Top 5 – Fórmula 3 em 2022

18 09 2022

Se a Fórmula 2 teve um ano de standards de performance menos elevados que o habitual, a Fórmula 3 mais do que compensou: foram vários os momentos altos do ano, com performances brilhantes de alguns dos protagonistas jovens ao volante.

Sem o título de equipas pela primeira vez, a Prema lançou um ataque total ao título de equipas em 2022 e conseguiu recuperar à Trident o campeonato. Só que desta vez faltou o título de pilotos, alcançado por Victor Martins da ART, que voltou a ficar um pouco para trás em 3º das equipas devido ao menor número de pontos alcançado por Juan Manuel Correa.

Enquanto que a MP e a Hitech continuaram a estabelecer-se como sólidas equipas do meio da tabela, a Charouz, que entrara brevemente no Top 5 em 2021, teve um rude golpe em 2022 ao terminar o ano com um único ponto conquistado. A equipa checa tinha terminado o ano passado a depender por completo dos brilharetes de Logan Sargeant e, sem ele, acabaram 2022 com uma autêntica porta giratória de pilotos e quase nada para mostrar.

Já a estreante Van Amersfoort não teve problemas em entrar no pelotão do meio, conseguindo até vitórias (cortesia de Franco Colapinto). Claramente, estabeleceram-se muito melhor do que a antecessora HWA Racelab. Destaque ainda para o par de pódios somados pela Carlin, que a retiraram do fundo da tabela.

Para além dos protagonistas, a F3 trouxe um ano de desilusões para certos pilotos. Arthur Leclerc terá sido o caso mais óbvio, com o monegasco a ser a cara mais visível da academia de jovens da Ferrari e com um apelido que já carrega algum peso. Leclerc partiu para esta temporada como um dos pesos pesados na luta pelo título. Só que uma boa parte do ano foi passado com o paddock de sobrolho franzido, como se as performances do monegasco estivessem sempre em risco de dar para o torto.

Mesmo nos momentos de adversidade, no entanto, a velocidade pura de Leclerc sobresaía. Nas mesmas corridas em que uma má qualificação o forçava a sair de 12º para baixo, o piloto da ART habituou-se a fazer mais de 10 ultrapassagens a caminho dos lugares pontuáveis. Este esforço conseguiu mantê-lo a uma distância respeitável da frente do campeonato, mas nunca em posição de fazer uma campanha eficaz.

Outros pilotos também não deram o salto necessário para o nível que necessitariam. Roman Staněk esteve sempre nos lugares da frente mas nunca pareceu capaz de um fim-de-semana de performance absoluta. Caio Collet foi muito pouco consistente ao longo do ano. Idem para Alexander Smolyar. Grégoire Saucy deixou a desejar para alguém que pilotava um ART.

Mas como vamos ver, houve cinco pilotos que fizeram mais do que o suficiente para se destacar.

1 – Victor Martins

Um dos grandes destaques da temporada de 2021, Victor Martins optou por permanecer na Fórmula 3 em vez de subir sem o almejado título como muitos outros pilotos fazem rumo à Fórmula 2. O objetivo era claro: ser campeão e não deixar margens para dúvidas.

Só que as corridas de 2022 não foram tão simples quanto seria de prever. Apesar da sua inegável qualidade, também houve momentos em que Martins pareceu cometer erros menos próprios e teve um rival de peso sob a forma de Hadjar.

Mas o fim-de-semana final do ano mostrou bem porque o francês mereceu o título. Enquanto Hadjar não conseguiu recuperar do seu grande erro de Monza, Martins soube recuperar do contacto com Leclerc e somar um ponto que lhe foi bem valioso para a feature.

Se é certo que não pôde ter o ano de consagração inquestionável que muitos acreditavam que teria, também é verdade que foi claramente o piloto mais competitivo de 2022.

2 – Isack Hadjar

A melhor prova de que Isack Hadjar foi a grande figura de 2022 na F3 foi que o consultor da Red Bull, Helmut Marko, assegurou que o francês estaria na F2 em 2023 mesmo antes de sequer ser claro se o homem da Hitech iria sair da temporada como o campeão.

