Acabou o azar caseiro, Leclerc vence – GP Mónaco 2024

26 05 2024

A maioria das pistas utilizadas pela Fórmula 1 na sua primeira temporada, em 1950, nunca conseguiriam obter a aprovação para integrar o calendário atualmente. Com uma importante excepção: o circuito citadino de Monte-Carlo. Sede de corridas de automóveis desde 1929, o principado conservou um percurso essencialmente idêntico ao da primeira edição do GP do Mónaco mas com verdadeiras barreiras de segurança ao invés de fardos de feno (ou mesmo nada a proteger de uma queda para as águas do Mediterrâneo em certas zonas).

A natureza travada da pista, e a consequente ausência de ultrapassagens nos domingos, têm gerado bastantes críticas relativa à sua utilização, ainda que os até os seus piores detratores concedam que poucas coisas na F1 conseguem igualar o entusiasmo gerado por uma sessão de qualificação no circuito (quando os pilotos são obrigados a negociar muros bem próximos a velocidades estonteantes). Mas continuam a haver razões sob a forma de curvas, com nomes como Sainte Devote, Massenet ou Tabac.

Território de caça bom para a Red Bull, até mesmo nos tempos de domínio Mercedes, o circuito citadino era uma incógnita para 2024, uma vez que o perfil dos austríacos em anos recentes tinha-se modificado para alta velocidade ao invés de baixa e os rivais estarem mais próximos que o usual. Max Verstappen era o vencedor mais recente, mas também Sergio Pérez tinha vencido em 2022.

Numa altura em que Mario Andretti tem vindo a espalhar que alegadamente o CEO da Liberty Media o terá informado que nunca estará na grelha de partida da F1 (devido à investigação do Congresso dos EUA), a marca americana continua as suas preparações: contratou Pat Symonds como seu Consultor Executivo de Engenharia.

Destaque ainda para a pintura especial de Mónaco que a McLaren apresentou, amarela e verde em homenagem a Ayrton Senna.

Ronda 8 – Grande Prémio do Mónaco 2024

Os avisos da Red Bull de que esperava uma vida mais difícil em Monte-Carlo foram largamente ignorados, mas à medida que se viu Max Verstappen a ter dificuldades visíveis em manter-se fora dos muros nos treinos livres o paddock foi acreditando cada vez mais que os austríacos eram possíveis de bater.

O Q1 mostrou aquilo que uma grelha separada por apenas 1 segundo pode trazer de melhor: forçou todos os pilotos a estarem constantemente em pista a melhorar os seus tempos, uma vez que qualquer um podia ser eliminado. A prova foi que Sergio Pérez (Red Bull) e Fernando Alonso (Aston Martin) caíram nesta sessão.

O Q2 veio clarificar a ordem das equipas, tornando-se óbvio que a McLaren e Ferrari estavam em luta pela pole position, que a Mercedes não estava tão adiantada como se esperava e que apenas Verstappen estava a manter a Red Bull na conversa. A Alpine, nos outros circuitos com dificuldade em sair do Q1, viu Esteban Ocon qualificar-se 11º e Pierre Gasly atingir o Q3 (com um urro de felicidade pelo rádio).

Chegados ao Q3, os pilotos deram o tudo por tudo, acabando por ser Charles Leclerc (Ferrari) a fazer a sua terceira pole caseira, mas a evitar celebrar efusivamente. Em primeiro lugar porque Oscar Piastri (McLaren) ficou bem perto de estragar-lhe a festa (o que teria sido especialmente engraçado, dada uma piada entre os dois pilotos sobre o australiano ser um “monegasco adoptivo”), e em segundo lugar porque nas duas últimas poles do Mónaco Leclerc passou domingos terríveis.

Verstappen ficou em 6º entre os Mercedes, depois de uma batida no muro na primeira curva; Yuki Tsunoda (RB) ficou em 8º e vai colocando pressão na Red Bull sobre o segundo carro para 2025; Alexander Albon (Williams) fez um excelente trabalho para colocar-se em 9º, ouvindo os parabéns de James Vowles pelo rádio no meio de um barulho de aplausos da garagem da equipa.

