamente dita, Taylor Barnard (PHM), depois de ter corrido bem na Fórmula E pela McLaren, deu a primeira vitória à equipa alemã na categoria, liderando até ao fim e vencendo Gabriel Bortoleto (Invicta) e Dennis Hauger (MP), depois de nem haverem alterações da grelha para a bandeira de xadrez.

A feature acabaria por trazer emoções fortes, condicionada por uma qualificação dividida em que Isack Hadjar (Campos) se tinha colocado em 3º na grelha (e mostrando brilhantes reflexos para evitar um Ritomo Miyata (Rodin) lento no túnel. Assim, ficou Richard Verschoor (Trident) em pole position em Monte-Carlo enquanto observava a segunda parte das boxes. Oliver Bearman (Prema), Juan Manuel Correa (DAMS) e Maini foram penalizados em 3 lugares por bloqueios.

Na corrida principal Verschoor ficou de rastos ao sofrer problemas mecânicos que o impediram de conseguir lutar pela vitória, atirando o volante ainda antes do carro parar nas boxes para abandonar, e deixando Hadjar e Paul Aron (Hitech) em luta pela vitória depois da primeira ronda de paragens nas boxes.

Alguns resistentes foram arriscando a estratégia inversa, mas um por um foram desistindo até a duas voltas do fim quando apenas Zak O’Sullivan (ART) estava ainda por parar, tendo partido 15º. Foi aí que Dürksen saiu das boxes e não viu Maloney e abalroou-o e abandonou. O SC Virtual saiu e O’Sullivan mudou de pneus, saíndo no 1º lugar que segurou até ao fim, perante a fúria completa de Hadjar (a quem fugia assim uma vitória tranquila no Principado).

Bearman finalmente pontuou em grande, com direito a uma excelente luta com o colega de equipa quando ele saiu das boxes e acabando em 4º. Logo à sua frente chegou Aron, que lidera o campeonato mesmo sem vitórias; e logo atrás chegaram outros dois pilotos que tentaram a estratégia inversa: Correa e o MP de Dennis Hauger.

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Qualificação: 1. Verschoor \ 2. Martins \ 3. Hadjar \ … \ 8. Hauger \ 9. Bortoleto \ 10. Barnard

Resultado (Sprint): 1. Barnard \ 2. Bortoleto \ 3. Hauger \ 4. Antonelli \ 5. Colapinto \ 6. Staněk \ 7. Aron \ 8. Hadjar (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. O’Sullivan \ 2. Hadjar \ 3. Aron \ 4. Bearman \ 5. Correa \ 6. Hauger \ 7. Antonelli \ 8. Bortoleto \ 9. Martins \ 10. Maloney (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Aron (80) \ 2. Hadjar (78) \ 3. Maloney (69) \ 4. Hauger (56) \ 5. Bortoleto (50) —– 1. Campos (104) \ 2. Hitech (95) \ 3. MP (94) \ 4. Rodin (85) \ 5. Invicta (84)

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Fórmula 3 (Rondas 7-8) \ Minì repete a vitória de 2023

De qualificação dividida em dois para evitar o caos de 30 carros a tentar arranjar espaço em Monte-Carlo, a F3 teve uma sessão interessantíssima, com a primeira metade a ver Luke Browning (Hitech) terminar a sua volta decisiva no muro e Gabriele Minì (Prema) a conseguir a sua pole position. Já na segunda metade Dino Beganovic (Prema) ficou furioso ao ver a sua volta interrompida nos metros finais pela bandeira vermelha de Charlie Wurz (Jenzer).

Nikola Tsolov (ART) conseguiu assim a pole inversa e a partir do momento que partiu bem fugiu com a vitória de forma fácil. Atrás dele, o colega Laurens van Hoepen perdeu posição na partida para Tim Tramnitz (MP) e não voltou a recuperar, se bem que a ação verdadeira ocorreu mais atrás quando Arvid Lindblad (Prema) foi largo depois da subida e provocou um acidente que eliminou 5 carros e deu azo a uma bandeira vermelha.