Logo na primeira corrida do ano, o sprint do Bahrain, Hadjar saiu vencedor mesmo neste seu ano de estreia na competição. Daí para a frente houve alguns dias menos conseguidos como qualquer rookie de F3 descobre, mas o verdadeiramente impressionante foi o quão depressa o piloto começou a ter grande regularidade nos seus resultados.

A única razão que não figura no topo desta tabela (e na do campeonato) foi o seu grande erro de 2022: o despiste na crucial qualificação de Monza, quando era imperativo “marcar” Martins. A frustração do francês era evidente, mas à partida não terá ficado demasiado mal na fotografia para Helmut Marko.

3 – Zane Maloney

Geralmente habituado a ter que ouvir o hino norte-americano quando triunfava, por os organizadores não terem o do seu país de Barbados em stock, Zane Maloney habituou o público de F3 a escutar o hino do país das Caraíbas em 2022.

Com uma sólida carreira de categorias inferiores até ao momento, Maloney sofreu dos mesmos problemas que os outros rookies em conseguir ganhar balanço no campeonato, com 6 não-pontuações em 9 tentativas. Mas depois veio o primeiro pódio do ano e a partir daí tudo mudou. Chegou a primeira vitória do ano em Spa, com a particularidade de ter sido uma feature. Tal como todas as outras vitórias do ano. Em contraste com o início, o fim do ano viu-o triunfar 3 vezes em 5 corridas.

O vice-campeonato acabou por conseguir dar uma imagem de brilhantismo que talvez o seu início de campeonato faça parecer desadequada, no entanto é inegável que a adaptação de Maloney à F3, uma vez conseguida, foi total. Resta ver se será “coleccionado” por alguma academia de jovens pilotos, uma vez que ainda não está afiliado.

4 – Oliver Bearman

Era evidente que, no meio da confusão que sucedeu à conclusão antecipada da feature de Monza, havia um piloto a terminar o ano com desilusão bem patente no rosto. Oliver Bearman passou muito perto de repetir uma façanha já realizada por outros pilotos de F3 e vencer o campeonato à primeira tentativa. Caso o tivesse feito teria sido sem dúvida merecido, mas a sorte não o ajudou.

Assim como também não ajudaram os dois fins-de-semanas a zeros que teve em Imola e Zandvoort. Foram demasiado num ano em que Martins e Hadjar se afirmaram pela velocidade pura e constante de que fizeram uso.

Mas após a pausa de Verão, terá sido dos mais eficazes pilotos do campeonato. A primeira vitória do ano chegou em Spa, assim como um pódio duplo de enorme qualidade em Monza.

Campeão de F4 Italiana e Alemã em 2021, Bearman deverá dar o salto para a F2 em 2023, onde procurará obter o título que lhe escapou neste ano.

5 – Franco Colapinto

Um dos pilotos com um currículo mais interessante de todos, Franco Colapinto não se limitou a trilhar o caminho dos monolugares (ainda que um título de F4 Espanhola ateste que não se saiu nada mal) antes da sua vinda para a F3. Em 2020 e 2021, Colapinto aventurou-se pelos campeonatos de endurance com resultados bem satisfatórios (incluíndo uma vitória em Paul Ricard na Le Mans Series Europeia) que o argentino esperava darem-lhe vantagens face à concorrência da F3.

Integrado na estreante equipa Van Amersfoort, o piloto ia precisar de todos os trunfos possíveis para evitar os resultados do fundo da grelha. Rapidamente deu para perceber que não haviam motivos para preocupação. Pontos no primeiro fim-de-semana em Sakhir e uma vitória no sprint do segundo em Imola foram o seu cartão de visita para o paddock.

Daí em diante os resultados foram mais mistos mas, nestes altos e baixos, os altos foram bastante elevados com mais 2 pódios a meio do ano.

A impressão do paddock foi muito favorável face a Colapinto. Resta agora ver o que conseguirá num segundo ano na categoria, numa das estruturas mais capazes.


Ações

Information

Deixe um comentário