Os pilotos em geral mereceram um aplauso: nenhuma interrupção por acidente ao longo de toda a sessão. Mas não havia motivo para “preocupações”: estavam a guardar-se para os três diferentes incidentes da primeira volta do dia de corrida.

Primeiro, foi Sainz que atacou por dentro Piastri e furou o pneu dianteiro esquerdo (e dando ao australiano danos no chão do McLaren). Depois, a maior de todas com Pérez a espremer Kevin Magnussen (Haas) contra o muro na subida da colina e a destruir por completo o seu Red Bull e ambos os Haas no processo. Por último, uma arriscada ultrapassagem de Esteban Ocon ao colega Gasly deu contacto forte entre ambos na entrada do túnel.

A bandeira vermelha saiu, com direito a anular a perda de posições de Sainz (que voltou a partir de 3º), a ver a Alpine atribuir as culpas do incidente entre os seus pilotos inteiramente a Ocon, e com a possibilidade para todos de fazer a sua troca obrigatório de pneus logo aí.

Isto na prática deixou todos a não parar durante as 77 voltas, eliminando a componente tática de uma corrida que dificilmente teria ultrapassagens. Assim, o principal elemento de estratégia foi a gestão das margens para fazer paragens “gratuitas” entre os diferentes pelotões. George Russell (Mercedes) teve sempre o cuidado de impedir Norris de ficar a mais de 20 segundos de si (para grande irritação do engenheiro de pista de Verstappen) e na única ocasião em que a margem aí ascendeu, Sainz tratou logo de abrandar o suficiente para que caísse novamente para 17 segundos (para que Norris não conseguisse o undercut).

A prova de que o pelotão fazia uma corrida a evitar a velocidade foi que quando Valtteri Bottas (Kick Sauber) parou no início foi imediatamente o mais rápido em pista, apesar de ter o carro mais lento…

Alonso até criou um bom espaço para o colega Stroll parar, mas o canadiano tratou logo de furar no muro e acabou com a corrida da Aston Martin; Lewis Hamilton parou para tentar forçar a mão de Verstappen, só que o neerlandês limitou-se a copiá-lo e neutralizou essa ameaça.

Assim, nada impediu Leclerc de vencer o seu GP caseiro, com evidente emoção sua e do Príncipe do Mónaco (com direito a abraço), numa corrida em que o piloto até brincou com o seu engenheiro de pista, perguntando se queria saber quão mais rápido queria ir perante a recusa de Bozzi (que não queria que os rivais tivessem essa informação).

O monegasco está a uns respeitáveis 31 pontos da liderança do campeonato, com a Ferrari a aproximar-se da Red Bull nos construtores (24 pontos agora), a Alpine a conseguir pela segunda vez um ponto e a Williams a pontuar pela primeira vez em 2024 (deixando a Kick Sauber como única a zeros).

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Qualificação: 1. Leclerc \ 2. Piastri \ 3. Sainz \ 4. Norris \ 5. Russell (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Leclerc \ 2. Piastri \ 3. Sainz \ 4. Norris \ 5. Russell \ 6. Verstappen \ 7. Hamilton \ 8. Tsunoda \ 9. Albon \ 10. Gasly (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (169) \ 2. Leclerc (138) \ 3. Norris (113) \ 4. Sainz (108) \ 5. Pérez (107) —– 1. Red Bull (276) \ 2. Ferrari (252) \ 3. McLaren (184) \ 4. Mercedes (96) \ 5. Aston Martin (44)

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GP Mónaco anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 9-10) \ Fúria de Hadjar com triunfo inesperado de O’Sullivan

No sprint da F2 assistiu-se menos a uma corrida e mais a uma ronda de sobrevivência. Os acidentes foram vários, sem gravidade física, mas com consequências de Safety Car constantes. Primeiro foi logo na primeira curva quando Victor Martins (ART) acabou no muro após toque de Jak Crawford (DAMS). O SC chegou e passado poucas voltas estava de volta para Pepe Martí (Campos) que bateu sozinho. Depois foram os detritos de Richard Verschoor (Trident) após contacto de Joshua Dürksen (PHM), que valeu ao último 10 segundos de penalização.