Daí para a frente pouco aconteceu, tirando um Safety Car para um acidente entre Kacper Sztuka (MP) e Sophia Flörsch (Van Amersfoort), além de Sami Meguetounif (Trident) ter parado na entrada das boxes, uma vez que Mónaco cumpriu o seu papel de ausência de ultrapassagens.

Já na corrida feature as ultrapassagens acabaram por ser nulas, até porque sempre que alguém as tentava acabava por criar um SC. Foi Charlie Wurz (Jenzer) nas primeiras voltas, Meguetounif mais perto do fim (e a criar um bloqueio de pista, depois de bater no muro quando Tsolov e León bateram), e van Hoepen nas voltas finais (quando tentou fazer uma ultrapassagem por fora num rival na Tabac).

Logo, nada impediu o pole Minì de vencer em Monte-Carlo tal como já tinha feito em 2023. O italiano foi acompanhado no pódio por Christian Mansell (ART) e o anterior líder do campeonato (Browning). Destaque ainda para a estreia de James Hedley na categoria pela Jenzer (a substituir um Matías Zagazeta com apendicite), tendo terminado 22º na feature.

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Qualificação: 1. Minì \ 2. Mansell \ 3. Browning \ … \ 10. Tramnitz \ 11. Van Hoepen \ 12. Tsolov

Resultado (Sprint): 1. Tsolov \ 2. Tramnitz \ 3. Van Hoepen \ 4. León \ 5. Loake \ 6. Boya \ 7. Beganovic \ 8. Browning \ 9. Fornaroli \ 10. Goethe (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Minì \ 2. Mansell \ 3. Browning \ 4. Lindblad \ 5. Fornaroli \ 6. Beganovic \ 7. Boya \ 8. Tramnitz \ 9. Loake \ 10. Goethe (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Minì (72) \ 2. Browning (68) \ 3. Fornaroli (64) \ 4. Beganovic (58) \ 5. Lindblad (44) —– 1. Prema (174) \ 2. Trident (119) \ 3. ART (85) \ 4. Campos (85) \ 5. Hitech (78)

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Corrida anterior: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 5-6
Corrida seguinte: Espanha 2024 \ Rondas 9-10

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Fontes:
Autosport PT \ Andretti assina com Pat Symonds
CarScoops \ Pintura especial Senna da McLaren para Mónaco
F3 \ Hedley substitui adoentado Zagazeta





Rivais mais próximos – GP Emilia Romagna 2024

19 05 2024

É difícil acreditar que se vive num mundo em que a Alemanha está fora do calendário e França e Bélgica parecem estar prestes a seguir o mesmo caminho, mas em que Imola reconquistou o seu luar no calendário ao garantir um lugar a longo termo. Não que alguém se esteja a queixar. Imola há muito que provou ser um desafio técnico bem apetecível para qualquer piloto do paddock.

Com provas de apoio à categoria principal (tal como em 2022), Imola regressou ao calendário em substituição das provas habituais devido à pandemia Covid-19 depois de estar ausente desde 2006. Para isto muito contribuiu as alterações aos complexos das boxes que foram levadas a cabo durante a ausência do calendário.

Infelizmente mais conhecida pelo terrível Grande Prémio de 1994, Imola tem muitos outros motivos para ser conhecida, com curvas que exigem muito dos pilotos como a Acque Minerali ou a Variante Alta.

Além disso, a prova serve de corrida caseira à RB (a fábrica dos italianos está a apenas 16 km), encontra-se localizada numa região que já acolheu provas gladiatoriais de chariots romanos e deve o seu nome oficial ao fundador da Ferrari e o seu filho (Autódromo Enzo e Dino Ferrari). É o regresso do GP, depois do cancelamento de última hora devido às cheias catastróficas da região em 2023.

Antes da prova de Imola chegaram as notícias de que Alexander Albon assinou um novo contrato de longa duração com a Williams, enquanto que Charles Leclerc passaria a contar com um novo engenheiro de pista (Bryan Bozzi) após a saída de Xavi Marcos (há muito criticado por uma certa ineficácia, ainda que a equipa insista que foi uma promoção de Marcos). Oliver Bearman assumiu o volante de Kevin Magnussen na Haas no primeiro treino livre.

Ronda 6 – Grande Prémio da Emilia Romagna 2023

Com um pacote de atualizações significativo e as expectativas de ser a equipa da casa em cima, cabia à Ferrari assumir o papel de principal desafiadora da Red Bull (em conjunto com uma McLaren acabado de vencer em Miami), tendo liderado os treinos livres, mas em qualificação acabou por ser, mesmo por margem mínima, Max Verstappen a dar à Red Bull mais uma pole position (a 8ª seguida do neerlandês igualando o recorde de Ayrton Senna).

Oscar Piastri ficou em 2º na frente do colega da McLaren, Lando Norris, ambos a menos de uma décima de distância, mas perderia e bem 3 lugares na grelha por bloquear Kevin Magnussen (Haas) na Tamburello no Q1. Os Ferrari de facto estiveram bem próximos, mas só em 3º e 4º na grelha revista. Mas ficou claro que a Red Bull não estará tão confortável, até porque Sergio Pérez não conseguiu seguir para o Q3…

A Mercedes ficou com ambos os carros em 6º e 8º, mas a ter que lutar de forma musculada com a RB que, na sua prova caseira, viu ambos os monolugares chegarem ao Q3 (demonstrando que Daniel Ricciardo realmente parece ter encontrado ritmo nas duas últimas provas. Previsivelmente, Nico Hülkenberg voltou a brilhar e a ser 10º no seu Haas.

Fernando Alonso (Aston Martin) foi a grande deceção ao ter novamente uma batida no Q1, depois de já ter batido no terceiro treino livre e dado imenso trabalho aos mecânicos.

No domingo não houve uma única gota de chuva (que chegou a ser prevista) para animar as hostes e, com a partida fulgurante de Verstappen, parecíamos destinados a mais uma corrida para curar insónias, só que depois tornou-se claro que Norris estava a conseguir manter a distância relativamente curta para a Red Bull. Só que foi Sol de pouca dura, com o stint de ambos em médios a evoluir para uma vantagem de 6 segundos.

A paragem nas boxes nada mudou e parecia novamente tudo calmo, quando a 15 voltas do fim Verstappen parecia visivelmente atrapalhado com o desgaste dos seus pneus e Norris lançou-se ao ataque de faca nos dentes. Na bandeira de xadrez estava a menos de 1 segundo de distância e a prometer que mais duas voltas e teria passado. Teremos finalmente concorrência digna desse nome?

No pódio acompanhou Leclerc, para animar os tiffosi, se bem que a Ferrari parece ainda um pequeno passo atrás de Red Bull e McLaren, apesar de ter mostrado bons sinais nos treinos livres. Prova disso foi a luta Piastri-Sainz, com o australiano colado à traseira do espanhol e acabando por usar as boxes para consumar a ultrapassagem.

Atrás, e verdadeiramente em terra de ninguém, a Mercedes ficou como melhor das restantes em 6º e 7º com tal vantagem que até parou George Russell para poder ir caçar o ponto da volta mais rápida. Atrás de ambos chegaram os homens da estratégia inversa, que provou ser a correta: Pérez e Lance Stroll (Aston Martin).

O último ponto ficou por conta de uma RB que perdeu ritmo face à qualificação (cortesia de Yuki Tsunoda), enquanto que Alexander Albon (Williams) juntou-se à lista de pilotos de F2 que também teve um pneu mal apertado (e correspondente penalização).