O mais grave foi quando Zane Maloney (Rodin) fez um pião após contacto na Rascasse e bloqueou o caminho juntamente com Kush Maini (Invicta), o que parou a corrida com bandeira vermelha antes de um recomeço de partida lançada. Antes disso já Oliver Bearman (Prema) tinha batido forte na última curva, danificando a direção até ao fim da corrida.

Em termos de corrida propriamente dita, Taylor Barnard (PHM), depois de ter corrido bem na Fórmula E pela McLaren, deu a primeira vitória à equipa alemã na categoria, liderando até ao fim e vencendo Gabriel Bortoleto (Invicta) e Dennis Hauger (MP), depois de nem haverem alterações da grelha para a bandeira de xadrez.

A feature acabaria por trazer emoções fortes, condicionada por uma qualificação dividida em que Isack Hadjar (Campos) se tinha colocado em 3º na grelha (e mostrando brilhantes reflexos para evitar um Ritomo Miyata (Rodin) lento no túnel. Assim, ficou Richard Verschoor (Trident) em pole position em Monte-Carlo enquanto observava a segunda parte das boxes. Oliver Bearman (Prema), Juan Manuel Correa (DAMS) e Maini foram penalizados em 3 lugares por bloqueios.

Na corrida principal Verschoor ficou de rastos ao sofrer problemas mecânicos que o impediram de conseguir lutar pela vitória, atirando o volante ainda antes do carro parar nas boxes para abandonar, e deixando Hadjar e Paul Aron (Hitech) em luta pela vitória depois da primeira ronda de paragens nas boxes.

Alguns resistentes foram arriscando a estratégia inversa, mas um por um foram desistindo até a duas voltas do fim quando apenas Zak O’Sullivan (ART) estava ainda por parar, tendo partido 15º. Foi aí que Dürksen saiu das boxes e não viu Maloney e abalroou-o e abandonou. O SC Virtual saiu e O’Sullivan mudou de pneus, saíndo no 1º lugar que segurou até ao fim, perante a fúria completa de Hadjar (a quem fugia assim uma vitória tranquila no Principado).

Bearman finalmente pontuou em grande, com direito a uma excelente luta com o colega de equipa quando ele saiu das boxes e acabando em 4º. Logo à sua frente chegou Aron, que lidera o campeonato mesmo sem vitórias; e logo atrás chegaram outros dois pilotos que tentaram a estratégia inversa: Correa e o MP de Dennis Hauger.

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Qualificação: 1. Verschoor \ 2. Martins \ 3. Hadjar \ … \ 8. Hauger \ 9. Bortoleto \ 10. Barnard

Resultado (Sprint): 1. Barnard \ 2. Bortoleto \ 3. Hauger \ 4. Antonelli \ 5. Colapinto \ 6. Staněk \ 7. Aron \ 8. Hadjar (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. O’Sullivan \ 2. Hadjar \ 3. Aron \ 4. Bearman \ 5. Correa \ 6. Hauger \ 7. Antonelli \ 8. Bortoleto \ 9. Martins \ 10. Maloney (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Aron (80) \ 2. Hadjar (78) \ 3. Maloney (69) \ 4. Hauger (56) \ 5. Bortoleto (50) —– 1. Campos (104) \ 2. Hitech (95) \ 3. MP (94) \ 4. Rodin (85) \ 5. Invicta (84)

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Fórmula 3 (Rondas 7-8) \ Minì repete a vitória de 2023

De qualificação dividida em dois para evitar o caos de 30 carros a tentar arranjar espaço em Monte-Carlo, a F3 teve uma sessão interessantíssima, com a primeira metade a ver Luke Browning (Hitech) terminar a sua volta decisiva no muro e Gabriele Minì (Prema) a conseguir a sua pole position. Já na segunda metade Dino Beganovic (Prema) ficou furioso ao ver a sua volta interrompida nos metros finais pela bandeira vermelha de Charlie Wurz (Jenzer).

Nikola Tsolov (ART) conseguiu assim a pole inversa e a partir do momento que partiu bem fugiu com a vitória de forma fácil. Atrás dele, o colega Laurens van Hoepen perdeu posição na partida para Tim Tramnitz (MP) e não voltou a recuperar, se bem que a ação verdadeira ocorreu mais atrás quando Arvid Lindblad (Prema) foi largo depois da subida e provocou um acidente que eliminou 5 carros e deu azo a uma bandeira vermelha.

Daí para a frente pouco aconteceu, tirando um Safety Car para um acidente entre Kacper Sztuka (MP) e Sophia Flörsch (Van Amersfoort), além de Sami Meguetounif (Trident) ter parado na entrada das boxes, uma vez que Mónaco cumpriu o seu papel de ausência de ultrapassagens.

Já na corrida feature as ultrapassagens acabaram por ser nulas, até porque sempre que alguém as tentava acabava por criar um SC. Foi Charlie Wurz (Jenzer) nas primeiras voltas, Meguetounif mais perto do fim (e a criar um bloqueio de pista, depois de bater no muro quando Tsolov e León bateram), e van Hoepen nas voltas finais (quando tentou fazer uma ultrapassagem por fora num rival na Tabac).

Logo, nada impediu o pole Minì de vencer em Monte-Carlo tal como já tinha feito em 2023. O italiano foi acompanhado no pódio por Christian Mansell (ART) e o anterior líder do campeonato (Browning). Destaque ainda para a estreia de James Hedley na categoria pela Jenzer (a substituir um Matías Zagazeta com apendicite), tendo terminado 22º na feature.

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Qualificação: 1. Minì \ 2. Mansell \ 3. Browning \ … \ 10. Tramnitz \ 11. Van Hoepen \ 12. Tsolov

Resultado (Sprint): 1. Tsolov \ 2. Tramnitz \ 3. Van Hoepen \ 4. León \ 5. Loake \ 6. Boya \ 7. Beganovic \ 8. Browning \ 9. Fornaroli \ 10. Goethe (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Minì \ 2. Mansell \ 3. Browning \ 4. Lindblad \ 5. Fornaroli \ 6. Beganovic \ 7. Boya \ 8. Tramnitz \ 9. Loake \ 10. Goethe (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Minì (72) \ 2. Browning (68) \ 3. Fornaroli (64) \ 4. Beganovic (58) \ 5. Lindblad (44) —– 1. Prema (174) \ 2. Trident (119) \ 3. ART (85) \ 4. Campos (85) \ 5. Hitech (78)

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Corrida anterior: Emilia Romagna 2024 \ Rondas 5-6
Corrida seguinte: Espanha 2024 \ Rondas 9-10

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Fontes:
Autosport PT \ Andretti assina com Pat Symonds
CarScoops \ Pintura especial Senna da McLaren para Mónaco
F3 \ Hedley substitui adoentado Zagazeta





2023, Lado B – GP Bahrain 2024

2 03 2024

Depois de já ter colocado os fãs a ver uma corrida no sábado, com os sprints e com o próprio GP de Las Vegas em 2023, a Fórmula 1, de forma a conseguir adaptar o seu calendário a 24 corridas, teve que começar mais cedo que o usual, pelo que os GPs do Bahrain e Arábia Saudita tiveram que conseguir a proeza de serem realizados cedo e não colidir com o Ramadão. O resultado foi a antecipação de todas as sessões em um dia.

No caso específico do Bahrain, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de pilotos, o país começou a construção do autódromo de Sakhir em 2002, sediando o primeiro Grande Prémio do Bahrain em 2004 vencido por Michael Schumacher. A pista, como era usual na época, foi projetada por Hermann Tilke e ficou conhecida pelas enormes escapatórias que tinham a vantagem de manter a areia do deserto fora do traçado.