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Leclerc \ 4. Sainz \ 5. Piastri (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Norris \ 3. Leclerc \ 4. Piastri \ 5. Sainz \ 6. Hamilton \ 7. Russell \ 8. Pérez \ 9. Stroll \ 10. Tsunoda (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (161) \ 2. Leclerc (113) \ 3. Pérez (107) \ 4. Norris (101) \ 5. Sainz (93) —– 1. Red Bull (239) \ 2. Ferrari (187) \ 3. McLaren (124) \ 4. Mercedes (64) \ 5. Aston Martin (42)

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GP Emilia Romagna anterior: 2022

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Fórmula 2 (Rondas 7-8) \ Rodas soltas em fim-de-semana com vitórias de Hadjar e Colapinto

No regresso da Fórmula 2, coube a Gabriel Bortoleto (Invicta) fazer pole position, mas a verdadeira história da sessão foi a forma como Oliver Bearman (Prema) que se qualificara em 2º apanhou um valente susto quando chegou a perder temporariamente os seus tempos por limites de pista (assim como outros 8 pilotos) antes de os comissários voltarem atrás.

No sprint tivémos uma prova extremamente interessante, com Amaury Cordeel (Hitech) a previsivelmente cair da sua pole inversa, deixando Paul Aron (Hitech) e Franco Colapinto (MP) na luta pela vitória daí até ao final. Na última volta, Colapinto lançaria um ataque brilhante e no limite por fora na Tamburello que lhe deu a vitória e deixou Aron furioso no pódio (alegando que o argentino deveria ter sido penalizado).

Mais atrás a partida gerou um Safety Car quando uma carambolada de grupo eliminou Joshua Dürksen (PHM), Dennis Hauger (MP), Roman Staněk (Trident) e Enzo Fittipaldi (Van Amersfoort), enquanto que Zane Maloney (Rodin) fez uma boa corrida para estrategicamente ultrapassar Cordeel nas derradeiras voltas e garantir o último lugar do pódio.

Para o domingo, Bortoleto não conseguiu transformar a sua pole numa liderança efetiva ao ser passado por Bearman. O britânico ainda liderou várias voltas, mas quando fez a sua paragem nas boxes deixou morrer o motor duas vezes, terminando logo ali quaisquer aspirações de vitória ou pontos nesta prova. Bortoleto também não ficou completamente livre, ao ficar envolvido numa disputa com Hadjar.

A luta pelo 1º lugar “verdadeiro” durou o resto da prova, com Hadjar a conseguir nas derradeiras voltas segurar os ataques de Bortoleto.

Mais atrás, Maloney foi dos primeiros a parar e viu-se preso durante a quase totalidade da corrida atrás de Staněk (que liderou um comboio de carros que atrasou ao longo das voltas), terminando aí a possibilidade de sequer pontuar (ironicamente, Crawford acabaria por conseguir passar ambos com facilidade a meio da prova…).

As estratégias inversas procuraram manter-se sem parar na esperança de um SC, que nunca se materializou. Ainda assim, quando pararam (a 5 voltas do fim) tinham boas hipóteses de ainda sair nos pontos, graças (entre outros motivos) ao facto de Staněk ter servido de tampão a vários rivais. Só que o desastre aguardava Cordeel e Martí.

Os dois pilotos pararam ao mesmo tempo e tiveram o mesmo exato problema: roda traseira mal presa que se soltou e por sorte não magoou ninguém. Fim da linha para ambos, com Juan Manual Correa (DAMS) a ser o único da estratégia alternativa a lucrar com a situação em 8º.

Tendo-se qualificado bem no Top 5, Dürksen conseguiu dar à sua equipa os primeiros pontos do ano em estilo: com o lugar mais baixo do pódio ao manter um ritmo forte ao longo da prova. Andrea Kimi Antonelli (Prema) ficou em 4º, seguido dos dois primeiros do sprint.