Com a ação em pista a processar-se agora sob holofotes (desde 2014) em vez do Sol escaldante, o circuito de Sakhir possui boas infraestruturas, retas amplas e pontos de ultrapassagem claros, curvas desafiantes e muitos outros ingredientes que tornam esta uma das paragens favoritas do paddock, mesmo com o “peso extra” que provas da zona costumam atrair.

A notícia da ilibação de Christian Horner do caso de assédio foi Sol de pouca dura: menos de 24 horas depois alguém enviou a todos os jornalistas, chefes de equipa, FOM e FIA um link para um Drive com, alegadamente, as mensagens investigadas, tornando quase insustentável a posição do líder da Red Bull. Ainda para mais com comentários laterais de Mohammed ben Sulayem e Jos Verstappen que insinuam fortemente que deveria dar lugar a outra pessoa.

Ronda 1 – Grande Prémio do Bahrain 2024

A cada nova sessão de treinos livres que ocorria no Bahrain, mais interessantes se tornavam as expectativas para a primeira sessão de qualificação do ano. A ausência de um Red Bull na frente em qualquer um dos treinos ainda podia ser atribuído a uma eventual poupança dos austríacos, mas a verdade é que pelo menos em ritmo de qualificação tornou-se claro que os rivais não estavam tão longe quanto o temido.

No Q1 apenas um segundo separava a primeira e última linhas da grelha, sendo que a última linha era inteiramente composta pela Alpine. Os franceses viram os seus piores medos em relação ao seu novo conceito de monolugar confirmarem-se, ainda que Esteban Ocon tenha mostrado o seu lado mais compreensivo e tenha tentado dar ânimo pela rádio à sua equipa.

A natureza próxima da luta pela pole position significou que vários pilotos, como Lando Norris (McLaren) se queixaram de ter estado perto da primeira linha. Ainda assim, só Charles Leclerc (Ferrari) se poderá queixar com razão, uma vez que tinha feito um tempo no Q2 que lhe teria dado a pole. Como não conseguiu, viu Max Verstappen (Red Bull) ficar com o 1º lugar da grelha, sendo seguido pelo Mercedes de George Russell.

A Kick Sauber juntou-se à Alpine como eliminada no Q1, ao passo que Nico Hülkenberg mostrou que a Haas não perdeu o seu ritmo de qualificação ao chegar ao Q3 (e que as previsões mais pessimistas de ritmo não se confirmaram) às custas do Aston Martin de Lance Stroll.

Para o sábado de corrida havia no ar a esperança de que o pole, tal como na F2 e F3, não partisse bem ou, se partisse bem, não tivesse ritmo de corrida exagerado. Nenhuma das duas sucedeu. Verstappen segurou a liderança e não saiu dela uma única volta, acabando confortavelmente na frente de uma corrida que até atrás de si pareceu sempre ter pouca história.

Pérez acabou por concluir uma dobradinha previsível, enquanto que os Ferrari e Russell lutaram pelo derradeiro lugar do pódio, prevalecendo Sainz com uma agressividade notável que lhe valeu a distinção de Piloto do Dia, contra um Leclerc a cometer vários erros e um Russell que não conseguiu evitar mostrar que ainda falta algo à Mercedes.

A McLaren somou pontos confortavelmente, intercalada por Hamilton e na frente dos dois Aston Martin, numa representação perfeitamente clara das forças da categoria (ainda para mais quando, pela primeira vez na história, todos os pilotos terminaram a primeira corrida do ano). A Kick Sauber foi quem mais se aproximou dos pontos (com um 11º lugar), mas o caos foi mesmo com os RB: Yuki Tsunoda detestou dar posição no final a Daniel Ricciardo e até quase bateram na volta de desaceleração devido a uma infantilidade do japonês.

Valtteri Bottas quase teve que abandonar com dificuldades na mudança de pneu e Logan Sargeant pareceu ter um problema no novo volante da Williams, que quase o levou a ficar sem travões por completo.

No geral, observámos uma simples repetição de 2023: gira o disco e toca o mesmo.