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Qualificação: 1. Bortoleto \ 2. Bearman \ 3. Hadjar \ … \ 8. Aron \ 9. Colapinto \ 10. Cordeel

Resultado (Sprint): 1. Colapinto \ 2. Aron \ 3. Maloney \ 4. Cordeel \ 5. Bearman \ 6. Bortoleto \ 7. Verschoor \ 8. Maini (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Hadjar \ 2. Bortoleto \ 3. Dürksen \ 4. Antonelli \ 5. Colapinto \ 6. Aron \ 7. Crawford \ 8. Correa \ 9. Martins \ 10. Verschoor (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Maloney (68) \ 2. Aron (63) \ 3. Hadjar (59) \ 4. Hauger (41) \ 5. Bortoleto (38) —– 1. Campos (85) \ 2. Rodin (84) \ 3. Hitech (78) \ 4. MP (75) \ 5. Invicta (72)

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Fórmula 3 (Rondas 5-6) \ Primeira de Meguetounif

Com um circuito em que a gravilha marcou presença mais perto do traçado, os pilotos de Fórmula 3 pareceram sentir no sprint grandes dificuldades em conseguir manter as suas disputas em alcatrão. Foram 4 Safety Car em apenas 18 voltas (e um SC Virtual), a maior parte por bólides presos em gravilha (por ordem, Mari Boya [Campos], Callum Voisin [Rodin], Sami Meguetounif [Trident], Tasanapol Inthraphuvasak [PHM] e Luke Browning [Hitech]).

Noel León (Van Amersfoort) liderou de princípio ao fim, sabendo lidar bem com todos os recomeços de SC até chegar ao último (o VSC) em que falhou espetacularmente o recomeço na última volta e foi passado por Oliver Goethe (Campos), que estava bem mais atento. Valeu ao mexicano que Goethe fosse penalizado em 5 segundos por infrações de SC para evitar perder a vitória. Ou teria valido não tivesse também sido penalizado por demasiadas movimentações atrás do SC (5 segundos já horas depois da corrida)…

O sprint ainda teve tempo para uma pequena demonstração de ação limpa, quando Gabriele Minì (Prema) fez uma manobra brilhante por fora na Variante Villeneuve para ultrapassar Laurens van Hoepen (ART) e garantiu o 6º lugar.

Santiago Ramos (Trident) bem começou a cantar quando bateu os seus dois colegas de equipa (Leonardo Fornaroli e Sami Meguetounif) para a equipa bloquear os 3 primeiros lugares da grelha, mas o domingo de feature ia sempre ser mais difícil e a verdade é que foram os dois últimos quem brilhou.

A prova começou com imenso cuidado dos 3 da frente, com Goethe a aproveitar para passar os Trident um por um. Não que Fornaroli tenha podido fazer muito quando chegou a sua vez, uma vez que o motor parou de funcionar durante 5 segundos na reta da meta. O italiano recuperaria potência, mas sempre com o peso de uma eventual nova morte do motor em mente. Quem também se juntou a este mix da frente foi Browning.

As voltas finais veriam Meguetounif a assumir a liderança contra Goethe e a vencer pela primeira vez na F3, com Fornaroli (mesmo com pneus bem gastos que deixavam-no a ele e a alguns rivais a escorregar) a recuperar até ao pódio caseiro seguido de um Browning bem próximo. Os dois Prema de Dino Beganovic e Gabriele Minì terminaram logo a seguir, mantendo-se ambos próximos dos rivais no campeonato.

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Qualificação: 1. Ramos \ 2. Fornaroli \ 3. Meguetounif \ … \ 10. Browning \ 11. Tramnitz \ 12. León

Resultado (Sprint): 1. Goethe \ 2. Tramnitz \ 3. León \ 4. Beganovic \ 5. Sztuka \ 6. Minì \ 7. Van Hoepen \ 8. Lindblad \ 9. Bedrin \ 10. Ramos (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Meguetounif \ 2. Goethe \ 3. Fornaroli \ 4. Browning \ 5. Beganovic \ 6. Minì \ 7. Lindblad \ 8. Ramos \ 9. Boya \ 10. Montoya (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Fornaroli (52) \ 2. Browning (49) \ 3. Beganovic (45) \ 4. Minì (45) \ 5. Goethe (41) —– 1. Prema (122) \ 2. Trident (107) \ 3. Campos (72) \ 4. Hitech (59) \ 5. ART (49)

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Fontes:
BBC \ Albon renova com a Williams
F1 Mania \ Bearman no TL1 pela Haas
Motorsport \ Novo engenheiro de pista de Leclerc