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Qualificação: 1. Verstappen \ 2. Leclerc \ 3. Russell \ 4. Sainz \ 5. Pérez (Ver melhores momentos)

Resultado: 1. Verstappen \ 2. Pérez \ 3. Sainz \ 4. Leclerc \ 5. Russell \ 6. Norris \ 7. Hamilton \ 8. Piastri \ 9. Alonso \ 10. Stroll (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Verstappen (26) \ 2. Pérez (18) \ 3. Sainz (15) \ 4. Leclerc (12) \ 5. Russell (10) —– 1. Red Bull (44) \ 2. Ferrari (27) \ 3. Mercedes (16) \ 4. McLaren (12) \ 5. Aston Martin (3)

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GP Bahrain anterior: 2023

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Fórmula 2 (Rondas 1-2) \ Dupla vitória para Maloney

Neste princípio de ano para a Fórmula 2, até a sessão de qualificação atraiu mais interesse do que o usual. A penúltima tentativa dos vários pilotos acabou por garantir melhores voltas que a última, sendo nesta que Kush Maini e Gabriel Bortoleto bloquearam a primeira linha da grelha de partida. Isto transformou-se numa pole de Bortoleto quando Maini foi desqualificado por ter um dos elementos exteriores do chão do carro abaixo do mínimo exigido.

Nas contas da pole inversa, Taylor Barnard (PHM) foi a grande figura. O britânico foi dos únicos a melhorar na derradeira tentativa, e logo para 10º que lhe garantia partir primeiro para o sprint. A posterior retirada de Maini deixou-o antes em 2º e “salvou” Jak Crawford (DAMS) do seu 11º posto original.

No início do sprint, estes dois pilotos tiveram sortes bem distintas. Barnard abandonou logo no princípio, enquanto que Crawford, apesar de não ter garantido o triunfo, garantiu um importante 2º lugar. A vitória pertenceu Zane Maloney (Rodin), que saiu de 8º e foi um autêntico furacão a abrir caminho entre os seus rivais até chegar ao 1º posto (fazendo caminho inverso ao de Zak O’Sullivan da ART que perdeu posições).

A Campos fez boa figura com os seus dois jovens Red Bull, ao passo que Joshua Dürksen (PHM) não conseguiu partir e Amaury Cordeel (Hitech) abandonou logo no início devido a toque de Rafael Villagómez (Van Amersfoort), causando um Safety Car Virtual.

Já na feature, promovido a líder, Bortoleto perdeu duas posições até à primeira curva e depois cometeu um erro primário ao eliminar Isack Hadjar (Campos) de prova, o que lhe valeram 10 segundos de penaliação (que ainda assim, lhe permitiram terminar 5º). Maloney partiu muito bem de 3º, assumiu a dianteira e venceu a corrida (aproveitamento total na primeira ronda dupla do ano).

Depois do Safety Car para o incidente Bortoleto-Hadjar (que ainda envolveu Fittipaldi), houve ainda espaço a uma prova bem interessante, com um pequeno desentendimento a entrar nas boxes para Cordeel e Bearman, Ritomo Miyata (Rodin) a mostrar serviço na estreia e para Crawford a perder o motor nas boxes brevemente.

Um segundo SC (para falha eletrónica de Victor Martins) trouxe no seu recomeço oportunidades para vários pilotos: para Paul Aron (Hitech) realizar várias ultrapassagens; para Maini fazer meia dúzia de importantes pontos; e para Andrea Kimi Antonelli conseguir mostrar garra num fim-de-semana para esquecer da Prema.

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Qualificação: 1. Bortoleto \ 2. Hadjar \ 3. Maloney \ … \ 8. Martins \ 9. Barnard \ 10. Crawford

Resultado (Sprint): 1. Maloney \ 2. Crawford \ 3. Martí \ 4. Hadjar \ 5. Aron \ 6. Bortoleto \ 7. O’Sullivan \ 8. Hauger (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Maloney \ 2. Martí \ 3. Aron \ 4. O’Sullivan \ 5. Bortoleto \ 6. Colapinto \ 7. Maini \ 8. Hauger \ 9. Miyata \ 10. Antonelli (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Maloney (36) \ 2. Martí (24) \ 3. Aron (19) \ 4. Bortoleto (15) \ 5. O’Sullivan (14) —– 1. Rodin (38) \ 2. Campos (29) \ 3. Invicta (21) \ 4. Hitech (19) \ 5. ART (14)

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Corrida anterior: Abu Dhabi 2023 \ Rondas 25-26
Corrida seguinte: Arábia Saudita 2024 \ Rondas 3-4

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Fórmula 3 (Rondas 1-2) \ Browning vence a primeira feature do ano

Com uma grande expectativa relativamente ao que os pilotos da Prema seriam capazes neste campeonato, o ano começou sem desiludir. Dino Beganovic e Gabriele Minì lutaram pela pole position com o “intruso” Luke Browning (Hitech), saindo Beganovic como vencedor deste duelo particular. Para o sprint, a grelha inversa trouxe uma primeira linha ART, com Laurens van Hopen seguido de Nikola Tsolov.

Na partido do sprint, Tsolov passou o colega van Hoepen e a partir daí uma luta morna começou a desenvolver-se (com a equipa ART a avisar para van Hoepen ser inteligente quando este acusou o colega de o empurrar). Max Esterson (Jenzer) procurou não perder o contacto com os líderes mas acabou inevitavelmente ultrapassado por Arvid Lindblad (Prema) e Leonardo Fornaroli (Trident), que se juntaram aos dois líderes numa disputa pela vitória.

De forma limpa, Lindblad assumiu a liderança e fugiu dos ataques de DRS, deixando van Hopen, Fornaroli e Tsolov para se entenderem sozinhos. O resultado foi uma vitória do jovem da Red Bull, seguido por van Hoepen e Fornaroli. Já Esterson acabou a prova a defender-se com coragem dos ataques de um inteligente Minì (por 4 milésimas na linha).

Beganovic furou logo nas voltas iniciais, acabando a sua prova, enquanto que Tommy Smith (Van Amersfoort) arriscou demasiado e arruinou a sua prova e a de Matías Zagazeta (Jenzer).

Na feature, já com os olhos de mais espectadores em cima, Beganovic não conseguiu partir bem, levando a que fosse Browning a assumir a liderança. A partir daí o britânico até segurou a vitória até ao fim (assumindo a liderança do campeonato), mas não sem um grande susto devido ao barulho de motor estranho que começou a escapar do seu monolugar (uma peça ligeiramente solta no escape, mas sem gravidade).

Assim, não foi possível nem a Christian Mansell (ART) nem a Tim Tramnitz (MP) ameaçarem verdadeiramente a sua vitória, contentando-se com completar o pódio. Destaque ainda para Oliver Goethe (Campos), que conseguiu subir de 17º até ao posto pontuável final.

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Qualificação: 1. Beganovic \ 2. Browning \ 3. Minì \ … \ 10. Esterson \ 11. Tsolov \ 12. van Hoepen

Resultado (Sprint): 1. Lindblad \ 2. van Hoepen \ 3. Fornaroli \ 4. Tsolov \ 5. Tramnitz \ 6. Esterson \ 7. Minì \ 8. Boya \ 9. Goethe \ 10. Meguetounif (Ver melhores momentos)

Resultado (Feature): 1. Browning \ 2. Mansell \ 3. Tramnitz \ 4. Meguetounif \ 5. Ramos \ 6. Minì \ 7. Fornaroli \ 8. Lindblad \ 9. Dunne \ 10. Goethe (Ver melhores momentos)

Campeonato: 1. Browning (25) \ 2. Tramnitz (21) \ 3. Mansell (18) \ 4. Fornaroli (15) \ 5. Lindblad (14) —– 1. Trident (38) \ 2. ART (35) \ 3. Prema (28) \ 4. Hitech (25) \ 5. MP (23)

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Corrida anterior: Itália 2023 Rondas 17-18
Corrida seguinte: Austrália 2024 \ Rondas 1-2

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Fontes:
The Times \ Horner ilibado em investigação